Este
texto é a 14ª parte de um resumo, em forma de fragmentos (às
vezes, comentados, às vezes, seguidos de uma animação
explicativa) de um estudo que fiz da obra Isis
Unveiled: A Master-Key to the Mysteries of Ancient and Modern Science and
Theology (em português, Ísis sem Véu:
Uma Chave-Mestra para os Mistérios da Antiga e Moderna Ciência
e Teologia) publicado em 1877. É um livro de filosofia esotérica,
e é a primeira grande obra de Helena Petrovna Blavatsky – um
texto-chave no movimento teosófico e um marco na história
do esoterismo ocidental. Como este será um trabalho muito extenso,
para não ficar cansativo para o leitor, cada parte conterá
apenas 30 fragmentos.
Fragmentos
Como
Thomas
Taylor (1758 –
1835) observou corretamente, a
parte mais sublime da Epoptea (...) consistia
na visão dos próprios Deuses resplendentes de Luz
ou Espíritos Planetários Superiores. A afirmação
de Proclus Lycæus (412 –
485) a respeito desse assunto
é inequívoca: Em
todas as Iniciações e em todos os Mistérios, os Deuses
se apresentam sob múltiplas formas, e surgem em uma variedade de
estados. Umas vezes, na verdade, eles se apresentam à visão
em uma Luz sem forma; outras, esta Luz está de acordo com uma forma
humana; e, ainda, às vezes, esta Luz assume
um estado diferente.
As
visões mais elevadas, as mais verdadeiras, são produzidas
não por extáticos naturais ou médiuns, como às
vezes erradamente se diz, mas, por uma disciplina regular de Iniciações
graduais e de desenvolvimento de poderes psíquicos [derivados
destas Iniciações.]
Como
disse Platão
(Atenas, 428/427 –
Atenas, 348/347 a.C.), nós
éramos puros e imaculados, liberados desta vestimenta que nos cerca,
e que denominamos corpo, ao qual estamos ligados, como uma ostra à
sua concha.
O
Mantra A.'.U.'.M.'. contém a evocação da Tríade
Védica –
a Trimúrti Brahmâ, Vishnu e Shiva.
Ele está nas mãos dos Adeptos e deve continuar sendo um Mistério
para o mundo, enquanto o erudito materialista o considerar uma falácia
indemonstrável, uma alucinação insana, e enquanto o
teólogo dogmático o condenar como uma armadilha do diabo.
Trimúrti:
Brahmâ, Vishnu e Shiva
Feliz
do sensitivo que estiver seguro da pureza de sua atmosfera espiritual!
—
Senti, vi, ouvi,
mas, não fui capaz de discernir,
e fui enganado com vozes e palavras.
Eu não era puro,
e fui totalmente dominado.
Senti, vi, ouvi,
fui capaz de compreender,
e, então, pude controlar.
Eu já era puro.
Os
nossos poderes psicológicos e mesméricos sempre serão
proporcionais à intensidade da nossa vontade.
Os
Fenômenos produzidos pela Vontade de Aqueles que receberam a Terceira
Iniciação, geralmente, não circulam pelos mercados
para satisfazer os curiosos clamorosos.
—
Eu queria tanto ver,
e, então pedia para ver.
Além de não ter visto nada,
levei uma baita ensaboada!
—
Vê
se deixa de ser boboca,
seu bestunto de minhoca.
Queres ver? Aprende a ver.
Queres
fazer? Aprende a fazer.
Dentre
todos os deveres, o principal é adquirir o Conhecimento da Alma Suprema
(o Espírito); esta
é a primeira de todas as Ciências, pois, só Ela confere
imortalidade ao ser-humano-aí-no-mundo.
—
Eu queria me tornar imortal,
mas, adorava bifar no petrolão.
Morri e fui parar no Plano Astral.
E continuei a ser o mesmo maganão.
—
Assim, foi toda uma Raça-raiz,
e não pude mais encarnar na Terra.
Hoje, por aí, perambulo infeliz.
Pois é. Quem é canalha se ferra!
O
ser-humano-aí-no-mundo que reconhece a Alma Suprema em Sua Própria
Casa, como também na de todas as criaturas, e que é igualmente
justo com todos (seres-humanos-aí-no-mundo
ou animais), obtém
a mais feliz de todas as sortes: a de ser, finalmente, absorvido no Seio
de Brahmâ. (Isto significa
união íntima, nunca aniquilação.)
A
absurdeza das absurdezas é conceber, como muitos ainda concebem,
a Grande Existência como
sendo um deus antropomórfico [que
pune, premia, perdoa, castiga, ama, odeia, aparece, se esconde, faz milagre,
não faz milagre, ri, chora, sente frio, sente calor, tem fome, tem
sede, dorme, tem insônia e sei lá mais o quê.]
Antropomorfização
(Stan Laurel, o Magro & Oliver Hardy, o Gordo)
O
Soma possui a propriedade de liberar a forma astral dos laços da
matéria.
Um
ser-humano-aí-no-mundo
não pode perceber, tocar ou conversar com o Espírito Puro
por meio de nenhum dos seus sentidos corporais, Só um espírito
pode conversar com um espírito e vê-lo; e mesmo a nossa alma
astral, o Doppelgänger, é muito grosseira e muito tingida pela
matéria terrena para que confiemos integralmente em suas percepções
e insinuações.
O
caso de Sócrates prova o perigo da mediunidade destreinada, e como
os Sábios antigos, que a haviam compreendido, tinham razão
em tomar suas precauções a esse respeito. O velho filósofo
grego era um 'médium', e, em conseqüência, nunca fora
Iniciado nos Mistérios, pois, essa era a Lei rigorosa. Mas, ele possuía
o seu 'espírito familiar', como se dizia, o seu daimonion,
e este conselheiro invisível se tornou a causa da sua morte. Acredita-se,
geralmente, que, se ele não foi Iniciado nos Mistérios, foi
porque ele mesmo não quis. Mas, os Anais Secretos nos informam que
foi porque ele não podia ser admitido aos Ritos Sagrados, e isto,
precisamente, por causa da sua mediunidade. Havia uma Lei contra a admissão
não só de aqueles que se sabia que praticavam a feitiçaria,
mas, também, de aqueles que se acreditava possuírem um 'espírito
familiar'. A Lei era justa e lógica, porque um médium genuíno
é mais ou menos irresponsável [pelo
que diz ou pelo que faz em transe],
e as excentricidades de Sócrates se explicam,
de certa maneira, por este fato. Um médium deve ser passivo, e se
ele tem uma fé cega no seu 'espírito-guia', permitirá
que este o domine, em vez de ser dominado pelas Regras do Santuário.
Um médium dos tempos antigos, como o 'médium' moderno, estava
sujeito a entrar em transe sob dependência da vontade do 'poder' que
o controlava. Assim, não se podia confiar a ele os terríveis
Segredos da Iniciação Final, que não deviam ser revelados,
sob pena de morte. O velho sábio, em momentos descuidados de 'inspiração
espiritual', revelou aquilo que nunca havia aprendido, e, assim, foi condenado
à morte [por
impiedade] como ateu. Enfim, nem Pitágoras,
nem Platão, nem qualquer um dos últimos neoplatônicos
mais importantes, nem tão-pouco Jâmblico, Longino, Proclo ou
Apolônio de Tiana foram médiuns. Se o fossem, não teriam
sido admitidos nos Mistérios.
O
abuso da Ciência Sagrada é a bruxaria, feitiçaria e
magia negra.
A
razão pela qual, em todas as épocas, muito pouco se soube
a respeito dos Mistérios da Iniciação é dupla.
A primeira repousa na terrível penalidade que se seguia à
menor indiscrição. [Falou,
dançou.] A segunda corresponde às
dificuldades sobre-humanas e aos perigos que o candidato corajoso dos tempos
antigos tinha de enfrentar, e vencer ou morrer na tentativa, quando, o que
é ainda pior, ele não perdia sua razão. Entretanto,
não havia perigo real para aquele cuja mente se tivesse espiritualizado
completamente, e que, desta maneira, estivesse preparado para as visões
mais terríveis. Aquele que reconhecia plenamente o Poder do seu Espírito
Imortal e nunca duvidava, em nenhum momento, da sua proteção
onipotente, nada tinha a temer. [Isto
tudo continua integralmente válido hoje.]
O
medo [físico
ou espiritual] é um filho doentio da matéria.
Aquele que não confiar totalmente em sua aptidão moral para
aceitar o peso dos Segredos Extraordinários [que
só a Iniciação confere] estará
condenado [a permanecer ignorante].
Entrar
no Jardim de Delícias significa ser Iniciado na Ciência Oculta
e Final. Mas, para os intelectos fracos, Ela levará diretamente à
loucura. Todavia, aquele que tem o Coração Puro e que estuda
com o objetivo de se aperfeiçoar
não deve ter temor algum, e, desta maneira, conseguirá
mais facilmente a imortalidade prometida. Mas, aquele que faz da Ciência
das Ciências um pretexto pecaminoso para seus motivos mundanos, deve,
sim, temer. Estes jamais resistirão às Evocações
Cabalísticas da Iniciação Suprema.
Não
devemos lutar apenas pela Filosofia Esotérica nem por qualquer sistema
moderno de filosofia moral [nem
por qualquer religião], mas, pelo direito
inalienável da opinião privada, e, especialmente, pela idéia
plena de nobreza e de uma vida futura livre, ativa, produtiva e responsável.
Se
não tivermos a chave da interpretação, só veremos
os símbolos no seu aspecto físico. Este é dos motivos
que explicam o porquê de o clero católico não poder,
de maneira alguma ser comparado, em termos de Sabedoria, com os Hierofantes
da Antigüidade.
Se
o estudo da Filosofia Hermética não nos trouxer outra satisfação,
é mais do que suficiente saber que Ela nos ensina com que perfeição
de justiça o mundo é governado.
Um
exorcismo nada mais é do que uma evocação necromântica.
Mentes
como as de Pitágoras e de Platão nunca se contentariam com
um mistério insondável e incompreensível como o do
dogma cristão.
Não
pode haver mais do que uma Verdade, pois, duas pequenas verdades sobre o
mesmo assunto constituem um grande erro.
Calcule:
3 + 5 . 3 + 4
Veja
a resposta na nota 1.
Calcule:
22 . 23
Veja
a resposta na nota 2.
Calcule:
(x +
y)2
Veja
a resposta na nota 3.
Calcule
x:
Veja
a resposta na nota 4.
Como
os dogmas de todas as religiões e de todas as seitas, freqüentemente,
diferem radicalmente, eles não podem ser verdadeiros.
Hino
Órfico: Ele é
o Um, auto-engendrado, de quem procedem todas as coisas e nelas atua; nenhum
mortal O vê, mas Ele vê a todos.
Clemente
de Alexandria (cerca de 150 –
215) descreve Basílides (117
– 138),
o gnóstico, como um filósofo
devotado à contemplação das coisas divinas.
Buddha
afirmou: 1º) todas
as coisas existem como resultado de causas naturais; 2º) a virtude
acarreta a sua própria recompensa [Illuminação],
e o vício e o pecado suas próprias punições
[compensações];
e o 3º) o estado do ser-humano-aí-mundo na Terra é
de provação. Nestes três princípios
se fundamentam todos os credos religiosos, que podem ser resumidos em Deus
e na imortalidade individual do Espírito.
As
primeiras seitas cristãs eram mais ou menos cabalísticas.
Todas as seitas gnósticas acreditavam igualmente na Magia. O bispo
grego, teólogo e escritor cristão Ireneu ou Irineu de Lyon
(cerca de 130 –
202) , ao descrever os seguidores de
Basílides (117 –
138), disse: Eles utilizam
imagens, invocações, encantamentos e todas as outras coisas
que pertencem à Magia.
De
um autor anônimo: A
única coisa absolutamente necessária para o homem é
a Verdade, e é a ela, e somente a ela, que a nossa consciência
moral se deve adaptar.
Continua...