CRÍTICA DA FACULDADE DO JUÍZO
(Kritik der Urteilskraft)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

Introdução e Objetivo do Estudo

 

 

 

 

Este estudo tem por objetivo apresentar para reflexão alguns excertos da obra Crítica da Faculdade do Juízo (em alemão, Kritik der Urteilskraft), de autoria do filósofo Immanuel Kant (Königsberg, 22 de abril de 1724 – 12 de fevereiro de 1804). Esta é a terceira das três críticas publicadas, e é nesta obra que Kant apresenta e discute o conceito de juízo estético, isto é, para se ter uma investigação crítica a respeito do belo, devemos estar orientados pelo poder de julgar. Como enfatizou Kant, as coisas belas mostram que o homem se adequa ao mundo, e mesmo a sua intuição das coisas está de acordo com as leis da sua intuição.

 

 

Breve Biografia

 

 

 

 

Immanuel Kant (22 de abril de 1724 – 12 de fevereiro de 1804) foi um filósofo alemão (nativo do Reino da Prússia) e um dos principais pensadores do Iluminismo. Seus abrangentes e sistemáticos trabalhos em Epistemologia, Metafísica, Ética e Estética fizeram dele uma das figuras mais influentes da Filosofia Ocidental Moderna.

 

Em sua doutrina do Idealismo Transcendental, Kant argumentou que o espaço e o tempo são meras formas de intuição que estruturam toda a experiência, e que os objetos da experiência são meras aparências. A natureza das coisas como elas são em si mesmas é incognoscível para nós. Em uma tentativa de contrariar o Ceticismo, ele escreveu a Crítica da Razão Pura (1781/1787), sua obra mais conhecida. Kant traçou um paralelo com a revolução copernicana em sua proposta de pensar os objetos dos sentidos em conformidade com nossas formas espaciais e temporais de intuição e as categorias de nosso entendimento, de modo que tenhamos conhecimento a priori desses objetos.

 

Kant acreditava que a razão também é a fonte da moralidade e que a Estética surge de uma faculdade de julgamento desinteressado. Ele foi um expoente da idéia de que a paz perpétua poderia ser assegurada por meio da Democracia Universal e da cooperação internacional, e que, talvez, este pudesse ser o estágio culminante da história mundial.

 

A natureza das visões religiosas de Kant continua a ser objeto de disputa acadêmica. Também controversos são os pontos de vista de Kant sobre raça. Ele defendeu o racismo científico durante grande parte de sua carreira, mas, mudou seus pontos de vista sobre raça na última década de sua vida.

 

Kant também publicou importantes obras sobre Ética, religião, Direito, Estética, Astronomia e História durante sua vida.

 

Alguns seres humanos são mesmo pra lá de esquisitões.
Alguns preferem ser antidemocratas e anti-republicanos
do que ser democráticos e republicanos.
Alguns preferem aceitar o convite e ir à Festa da Selma
do que lutar por liberdade e independência.
Alguns preferem rabiscar minutas golpistas fedorentas
do que ser dignos, honrados e verazes.
Alguns preferem inventar lendas crocodilianas
do que incentivar a necessária vacinação.
Alguns preferem ser maria-vai-com-as-outras
do que ser não-imitativos e verdadeiros.
Alguns preferem babar e acreditar em news
do que pesquisar e se informar corretamente.
Alguns preferem ausência ou falta de razão e injustiça
do que bom senso, senso estético e senso moral.
Alguns preferem caminhar no lado caliginoso da Estrada
do que no lado ensolarado da Estrada.
Alguns preferem, enfim, teimosamente, viver e morrer
do que Iniciaticamente e .
Ora, tudo isto é triste, desolador e ruinoso porque,
como está registrado no Eclesiastes III: 1,
tudo tem o seu [espaço-]tempo determinado,
e há
[espaço-]tempo para... E [espaço-]tempo para...
Em outras palavras: somos nós os criadores do nosso
espaço-tempo!

 

 

 

 

Excertos da Crítica da Faculdade do Juízo

 

 

Toda arte pressupõe regras na base das quais uma produção deve ser considerada artística, e é representada, em primeiro lugar, como possível, mas, o conceito das belas-artes não permite derivar o juízo sobre a beleza da produção de qualquer regra que tenha um conceito como princípio determinante, em virtude de pôr como fundamento um conceito do modo por que tal é possível. Assim, a arte do belo não pode inventar ela mesma a regra segundo a qual realizará a sua produção. Mas, como sem regra anterior um produto não pode ser artístico, é necessário que a Natureza dê a regra de arte ao próprio sujeito ]na concordância das suas faculdades], isto é, as belas-artes só podem ser o produto do gênio. Daí se conclui: 1º) que o gênio é o talento de produzir aquilo de que não se pode dar regra determinada, mas, não é a aptidão para o que pode ser apreendido consoante uma qualquer regra, portanto, a sua primeira característica é a originalidade; 2º) que as suas produções, visto que o absurdo também pode ser original, devem simultaneamente ser modelos, isto é, ser exemplares, e, por conseqüência, não sendo obras de imitação, têm de ser propostas à imitação das outras, isto é, servir-lhes de medida ou de regra crítica; e 3°) que ele mesmo não pode indicar cientificamente como leva a cabo a sua obra, mas, que dá, enquanto natureza, a regra, e assim, o autor de uma obra, devida ao seu gênio, não sabe de onde lhe vêm as idéias e não depende dele concebê-las a seu grado ou segundo um plano, nem comunicá-las a outros em prescrições que os habilitariam a produzir obras semelhantes. Tal mestria é incomunicável, é propiciada diretamente a cada qual por intermédio da Natureza, e desaparece, pois, com cada um, até que a Natureza confira a outro os mesmos dons, e a este mais não resta do que ter um modelo para deixar se manifestar de tal modo o talento de que tem consciência. Visto que o dom da Natureza deve estabelecer a regra da arte [das belas-artes], qual é, pois, tal regra? Não é possível formulá-la para servir de preceito, pois, que, neste caso, o juízo sobre o belo seria determinado por conceitos, mas, a regra deve ser extraída do ato mesmo, isto é, do produto, devendo servir aos outros de pedra de toque [critério] para o seu próprio talento, como um modelo para uma imitação que não deve ser servil. Como é tal coisa possível? Eis o que é difícil esclarecer. As idéias do artista despertam no discípulo idéias semelhantes, se a Natureza dotou este de faculdades equivalentes. Os modelos da arte são, pois, os únicos guias que podem perpetuá-los.

 

O juízo, em geral, é a faculdade de pensar o particular como compreendido sob o universal.

 

Bom é o que apraz mediante a razão pelo simples conceito. Denominamos bom para [o útil] algo que apraz somente como um meio; outra coisa, porém, que apraz por si mesma denominamos bom em si. Em ambos está contido o conceito de um fim, e, portanto, a relação da razão ao (pelo menos possível) querer, conseqüentemente uma complacência na existência de um objeto ou de uma ação, isto é, um interesse qualquer.

 

Pode-se dizer que, entre todos os modos de complacência, única e exclusivamente o do gosto pelo belo é uma complacência desinteressada e livre, pois, nenhum interesse, quer dos sentidos, quer o da razão, arranca aplauso.

 

Não se tem que simpatizar minimamente com a existência da coisa, mas, ser a esse respeito completamente indiferente para, em matéria de gosto, desempenhar o papel de juiz.

 

 

 

 

O juízo de gosto não se funda sobre nenhum interesse, mas, produz um interesse.

 

 

 

Aquilo, a respeito de cuja complacência alguém é consciente de que ele é nele próprio independente de todo interesse, isso ele não pode ajuizar de outro modo, senão de que tenha de conter um fundamento da complacência para qualquer um. Pois, visto que não se funda sobre qualquer inclinação do sujeito [nem sobre qualquer interesse deliberado], mas, visto que o julgante se sente inteiramente livre com respeito à complacência que ele dedica ao objeto, ele não pode descobrir nenhuma condição privada como fundamento da complacência à qual, unicamente, seu sujeito se afeiçoasse, e, por isso, tem que considerá-lo como fundado naquilo que ele também pode pressupor em todo outro.

 

Ele falará do belo como se fosse uma qualidade do objeto e o juízo fosse lógico [constituindo através de conceitos do objeto, um conhecimento do mesmo], conquanto ele seja somente estético.

 

Se um vestido, uma casa, uma flor são belos, disso a gente não deixa nosso juízo se persuadir por nenhuma razão ou qualquer princípio. A gente quer submeter o objeto aos nossos próprios olhos, como se sua complacência dependesse da sensação, e, contudo, se a gente, então, chama o objeto de belo, crê ter em nosso favor uma voz universal e reivindica a adesão de qualquer um, já que, do contrário, cada sensação privada decidiria só e unicamente para o observador e sua complacência.

 

Cada um se resigna com o fato de que seu juízo, que ele funda sobre um sentimento privado, se limita também simplesmente a sua pessoa. É por isso que, com relação ao agradável, vale a máxima: questão de gosto não se discute.

 

O julgamento do belo exige do sujeito um desprendimento dos interesses privados.

 

 

Desprendimento de interesses privados é o cacete!
Grana é grana. Rosa é rosa. Ambos são belíssimos!

 

Desprendimento de interesses privados é o cacete!
Interesse é interesse. Desprendimento é desprendimento.
Ambos são belíssimos!
é é .
Ambos são belíssimos!
é .   é .
Ambos são belíssimos!
Grana é grana. Rosa é rosa.
Ambas são belíssimas!
Minuta é minuta. Democracia é Democracia.
Ambas são belíssimas!
Golpe é golpe. Estado de Direito é Estado de Direito.
Ambos são belíssimos!
Jóia pessoal é jóia pessoal. Jóia do Estado é jóia do Estado.
Ambas são belíssimas!
Salário-mínimo é salário-mínimo. Salário de marajá é Salário de marajá.
Ambos são belíssimos!
Jacaré é jacaré. Vacina é vacina.
Ambos são belíssimos!
Perereca é perereca. Gaiola é gaiola.
Ambas são belíssimas!
é . é .
Ambos são belíssimos!
é .   é .
Ambos são belíssimos!
é .   é .
Ambos são belíssimos!
Aedes ægypti é Aedes ægypti.  é .
Ambos são belíssimos!
news é news. Real news é real news.
Ambas são belíssimas!
Ucraniano é ucraniano. Russo é russo.
Ambos são belíssimos!
Genocídio é genocídio. Fraternidade é fraternidade.
Ambos são belíssimos!
Foguetão é foguetão. Estalo-da-china é estalo-da-china.
Ambos são belíssimos!
Media Nox é Media Nox. Aurora é Aurora.
Ambas são belíssimas!
Fé é fé. Razão é razão.
Ambas são belíssimas!
Esquerda é esquerda. Direita é direita.
Ambas são belíssimas!
Lula é Lula. Bolsonaro é Bolsonaro.
Ambos são belíssimos!
Sacanocrata é sacanocrata. Digno é digno.
Ambos são belíssimos!
666 é 666. Digno é digno.
Ambos são belíssimos!
Mau é mau. é
Ambos são belíssimos!
Preconceito é preconceito. Misericórdia é Misericórdia.
Ambos são belíssimos!
Magia negra é magia negra. Magia Branca é Magia Branca.
Ambas são belíssimas!
é é .
Ambos são belíssimos!
Res extensa é res extensa. Res Cogitans é Res Cogitans.
Ambas são belíssimas!
Lápis é lápis. é .
Ambos são belíssimos!
é é .
Ambos são belíssimos!
HhZBTh-NI é HhZBTh-NI. é .
Ambos são belíssimos!
Voluntas é voluntas. é .
Ambas são belíssimas!
Morte é morte. é .
Ambas são belíssimas!
Vida é vida. é .
Ambas são belíssimas!

 

Um juízo objetivo e universalmente válido também é sempre subjetivo, isto é, se o juízo vale para tudo o que está contido sob um conceito dado, então, vale para qualquer um que representa um objeto através deste conceito.

 

O juízo de gosto não conecta o predicado da beleza ao conceito do objeto; sua universalidade ocorre no sentido de ser estendível à esfera inteira dos que julgam.

 

É a universal capacidade de comunicação do estado de ânimo na representação dada que, como condição subjetiva do juízo de gosto, tem de jazer como fundamento do mesmo e ter como conseqüência o prazer no objeto.

 

Ora, se o fundamento determinante do juízo sobre a comunicabilidade universal da representação deve ser pensado apenas subjetivamente, ou seja, sem um conceito do objeto, então, ele não pode ser nenhum outro senão o estado de ânimo, que é encontrado na relação recíproca das faculdades de representação, na medida em que elas referem uma representação dada ao conhecimento em geral.

 

 

 

 

A relação entre as faculdades de representar constitui a raiz do conhecimento dos objetos: a imaginação combina o diverso da intuição, e o entendimento, mediante a força do conceito, unifica a representação.

 

 

 

 

A comunicabilidade universal subjetiva do modo de representação em um juízo de gosto, visto que ela deve ocorrer sem pressupor um conceito determinado, não pode ser outra coisa senão o estado de ânimo no jogo livre da faculdade da imaginação e do entendimento [na medida em que concordam entre si, como é requerido para um conhecimento em geral], enquanto somos conscientes de que esta relação subjetiva, conveniente ao conhecimento em geral, tem de valer também para todos e, conseqüentemente, ser universalmente comunicável, como o é cada conhecimento determinado, que, pois, sempre se baseia naquela relação como condição subjetiva.

 

A validade subjetiva universal da complacência está ligada à representação do objeto que denominamos belo.

 

 

 

 

AaaaMas se bem que os fundamentos de determinação da causalidade segundo o conceito de liberdade [e da regra prática que ele envolve] não se possam testemunhar em a Natureza e o sensível não possa determinar o supra-sensível no sujeito, todavia, é possível o inverso [não de fato no que respeita ao conhecimento da Natureza, mas, sim, às conseqüências do primeiro sobre a segunda], e é o que já está contido no conceito de uma causalidade mediante a liberdade, cujo efeito deve acontecer no mundo de acordo com estas suas leis formais, ainda que a palavra causa, usada no sentido do supra-sensível, signifique somente o fundamento para determinar a causalidade das coisas da Natureza no sentido de um efeito, de acordo com as suas próprias Leis Naturais, mas, ao mesmo tempo em unanimidade com o princípio formal das Leis da Razão.

 

Na verdade, o gosto lucra pela ligação da complacência estética à complacência intelectual no fato de que ele é fixado; ele, com certeza, não é universal, não obstante possam lhe ser prescritas certas regras com respeito a certos objetos determinados conformemente a fins. Mas, estas, por sua vez, tampouco são regras de gosto, e, sim, meramente do acordo do gosto com a razão, isto é, do belo com o bom, para submeter aquela disposição do ânimo que se mantém a si própria e é de validade universal subjetiva àquela maneira de pensar que somente pode ser mantida através de penoso esforço, mas, é válida universal e objetivamente.

 

O belo nos prepara para amar sem interesse em algo, mesmo a Natureza; o sublime para estimá-lo, mesmo contra nosso interesse [sensível].

 

 

 

 

A sociabilidade conveniente à Humanidade, de um lado, deve agasalhar o universal sentimento de participação e, de outro, a faculdade de poder se comunicar íntima e universalmente.

 

 

 

 

A verdadeira propedêutica [corpo de ensinamentos introdutórios ou básicos] para a fundação do gosto é o desenvolvimento de idéias morais e a cultura do sentimento moral, já que somente se a sensibilidade concordar com ele pode o verdadeiro gosto tomar uma forma determinada e imutável. [A verdadeira propedêutica para tudo é o desenvolvimento da moralidade, isto é, de um sentimento moral. A desgraça de qualquer sociedade é a mantença e a preservação da (i + a)moralidade.]

 

O sentimento do sublime em a Natureza é o respeito pela nossa própria destinação, que testemunhamos a um objeto da Natureza por uma certa sub-repção, o que, por assim dizer, nos torna intuíveis à superioridade da determinação racional de nossas faculdades de conhecimento sobre a faculdade máxima da sensibilidade.

 

O juízo sobre o sublime da Natureza, embora necessite de cultura [mais do que o juízo sobre o belo], nem por isso foi primeiro conduzido precisamente pela cultura e como que introduzido simplesmente por convenção na sociedade, mas, ele tem seu fundamento na natureza humana e, na verdade, naquela que com o são entendimento se pode, ao mesmo tempo, imputar a qualquer um e lhe exigir, a saber na disposição ao sentimento para idéias [práticas], isto é, ao sentimento moral.

 

As representações da faculdade da imaginação podem se chamar idéias por dois motivos. Primeiro, porque elas, pelo menos, aspiram a algo situado acima dos limites da experiência, e assim procuram se aproximar de uma representação dos conceitos da razão [idéias intelectuais], o que lhe dá uma aparência objetiva. Segundo, porque, principalmente, nenhum conceito pode ser plenamente adequado as idéias estéticas enquanto intuições internas.

 

O gosto é, no fundo, uma faculdade de ajuizamento da sensificação das idéias morais [mediante uma certa analogia da reflexão sobre ambas as coisas], da qual também e de uma maior receptividade que se funda sobre ela para o sentimento a partir daquelas idéias [que se chama sentimento moral] deriva aquele prazer que o gosto declara válido para a Humanidade em geral e não simplesmente para o sentimento privado de cada um.

 

 

 

 

O belo apraz imediatamente. O belo apraz independente de qualquer interesse. A liberdade da faculdade da imaginação é representada no ajuizamento do belo como concordante com a legalidade do entendimento. O princípio subjetivo do ajuizamento do belo é representado como universal, isto é, como válido para qualquer um, mas, não como cognoscível por algum conceito universal.

 

A faculdade do juízo em geral é a faculdade de pensar o particular como contido no universal.

 

A faculdade do juízo reflexiva, que tem a obrigação de se elevar do particular em a Natureza ao universal, necessita, por isso, de um princípio que ela não pode retirar da experiência, porque este precisamente deve fundamentar a unidade de todos os princípios empíricos sob princípios igualmente empíricos, mas, superiores e, por isso, fundamentar a possibilidade da subordinação sistemática dos mesmos entre si. [A Natureza se manifesta através de sistema e de ordem; o dessistema e a desordem estão em nós. A Natureza se manifesta através do amor e da harmonia; o desamor e a desarmonia estão em nós. A Natureza se manifesta através da unicidade e da liberdade; a separatividade e a escravidão estão em nós. A Natureza se manifesta através da mudança e do movimento; a estagnação e o imobilismo estão em nós. A Natureza se manifesta através da misericórdia e da tolerância; a imisericórdia e o preconceito estão em nós.]

 

Como o fundamento do prazer ou do desprazer é colocado simplesmente na forma do objeto para a reflexão em geral, por conseguinte, em nenhuma sensação do objeto é também colocado sem relação a um conteúdo que contenha uma intenção qualquer. É apenas a legalidade no uso empírico da faculdade do juízo em geral [unidade da faculdade da imaginação com o entendimento] no sujeito com que a representação do objeto na reflexão concorda. As condições dessa reflexão são válidas 'a priori' de forma universal.

 

Fim é o objeto de um conceito, na medida em que este for considerado como a causa da sua possibilidade.

 

A conformidade aos fins é a causalidade de um conceito com respeito a seu objeto.

 

A beleza é algo sentido como a forma da conformidade aos fins de um objeto, na medida em que ela é percebida nele sem representação de um fim.

 

Enquanto o belo comporta diretamente um sentimento de promoção da vida, e, por isso, é vinculável a atrativos e a uma faculdade de imaginação lúdica, o sentimento do sublime é um prazer que surge só indiretamente, ou seja, ele é produzido pelo sentimento de uma momentânea inibição das forças vitais e pela efusão imediatamente consecutiva e tanto mais forte das mesmas, por conseguinte enquanto comoção não parece ser nenhum jogo, mas, seriedade na ocupação da faculdade da imaginação.

 

O verdadeiro sublime não pode estar contido em nenhuma forma sensível, mas, concerne somente à idéias da razão, que, embora não possibilitam nenhuma representação adequada a elas, são avivadas e evocadas ao ânimo precisamente por essa inadequação, que se deixa apresentar sensivelmente.

 

A avaliação das grandezas através de conceitos numéricos [ou seus sinais na álgebra] é Matemática, mas, sua avaliação intuitiva é Estética.

 

 

                                  

 

 

O ânimo escuta em si a voz da razão.

 

A sublimidade não pode pertencer a nenhum objeto da Natureza, pois, se encontra no nosso ânimo, na medida em que podemos ser conscientes de ser superiores à Natureza em nós e através disso também à Natureza fora de nós [na medida em que ela influi sobre nós]. [Na realidade, não somos superiores nem inferiores a nada nem nada é superior ou inferior a nós. Os sentimentos de superioridade e de inferioridade são simplesmente o resultado da soma da ignorância com a incompreensão.]

 

 

 

 

Um homem abandonado em uma ilha deserta não adornaria para si só nem sua choupana nem a si próprio, nem procuraria flores, e muito menos as plantaria para se enfeitar com elas. Só em sociedade lhe ocorre ser não simplesmente homem, mas, também, um homem fino à sua maneira, pois, como tal, se ajuíza aquele que é inclinado e apto a comunicar seu prazer a outros e ao qual um objeto não satisfaz se não pode sentir a complacência do mesmo em comunidade com os outros. [Não creio que isto seja assim, pois, a interioridade real independe da exterioridade aparente. Ninguém toma banho para ficar cheiroso para os outros; tomamos banho para ficarmos limpos para nós.]

 

A Natureza, em toda parte, mostra, em suas livres formações, uma tão grande tendência mecânica à produção de formas, que, por assim dizer, parecem ter sido feitas para o uso estético de nossa faculdade do juízo, sem sugerirem a menor razão para a suposição de que, para isso, seja preciso ainda algo mais do que seu mecanismo, simplesmente como Natureza, de acordo com o qual essas formas, mesmo independentemente de toda idéia subjacente a elas como fundamento, podem ser conforme a fins para nossa faculdade de juízo.

 

A arte se distingue da Natureza como o fazer (facere) se distingue do agir ou atuar em geral (agere), e o produto ou a conseqüência da primeira, enquanto obra (opus), se distingue da última como efeito (effectus).

 

 

Crucificação (Corpus Hypercubus)
(De Salvador Dalí)

 

 

Algo só pode ser chamado arte mediante um arbítrio, que põe a razão como fundamento da ação. [Como muito bem observou Gerson Luís Trombetta, chamar de arte os favos das abelhas e as teias confeccionadas pelas aranhas são usos equivocados da palavra.]

 

A arte estética é, enquanto arte bela, uma arte que tem por padrão de medida a faculdade do juízo reflexiva e não a sensação sensorial.

 

Gênio é o talento [dom natural] que dá regra à arte. Já que o próprio talento, enquanto faculdade produtiva inata do artista pertence à Natureza, também se poderia expressar assim: gênio é a inata disposição de ânimo pela qual a Natureza dá regra à arte.

 

 

L'Ultima Cena
(Afresco de Leonardo da Vinci)

 

 

O conceito de arte bela não permite que o juízo sobre a beleza de seu produto seja deduzido de qualquer regra que tenha um conceito como fundamento determinante, por conseguinte, que ponha como fundamento um conceito da maneira como ele é possível. Portanto, a própria arte bela não pode ter idéia da regra segundo a qual ela deve realizar o seu produto.

 

Assim como a idealidade dos objetos dos sentidos enquanto fenômenos é a única maneira de explicar a possibilidade de que suas formas venham a ser determinadas 'a priori', do mesmo modo também o idealismo da conformidade a fins no ajuizamento do belo da Natureza e da arte é o único pressuposto sob o qual a crítica pode explicar a possibilidade de um juízo de gosto, o qual exige 'a priori' validade para qualquer um [sem contudo fundar sobre conceitos a conformidade a fins que é representada no objeto].

 

Aaaa Em uma palavra, a idéia estética é uma representação da faculdade de imaginação associada a um conceito dado, a qual se liga a uma tal multiplicidade de representações parciais no uso livre das mesmas, que não se pode encontrar para ela nenhuma expressão que denote um conceito determinado, a qual portanto permite pensar de um conceito muita coisa de inexprimível, cujo sentimento vivifica a faculdade de conhecimento, e à linguagem, enquanto simples letra, insufla o espírito.

 

Não temos nenhuma razão para admitir que a forma de tal coisa ainda depende parcialmente de um mecanismo cego, pois, com tal confusão de princípios heterogêneos, toda regra confiável para estimar as coisas desapareceria.

 

A felicidade, com toda a sua infinidade de prazeres, está longe de ser um bem incondicionado.

 

O que adianta que um homem tenha tanto talento... Se ele não possui boa vontade?

 

Por que em todos os julgamentos pelos quais descrevemos algo como belo não permitimos que ninguém tenha outra opinião?

 

Talvez, jamais tenha sido dito algo mais sublime do que o que está gravado naquela inscrição sobre o Templo de Ísis [Deusa da Vida]: Eu sou tudo o que é, o que foi e o que será, e nenhum mortal descerrou meu véu. [Então, simbolicamente, precisamos rasgar o véu, para alcançarmos um estado superior de consciência espiritual.]

 

 

Ísis

 

 

 

 

Música de fundo:

Caruso
Composição: Lucio Dalla
Interpretação: Luciano Pavarotti & Lucio Dalla

Fonte:

https://s.shabakngy.com/mp/pt/@api/button/mp3/tRGuFM4DR2Y

 

Luciano Pavarotti

 

Páginas da Internet consultadas:

https://pixels.com/featured/luciano-pavarotti-portrait-suzann-sines.html

https://www.goodreads.com/work/quotes/

https://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%A9u_de_%C3%8Dsis

https://br.pinterest.com/pin/558798266248917308/

https://en.wikipedia.org/wiki/Crucifixion_(Corpus_Hypercubus)

https://www.tumblr.com/

https://bestanimations.com/Science/Math/Math.html

https://meriva.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/3428/1/000346085-Texto%2BCompleto-0.pdf

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https://www.citador.pt/

https://www.citador.pt/textos/do-juizo-estetico-emmanuel-kant

https://pt.vecteezy.com/free-png-pt/esqueleto

https://gifdb.com/

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Immanuel_Kant

 

Direitos autorais:

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