INFELIZMENTE

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

— COVID! COVID! COVID!
Nós não fazemos isolamento!
Nós não fazemos distanciamento!
Quanto mais juntinho melhor!
Nós não usamos álcool em gel!
Nós não lavamos as mãos!
Nós somos contra o uso de máscara!
Nós somos negacionistas!
Nós somos antivacinistas!
Nós somos a favor da imunidade de rebanho!
Nós somos a favor da Cloroquina!
Inocentes úteis unidos
jamais serão vencidos!
Um, dois, três, quatro, cinco, mil,
não existe Pandemia no Brasil!

 

 

 

por ignorância, cagaço, falta de bússola e de astrolábio,

improficiência, inabilidade, inépcia e insuficiência,

muitas pessoas, desesperadamente, precisam

de gurus, xamãs, pajés, mentores, guias, adivinhões,

bruxos, juremeiros, mandingueiros, nigromantes e pandoros.

De estrupícios como Jim Jones, João de Deus,

Charles Manson, Shoko Asahara, Joseph Kibweteere,

Gerald Robinson, Ahmad Suradji, Andras Pandy,

Rajneesh Chandra Mohan Jain, Adolfo de Jesús Constanzo,

David Koresh, Luc Jouret e Marshall Applewhite.

 

Igualmente, têm necessidade

de líderes políticos sociopatas, enganadores e trapaceiros,

 

 

Adolf Hitler

 

 

de prometedores que dão falazes esperanças,

de negacionistas delirantes e descomprometidos,

de agentes dos negacionistas (que são piores do que eles),

de mais sei lá o quê e de mais o que sei lá,

pois, são totalmente incapazes de diferenciar

goiabada de marmelo de marmelada de goiaba,

laranjada de banana de bananada de laranja,

Varanus komodoensis de Pseudoleistes virescens,

Chaetodon ocellatus de Chætodon striatus,

Leontopithecus chrysomelas de Leontopithecus caissara,

Carolina de Sá Leitão de caçarolinha de assar leitão,

maranguapense porreta de quixeramobinense careta.

 

 

— Todos nós nascemos em Maranguape!

 

 

Também não conseguem diferenciar

feioso amarelado de medroso esverdeado,

velhota nariguda de gaivota bigoduda,

careca banguela de cueca amarela,

perereca da vizinha de vizinha da perereca,

cachecol de borboleta de caracol de maleta,

muleta do perneta de arara-preta do estafeta,

relambóia descabida de beijo de despedida,

carrapato-de-boi de carrapicho-beiço-de-boi,

pão com meleca de moqueca furreca,

o pirulito do de um índio Takruk-krak,

o que é hipotético do que é categórico,

o que é Estado Democrático de Direito do que é ditadura,

o que é liberdade de imprensa do que é censura,

o que é mulato inzoneiro do que é coirana-do-rio-de-janeiro,

o que é res extensa do que é res cogitans,

o que é carpe mortem do que é Carpe Diem,

o que são miragens e ilusões do que é realidade,

o que é o Efeito de Fata Morgana do que é zarabatana,

o que é Lolium temulentum do que é Triticum æstivum,

o que é fictício e imaginário do que é verdadeiro,

o que é magia negra do que é Magia Branca,

e, por isto, nas mãos de enganadores marca roscofe,

se tornam inocentes úteis e buchas de canhão,

obedientes, dóceis e submissos paus-mandados,

imitadores e maria-vai-com-as-outras,

marionetes, bonifrates, fantoches e mamulengos.

 

 

 

 

Mas, o mais grave e dantesco em tudo isto

não é ficar na mesma e na mesma ficar,

mas, por imprudência, descuido ou fantasia

– coisas para as quais o Unimultiverso não está nem aí,

pois, não faz qualquer distinção

se a mula é manca ou se é manca a mula –

terminar tendo que fazer parte da tchurminha dos

e, indefinidamente, precisar ser afastado para

o cu-de-judas, o cu-da-perua, o cu-do-conde

ou um outro cu-do-mundo qualquer.

Isto será mesmo de lascar!

 

 

 

 

Que ninguém se engane! Que ninguém desvaire!

Nessun dorma! Dilegua, o notte! Guardi le Stelle!

Todos os malfeitos haverão de ser compensados.

Todos os negacionismos haverão de ser ajustados.

Todos os cambalachos haverão de ser conformizados.

Não há jeitinho brasileiro que mude isto.

Não há oração nem milagre que mudem isto.

Não há confissão nem perdão que mudem isto.

A Lei Cósmica Educativa da Causa e do Efeito

é inexorável, inadiável e imperturbável.

Quando menos esperamos... Pimba!

Não foi assim com esta PanCOVIDmia mortal?

Ou vencemos nossos demônios ou morreremos.

Não há alternativa. Não há outra opção.