(Porta Cordis)

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Entrai pela Porta estreita

onde a morte não espreita.

Resignai, vigiai e renunciai.

E lutai, trabalhai e meditai.

 

A luz bruxuleia e ilumina;

não Liberta nem Illumina.

Só aberta a Porta Cordis

lluzirá a vera Flor-de-lis.2

 

 

 

 

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Notas:

1. Entrai pela porta estreita. (Vulgata, Evangelho de São Mateus, VII, 13).

2. Segundo o general inglês Robert Stephenson Smyth Baden-Powell (1857-1941) – fundador do Movimento Escoteiro – a flor-de-lis é um símbolo de paz e de pureza. Na Índia antiga, simbolizava a vida e a ressurreição, enquanto que no Egito era um atributo do Deus Horus, cerca de 2.000 anos antes de Cristo. Hoje, a flor-de-lis representa o Escotismo, identificando todos os países que pertencem à Fraternidade Mundial. Toda a simbologia da flor-de-lis é baseada em valores como fraternidade, dever para com o próximo e união. Representa, portanto, o esforço de fazer o melhor possível, o compromisso de estar sempre alerta e a alegria de servir; esses três lemas conjugam os ideais do escotismo mundial em suas diversas etapas.

Três citações de Baden-Powel:

Deixe o mundo um pouco melhor do que encontrou.

Não existe ensino que se compare ao exemplo.

Se tiver o hábito de fazer as coisas com alegria, raramente encontrará situações difíceis.

Por tudo isso, elucubrando um pouco, foi que no poema está escrito: Só aberta a Porta Cordis/lluzirá a vera Flor-de-lis. O que isso simbolicamente significa? Desejo de paz e de pureza, fazer as coisas com alegria, ressurreição, fraternidade mundial, dever para com o próximo, união, dignidade, justiça, fazer o melhor possível, compromisso de estar sempre alerta, o ato de servir et cetera são conceitos e categorias que o homem estabeleceu, vem estabelecendo e tenta aprimorar. Isso é bom. Mas, essas coisas não deixam de ser categorias e conceitos humanos, dependentes da cultura de cada um e, portanto, passíveis de erros, escolhas, opiniões, maresias e ondulações, medidas e avaliações, preconceitos involuntários e impercebidos ou não compreendidos, entre outras fragilidades e distorções de nossas consciências, que operam, muitas vezes, sem intervenção direta da vontade humana. Somos humanos; somos falíveis. É por isso que na letra da música Flor de Lis, de Djavan, está escrito: Onde foi que eu errei? Eu só sei que amei, que amei, que amei, que amei. Então, repito, não pode ser de outra maneira: Só aberta a estreita Porta Cordis/lluzirá a vera Flor-de-lis. Em princípio, o Coração não erra! Mas também há Corações e Corações. Irredutivelmente, a Rosa só se libertará da Cruz se misticamente realizar o Triângulo: Iniciação, Compreensão, Libertação. É isso que a primeira animação em flash que abre o poema mais ou menos pretendeu simbolizar.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://pt.wikiquote.org/wiki/
Robert_Stephenson_Smyth_Baden-Powell

http://pt.wikipedia.org/wiki/Baden-Powell

http://www.uebrs.com.br/docs/1532Flor_De_Lis.doc

http://www.cne-escutismo.pt/mistica/flordelis_origem.htm

 

Fundo musical:

Flor de Lis (Djavan)

Fonte:

http://www.megaminer.com/