INEFÁVEL ALEGRIA

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

Na percepção clara da vastidão e da beleza da Terra um arco-íris, por exemplo o que tem muito mais importância é o próprio sentimento, o êxtase que acompanha a apreciação profunda do belo; e este sentimento não pode ser despertado pelo mero cultivo do conhecimento ou da memória. E isto porque enquanto em um certo nível o conhecimento é necessário, em outro nível ele se torna um empecilho. A tradição, em coisas mecânicas, é de grande importância, mas, quando a tradição é utilizada como meio de guiar o ser-humano-aí-no-mundo espiritualmente, ela se torna um obstáculo ao descobrimento de coisas mais grandiosas. Dependemos do conhecimento e da memória nas coisas mecânicas e em nosso viver diário. Sem conhecimento, seríamos incapazes de fazer muitas coisas. Mas, o conhecimento é um obstáculo quando se torna tradição, crença, para guiar o espírito, a psique, o ser interior. E, também, separa os seres-humanos-aí-no-mundo, cria inimizades e também impede o descobrimento do profundo significado da Verdade, da Vida e de Deus. [Haverá maior exemplo disto do que as guerras religiosas?] O que divide as pessoas é a tradição, as crenças que condicionam a mente de uma certa maneira (hinduístas, maometanos, budistas, cristãos, judeus etc.). Todavia, para descobrirmos o que é Deus [o nosso Deus Interior], deverá a nossa mente estar livre de tudo quanto é tradição, acumulação e conhecimento, que servem apenas de proteção psicológica. A função da educação é proporcionar ao estudante abundantes conhecimentos em vários setores do esforço humano, e, ao mesmo tempo, libertar sua mente de toda tradição, para ser capaz de investigar e descobrir. De outro modo, a mente se tornará mecânica, totalmente ocupada pelo mecanismo do conhecimento. A menos que se liberte constantemente de sua acumulação das multimilenares tradições, a mente será incapaz de descobrir o Supremo, o Eterno, o Verdadeiro. Reconhecer a diferença, ou seja, perceber onde o conhecimento é destrutivo, e onde ele é essencial, de tal sorte que funcione o mais amplamente possível eis o começo da inteligência. As filosofias, as teorias e as crenças que haurimos dos livros e que se tornam nossa tradição constituem um verdadeiro empecilho à mente, porque esta se serve, então, de tais coisas como meios de segurança psicológica, para si própria, e, por conseguinte, fica por elas condicionada. Portanto, é necessário, ao mesmo tempo que a mente se liberta de todas as tradições, que cultive o conhecimento técnico. [Uma coisa não exclui a outra.] E tal é a função da educação. É preciso ter conhecimentos para se estudar um problema, mas, a mente, para encontrar a solução, deve estar desembaraçada destes conhecimentos. O que se necessita não é filosofia ou crença, porém, uma mente livre para investigar, para descobrir e para ser criadora. Definitivamente, se ou quando a mente não for livre, nos tornaremos escravos do sistema vigente, e isto, em verdade, significa que não seremos entes humanos criadores [dialéticos]. Enfim, se a nossa mente for livre para descobrir o Verdadeiro, veremos aparecer uma abundante e incorruptível riqueza, na qual se encontra uma inefável Alegria. Então, todas as nossas relações com as pessoas, com as idéias e com as coisas [mas, principalmente, conosco] – assumem um significado totalmente diferente. [In: A Cultura e o Problema Humano (título do original: This Matter of Culture), de autoria de Jiddu Krishnamurti.]

 

 

 

Tristeza

 

 

 

A cabeça cheia de problemas,

vi um arco-íris no céu,

mas, o achei igual a todos os outros.

 

A cabeça cheia de restrições,

vi um pôr do Sol distante,

mas, o achei igual a todos os outros.

 

A cabeça cheia de manias,

vi um palhaço de circo sorrir,

mas, o achei igual a todos os outros.

 

A cabeça cheia de quizumbas,

vi um garoto brincar na pracinha,

mas, o achei igual a todos os outros.

 

A cabeça cheia de restringências,

vi um velhinho se alegrar,

mas, o achei igual a todos os outros.

 

A cabeça cheia de coarctações,

vi um galho de uma árvore balouçar,

mas, o achei igual a todos os outros.

 

A cabeça cheia de mixórdias,

vi um seixo rolar no rio,

mas, o achei igual a todos os outros.

 

A cabeça cheia de rebulícios,

vi um alísio ventar suavemente,

mas, o achei igual a todos os outros.

 

A cabeça cheia de turbulências,

vi um canário cantar regozijante,

mas, o achei igual a todos os outros.

 

A cabeça cheia de resistências,

vi um novedio Natal pintar,

mas, o achei igual a todos os outros.

 

A cabeça cheia de travancas,

vi um papai-noel presentear,

mas, o achei igual a todos os outros.

 

A cabeça cheia de empecilhos,

vi que o tempo estava 'cold outside',

mas, o achei igual a todos os outros.

 

A cabeça livre de tradições,

vi um novo dia nascer,

 

 

 

 

 

 

Música de fundo:

Baby, It's Cold Outside
Composição: Frank Loesser
Interpretação: Idina Menzel & Michael Bublé

Fonte:

http://converterino.online/?url=http://youtu.be/6bbuBubZ1yE

 

Páginas da Internet consultadas:

https://giphy.com/

https://dribbble.com/shots/2510880-Pacman-gif

https://www.ilikesticker.com/

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.