Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

... Sua alma liberada e guiada pelo carma

voltará a se extraviar, óbito após óbito,

em corpos destinados às humanas quimeras,

para melhor apreender e penetrar nos Mistérios

que cercam os céus e que regem o Universo,

para, depois, no momento apropriado

— com toda dignidade —

reentrar no Absoluto.

Perenemente Senhor.

 

O Iniciado
Carol Antoine
(O Pantáculo, nº 16, 2008)

 

 

 

 

 

 

 

 

Óbito após óbito,

recaímos em erro e... Falhamos.

Óbito após óbito,

escorregamos e levantamos.

 

 

Óbito após óbito,

transitamos e reencarnamos.

Óbito após óbito,

aprendemos e melhoramos.

 

 

Óbito após óbito,

vamos todos nos manumitindo.

Óbito após óbito,

 

 

Óbito após óbito,

vamos todos Peregrinando.

Óbito após óbito,

a LLuz vai se aproximando.

 

 

Um dia, será o último óbito;

foi encerrada a Missão.

O óbito transmutou-se em Óbito;

agora, só a Voz do Coração!

 

 

 

 

 

 

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Para Meditar

 

 

Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam nas flores, matam nosso cão... E não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.

 

Maiakovski (1893 - 1930)1

 

 

 

 

 

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Nota:

1. Vladimir Vladimirovich Maiakovski nasceu e passou a infância na aldeia de Bagdadi, nos arredores de Kutaíssi, na Geórgia, Rússia. Lá cursou o ginásio e, após a morte súbita do pai, a família ficou na miséria e transferiu-se para Moscou, onde Vladimir continuou seus estudos.

Fortemente impressionado pelo movimento revolucionário russo e impregnado desde cedo de obras socialistas, ingressou aos quinze anos na facção bolchevique do Partido Social-Democrático Operário Russo.

Detido em duas ocasiões, foi solto por falta de provas, mas em 1909-1910 passou onze meses na prisão. Entrou na Escola de Belas Artes, onde se encontrou com David Burliuk, que foi o grande incentivador de sua iniciação poética. Os dois amigos fizeram parte do grupo fundador do assim chamado cubo-futurismo russo, ao lado de Khlebnikov, Kamiênski e outros. Foram expulsos da Escola de Belas Artes. Procurando difundir suas concepções artísticas, realizaram viagens pela Rússia.

Após a Revolução de Outubro, todo o grupo manifestou sua adesão ao novo regime. Durante a Guerra Civil, Maiakovski se dedicou a desenhos e legendas para cartazes de propaganda e, no início da consolidação do novo Estado, exaltou campanhas sanitárias, fez publicidade de produtos diversos etc. Em 1923, fundou a revista LEF (de Liévi Front, Frente de Esquerda), que reuniu a esquerda das artes, isto é, os escritores e artistas que pretendiam aliar a forma revolucionária a um conteúdo de renovação social.

Homem de grandes paixões, arrebatado e lírico, épico e satírico ao mesmo tempo, Maiakovski fez inúmeras viagens pelo País, aparecendo diante de vastos auditórios para os quais lia os seus versos. Viajou também pela Europa Ocidental, México e Estados Unidos. Entrou freqüentemente em choque com os burocratas e com os que pretendiam reduzir a poesia a fórmulas simplistas.

Suicidou-se com um tiro em 1930.

Sua obra, profundamente revolucionária na forma e nas idéias que defendeu, apresenta-se coerente, original, veemente, una. A linguagem que emprega é a do dia-a-dia, sem nenhuma consideração pela divisão em temas e vocábulos poéticos e não-poéticos, a par de uma constante elaboração, que vai desde a invenção vocabular até o inusitado arrojo das rimas. Ao mesmo tempo, o gosto pelo desmesurado, o hiperbólico, alia-se em sua poesia à dimensão crítico-satírica. Criou longos poemas, quadras e dísticos que se gravam na memória; ensaios sobre a arte poética e artigos curtos de jornal; peças de forte sentido social e rápidas cenas sobre assuntos do dia; roteiros de cinema arrojados e fantasiosos e breves filmes de propaganda.

Tem exercido influência profunda em todo o desenvolvimento da poesia russa moderna.

 

 

Alguns Pensamentos e Poemas de Maiakovski

 

 

O tempo é roído por vermes cotidianos. As vestes poeirentas de nossos dias, cabe a ti, juventude, sacudi-las.

Amar não é aceitar tudo. Aliás: onde tudo é aceito, desconfio que há falta de amor.

A poesia é uma forma de produção. Dificílima, complexíssima, porém produção.

Sem forma revolucionária não há arte revolucionária.

Eu não forneço nenhuma regra para que uma pessoa se torne poeta e escreva versos. E, em geral, tais regras não existem. Chama-se poeta justamente o homem que cria estas regras poéticas.

Balalaica
(como um balido abala
a balada do baile
de gala)
(como um balido abala)
abala (com balido)
(a gala do baile)
louca a bala
laica.

Come ananás, mastiga perdiz,
Teu dia está prestes, burguês.

Da paixão de um cocheiro e de uma lavadeira
Tagarela, nasceu um rebanho raquítico.
Filho não é bagulho, não se atira na lixeira.
A mãe chorou e o batizou: crítico.

 

Nota editada das fontes:

http://pt.wikiquote.org/wiki/Vladimir_Maiakovski

http://pt.wikipedia.org/wiki/Vladimir_Mayakovsky