HUBERTO ROHDEN – REFLEXÕES

 

 

 

Huberto Rohden

Huberto Rohden

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo se constitui de uma pequena coletânea de reflexões do filósofo, teólogo, educador, conferencista e escritor brasileiro Huberto Rohden.

 

 

 

Traços Biográficos

 

 

 

Huberto Rohden (São Ludgero, 31 de dezembro de 1893 – São Paulo, 7 de outubro de 1981) foi um filósofo, educador e teólogo catarinense, radicado em São Paulo.

 

Precursor do Espiritualismo Universalista, escreveu mais de 100 obras (ao final da vida, condensadas em 65 livros), onde franqueou leitura ecumênica de temáticas espirituais e abordagem espiritualista de questões pertinentes à Pedagogia, à Ciência e à Filosofia, enfatizando o autoconhecimento, auto-educação e a auto-realização. Propositor da Filosofia Univérsica (segundo esta Filosofia, o Universo é dividido em duas entidades: o Uno e o Verso – sendo o Uno causa primária e o Verso manifestação do Uno), por meio da qual defendia a harmonia cósmica e a cosmocracia: autogoverno pelas leis éticas universais, conexão do ser humano com a consciência coletiva do Universo e florescimento da Essência Divina do indivíduo, reconhecendo que deve assumir as conseqüências dos atos e buscar a reforma íntima, sem atribuir à autoridade eclesiástica o poder de eliminar os débitos morais do fiel.

 

 

 

Reflexões Rohdenianas

 

 

 

Teu pensamento é certo quando se harmoniza com o teu ser.1

 

Não faças nunca a tua felicidade depender de algo que não dependa de ti.

 

A felicidade existe. Não fora de nós, onde em geral a procuramos; mas, dentro de nós, onde raras vezes a encontramos.

 

O Homem Cósmico está com os pés solidamente firmados na Terra e com a cabeça gloriosamente banhada pela Luz Eterna do céu e, quando contempla o céu, não perde de vista a Terra.

 

Quanto mais nítida se torna em um espírito a consciência da sua essência divina, tanto mais se alarga a sua presença corpórea.

 

A pior das discórdias, a mais trágica das guerras é o conflito que o homem traz dentro de si mesmo – o conflito entre o ego físico-mental da sua humana personalidade e o Eu Espiritual da sua Divina Individualidade.

 

 

 

 

Quando se descobre o reino dos céus, ignora-se os reinos da Terra.

 

A alternativa da vida humana não é sofrer por não sofrer. O grande problema é saber sofrer.

 

Os objetivos da vida são todas as coisas do nosso ego periférico, como família, propriedade, profissão, relações sociais, amizades etc. São circunstâncias fora do nosso centro, sobre as quais não temos domínio direto, e que, por isto, podem falhar – e lá está o nosso sofrimento.

 

Nenhum homem é realizado no seu ser, mas, todos são realizáveis.

 

Quem se identifica com o seu corpo é um analfabeto da Sabedoria; quem se identifica com sua alma é um sábio.

 

Saber que o sofrimento pode ser o caminho para a felicidade faz sofrer com serenidade e amor.2

 

Quem vê no sofrimento um meio para ultrapassar as futilidades da vida é um Iniciado.3

 

O homem deve entrar, cada dia, por meia hora, no silêncio de dentro, e fechar todas as portas aos ruídos de fora.4

 

À luz da Cruz de Cristo resolvo todos os problemas da vida e da morte.5

 

O Silêncio nada mais é do que a lamentação de quem o proclama para aqueles que não o entendem.6

 

Quem é Illuminado por dentro, parece escuro aos olhos do mundo.

 

Quem progride interiormente, parece ser um retrógrado.

 

Quem é auto-realizado, parece um homem imprestável.

 

Quem segue a Luz Interna, parece uma negação para o mundo.

 

Quem se conserva puro, parece bobo e simplório.

 

Quem é paciente e tolerante, parece um sujeito sem caráter.

 

Quem vive de acordo com o seu Eu Espiritual, passa por um homem enigmático.

 

Quem descobre a verdade sobre si-mesmo se liberta de todas as inverdades e de todas as ilusões. Liberta-se do egoísmo, da ganância, da luxúria, da vontade de explorar e de defraudar os outros. Liberta-se de todas as injustiças, de todas as desonestidades, de todos os ódios e de todas as maledicências do mundo caótico do velho ego.

 

Não sou melhor porque me louvam nem sou pior porque me censuram. Sou, na verdade, o que sou a Teus olhos, Senhor, e à luz da minha consciência.

 

Nada pode o mundo esperar de um homem que algo espera do mundo; tudo pode o mundo esperar de um homem que nada espera do mundo.

 

Ser bom não quer dizer ser bonachão, nem bonzinho, nem bombonzinho. Para ser realmente bom, o homem deve estar em perfeita harmonia com as leis eternas da verdade, da justiça, da honestidade, do amor e da fraternidade, e viver de acordo com a sua consciência.

 

Somente o Conhecimento da Verdade sobre si-mesmo é libertador; toda e qualquer ilusão sobre si-mesmo é escravizante.

 

Não há evolução sem resistência. Tudo O que é fácil não é garantido. Toda evolução ascensional é difícil, exige luta, sofrimento, resistência. Estagnar é fácil. Descer é facílimo. Subir é difícil. Toda a evolução é uma subida, e sem subida não há Iniciação.

 

No meu íntimo ser, Eu-sou o que Deus é. Por isto, no meu externo agir, quero também agir assim como Deus age.

 

O Universo não é só Uno nem só Verso; é sempre Uni + Verso.

 

Hoje em dia, há muita confusão sobre a educação. Entre centenas de livros sobre a educação, mal encontrei um que possa ser aprovado integralmente. Alguns têm coisas boas, mas, não abordam a coisa essencial: a auto-educação.

 

Não existe crise de educação no Brasil nem em qualquer parte do mundo. O que existe é uma deplorável ausência da verdadeira educação.

 

É necessário que se apaguem todos os sóis mundanos para que Deus possa acender no firmamento noturno da alma as estrelas da Sua revelação.

 

O grande homem é silenciosamente bom... É genial, mas, não exibe gênio... É poderoso, mas, não ostenta poder... Socorre a todos, sem precipitação... É puro, mas, não vocifera contra os impuros... O grande homem rasga caminhos novos sem esmagar ninguém... Abre largos espaços, sem arrombar portas... Entra no Coração humano, sem se saber como...

 

Há séculos as igrejas cristãs do Ocidente se acham divididas em partidos, e, não raro, se digladiam ferozmente. Pôr quê? Por causa de determinados dogmas que elas identificam com a doutrina de Jesus — infalibilidade pontifícia, batismo, confissão, eucaristia, pecado original, redenção pelo sangue de Jesus, unicidade e infalibilidade da Bíblia etc.

 

O Sermão da Montanha é integralmente espiritual, cósmico, ou melhor, místico-ético; não uma teoria que o homem deva crer, mas, uma realidade que ele deve ser.

 

Os homens bem-aventurados – os cidadãos do reino dos céus – são os pobres pelo espírito,7 os puros de Coração, os mansos, os que sofrem perseguição por causa da justiça, os pacificadores, os misericordiosos, os que choram, os que amam os que os odeiam e os que fazem bem aos que lhes fazem mal. No dia e na hora em que a cristandade resolver aposentar as suas teologias humanas e proclamar a divina sabedoria do Sermão da Montanha (a alma do Evangelho) como credo único e universal, acabarão as dissensões. as guerras religiosas e as excomunhões de hereges e de dissidentes.

 

A máxima espiritualidade, como disse Mahatma Gandhi, deverá ser experiencialmente vivida, e não, apenas, intelectualmente analisada. A vivência espiritual é convergente e harmonizadora; a análise intelectual é divergente e desarmonizadora.

 

 

 

 

Para além do “inteligir” está o “intuir” – que é uma vivência íntima.

 

O Reino de Deus está dentro de nós.

 

Bem-aventurado os desapegados dos bens terrenos, não pela força compulsória das circunstâncias externas e fortuitas, mas, sim, pela livre e espontânea escolha espiritual.

 

Sem que encontre algo mais valioso, ninguém abandona algo que considera valioso. A libertação da escravidão material pela força espiritual supõe uma grande experiência e Illuminação Interna.

 

O desejo de possuir faz o indigente escravo daquilo que não possui, assim como o milionário não se livra daquilo que possui.

 

O que de fora entra no homem não o torna impuro, mas, o que nasce em seu Coração e de dentro sai do homem, isto, sim, o torna impuro.8

 

Ser rico não é pecado; ser pobre não é virtude. Virtude ou pecado é saber ou não saber ser rico ou ser pobre.

 

Bem-aventurados os pobres pelo espírito, os que, pela força do espírito, se emanciparam da escravidão da matéria.

 

Todo o problema está em saber ultrapassar a fraqueza e insegurança do ego e entrar na força e na segurança do Eu...

 

Puro de Coração é aquele que se libertou, não só dos objetos externos, mas, também, do sujeito interno, isto é, daquilo que ele idolatrava como sendo o seu sujeito, o seu eu, embora fosse apenas o seu pseudo-eu, o seu pequeno ego físico-mental.

 

Ninguém pode ser realmente livre da matéria morta dos bens externos sem ser livre da ilusão do ego vivo, porque tudo o que chama “meu” é apenas um reflexo e uma conseqüência do falso “eu” – o ego físico -mental.

 

 

 

Os demônios de que o Evangelho nos fala, eram “espíritos impuros”, embora não estivessem sujeitos à impureza sexual. Eram impuros por egoísmo.

 

A mansidão consiste na desistência de qualquer violência, tanto física quanto mental (astuciosa, sagaz, política, diplomática, exploradora etc.).

 

A Natureza, mesmo mineral, reage às invisíveis e variáveis irradiações do homem. Ela assume atitude negativa ou positiva, hostil ou amiga, em face do homem, consoante a atmosfera interna do homem... Toda a vida de São Francisco de Assis é uma afirmação permanente de que a Natureza não é inconsciente e que compreende a linguagem do homem, quando esta deixa o plano teórico da análise mental e passa para a misteriosa zona vital ou espiritual.

 

 

 

 

Misericordioso é aquele que tem Coração para os míseros; aquele que compreende e ama os fracos, os ignorantes, os doentes, todos os necessitados de corpo, mente e alma, e procura aliviar os seus sofrimentos.

 

Os misericordiosos aos quais Jesus proclamou bem-aventurados não são apenas as pessoas eticamente boas e fazedoras do bem, mas, são aquelas pessoas misticamente perfeitas, experientes de Deus, e, por isto, essencialmente boas.

 

Um pacificador é aquele que, primeiro, estabelece e estabiliza a paz dentro de si mesmo.

 

A paz nasce de uma profunda Sabedoria e do Conhecimento da Verdade sobre si-mesmo. Quem conhece esta Verdade e tem este Conhecimento é livre de todo ódio, de toda tristeza, de todo rancor, de todo senso de perda e frustração.

 

Para qualquer ser-aí-no-mundo, o que é decisivo é a atitude interna.

 

Perguntaram ao jovem estudante João Berchmans,9 que estava jogando bola, o que faria se soubesse que, daí a cinco minutos, tivesse de morrer. João respondeu calmamente: — Continuaria a jogar.

 

O homem justo, nos livros sacros, é o homem santo, o homem crístico, o homem que realizou em alto grau o seu Eu Divino pela experiência mística manifestada na Ética.

 

Sabemos, em nossos dias, que a luz cósmica, não focalizada – o “c” da conhecida fórmula einsteiniana, E = mc2 – é a base e, por assim dizer, a matéria-prima de todas as coisas dos mundos material e astral. Os elementos da Química, desde o mais simples ou Hidrogênio até ao mais complexo, são filhos da luz invisível, a qual, quando condensada em diversos graus, produz os elementos, e destes são feitas todas as coisas do mundo.

 

 

 

 

Todas as coisas do mundo são lucigênitas, e sua essência íntima é luz ou lucidez. E quanto mais lúcida uma coisa é mais incontaminável ela é.

 

A tarefa da espiritualização do homem consiste em que ele faça a sua existência humana tão pura e luminosa como a sua Essência Divina, ou seja, que essencialize toda a sua existência.

 

Em sua relação com Deus [seu Deus Interior] – todo homem é profundamente só e solitário; ninguém o poderá acompanhar a essas alturas e profundezas, envoltas em eterno Silêncio.

 

O erro gera o orgulho; o orgulho prepara a queda.

 

Enquanto as impurezas nascem da ilusão, a pureza do Coração nasce do Conhecimento da Verdade.

 

Ai do homem que quiser ser solidário com os homens antes de se tornar solidário com Deus [seu Deus Interior]!

 

Nenhum homem poderá ser plenamente crístico sem que seja profundamente místico.

 

Só o contato direto com o Ilimitado tornará o homem invulnerável no meio dos ilimitados.

 

A Natureza está em perfeita harmonia. Esta harmonia é automática, instintiva, por falta de um ego consciente.

 

Quando o ego consciente se opôs ao Eu Superconsciente – que é o Deus oniconsciente no homem – a Natureza subconsciente declarou guerra ao homem. E até hoje o homem profano está entre dois fogos, hostilizando o Mundo Divino acima dele e o mundo natural abaixo dele. E não fará as pazes com este enquanto não assinar o tratado de paz com Aquele.

 

A Natureza – reflexo direto do Espírito Divino – não revela vestígio de cuidados, de afobação e de nervosismo. Também não visa resultados, mas, procura realizar com a máxima perfeição cada uma das suas obras, sem se interessar pelas conseqüências e sem esperar louvores nem recear censuras.

 

Ninguém é realmente senão aquilo que é. Devemos ser, firme e abundantemente, aquilo que queremos dar aos outros, pois, a importância de ser é decisiva para o fazer e o dizer.

 

É absolutamente impossível fazer prosperar, em caráter real e definitivo, algum empreendimento espiritual que esteja baseado em qualquer espécie de egoísmo ou desonestidade, mesmo que este egoísmo navegue sob a bandeira do altruísmo. Existe uma Constituição Cósmica [Lei da Causa e do Efeito + Lei da Compensação ou da Retribuição] que tudo rege e governa, quer o homem saiba quer ignore este fato. E esta Constituição é uma força onipresente, onipotente e onisciente; diante dela nada é secreto nem oculto. Por mais jeitosamente que o homem oculte o seu secreto egoísmo, a sua autocomplacência, a sua vanglória, os seus interesses e as suas ambições — é inútil! Aos olhos da Lei Eterna tudo é manifesto, e ela não coopera com nenhuma espécie de egoísmo. A Sapiência Divina do Universo favorece tudo o que sintoniza com ela, e desfavorece tudo que está em conflito com ela.

 

Ser Sal Incorrupto é o único meio para preservar a si e aos os outros da corrupção. 'Vós sois o Sal da Terra... Mas, se o Sal se desvirtuar...'10

 

Jesus, o Divino Mestre, não esteve interessado em curar sintomas de doença, mas, sim, a própria doença.11

 

Se a Humanidade se habituasse a nunca mentir, não haveria necessidade de jurar, porque um simples sim ou um simples não dariam e seriam certezas absolutas. E assim, tanto mais divino é o homem quanto mais intransigente é cultor da Verdade.

 

'Aceito o Cristo e o Seu Evangelho — não aceito o vosso Catolicismo.' (Mahatma Gandhi, apud Huberto Rohden). Disto se conclui que uma sociedade, sendo fundamentalmente egoísta, enquanto for egoísta, não poderá ser crística, embora possa se dizer católica, isto é, egoísta envernizada de Catolicismo.

 

Como regra, a sociedade é produto da inteligência, e a inteligência é, essencialmente, egoísta, não podendo haver uma sociedade não-egoísta, não-violentista. Por outro lado, se o Mahatma Gandhi conseguiu libertar a Índia com Ahimsa (não-violência), foi unicamente porque, ao redor dele, havia numerosos indivíduos firmemente alicerçados na mesma verdade, como concebeu o próprio Presidente Nehru, e não porque a sociedade como tal se guiasse pelo princípio altruísta do Ahimsa.12

 

 

Ahimsa

Ahimsa

 

 

O contrário do Direito é a justiça – que é, praticamente, idêntica ao amor. A justiça, no sentido bíblico, é invariavelmente a justeza, o perfeito ajustamento, a harmonia entre o indivíduo e o Universal, entre o homem e Deus, entre a criatura limitada e o Criador Ilimitado. Esta justiça, porém, é o perfeito amor, como aparece no primeiro e maior de todos os Mandamentos enunciado por Jesus... Portanto, quem apela para os seus direitos age em nome do ego, que é violentista. Quem apela para a justiça age em nome do Eu, que não é violentista. Não resistir ao maligno é, pois, um apelo para o Divino Eu, no homem, e não para o seu humano ego.

 

Eis a matemática mais estranha: uma violência se neutralizando pela ação de outra violência.

 

Ofensor e ofendido que retalia são dois males em um.

 

O valor de um homem não está naquilo que ele fez (faz) ou disse (diz) externa e transitoriamente, mas, está naquilo que ele é interna e permanentemente. O externo e transitório é condição necessária, mas, não é causa suficiente do interno e permanente.13

 

O Sermão da Montanha oferece ao homem a Chave para abrir a sua velha prisão e entrar na gloriosa liberdade dos filhos de Deus, mas, depende do próprio livre-arbítrio homem dar meia-volta na Chave para abrir a porta, ou para continuar preso. O Eu Crístico nada sabe de ofensas, injúrias, desprezos, propriedade individual e direitos, porque Ele é todo invulnerável, todo livre e todo imune. Nenhum fator externo lhe pode fazer mal, porque não o pode fazer mau. O Sermão da Montanha é a Chave da grande e definitiva libertação do homem. É a última Palavra Sacra da Iniciação Esotérica e Mística dos candidatos à Verdadeira Sabedoria [ShOPhIa] e à Experiência Cósmica.

 

Triunfo do Eu Divino Auto-realização Cristificação do homem.

 

Quando o homem consegue cruzar a misteriosa fronteira do pequeno ego humano para o grande Eu Divino, então, toda a vida se transforma e se Illumina com inefável força e claridade.

 

Amai os vossos inimigos é um dos tópicos evangélicos mais repetidos no mundo católico, mas, de todos, o menos praticado. E a razão última e mais profunda desta falta de prática do amor aos inimigos nasce de uma falsa compreensão das palavras do Mestre Jesus. A imensa maioria dos católicos julga se tratar, aqui, de um imperativo categórico do dever compulsório, quando, de fato, se trata de um ato de querer espontâneo; não do heroísmo de uma virtude ética, e, sim, da evidência de uma Sabedoria Cósmica. Naturalmente, para que o dever compulsório da virtude possa se converter no querer espontâneo da Sabedoria terá de acontecer algo de imensamente grande entre este doloroso dever de ontem e este glorioso querer de hoje. O que deverá acontecer entre estes dois pólos adversos? Deverá acontecer uma grande Compreensão.

 

'Um único homem que tenha chegado à plenitude do amor neutraliza o ódio de milhões. (Mahatma Gandhi, apud Huberto Rohden). O fato inconteste é que, quando odeio a quem me odeia, não apenas aumento as trevas em que o outro está, mas, também, aumento as minhas próprias trevas, direta e indiretamente. É de todo indiferente que a pessoa por mim odiada ‘‘mereça’’ ou ‘‘não mereça” o meu ódio; em qualquer hipótese, ao odiá-la, eu contribuo para tornar o mundo pior, porque me tornei pior a mim mesmo. E eu sou parte integrante deste mundo!

 

Precisamos ter em mente que o mal que os outros possam eventualmente nos fazer não nos fará mal, porque não nos tornará mau.14

 

O Silêncio engrandece todos os atos; o ruído amesquinha todas as coisas. Todas as Grandes Realidades estão envoltas em Silêncio e em Mistério.

 

Ultimatum para a consciência físico-mental e imperativo categórico para a Consciência Espiritual: 'Não pratiqueis as vossas boas obras para serdes vistos pelos homens.'

 

De maneira geral, o homem profano depende do mundo externo. É escravizado pelo reflexo da opinião pública. Não possui autonomia e segurança intrínseca, e, por isto, necessita de escoras e de muletas extrínsecas... Trabalha intensamente – preceitua a Sabedoria Oriental – e renuncia, a cada momento, aos frutos do teu trabalho!

 

É muito difícil, mas, a mais fascinante poesia do homem plenamente Cristificado consiste em fazer com leveza as coisas pesadas, com facilidade as coisas difíceis, com suavidade as coisas amargas, com alegria as coisas tristes, com sorridência as coisas dolorosas.

 

O homem que se tornou plenamente Espiritual, Crístico, é poderoso, mas, não exibe o seu poder. É puro, mas, não vocifera contra os impuros. Reverencia as Coisas Sagradas, mas, sem fanatismo e intolerância. É amigo de servir, mas, sem servilismo. Ama sem importunar ninguém. Vive alegre com incondicional compostura. Sofre sem amargura. Goza sem profanidade. Ama a solidão sem se afastar da sociedade. É disciplinado sem fazer disto um culto. Jejua, mas, não desfigura o rosto para mostrar a vacuidade do estômago. Pratica abstinência de muitas coisas, mas, sem fazer disto uma lei ou um hábito extravagante. É um herói, mas, ignora qualquer sentimento de heroísmo. É virtuoso, mas, não é vítima da obsessão de virtuosidade. Trabalha intensamente com alegria e entusiasmo, mas, renuncia serenamente, em cada momento, aos frutos do seu trabalho. Assim é o Homem que se tornou uma Luz do Mundo.

 

Ter ou Ser? 'Ninguém pode servir a dois senhores.' O “ter” é dos profanos; o “Ser” é dos Iniciados.

 

O Kosmos é ordem + harmonia, regido por uma Lei que não admite exceção. Ou, no dizer de Einstein: 'o Kosmos é a própria Lei Universal.' No âmbito deste sistema cósmico, à toda ação corresponde uma reação equivalente. Pode esta reação tardar, mas, ela virá com absoluta infalibilidade. Objetivamente, ninguém pode perturbar o equilíbrio do Kosmos,15 embora, subjetivamente, os seres conscientes e livres possam provocar perturbações. A ação do perturbador provoca infalivelmente a reação do perturbado, e estes dois fatores – ação e reação – atuando como causa e efeito, mantêm o equilíbrio do Todo.

 

 

 

 

Nenhum fato material ou mental pode causar um efeito espiritual, porque, em hipótese alguma, o efeito pode ser maior do que a causa.16

 

O ser-aí-no-mundo que se considera causa de um efeito espiritual, que julga poder merecer um dom divino, dá prova de profunda ignorância aliada a uma detestável arrogância. É a satanidade do ego que se arroga semelhante grandeza e poder.

 

O orgulho é sempre filho do erro; a humildade é sempre filha da Verdade.

 

Todos os totalitarismos radicam na idéia e na vontade de querer dominar.

 

Quando, finalmente, o homem convalesce da sua longa doença de querer ser servido, para a vigorosa saúde de querer Servir, então, pela primeira vez, ele se sente plenamente adulto e maduro para o seu grande destino, aqui no mundo e em todos os mundos. Um espontâneo e jubiloso querer servir é sinônimo de imortalidade. 'Quem, dentre vós, quiser ser grande seja o servidor de todos.'

 

O pecado não está, propriamente, no ato externo, físico, mas, sim, na atitude interna, moral.

 

Os zeros não têm valor algum, mas, quando unidos ao 1, são valorizados pelo valor positivo do 1, porque suas vacuidades passam a ser participantes da plenitude do valor intrínseco do 1.

 

 

 

 

Não basta que pratiquemos externamente atos bons;é necessário que sejamos internamente bons.

 

É difícil e doloroso abrir mão das nossas posses materiais, dos nossos prazeres sensuais, dos elogios e da estima de nossos semelhantes, porque estas coisas se referem, não ao nosso Eu Espiritual — que é, para a maior parte dos homens, uma grande incógnita, talvez, um objeto de crença, mas, para pouquíssimos experiência própria e efetiva — mas, ao pequeno ego.

 

É necessário crer; mas, é insuficiente crer. Crer é algo penúltimo; Saber é último.17

 

A escolha é livre, mas, as conseqüências da escolha obedecem a uma Lei Cósmica inexorável. A alternativa suprema e última é esta: Vida ou morte.

 

 

 

Enquanto Não Houver...

 

 

 

Como o ser-aí poderá pacificar,

se ele-mesmo só sabe hostilizar?

Como o ser-aí poderá ser propício,

se ele-mesmo venera o malefício?

 

Como o ser-aí poderá afrouxar,

se ele-mesmo gosta de arrochar?

Como o ser-aí poderá manumitir,

se ele-mesmo não sabe onde ir?

 

Não se pode obter mel de areia

nem concerto de cabra-de-peia.

Não se pode vivenciar a Beleza

enquanto triunfar a pequeneza.

 

Não se alcançará a liberdade

não havendo compreensibilidade.

Não se ouvirá a Voz-do-Coração

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Não creio que isto aconteça sempre e que seja exatamente assim. Estariam certos, concertados, por exemplo, os pensamentos e os desvarios dos grandes cruéis e impiedosos da Humanidade (déspotas, tiranos, matadores de aluguel, assassinos em série etc.)? Certamente que não, ainda que se harmonizassem com aqueles que produziram e praticaram as crueldades. Por outro lado, às vezes, temos pensamentos que parecem não ser nossos, vindo de não sabemos onde. Isto acontece, geralmente, por, pelo menos, dois motivos: ou esses pensamentos dessintônicos ocorrem porque nosso padrão vibratório interior decresce temporariamente, e ficamos, por assim dizer, sujeitos às freqüências vibratórias compatíveis com este padrão vibratório inferior, ou, de uma certa maneira, somos testados em nossos presumidos propósitos mais elevados. Seja como for, nem nossos pensamentos nem nossa vida é permanentemente uma onda sistemática, ordenada, metódica, organizada, isto é, harmônica em seu nível relativo de harmonia. Como há subidas, também há quedas. Isto não deve ser motivo de desespero para ninguém; deve ser, sim, motivo para nos mantermos sempre alertas, cuidando para não cedermos aos apelos e comandos do nosso eu inferior e do fudelhufas de cagahouse que, por ignorância, produzimos.

 

 

2. Este é um equívoco das pessoas em geral e dos teólogos em particular. O sofrimento nunca foi, não é e jamais será caminho alternativo para a felicidade. Primeiro, o que é felicidade? Não pretendo discutir agora o que seja a felicidade. Mas, de uma forma ou de outra, muito rapidamente, o contentamento – não como felicidade sensorial-emocional, sim como libertação relativa e bem-aventurada – está inelutavelmente embutido na compreensão, que, relativamente, alforria. Logo, sofrer não ilustrará nem liberará ninguém; poderá, sim, por causa da dor e do medo, temporariamente, acalmar ou anestesiar um ânimo mais exaltado. Só isto e mais nada. No Ocidente, essa coisa de sofrimento está muito associada à crucificação do Jesus histórico, que, acredito, tenha sofrido menos com a própria crucificação e mais com a superlativa ignorância dos que O condenaram e O crucificaram. E, se, realmente, Ele disse Pai, perdoai-os porque eles não sabem o que fazem, na verdade, não deveria estar efetivamente pensando em perdão ou remissão, porque Jesus sabia perfeitamente bem que a remissibilidade não existe como simples remissibilidade. Se fosse assim, tudo seria muito fácil, ainda que inútil. Então, admitindo-se que Suas palavras foram exatamente estas, Seu pensamento, provavelmente, foi outro, qual seja: Pai, Illuminai-os porque eles não sabem o que pensam. Tudo o que pensamos, falamos e fazemos está intrinsecamente ligado à nossa (in)cultura pessoal. Só modificando o nosso cabedal de conhecimentos e a nossa ilustração poderemos, digamos assim, ver com outros olhos, ouvir com outros ouvidos e sentir com outros sentidos. Enquanto não, como regra, imitaremos, falsificaremos e plagiaremos. E, costumeiramente, de joelhos! Enfim, o fato irretorquível é que a Sabedoria (ShOPhIa) é avessa ao sofrimento, porque Ela própria é Sumo Bem e Suma Beleza.

 

 

 

 

3. Mantive a palavra iniciado com letra inicial minúscula porque isto é uma besteira sem qualquer cabimento. A argumentação do porquê está resumidamente explicada na nota anterior. O raio da coisa é que a maioria das pessoas pensa que para ir para o céu precisa sofrer e apanhar como boi ladrão. Céu? Boi? Ora, os bois não vão para o céu. Pelo menos não para o céu humano dos que acreditam em céu. Quando muito, se forem, irão para o céu dos bois, que, segundo dizem, fica lá em currale bovinum, na constelação do mugido celestial.

4. Por que meia hora? Dependendo de como se entra no Silêncio, um minuto basta! A droga é que muita gente silencia fazendo o maior barulho: reclamando, choramingando, pedindo, exigindo... E também para negociar com deus! Arre!

5. Aqui, há duas coisas a ponderar: 1ª) cruz não é lanterna para iluminar nada nem ninguém; 2ª) nossas dúvidas, nossas imperfeições e nossos problemas não serão jamais resolvidos com o arrimo ou pela cruz dos outros, sejam os outros quem ou quais forem. A transmutação da nossa cruz, que é pessoal e intransitiva, depende apenas de nós. Ponto final. Esse cacareco de crer e de pedir a quem quer que seja para solver nossas quizumbas é horrífero, infrutífero e bostífero.

Não sei por quê, mas, me lembrei do Roberto Carlos, que diz que é vegetariano há anos, e, recentemente, topou fazer um anúncio televisivo da Friboi®. Todavia, que o assunto tem alguma coisa a ver com esta nota, isto tem. Na propaganda, o diálogo entre o garçom e o meu amigo Roberto Carlos é o seguinte:

O garçom (dirigindo-se a Roberto Carlos): — Com licença, seu prato.

Roberto Carlos: — Não... Não... O meu prato é aquele ali. (A cena muda para um bifaço, de fazer inveja a qualquer Crocuta crocuta).

O garçom: — Você voltou a comer carne, Roberto?

Roberto Carlos: — Voltei. Mas essa carne...

O garçom: — É Friboi, claro!

Roberto Carlos: — Com certeza... Friboi...

O garçom: — Com licença.

Isto tem cabimento? Onde? Ora, nem aqui, nem na China, nem em Pasárgada, que é outra civilização, e que tem telefone automático, alcalóide à vontade, processo seguro de impedir a concepção e até prostitutas bonitas para a gente namorar! Bem, eu não tenho absolutamente nada contra quem usa carne em sua dieta, e nem sou contra nem a favor do que cada um faz ou deixa de fazer da sua vida. Não julgo nada ou, pelo menos, evito, o mais que posso, julgar o que quer que seja. Mas, sem julgar a opção do Roberto Carlos, considero uma sesquipedális incongruentìa um vegetariano fazer propaganda de beefsteak. É meio que krill fazendo proselitismo ideológico-gastronômico de tubarão-baleia. Mutatis mutandis, é igualzinho ao Sinatra – minha paixão masculina e única desde os doze anos – fazer (como fez) propaganda do Whisky Passport Scotch, tendo sido ele um apreciador declarado e conspícuo do Whiskey Jack Daniels Old nº 7. Com o endosso de Sinatra, o Jack Daniels se tornou o Whiskey mais vendido da América do Norte. Enfim, é como se eu, Rosa+Cruz, de repente, afirmasse que o conteúdo dos textos que divulgo são canalizações mediúnicas de um espírito desencarnado, habitante das Plêiades, lá na Constelação do Touro. Loucura das loucuras! Só mugindo! Bem, se você ainda não viu o anúncio do Roberto Carlos fazendo propaganda da Friboi®, poderá conferir em:

http://www.youtube.com/watch?v=k_Oyp_j9vi8

 

 

 

 

6. Estou começando a ficar preocupado. Desde quando o Silêncio é uma lamentação?

7. Bem-aventurados os pobres de espírito... Já expliquei e vou explicar de novo. Na verdade, o certo é: Makarioi hoi Ptokhoi tô Pneumati! Bem-aventurados são os Mendigos (Ptokhoi) do Espírito (Pneumati). Benditos os que procuram, por si, a elevação intelectual e moral – o Conhecimento Superior que levará, de vida em vida, à Imanência Divina. Já para o redator latino adulterador da Vulgata, os bem-aventurados são os pobres de espírito, são os que não sabem nem querem saber, são os que entregam sua salvação à vontade dos guias, dos imperantes e dos dominadores, submetendo-se resignadamente, por espírito de humildade e de renúncia, de medo e de servilismo, a todos os dogmas, ordens, doutrinas, leis e impositividades baculinas e absurdas. O Gnóstico não se conforma nem com a ignorância, nem com a submissão, nem com a pobreza de conhecimento, e, como Mendigo (Ptokhoi), busca o Espírito (Pneumati), procurando-O até encontrá-Lo (em seu interior). Tudo isto se resume a: pobreza de espírito é sinônimo de ignorância, que deve ser vencida e ultrapassada para que a LLuz se faça. E isto, normalmente (porque há exceções), só poderá acontecer pela Via Iniciática (que é uma e não é uma)

8. Por isto, se o cara é um picalontra (picareta + bilontra) mau-caratista, aproveitador, militante e juramentado, ser vegetariano não muda nada. Ou muda tudo! O máximo exemplo disto é o senhor Adolf 'Großdeutsches Reich' Hitler, que, segundo dizem, era vegetariano, mas, claro, por outros motivos, que não comentarei nesta oportunidade. Contudo, que ninguém esqueça: seja para o que for, a Lei é a mesma. Então, se a Lei é a mesma, dependendo de quem a use e abuse...

9. João Berchmans (Diest, Bélgica, 13 de março de 1599 – Roma, 13 de agosto de 1621) foi um religioso escolástico jesuíta belga. É venerado como santo da Igreja Católica e é, com São Luiz Gonzaga e Santo Estanislau Kostka, Padroeiro da Juventude Estudantil. Sua memória litúrgica é celebrada em 13 de agosto.

10. Em Alquimia, a Tríade é simbolizada pelo Enxofre, pelo Mercúrio e pelo Sal, e o Quaternário, pelo Fogo, pelo Ar, pela Terra e pela Água. Enxofre e mercúrio são, pois, os Pais da Pedra. O Terceiro Corpo – o Sal – é o resultado da união dos dois princípios, e nasce da destruição recíproca desses dois princípios. O Sal – e por extensão o próprio Lapis Philosophorum (Pedra Filosofal) – nasce da ruína de duas naturezas contrárias. É o aparecimento do terceiro ponto do triângulo: dois princípios produzindo um terceiro. Nas palavras do axioma clássico de Sêneca: Nascendo Quotidie Morimur. Nascendo, cada dia morremos. Por outro lado, sabem e afirmam os Adeptos que se o Mercúrio não morrer. não renascerá jamais. Ou como disse Jesus: Em verdade vos digo: se o grão de trigo não morrer depois de o deitarem à Terra, ficará só; mas, se morrer, dá muito fruto. Também sob outro enfoque, para que possa tingir, o Mercúrio precisará primeiro ser tingido. O Sal não se constitui ele próprio em um princípio; antes é conseqüência da união do princípio ativo (Enxofre) com o princípio passivo (o Mercúrio – a Lua dos Sapientes). A Grande Obra é, em todos os sentidos, um resumo da Obra Divina, cujo trabalho permanente se constitui na purificação sucessiva do Mercúrio, tendo por objeto a obtenção da Pedra Filosofal. Sobre a Pedra Filosofal – Grande Cera Vermelha – Fulcanelli comentou: a Pedra Filosofal se nos oferece sob a forma de um corpo cristalino, diáfano, vermelho quando em massa, amarelo depois de pulverizado, o qual é denso e muito fusível |funde a 64ºC|, embora fixo a qualquer temperatura, e cujas qualidades próprias o tornam incisivo, ardente, penetrante, irredutível e incalcinável. É solúvel no vidro em fusão, mas, se volatiliza instantaneamente quando é projetado sobre um metal fundido. Mas, a verdade verdadeira, oculta em todos os tratados sobre Alquimia, é que o vero Mercúrio, sobre o qual aplicaram e aplicam aturados esforços todos os Adeptos, é um Segundo Mercúrio, obtido do primeiro. Há, portanto, uma interação, iterada e hermética, primária entre o Fogo e a Água que produz o Sal (Água Ígnea ou Fogo Aquoso), dissolvente utilizado na preparação do Mercúrio Filosófico, que produzirá, ao fim e ao cabo de tanto labor, a tão almejada Pedra Filosofal. Este é o segredo da Magna Obra. Entretanto, não pode ser esquecido jamais, advertiu Fulcanelli, que, na base de todo o trabalho, só existe um Mercúrio, e o segundo deriva obrigatória e necessariamente do primeiro. O Segundo Mercúrio é por isso conhecido como Mercúrio dos Sapientes, Sal Celeste ou Sal Florido. In Mercurio est quicquid quae runt sapientes. No Mercúrio está tudo o que buscam os Sapientes.

11. É por isto que cadeia e outros suplícios (punições corporais ordenadas por sentença) jamais curarão ou reabilitarão quem quer que seja. Cadeia, na realidade, é uma escola do mal e para o mal. Enfim, para não me encompridar neste tema, que considero óbvio para todos, um doente – e todos, sem exceção, os que são punidos pela lei dos homens são doentes – deve ser amorosa, competente e profissionalmente tratado, não punido, encarcerado ou morto. Punir, encarcerar ou matar o outro é punir, encarcerar e matar a si-mesmo. Bolas! Ou somos um ou não somos um!

12. Ahimsa é um princípio ético-religioso adotado principalmente pelo Jainismo e presente no Hinduísmo e no Budismo, e que consiste na rejeição constante da violência e no respeito absoluto de toda forma de vida. No Ocidente, a sua notoriedade deve-se à prática da Ahimsa na conduta coerente de Mahatma Gandhi (1869 – 1948). Mahatma Gandhi fez do Ahimsa o báculo de sua doutrina política. Gandhi definiu a manifestação do Ahimsa assim: A não-violência não consiste em renunciar a toda luta real contra o mal. A não-violência, tal como eu a concebo, empreende uma campanha mais ativa contra o mal que a lei de talião, cuja natureza mesma traz como resultado o desenvolvimento da perversidade. Eu levanto, frente ao imoral, uma oposição mental, e, por conseguinte, moral. Trato de amolecer a espada do tirano, não a cruzando com um aço mais afiado, mas, defraudando sua esperança ao não oferecer resistência física alguma. Ele encontrará em mim uma resistência da alma, que escapará de seu assalto. Esta resistência, primeiramente, o cegará, e, em seguida, o obrigará a se dobrar. E o fato de se dobrar não humilhará o agressor, mas, o dignificará. Enfim, se completa pelo Satyagraha, termo hindu composto por duas palavras: Satya, que pode ser traduzida como verdade; e agraha, que significa firmeza, constância. Gandhi empregou o Satyagraha na campanha de independência da Índia e também durante sua permanência na África do Sul. A teoria do Satyagraha influenciou Martin Luther King, Jr. durante a campanha pelos direitos civis, que ele liderou nos Estados Unidos da América.

13. Aqui, cabe um breve e axiomático comentário. Ninguém é internamente permanentemente o mesmo, tanto quanto não é o mesmo externamente. Eu, por exemplo, a cada dia que passa, externamente, estou ficando mais careca, mas, pelo menos, internamente, estou me tornando mais erudito e mais consciente. O fato é que não somos; estivemos e estamos. E, se estivemos e estamos, deveniremos. Isto também é inconfundivelmente axiomático. Se fôssemos, para sempre e mais seis meses, interna e externamente, invariavelmente os mesmos, qual seria o sentido da encarnação e da existência? Nascer... Viver... Morrer... Renascer... Reviver... Remorrer... Para quê? Com que finalidade? Na verdade, particularizando o aspecto interior, somos transitivos; em princípio, estamos todos em mudança ininterrupta e em ascensão ilimitada. Mas, só uma coisinha: para mudarmos e ascendermos precisamos laborar e merecer. Incessantemente! Para sempre, igualzinho ao que sempre foi, ainda que em movimento constante e mudança ininterrompida, só o Universo – incriado, ilimitado e inacabável.

 

 

Movimento Constante e Mudança Ininterrompida

 

 

14. Mas, se nos tornarmos maus pelo mal que nos fizerem, aí, sim, é que a porca torcerá o rabo.

15. Como, objetivamente, ninguém pode perturbar o equilíbrio do Kosmos? Pode sim; e muito. Muitíssimo! Se um desequilíbrio em um ponto do Kosmos afeta o Kosmos inteiro, quando, por exemplo, explodimos uma bomba nuclear, alteramos a harmonia do Todo – de um simples microorganismo unicelular que é assassinado à galáxia que chora pela nossa alabança-chibança-desvairança-lambança et cetera sei-lá-quantas-anças. O próprio aquecimento global – causado pelas emissões humanas de gases do efeito estufa e amplificado por respostas naturais a esta perturbação inicial em efeitos que se auto-reforçam em realimentação positiva – não trará conseqüências apenas para a Terra e para os seres da Terra, mas, para todo o Sistema Solar, e, por extensão, para todo o Kosmos. Somos responsáveis por tudo, inclusive pelo que achamos que não somos.

 

 

 

 

16. A coisa não é se o efeito é ou se não é maior do que a causa, mas, sim, se nos harmonizamos ou não com a causa. Então, os fatos, sejam materiais, sejam mentais, podem causar, sim, efeitos espirituais (e físicos) tremendos, desde que a eles cedamos e com eles nos conformizemos. Os fatos materiais ou mentais só não terão efetividade sobre nós, se não encontrarem ressonância para agir ou se manifestar, pois, não encontrarão campo, digamos assim, para transferência de energia. As chamadas obsessões espirituais só acontecem porque o obsediado, de uma forma ou de outra, consciente ou inconscientemente, permite a ação do obsediante, por exemplo, cascões astrais que ainda não se dissolveram. Mexer com necromancia não deixa de ser uma forma de suicídio, e todos os necromantes acabam birutas ou empacotam prematuramente.

17. Não sei se é necessário crer; acho até que não é. Mas, Saber é insubstituível.

 

Música de fundo:

Ave Maria (Ellens Dritter Gesang, D. 839)
Compositor: Franz Peter Schubert
Interpretação: Perry Como

Fonte:

http://mp3skull.com/mp3/perry_como_ave_maria.html

 

Páginas da Internet consultadas:

https://sites.google.com/site/teociencia/
web-desig/etica/hubertorohden

http://pt.wikipedia.org/wiki/Huberto_Rohden

http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_univ%C3%A9rsica

http://www.pik-potsdam.de/~stefan/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Aquecimento_global

http://cosmosedamiao.blogspot.com.br/
2011/02/ahimsa.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Satyagraha

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ainsa

http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3
%A3o_Jo%C3%A3o_Berchmans

http://aeon.liquidtelevision.com/
2011/07/11/bart-on-the-brain/

http://wifflegif.com/tags/14283-optical-illusions-gifs

http://www.consciesp.com.br/pla_2arquivos/
O_SERMAO_DA_MONTANHA.pdf

http://www.frasesfeitas.com.br/?
frases-feitas/por/Huberto%20Rohden

http://momentoespiritual.com.br/
2012/04/21/frase-de-huberto-rohden/

http://kdfrases.com/autor/huberto-rohden

http://oficina-do-gif.blogspot.com.br/
2011/08/gifs-de-vacas-cow.html

http://www.fotosdahora.com.br/

http://pensador.uol.com.br/
autor/huberto_rohden/

 

Direitos autorais:

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