Observação:
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Notas:
1. O diálogo,
como disse o educador e filósofo brasileiro Paulo Reglus Neves Freire
(Recife, 19 de setembro de 1921 – São Paulo, 2 de maio de 1997),
é uma relação horizontal entre A e B, que nasce de
uma matriz crítica e gera criticidade. O diálogo é
oposto ao antidiálogo, que implica em uma relação vertical
de A sobre B. Desta forma, o antidiálogo é acrítico,
desamoroso, auto-suficiente, desesperançoso, arrogante, e, por isto,
não comunica e impede a autonomia. O antidiálogo é
opressivo e leva à heteronomia. Toda ação antidialógica
manipula as massas oprimidas. Pela manipulação, os opressores
conformam as massas de acordo com seus interesses e objetivos. Uma estrutura
social rígida, dominadora e antidialógica favorece o desenvolvimento
de pessoas que acabem aceitando a dominação.
2. Carta do
Chefe Sealth (Seathle, Seathl ou See-ahth), mais conhecido atualmente como
Chefe Seattle (1780 – 1866), líder das tribos Suquamish e Duwamish,
no que hoje é o Estado americano de Washington, ao Presidente dos
Estados Unidos da América em 1854: Como
é que se pode comprar ou vender o céu e o calor da terra?
Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o
frescor do ar e o brilho da água, como é possível vendê-los
ou comprá-los? Cada
pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante
de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta
densa, cada clareira e cada inseto a zumbir, tudo é sagrado na memória
e na experiência do meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores
carrega consigo as lembranças do homem vermelho. Os mortos do homem
branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as
estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é
a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de
todos nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o
cervo, o cavalo e a grande águia são também nossos
irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas,
o calor do corpo do potro e o homem — todos pertencem à mesma
família. Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer
que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe
diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele
será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós
vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas, isso não
será fácil. Esta terra é sagrada para nós. Essa
água brilhante que escorre nos riachos e nos rios não é
apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos
a terra vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem
ensinar às suas crianças que ela é sagrada e que cada
reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos
e de lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas
é a voz de nossos ancestrais. Os rios são nossos irmãos,
saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças.
Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e devem ensinar
aos seus filhos que os rios são nossos irmãos. E seus também.
E, portanto, vocês devem dar aos rios a mesma bondade que dedicariam
a todo e qualquer irmão. Sabemos que o homem branco não compreende
nossos costumes. Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo
significado do que qualquer outra; pois é um forasteiro que vem à
noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é
sua irmã, mas sua inimiga; e quando ele a conquista, prossegue seu
caminho. Deixa para trás os túmulos dos seus antepassados
e não se incomoda. Furta da terra aquilo que seria de seus filhos
e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos
são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão,
o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas ou vendidas
como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite insaciável devorará
a terra e seus frutos, deixando somente um árido deserto. Eu sei:
nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades
fere os olhos do homem vermelho. Talvez, seja porque o homem vermelho é
um selvagem e nada compreenda. Não há um lugar sossegado nas
cidades do homem branco. Nenhum lugar onde ele possa ouvir o desabrochar
das folhas na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas, talvez, seja
porque eu sou um selvagem e não compreenda. O ruído, para
nós, selvagens, parece somente insultar os ouvidos. E o que resta
da vida, se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma
ave ou o coaxar dos sapos à noite ao redor de uma lagoa? Eu sou um
homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio
do vento esfrolando a face do lago, e o próprio vento limpo por uma
chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros. O ar é precioso para o
homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro —
o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece
que o homem branco não valoriza o ar que respira. Como um homem agonizante
há vários dias, é insensível ao mau cheiro.
Mas, se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deverá se lembrar
de que o ar é precioso para nós, de que o ar compartilha seu
espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu aos nossos
avós seu primeiro inspirar também recebeu seus últimos
suspiros. Se lhes vendermos nossa terra vocês devem mantê-la
intacta, protegida e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem
branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos
aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar
os animais desta terra como seus IRMÃOS. Sou um selvagem e não
compreendo qualquer outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos
apodrecendo na planície, abandonados pelos homens brancos que os
assassinaram ao passar em um trem. Eu sou um selvagem e não entendo
como é que o fumegante cavalo-de-ferro pode ser mais importante do
que o búfalo, que sacrificamos com piedade somente para permanecermos
vivos. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem
o homem morreria de uma insuportável solidão de espírito.
Pois, o que ocorrer com os animais, breve acontecerá com o homem.
Há uma ligação em tudo, pois tudo está entrelaçado.
Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus
pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a
terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso
povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas:
QUE A TERRA É NOSSA MÃE. Tudo o que acontecer à terra,
acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cuspirem no solo, estarão
cuspindo em si mesmos. Isto sabemos: a terra não pertence ao homem;
o homem é que pertence à terra. Isto também sabemos:
todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família.
Há uma interligação indesligável e indissolúvel
em tudo. O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra.
O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um
de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo. Mesmo
o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não
pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos
irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos —
e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: NOSSO DEUS É
O MESMO DEUS. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir
nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus
do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e
para o homem branco. A terra Lhe é preciosa, e feri-la é desprezar
seu Criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo
do que todas as outras tribos. Contaminem suas camas e uma noite serão
sufocados pelos próprios dejetos. Mas, quando de sua desaparição,
vocês brilharão intensamente, iluminados pela força
do Deus que os trouxe à esta terra, e por alguma razão especial
lhes concedeu domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse
destino é um mistério para nós, pois não compreendemos
porque todos os búfalos devam ser exterminados, porque todos os cavalos
bravios devam ser domados, porque os recantos secretos da floresta densa
devam ser impregnados pelo cheiro de muitos homens, e porque a visão
dos morros deva ser obstruída por fios que falam. Onde está
o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu. É
o final do viver e o início do sobreviver. Abaixo,
a única fotografia conhecida do Chefe Seattle, tirada em 1864.
Chefe
Seattle
3. Buikilá
(forma aportuguesada: buiquilá) = desaparecimento total de uma vida.
Canto gregoriano
de fundo:
Te Deum
Interpretação:
Schola Cantorum do Pontifício Col. Intern. dos Beneditinos de S.
Anselmo em Roma
Páginas
da Internet consultadas:
http://www.fixcas.com/cgi-bin/
go.py?2010a.Keachie
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sealth
http://www.pucrs.br/edipucrs/online/
autonomia/autonomia/3.5.html
http://www.presentermedia.com/index.php?
target=closeup&maincat=animsp&id=4967
http://en.wikipedia.org/wiki/Chief_Seattle
http://cancaonova.com/portal/canais/
formacao/internas.php?e=4511
http://humildes.bk2.com.br/noticia/325/pais-so-cresce
-com-dialogo-diz-papa-francisco-sobre-manifestacoes
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