Este
texto é a 1ª parte de um resumo, em forma de fragmentos (às
vezes, comentados, às vezes, seguidos de uma animação
explicativa) de um estudo que fiz da obra Isis
Unveiled: A Master-Key to the Mysteries of Ancient and Modern Science and
Theology (em português, Ísis sem Véu:
Uma Chave-Mestra para os Mistérios da Antiga e Moderna Ciência
e Teologia) publicado em 1877. É um livro de filosofia esotérica,
e é a primeira grande obra de Helena Petrovna Blavatsky – um
texto-chave no movimento teosófico e um marco na história
do esoterismo ocidental. Como este será um trabalho muito extenso,
para não ficar cansativo para o leitor, cada parte conterá
apenas 30 fragmentos.
Fragmentos
Os
filósofos herméticos de todos os tempos têm sustentado
a convicção, baseada, como alegam, em setenta mil anos de
experiência, que: 1º) a matéria, devido ao pecado, se
torna, como o passar do tempo, mais grosseira e mais densa do que era quando
da primitiva formação do homem; 2º) no princípio,
o corpo humano era de natureza semi-aérea; e 3º) antes da queda,
a Humanidade se comunicava livremente com os Universos Invisíveis.
As
mais antigas tradições esotéricas ensinam que, antes
do Adão Místico, muitas raças de seres humanos viveram
e morreram, cada uma dando, por sua vez, lugar a outra.
Esta
animação é meramente simbólica.
De
acordo com Filon, o Judeu,1
o ar está repleto de uma hoste de espíritos invisíveis,
alguns dos quais são livres do mal e imortais e outros são
perniciosos e mortais.
Platão,
no Fedro, descreve o estado anterior do homem, e aquele ao qual ele haverá
de retornar: antes e depois
da perda das asas, quando ele vivia entre os Deuses, e ele próprio
era um Deus no mundo aéreo.
Desde a mais remota Antigüidade, as filosofias religiosas ensinavam
que todo o Universo estava repleto de Seres Divinos e Espirituais de diversas
raças. De uma delas, no correr do tempo, proveio Adão, o homem
primitivo.
Os
filósofos da Antigüidade
dividiam os intermináveis períodos da existência humana
sobre este Planeta em ciclos (que não abrangem toda a Humanidade
em um único e mesmo tempo), durante um dos quais os seres-humanos-aí-no-mundo
atingiram o ponto culminante da mais alta civilização e, gradualmente,
caíram no mais abjeto barbarismo.
Espiral
Evolutiva-Involutiva
(Não é bem assim, mas, é ± assim.)
Qualquer
cabalista que esteja a par do Sistema Pitagórico dos números
e da Geometria pode demonstrar que as idéias metafísicas de
Platão se basearam em princípios estritamente matemáticos.
Ontologia
Triádica de Platão
Os números governam o mundo. (Platão).
A
Geometria, a única dentre todas as ciências a proceder dos
universais para os particulares, foi precisamente o método empregado
por Platão (ardente Discípulo de Pitágoras) em sua
Filosofia.
A
Teoria Cosmológica dos Números, que Pitágoras (o Filósofo
Puro, versado profundamente nos maiores fenômenos da Natureza, nobre
herdeiro das Tradições Antigas) aprendeu com os Hierofante
Egípcios, é a única capaz de reconciliar as duas unidades,
Matéria e Espírito, e de fazer com que uma demonstre matematicamente
a outra.
Teorema
de Pitágoras
As
ordens inferiores, antes de se transformarem nas Ordens Superiores, devem
emanar das Ordens Espirituais Superiores, e, ao chegarem ao ponto de retorno,
devem se reabsorver novamente no Ilimitado. Tudo, no Universo, está
sujeito à evolução cíclica.
Há
uma perfeita a identidade entre os Sistemas Pitagórico e Bramânico.
Em ambos, a significação esotérica deriva do número:
no primeiro, da relação mística de cada número
com tudo que é inteligível para a mente do ser-humano-aí-no-mundo;
no segundo, do número de sílabas com que cada verso dos Mantras
é formado. Por
exemplo, o Número Quatro era
tido como Sagrado pelos pitagóricos. É o problema da justiça
moral e da eqüidade divina geometricamente expressas. Todos os poderes
e todas as grandes harmonias das Naturezas Física e Espiritual repousam
no Quadrado Perfeito, e o Nome Inefável de Aquele que, de outro modo,
permaneceria indizível, era substituído pelo Sagrado Número
4 – a Tetraktys.
Tetraktys
Quadrado
Mágico do Sol (Matriz 6 x 6)2
Platão
sustentava que o Dodecaedro foi a figura geométrica empregada pelo
Demiurgo ou Artífice –
o Supremo Poder –
para edificar o Universo.
Dodecaedro3
O
Homem Astral, por mais intangível e invisível que possa ser
aos nossos sentidos mortais e terrestres, é ainda constituído
de matéria, embora sublimada.
Taciano4,
o Assírio, declarava que o
homem é tão imortal quanto o próprio Deus.
Para
Platão e seus discípulos, os tipos inferiores são simplesmente
as imagens concretas dos Tipos Abstratos Superiores.
A
[personalidade-]
alma, que é imortal, tem uma origem aritmética; já
o corpo tem uma origem geométrica.
Ao
longo do tempo, os Sagrados Mistérios se degeneraram ao extremo em
meras especulações sacerdotais e fraudes religiosas. [E
o que é muitíssimo pior: as pessoas acreditam, matam e morrem
por essas especulações e essas fraudes!)
Stonehenge
—
Impingiram, e eu concordei.
E murei por uma especulação.
Predicaram,
e eu acreditei.
E feri por uma adulteração.
—
Alardearam, e eu abracei.
E assassinei por um ludíbrio.
Anunciaram,
e eu perfilhei.
E pifei por um desequilíbrio.
—
Hoje,
amargamente, deploro;
todavia, deplorar não adianta.
Agora, desesperadamente, choro;
mas, chorar também não adianta.
—
Enfim, uma coisa eu sei:
quem defraudou sofrerá muito.
Entretanto, uma coisa não sei:
o tamanho do curto-circuito!
Para
as pessoas comuns, é impossível conceber a onipotência
e a onipresença de um Deus Supremo sem dotar tais atributos de uma
gigantesca projeção de sua própria personalidade.
—
Estúpido, eu sempre admiti
que Deus fosse benevolente.
Abestalhado, eu sempre admiti
que Deus fosse indulgente.
—
Ignorante, eu sempre admiti
que Deus fosse perdoador.
Apoucado, eu sempre admiti
que Deus fosse castigador.
—
Bestalhão, eu sempre admiti
que Deus ficasse fortunoso.
Capadócio, eu sempre admiti
que Deus ficasse malditoso.
—
Mané-jacá, eu sempre admiti
que Deus quisesse tributo.
Paspalhão, eu sempre admiti
que Deus morasse no cocuruto.
—
Medieval, eu sempre admiti
que Deus arrebataria os dignos.
Preconceituoso, eu sempre admiti
que Deus infernaria os indignos.
—
Inexperiente, eu sempre
admiti
uma cordilheira de besteiras.
Incompetente, no fim, escureci
atolado em zilhões de asneiras.
Os
Dogmas Secretos de Hermes, bem compreendidos, abrem alguns dos Segredos
mais importantes da Natureza.
Apesar
do seu aparente politeísmo, os antigos –
pelo menos os das classes esclarecidas –
eram totalmente monoteístas, e isto, séculos
e séculos antes dos dias de Moisés.
Na
Antigüidade, a Magia era considerada uma Ciência Divina que permitia
a participação nos atributos da própria Divindade.
Ela desvenda as operações
da Natureza, disse Fílon, o Judeu, e
conduz à contemplação dos Poderes Celestiais.
A
Magia surgiu no mundo com as primeiras raças de seres-humanos-aí-no-mundo.
A
mudança periódica e cíclica do clima em nosso Planeta
é necessariamente acompanhada por cataclismos, tremores de terra
e outras convulsões cósmicas.
—
Eu pensei que era o fim,
mas, era só um recomeço.
Ora, como poderá ter fim
o que nunca teve começo?
—
Construção —›
Destruição,
é a Lei Eterna da Natureza.
Destruição —› Reconstrução,
sempre ampliando a Beleza!
Sempre,
ciclos menores atravessam ciclos maiores.
A
revolução do mundo físico, segundo a Antiga Doutrina,
é acompanhada de uma revolução análoga no mundo
do intelecto, uma vez que tanto o Mundo Espiritual como o Mundo
Físico caminham por ciclos.
Os
grandes reinos e impérios do mundo, depois de atingirem o ponto culminante
de suas grandezas e glórias, declinam, de acordo com a mesma Lei
que os faz acender, até que, ao atingir o ponto mais baixo, a Humanidade
se reafirma e sobe novamente, e a altura de seu esforço, devido a
essa Lei de Progresso Ascendente por Ciclos, é um pouco mais elevada
do que o ponto ao qual ela tinha antes descido.
Não
existe uma única personalidade proeminente nos anais da História
sagrada ou profana cujo protótipo não se possa encontrar nas
tradições, metade fictícias, metade reais, das religiões
e das mitologias de outrora. É pois, sem dúvida, apenas à
Antigüidade que devemos nos dirigir para conhecer a origem de todas
as coisas.
A
natureza humana é como a Natureza Universal em seu horror ao [inexistente]
vácuo.
A
Teologia Católica é dogmática e indemonstrável.
Os
antigos escritores místicos eram obrigados a jamais divulgar os segredos
solenes do Santuário.
É
um insulto à natureza humana difamar a Magia e as Ciências
Ocultas e tratá-las como se fossem imposturas. Acreditar que, durante
milhares de anos, a metade do gênero humano praticou o embuste e a
fraude contra a outra metade equivale a dizer que a raça humana é
composta quase exclusivamente de malfeitores e de idiotas incuráveis,
o que, evidentemente, não é verdade. O fato é que a
Magia é tão antiga quanto a Humanidade.
Impostura
é a vozeria
que afirma sem saber.
Mas, toda essa gritaria
evaporará no vir-a-ser.
A
loucura materialista
haverá de chegar ao fim,
e toda irreflexão
coisista
se empalidecerá, enfim.
O
ser humano não sabe,
entretanto, ele é um Deus.
Mas, amanhã, Liberdade,
para todos os viventes eus!