INFELICIDADES

(dissonâncias cognitivas)

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

Nós produzimos as nossas infelicidades

simplesmente porque somos ignorantes.

Insensatezes, preconceitos e ansiedades

nos transformam em amaros terebrantes.

 

Somos convertidos em tristes errantes

por irreflexões, agonias e inflexibilidades.

Simplesmente preferimos ser ignorantes

e continuar a parir nossas calamidades.1

 

Diversas existências se tornam afigentes

em virtude de discordâncias intransigentes

cousismos2 convertem a vida em bololô.

 

Variadas são as dissonâncias cognitivas3

que tornam muitas existências aflitivas

 

 

 

 

_____

Notas:

1. Preferimos por desconhecer outras opções ou por preconceito.

2. A Humanidade caminhou, ao longo dos séculos, buscando compreender sua origem e destino. Desde o Epicurismo, o Ceticismo e o Estoicismo, sempre vivemos em meio aos “ismos”, mas não conquistamos quase nada além do Epicurismo e do Estoicismo, mesmo com o Cristianismo, o Marxismo e outros "ismos" que ceifaram milhares de vidas inocentes. (J. F. Megale). Sant’Ana Dionísio, na Introdução às Obras de Leonardo Coimbra, assim resumiu o vício ou pecado cousista: ... tendência funesta e irreprimível do homem ... para considerar como estático e definitivo, como realidade concluída e firme de uma vez para sempre, para não dizer como coisa feita, as próprias realidades espirituais, as idéias, os símbolos, as estratificações jurídicas, os transitórios preconceitos políticos ou sociais, as convenções históricas tidas como sagradas ou invioláveis, os princípios ou dogmas de ordem religiosa, múltiplas idéias-crenças, tidas como inalteráveis, de ordem científica.

3. Dissonância e consonância são relações entre cognições, ou seja, entre opiniões, crenças e conhecimentos sobre o ambiente e sobre as próprias ações e sentimentos. Duas opiniões, duas crenças, ou dois itens de conhecimento são dissonantes entre si quando não se encaixam um com o outro, isto é, quando são percebidos como incompatíveis. Ou ainda, considerando-se apenas dois itens especificamente, quando um não decorrer do outro. (Leon Festinger, 8 de maio de 1919 - 11 de fevereiro de 1989. Seu livro mais conhecido é The Theory of Cognitive Dissonance que foi publicado em 1957.) Um exemplo de dissonância cognitiva é a que prevalece entre as aceitações divergentes da Lei da Reencarnação e do céu e do inferno católicos. No âmbito da política, Comunismo e Capitalismo são inteiramente dissonantes. E na esfera relações humanas, um exemplo de dissonância cognitiva são os preconceitos contra as minorias.

Música de fundo:

Witchcraft (Carolyn Leigh & Cy Coleman)

Fonte:

http://home.arcor.de/dinoandfriends/frank_midis.htm