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Notas:
1. É
admitido que a inveja é o desejo por atributos, posses, status
e habilidades de outra pessoa. Costuma não ser, necessariamente,
associada a um objeto; sua característica mais típica é
a comparação desfavorável (para o invejoso) de uma
qualidade ou circunstância, em determinado momento, de uma pessoa
em relação a outra. Por
isso, a inveja – que não deixa de ser um sentimento de inferioridade,
e, no limite, um complexo – é tida como a arma (inócua,
na maioria das vezes) dos patologicamente incompetentes. Minha mãe
morreu aos 87 anos dizendo que jamais houvera sentido uma dor de cabeça;
nunca soube o que era uma cabeça doendo. Hoje, com 61 anos incompletos,
eu, por outro lado, não sei o que é a inveja e como alguém
pode invejar. Esses conceitos, para mim, são os que estão
dicionarizados, o que, absolutamente, não me envaidece e não
implica em que eu não tenha tido outras inconfessáveis fraquezas,
e que, ainda, para minha vergonha e tristeza, não agasalhe outras
debilidades, das quais ainda não consegui me livrar nesses tais de
61 anos incompletos.
2. Entretanto,
a inveja, no fundo, no fundo, nunca é boa.
3.
Segundo Carlos Amadeu Botelho Byington – médico psiquiatra,
analista, supervisor pedagógico e membro fundador da Sociedade Brasileira
de Psicologia Analítica (SBPA) – a inveja, como função
estruturante, forma a consciência com a vontade de ter o que os outros
já possuem. Através da inveja, conscientizamos o nosso desejo,
o que é um importante estímulo para buscarmos crescer e conquistar.
Por ser uma função estruturante tão importante no desenvolvimento
da cultura, a inveja é também muito desestabilizadora e, por
isso, foi sempre temida, cerceada e considerada má pelos partidários
da manutenção do 'statu quo'. Isso aconteceu no mito da gênese,
no conceito de pecado original e na psicanálise, onde ela foi até
mesmo equiparada ao instinto de morte por Melanie Klein... A inveja,
como todas as demais funções estruturantes, pode ser boa ou
má, criativa ou defensiva, dependendo do que fazemos com ela. Seguindo
criativamente nossa inveja, nós nos conhecemos e nos realizamos.
Deixando de segui-la e usando-a para atacar os outros que a motivam, a tornamos
destrutiva e somos por ela envenenados na estagnação. Mas,
penso que, mesmo podendo ter (ou não) função estruturante,
é ilógica, enfermiça, achacadiça, arrenegada
e valetudinária.
4.
Então, nessa circunstância, penso que já não
exista mesmo mais qualquer tipo de inveja. Na verdade, a inveja, para os
que são invejosos, precisa ser in Corde transmutada. Não
adianta nada, por hipótese, um místico invejar Max Heindel,
Harvey Spencer Lewis, Papus ou Helena Petrovna Blavatsky, como se isso tivesse
qualquer cabimento ou adiantasse alguma coisa (ainda que, pela distância,
nestes casos, a inveja esteja inconscientemente e possivelmente mais para
admiração do que para outra coisa); com nossas limitações,
o máximo que poderemos fazer é tentar imitá-los
naquilo que fizeram de bom para a Humanidade, ainda que qualquer imitação
– por melhor e mais bem-intencionada que possa ser – não
seja conveniente ou recomendável. Essa coisa de imitar e de seguir
o exemplo é meio complicada. Imagine um fanho meter na cachimônia
de tentar imitar o Pavarotti ou um maneta querer tocar piano como o Richard
Clayderman! Em política, imitar gerou mais desastres do que coisas
boas; e em misticismo isso é uma verdadeira tragédia, pois,
por exemplo, em um piscar de olhos não se pode, por imitação
ou por seguir o exemplo, ser promovido de neófito a hierofante ou
a avatar. O amarelo não vira violeta por simples querença
ou imitação. Seja como for, só há um caminho
para um sincero e honesto Peregrino: o mérito que não revira!
Então, não posso concordar inteiramente com Carlos Byington;
como está escrito na nota nº 2, a inveja, no fundo, no fundo,
nunca é boa. Acredito, sim, como afirmou Byington, que a inveja seja
mesmo desestabilizadora e que conduza, em última instância,
ao envenenamento da alma e à estagnação.
Observações:
1ª
- A animação de O Invejoso foi produzida a partir
da fotografia digital disponibilizada em:
http://home.earthlink.net/~dsshell/id3.html
2ª
- A animação da Inveja foi produzida a partir da
fotografia digital disponibilizada em:
http://www.dalila.telesveras.nom.br/
PoesiasdaCaixaPecados.htm
Música
de fundo:
Faz
Parte do Meu Show (Cazuza)
Fonte:
http://www.midinet.com.br/alfa/c/01mid.asp