Rodolfo
Domenico Pizzinga
Do
ganhador,
que foi, e já não é,
e que
anda meio abatido...
Do perdedor,
que queria ser, mas não foi,
e que
anda meio enxabido...
Do nosso
Chico Show
Anysio,
que,
sumido, não anda a fazer ruído...
Do Ol'
Blue Eyes,
que quase
já não é mais ouvido...
Do Michael
Jackson,
que viajou
sem ter se despedido...
Da Elizabeth
Rosemond Taylor,
que partiu
e deixou meio mundo comovido...
Do aquecimento
global
sem justificativa
nem sentido...
Da poluição
infernal e mundial,
que deixa
o Planeta comprometido...
Do
El Niño e seus vai-e-vens
climáticos,
que pegam
todo mundo desprevenido...
Dos terremotos,
tsunamis e vulcões,
que não
ligam para quem tiver morrido...
Dos chuvões,
alagamentos e enchentes,
que não
ligam para quem tiver desaparecido...
Do povo
japonês
,
desgraçadamente
ferido...
Do povo
egípcio de Akhnaton,
que fez
cair um ditador puído...
Do senhor
Muhammad Hosni Said Mubarak,
lá
pelas margens do Aur emudecido...
Do reprimido
povo líbio,
antes
apoiador, hoje combalido...
Do hoje
repelido senhor Muammar al-Khadafi
–
o que o deixa entranhadamente aborrido...
Do picaretaço,
que foi tão beneficiado,
hoje,
um muitíssimo mal-agradecido...
Do ilógico
que vive com medo,
e, portanto,
de si mesmo, está perdido...
Dele,
tão rijo, tão róseo, tão poderoso,
hoje,
um moleirão amolecido...
Do digno
de lástima religioso pedófilo,
hoje –
só ele sabe! – arrependido...
De quem
mata e desmata
e que
sempre diz não estar envolvido...
Do nosso
lindo Planeta Azul
tão
sacaneado e hoje superaquecido...
Do Poeta
Fernando Pessoa,
que hoje
pouco é lido...
e –
entre ser e não-ser – vive entupido...
Dos políticos
de merda
sem um
pingo de prurido...
Dele,
em quem acreditamos
–
um contumaz bandido...
Do
fudelhufas de cagahouse,
que, por
não erigir, deixa tudo destruído...
Daquele
lindo furta-cor,
hoje,
descolorido...
Do aproveitador
das flutuações do mercado,
que acabou
mal pago e fodido...
Do Congresso
Nacional do Brasil
já
meio que apodrido...
Do dono
daquele curso de merda,
mais pra
espera-marido...
De quem
não sabe que aldeído fórmico
é
a mesma coisa que
formaldeído...
De quem
não sabe que bureta não é pipeta,
por não
ter aprendido...
por da
escola se ter escafedido...
De quem
não abre o raio de um livro
e se acha
muito sabido...
De quem,
por fora, é meio abrancaçado,
mas, por
dentro, está todo encardido...
Do ETzinho
que caiu
e não
sei onde foi escondido...
Dele,
que pensava que era super-herói,
hoje,
nuper-falecido...
Do cachorro
maltratado,
que ninguém
ouve o ganido...
Do boi
sacrificado,
que ninguém
dá bola pro mugido...
De quem
põe a culpa no bichanito
pelo próprio
pestilento bufido...
Do miserável
esmolambado,
de quem
todo mundo passa batido...
Dos infelizes
sem-picas,
que vivem
sem dar um gemido...
Dos felizardos
com-tudo,
que fingem
desouvir qualquer gemido...
Dele,
antes esbelto e gracioso,
hoje,
tão encarquilhado e carcomido...
Do espiritualista
mal-intencionado,
e
que pela nigérrima GLN foi seduzido...
Do espiritualista
bem-intencionado,
mas que
em sua vaidade foi submergido...
Das
coisas, não costumo reclamar;
todavia,
fico, sim, bastante entristecido!
Entretanto,
por tudo e por todos eu oro,
aflito
e profundamente enternecido.
Mas, não
me censurem por eu orar;
sei que
o
não pode ser abolido,
e que
o criado, com ciência ou insciência,
precisa
ser concertadamente refundido.
Mas, por
conceber e admitir a Unicidade,
para
mim, cada ser-no-mundo
é querido.
Eu,
você e esse incógnito aí em cima somos um.