SOBRE AS MÚLTIPLAS IDÉIAS DE DEUS

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Deus ou qualquer outro nome é uma engenhosa invenção multimilenar do homem, a qual ele mascara e se ilude com incenso, rituais, orações, genuflexões, oblatas, sacrifícios, privações, várias formas de crenças e de dogmas, idéia que está a separar os seres-humanos-aí-no-mundo em católicos, evangélicos, judeus, hindus, muçulmanos, parses, budistas etc. Esta engenhosa estrutura foi erguida pelo ser-humano-aí-no-mundo, e o próprio ser-humano-aí-no-mundo, seu inventor, nela se acha submerso e aprisionado. Sem compreendermos o mundo atual o mundo em que todos nós vivemos esse mundo de agonias, de confusão, de sofrimentos, de guerras criminosas, de putinicídios mais criminosos ainda, de ansiedades, de desesperos, de aflições, de solidão total, enfim, de desarmonias que produzem um sentimento de absoluta inutilidade da vida, se não compreendermos tudo isto muito bem, a mera aquisição de [novas] idéias e de mais [novas] idéias, por mais satisfatórias [e explicativas] que sejam, nenhum valor qualquer uma delas terá para a nossa Libertação [de nós mesmos]. [O exemplo mais flagrante disto é a tal Teoria Cosmológica do Big Bang ou da Grande Expansão, mais uma babaquice pseudocientífica que acabará por cair em descostume.] [Fragmento editado da obra A Suprema Realização, de autoria de Jiddu Krishnamurti.]

 

 

 

A coisa que o ser-aí mais gosta de fazer é inventar Deuses.1

 

 

 

Quando eu era garotinho, católico,

e me preparava para fazer a 1ª Comunhão

– que quase me fez me tornar padre!

entre outras coisas, me ensinaram:

Deus é um espírito perfeitíssimo e eterno,

criador do céu e da Terra e nosso Pai.

Jesus Cristo é o Filho de Deus feito homem.

Jesus Cristo foi enviado à Terra para nos salvar.

Para nós, Jesus Cristo fundou a Igreja Católica.

A Igreja é a Casa de Deus, onde nos reunimos para rezar.

Ter fé é acreditar em Deus e em tudo o que Ele revelou.

Pecado é uma desobediência às Leis de Deus Pai.

Sinceramente, eu nunca entendi nada disso.

Na verdade, tudo isto me trouxe uma aflição gigantesca.

Já naquela época, eu pensava ± assim:

supondo que, de fato, exista um Deus,

como alguém tão limitado, como eu, poderá saber

o que, supostamente, Deus é e o que Deus não é?

O que Deus sente e o que Deus não sente?

O que Deus quer e o que Deus não quer?

O que Deus gosta e o que Deus não gosta?

O que Deus pensa e o que Deus não pensa?

O que Deus faz e o que Deus não faz?

Ora, se foi Deus quem, do nada, criou tudo,

a responsabilidade toda de tudo só pode ser Dele.

Todo bem e todo mal são responsabilidades Dele.

Mais tarde, comecei a questionar:

será o Deus dos Astecas diferente

do Deus dos Toltecas?

Será o Deus dos Tupinambás diferente

do Deus dos Tupiniquins?

Será o Deus dos Cherokees diferente

do Deus dos Comanches?

Será o Deus dos judeus diferente

do Deus dos muçulmanos?

Será o Deus dos hinduístas diferente

do Deus dos budistas?

Será o Deus dos católicos diferente

do Deus dos xintoístas?

Será o Deus dos candomblecistas diferente

do Deus dos umbandistas?

Será o Deus dos ETs diferente

do Deus dos ITs e dos UTs?

Será o Deus dos tubarões-baleias diferente

do Deus dos micos-leões-dourados?

Será o Deus dos chora-vinagres diferente

do Deus dos chorões-salgueiros?

Será o Deus das rosas-almiscaradas diferente

do Deus dos lírios-amarelos-dos-pântanos?

Será o Deus da cassiterita diferente

do Deus da pirolusita?

Será o Deus do Streptococcus pneumoniæ diferente

do Deus do Hæmophilus influenzæ?

Será o Deus da Via Láctea diferente

do Deus da Galáxia do Girassol?

 

 

 

 

Por que inventamos tantos, tantos, tantos Deuses?

Um único Deus, mesmo que inautêntico,

não teria sido mais do que suficiente?

E os milênios passaram... E continuei cheio de dúvidas.

E mais milênios passaram... E, lá um belo dia,

eu Compreendi e me Libertei

de todas essas invencionices escabrosas,

nec caput nec pedes, nec pedes nec caput,

sem cabeça nem pé, sem pé nem cabeça!

E os milênios passaram mais um pouco, e eu decidi

transmitir a todos a minha limitada experiência,

para que todos pudessem se Libertar também.

Intuí que não existe salvação de nada,

pois, não há paraíso nem inferno,

nem recompensa nem punição,

e que cada ser-aí-existente-no-Universo

é um elo de uma corrente ilimitada,

que nunca teve começo nem jamais terá fim.

Não há elos preferidos nem elos escolhidos.

Não há elos endemoniados nem elos santificados.

Não há elos malditos nem elos benditos.

Não há elos salvos nem elos condenados.

Não há elos mais isto nem elos mais aquilo.

Não há elos menos isto nem elos menos aquilo.

O que afetar um único ser-aí afetará

o Unimultiverso inteiro e todos os seres-aí.

Só há um Unimultiverso, só há uma corrente.

Cada um de nós é um elo desta corrente ilimitada.

Unimultiplicidade. Somos todos UM.

Somos responsáveis por tudo.

Tudo, tudo, tudo o que fizermos

estaremos fazendo, primeiro, a nós!

 

 

 

 

1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + ... = 1

 

 

_____

Nota:

1. Lista parcial de Deuses inventados pelos seres-humanos-aí-no-mundo ao longo do tempo:

Amon
Amonet
Ammit
Anúbis
Anuket
Áton
Bastet
Bes
Chu
Geb
Hapi
Hator
Heka
Heh
Hórus
Iah
Ihi
Ísis
Khnum
Maat
Mafdet
Meretseguer
Meskhenet
Min
Montu
Nefertum
Néftis
Nekhbet
Nut
Osíris
Ptah

Sechat
Satet
Sekhmet
Ah Puch
Bolon Yokte
Camazotz
Chac Mool
Huracán
Ixchel
Kukulcán
Acolmiztli
Acolnahuacatl
Acuecucyoticihuati
Amimitl
Atl
Atlacamani
Atlacoya
Atlatonin
Atlaua
Ayauhteotl
Camaxtli
Centeotl
CentzonTotochtin
Centzonuitznaua
Chalchiuhtlatonal
Chalchiuhtlicue
Chalchiutotolin
Chalmecacihuilt
Chalmecatl
Chantico
Chicomecoatl
Chicomexochtli
Chiconahui
Chiconahuiehecatl
Cihuacoatl
Cipactli
Citlalatonac
Citlalicue
Ciucoatl
Ciuteoteo
Civatateo
Coatlicue
Cochimetl
Coyolxauhqui
Ehecatl
Huehueteotl
Huitzilopochtli
Huixtocihuatl
Ilmatecuhtli
Itzlacoliuhque
ItzliItzpapalotl
Ixtlilton
Iztaccihuatl
Macuilxochitl
Malinalxochi
Mayahuel
Metztli
Metzli
Mextli
Mictlan
Mictian
Mictlantecuhtli
Mixcoatl
Nagual
Nahual
Nanauatzin
Omacatl
Omecihuatl
Ometecuhtli
Ometeotl
Opochtli
Patecatl
Paynal
Popocatepetl
Quetzalcóatl
Tlalocan
Tecciztecatl
Teoyaomqui
Tepeyollotl
Teteoinnan
Tezcatlipoca
Titlacauan
Tlahuixcalpantecuhtli
Tlaloc
Tlaltecuhtli
Tlazolteotl
Tlillan-Tlapallan
Tloquenahuaque
Tonacacihuatl
Tonacatecuhtli
Tonantzin
Tonatiuh
Tzitzimime
Tzizimime
Toci
Ueuecoyotl
Xilonen
Xipe Totec
Xiuhcoatl
Xiuhtecuhtli
Xochipilli
Xochiquetzal
Xocotl
Xolotl
Yacatecuhtli
Yaotzin
Aqlla
Apu
Apu Catequil
Apu Illapu
Apu Punchaw
Ataguchu
Cavillaca
Chaska
Chaska Quyllur
Kuka Mama
Copacati
Iqiqu
Hanan Pacha
Waqas
Apu Inti
Ka-Ata-Killa
Kay Pacha
Kon
Mama Hallpa
Mama Qucha
Mama Uqllu
Mama Pacha
Mama Killa
Manco Capac
Unu Pacha Kuti
Pacha Kamaq
Paria Qaqa
Supay
Uku Pacha
Urcaguary
Vichama
Viracocha
Wichama
Sara Mama
Pah
Shahkuru
Tirawa
Arebati
Khonvoum
Tore
Atea
Ina
Kane Milohai
Maui
Papa
Pele
Rangi
Rongo
Achamán
Guayota
Magec
Chaxiraxi
Abacai
Andurá
Anhangá
Chandoré
Guaraci
Iara
Jaci
Sumé
Tupã
Rudá
Makemake
Serket
Seth
Sia
Sobek
Sokar
Taweret
Tefnut
Tot
Uadjit
Aegir
Alfadur
Balder
Borr
Bragi
Bur
Dag
Forseti
Frey
Freya
Frigga
Hela
Hoenir
Iduna
Loki
Máni
Ymir
Njord
Nótt
Nornas
Odin
Óðr
Ran
Saga
Thor
Tyr
Vali
Caos
Chronos
Érebo
Eros
Éter
Gaia
Hemera
Nix
Óreas
Ponto
Tálassa
Tártaro
Urano
Atlas
Astreu
Céos
Crio (
Cronos
Febe
Hiperion
Jápeto
Mnemosine
Oceano
Prometeu
Reia
Teia
Tétis
Têmis
Afrodite
Apolo
Ares
Ártemis
Atena
Deméter
Dioniso
Éolo
Eros
Hades
Hefesto
Hera
Hermes
Héstia
Poseidon
Anteros
Athírio
Aleto
Aristeu
Asclépio
Astreia
Astéria
Anfitrite
Adônis
Aura
Alpésia
Bia
Bóreas
Circe
Cletes
Cifis
Deimos
Despina
Dice
Ênio
Eos
Éris
Euro
Faetonte
Geras
Hebe
Hécate
Hélio
Héracles ou Hércules
Himeros
Himeneu
Hipnos
Io
Íris
Ismênia
Irêmia
Irene
Leto
Macária
Maya
Meline
Melinoe
Métis
Morfeu
Nhatos
Nêmesis
Nice
Nlx
Notus
Órion

Perséfone
Polideimos
Ponos ou Daemon
Fobos
Pothos
Priapo
Queres
Quione
Selene
Selênio
Seliana
Sêmele
Tânatos
Téch
Thisi
Têmis
Tifão ou Tífon
Zeus
Tique
Zelo
Zéfiro
Hérias
Angerona
Abeona e Adeona
Eos
Baco
Belona
Caronte
Ceres
Céu
Cupido
Diana
Esculápio
Fama
Febo
Fortuna
Hora
Hélio
Invidia
Iustitia
Jano
Juno
Júpiter
Lupércio
Marte
Mercúrio
Minerva
Nemestrino
Netuno
Nox
Plutão
Prosérpina
Quirino
Saturno
Selênium
Vênus
Vesta
Vitória
Vulcano
Somnus
Hércules
El
Baal
Astarte, Aserá ou Istar
Dagom
Moloque
Marduque
Tiamat
Apsu
Belzebu
Lilith
Anat
Inanna
Olodumare
Oxalá
Oxalufon
Oxaguian
Iemanjá
Ogunté
Oxum
Iansã
Ogum
Oxóssi
Omolu
Xangô
Oxumarê
Nanã
Ossaim
Exu,
Pomba-gira
Ibeji
Iroko
Logun
Obá
Yewá
Orumilá
Olokun
Olossa
Orixá Oko
Onilé
Ayrà
Odudua
Egungun
Iyami-Ajé
Oranian
Axabó
Ifá
Shoroquê/Xoroquê
Dangbé
Mawu
Lissá
Loko
Gu
Heviossô
Sakpatá
Dan
Agué
Otolu
Agbê
Ayizan
Agassu
Aguê
Legba
Fa
Aziri
Possun
Bessem
Sogbô
Tobossi
Nanã
Etc.
Etc.
Etc.

 

Canto gregoriano de fundo:

Credo
Interpretação: Schola Cantorum do Pontifício Col. Intern. dos Beneditinos de S. Anselmo em Roma

 

Páginas da Internet consultadas:

https://eudoroterrones.blogspot.com/

https://filosofiadoinicio.com/xenofanes-de-colofon/

https://br.pinterest.com/pin/762937993139361567/

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