Teu
pensamento é certo quando se harmoniza com o teu ser.1
Não
faças nunca a tua felicidade depender de algo que não dependa
de ti.
A
felicidade existe. Não fora de nós, onde em geral a procuramos;
mas, dentro de nós, onde raras vezes a encontramos.
O
Homem Cósmico está com os pés solidamente
firmados na Terra e com a cabeça gloriosamente banhada pela Luz Eterna
do céu e, quando contempla o céu, não perde de vista
a Terra.
Quanto
mais nítida se torna em um espírito a consciência da
sua essência divina, tanto mais se alarga a sua presença corpórea.
A
pior das discórdias, a mais trágica das guerras é o
conflito que o homem traz dentro de si mesmo – o conflito entre o
ego físico-mental da sua humana personalidade e o Eu Espiritual da
sua Divina Individualidade.
Quando
se descobre o reino dos céus, ignora-se os reinos da Terra.
A
alternativa da vida humana não é sofrer por não sofrer.
O grande problema é saber sofrer.
Os
objetivos da vida são todas as coisas do nosso ego periférico,
como família, propriedade, profissão, relações
sociais, amizades etc. São circunstâncias fora do nosso centro,
sobre as quais não temos domínio direto, e que, por isto,
podem falhar – e lá está o nosso sofrimento.
Nenhum
homem é realizado no seu ser, mas, todos são realizáveis.
Quem
se identifica com o seu corpo é um analfabeto da Sabedoria; quem
se identifica com sua alma é um sábio.
Saber
que o sofrimento pode ser o caminho para a felicidade faz sofrer com serenidade
e amor.2
Quem
vê no sofrimento um meio para ultrapassar as futilidades da vida é
um Iniciado.3
O
homem deve entrar, cada dia, por meia hora, no silêncio de dentro,
e fechar todas as portas aos ruídos de fora.4
À
luz da Cruz de Cristo resolvo todos os problemas da vida e da morte.5
O
Silêncio nada mais é do que a lamentação de quem
o proclama para aqueles que não o entendem.6
Quem
é Illuminado por dentro, parece escuro aos olhos do mundo.
Quem
progride interiormente, parece ser um retrógrado.
Quem
é auto-realizado, parece um homem imprestável.
Quem
segue a Luz Interna, parece uma negação para o mundo.
Quem
se conserva puro, parece bobo e simplório.
Quem
é paciente e tolerante, parece um sujeito sem caráter.
Quem
vive de acordo com o seu Eu Espiritual, passa por um homem enigmático.
Quem
descobre a verdade sobre si-mesmo se liberta de todas as inverdades e de
todas as ilusões. Liberta-se do egoísmo, da ganância,
da luxúria, da vontade de explorar e de defraudar os outros. Liberta-se
de todas as injustiças, de todas as desonestidades, de todos os ódios
e de todas as maledicências do mundo caótico do velho ego.
Não
sou melhor porque me louvam nem sou pior porque me censuram. Sou, na verdade,
o que sou a Teus olhos, Senhor, e à luz da minha consciência.
Nada
pode o mundo esperar de um homem que algo espera do mundo; tudo pode o mundo
esperar de um homem que nada espera do mundo.
Ser
bom não quer dizer ser bonachão, nem bonzinho, nem bombonzinho.
Para ser realmente bom, o homem deve estar em perfeita harmonia com as leis
eternas da verdade, da justiça, da honestidade, do amor e da fraternidade,
e viver de acordo com a sua consciência.
Somente
o Conhecimento da Verdade sobre si-mesmo é libertador; toda e qualquer
ilusão sobre si-mesmo é escravizante.
Não
há evolução sem resistência. Tudo O que é
fácil não é garantido. Toda evolução
ascensional é difícil, exige luta, sofrimento, resistência.
Estagnar é fácil. Descer é facílimo. Subir é
difícil. Toda a evolução é uma subida, e sem
subida não há Iniciação.
No
meu íntimo ser, Eu-sou o que Deus é. Por isto, no meu externo
agir, quero também agir assim como Deus age.
O
Universo não é só Uno nem só Verso; é
sempre Uni + Verso.
Hoje
em dia, há muita confusão sobre a educação.
Entre centenas de livros sobre a educação, mal encontrei um
que possa ser aprovado integralmente. Alguns têm coisas boas, mas,
não abordam a coisa essencial: a auto-educação.
Não
existe crise de educação no Brasil nem em qualquer parte do
mundo. O que existe é uma deplorável ausência da verdadeira
educação.
É
necessário que se apaguem todos os sóis mundanos para que
Deus possa acender no firmamento noturno da alma as estrelas da Sua revelação.
O
grande homem é silenciosamente bom... É genial, mas, não
exibe gênio... É poderoso, mas, não ostenta poder...
Socorre a todos, sem precipitação... É puro, mas, não
vocifera contra os impuros... O grande homem rasga caminhos novos sem esmagar
ninguém... Abre largos espaços, sem arrombar portas... Entra
no Coração humano, sem se saber como...
Há
séculos as igrejas cristãs do Ocidente se acham divididas
em partidos, e, não raro, se digladiam ferozmente. Pôr quê?
Por causa de determinados dogmas que elas identificam com a doutrina de
Jesus — infalibilidade pontifícia, batismo, confissão,
eucaristia, pecado original, redenção pelo sangue de Jesus,
unicidade e infalibilidade da Bíblia etc.
O
Sermão da Montanha é integralmente espiritual, cósmico,
ou melhor, místico-ético; não uma teoria que o homem
deva crer, mas, uma realidade que ele deve ser.
Os
homens bem-aventurados – os cidadãos do reino dos céus
– são os pobres pelo espírito,7
os puros de Coração, os mansos, os que sofrem perseguição
por causa da justiça, os pacificadores, os misericordiosos, os que
choram, os que amam os que os odeiam e os que fazem bem aos que lhes fazem
mal. No dia e na hora em que a cristandade resolver aposentar as suas teologias
humanas e proclamar a divina sabedoria do Sermão da Montanha (a alma
do Evangelho) como credo único e universal, acabarão as dissensões.
as guerras religiosas e as excomunhões de hereges e de dissidentes.
A
máxima espiritualidade, como disse Mahatma Gandhi, deverá
ser experiencialmente vivida, e não, apenas, intelectualmente analisada.
A vivência espiritual é convergente e harmonizadora; a análise
intelectual é divergente e desarmonizadora.
Para
além do “inteligir” está o “intuir”
– que é uma vivência íntima.
O
Reino de Deus está dentro de nós.
Bem-aventurado
os desapegados dos bens terrenos, não pela força compulsória
das circunstâncias externas e fortuitas, mas, sim, pela livre e espontânea
escolha espiritual.
Sem
que encontre algo mais valioso, ninguém abandona algo que considera
valioso. A libertação da escravidão material pela força
espiritual supõe uma grande experiência e Illuminação
Interna.
O
desejo de possuir faz o indigente escravo daquilo que não
possui, assim como o milionário não se livra daquilo que possui.
O
que de fora entra no homem não o torna impuro, mas, o que nasce em
seu Coração e de dentro sai do homem, isto, sim, o torna impuro.8
Ser
rico não é pecado; ser pobre não é virtude.
Virtude ou pecado é saber ou não saber ser rico ou ser pobre.
Bem-aventurados
os pobres pelo espírito, os que, pela força do espírito,
se emanciparam da escravidão da matéria.
Todo
o problema está em saber ultrapassar a fraqueza e insegurança
do ego e entrar na força e na segurança do Eu...
Puro
de Coração é aquele que se libertou, não só
dos objetos externos, mas, também, do sujeito interno, isto é,
daquilo que ele idolatrava como sendo o seu sujeito, o seu eu, embora fosse
apenas o seu pseudo-eu, o seu pequeno ego físico-mental.
Ninguém
pode ser realmente livre da matéria morta dos bens externos sem ser
livre da ilusão do ego vivo, porque tudo o que chama “meu”
é apenas um reflexo e uma conseqüência do falso “eu”
– o ego físico -mental.
Os
demônios de que o Evangelho nos fala, eram “espíritos
impuros”, embora não estivessem sujeitos à impureza
sexual. Eram impuros por egoísmo.
A
mansidão consiste na desistência de qualquer violência,
tanto física quanto mental (astuciosa, sagaz, política, diplomática,
exploradora etc.).
A
Natureza, mesmo mineral, reage às invisíveis e variáveis
irradiações do homem. Ela assume atitude negativa ou positiva,
hostil ou amiga, em face do homem, consoante a atmosfera interna do homem...
Toda a vida de São Francisco de Assis é uma afirmação
permanente de que a Natureza não é inconsciente e que compreende
a linguagem do homem, quando esta deixa o plano teórico da análise
mental e passa para a misteriosa zona vital ou espiritual.
Misericordioso
é aquele que tem Coração para os míseros; aquele
que compreende e ama os fracos, os ignorantes, os doentes, todos os necessitados
de corpo, mente e alma, e procura aliviar os seus sofrimentos.
Os
misericordiosos aos quais Jesus proclamou bem-aventurados não são
apenas as pessoas eticamente boas e fazedoras do bem, mas, são aquelas
pessoas misticamente perfeitas, experientes de Deus, e, por isto, essencialmente
boas.
Um
pacificador é aquele que, primeiro, estabelece e estabiliza a paz
dentro de si mesmo.
A
paz nasce de uma profunda Sabedoria e do Conhecimento da Verdade sobre si-mesmo.
Quem conhece esta Verdade e tem este Conhecimento é livre de todo
ódio, de toda tristeza, de todo rancor, de todo senso de perda e
frustração.
Para
qualquer ser-aí-no-mundo, o que é decisivo é a atitude
interna.
Perguntaram
ao jovem estudante João Berchmans,9
que estava jogando bola, o que faria se soubesse que, daí a cinco
minutos, tivesse de morrer. João respondeu calmamente: — Continuaria
a jogar.
O
homem justo, nos livros sacros, é o homem santo, o homem crístico,
o homem que realizou em alto grau o seu Eu Divino pela experiência
mística manifestada na Ética.
Sabemos,
em nossos dias, que a luz cósmica, não focalizada –
o “c” da conhecida fórmula einsteiniana, E = mc2
– é a base e, por assim dizer, a matéria-prima de todas
as coisas dos mundos material e astral. Os elementos da Química,
desde o mais simples ou Hidrogênio até ao mais complexo, são
filhos da luz invisível, a qual, quando condensada em diversos graus,
produz os elementos, e destes são feitas todas as coisas do mundo.
Todas
as coisas do mundo são lucigênitas, e sua essência íntima
é luz ou lucidez. E quanto mais lúcida uma coisa é
mais incontaminável ela é.
A
tarefa da espiritualização do homem consiste em que ele faça
a sua existência humana tão pura e luminosa como a sua Essência
Divina, ou seja, que essencialize toda a sua existência.
Em
sua relação com Deus
– [seu
Deus Interior] – todo homem é profundamente só
e solitário; ninguém o poderá acompanhar a essas alturas
e profundezas, envoltas em eterno Silêncio.
O
erro gera o orgulho; o orgulho prepara a queda.
Enquanto
as impurezas nascem da ilusão, a pureza do Coração
nasce do Conhecimento da Verdade.
Ai
do homem que quiser ser solidário com os homens antes de se tornar
solidário com Deus
– [seu
Deus Interior]!
Nenhum
homem poderá ser plenamente crístico sem que seja profundamente
místico.
Só
o contato direto com o Ilimitado tornará o homem invulnerável
no meio dos ilimitados.
A
Natureza está em perfeita harmonia. Esta harmonia é automática,
instintiva, por falta de um ego consciente.
Quando
o ego consciente se opôs ao Eu Superconsciente – que é
o Deus oniconsciente no homem – a Natureza subconsciente declarou
guerra ao homem. E até hoje o homem profano está entre dois
fogos, hostilizando o Mundo Divino acima dele e o mundo natural abaixo dele.
E não fará as pazes com este enquanto não assinar o
tratado de paz com Aquele.
A
Natureza – reflexo direto do Espírito Divino
– não revela vestígio de cuidados, de afobação
e de nervosismo. Também não visa resultados, mas, procura
realizar com a máxima perfeição cada uma das suas obras,
sem se interessar pelas conseqüências e sem esperar louvores
nem recear censuras.
Ninguém
é realmente senão aquilo que é. Devemos ser, firme
e abundantemente, aquilo que queremos dar aos outros, pois, a importância
de ser é decisiva para o fazer e o dizer.
É
absolutamente impossível fazer prosperar, em caráter real
e definitivo, algum empreendimento espiritual que esteja baseado em qualquer
espécie de egoísmo ou desonestidade, mesmo que este egoísmo
navegue sob a bandeira do altruísmo. Existe uma Constituição
Cósmica [Lei da Causa
e do Efeito + Lei da Compensação ou da Retribuição]
que tudo rege e governa, quer o homem saiba quer ignore este
fato. E esta Constituição é uma força onipresente,
onipotente e onisciente; diante dela nada é secreto nem oculto. Por
mais jeitosamente que o homem oculte o seu secreto egoísmo, a sua
autocomplacência, a sua vanglória, os seus interesses e as
suas ambições — é inútil! Aos olhos da
Lei Eterna tudo é manifesto, e ela não coopera com nenhuma
espécie de egoísmo. A Sapiência Divina do Universo favorece
tudo o que sintoniza com ela, e desfavorece tudo que está em conflito
com ela.
Ser
Sal Incorrupto é o único meio para preservar a si e aos os
outros da corrupção. 'Vós sois o Sal da Terra... Mas,
se o Sal se desvirtuar...'10
Jesus,
o Divino Mestre, não esteve interessado em curar sintomas de doença,
mas, sim, a própria doença.11
Se
a Humanidade se habituasse a nunca mentir, não haveria necessidade
de jurar, porque um simples sim ou um simples não dariam e seriam
certezas absolutas. E assim, tanto mais divino é o homem quanto mais
intransigente é cultor da Verdade.
'Aceito
o Cristo e o Seu Evangelho — não aceito o vosso Catolicismo.'
(Mahatma Gandhi, apud
Huberto Rohden). Disto
se conclui que uma sociedade, sendo fundamentalmente egoísta, enquanto
for egoísta,
não poderá
ser crística, embora possa se dizer católica, isto é,
egoísta envernizada de Catolicismo.
Como
regra, a sociedade é produto da inteligência, e a inteligência
é, essencialmente, egoísta, não podendo haver uma sociedade
não-egoísta, não-violentista. Por outro lado, se o
Mahatma Gandhi conseguiu libertar a Índia com Ahimsa (não-violência),
foi unicamente porque, ao redor dele, havia numerosos indivíduos
firmemente alicerçados na mesma verdade, como concebeu o próprio
Presidente Nehru, e não porque a sociedade como tal se guiasse pelo
princípio altruísta do Ahimsa.12
Ahimsa
O
contrário do Direito é a justiça – que é,
praticamente, idêntica ao amor. A justiça, no sentido bíblico,
é invariavelmente a justeza, o perfeito ajustamento, a harmonia entre
o indivíduo e o Universal, entre o homem e Deus, entre a criatura
limitada e o Criador Ilimitado. Esta justiça, porém, é
o perfeito amor, como aparece no primeiro e maior de todos os Mandamentos
enunciado por Jesus... Portanto, quem apela para os seus direitos age em
nome do ego, que é violentista. Quem apela para a justiça
age em nome do Eu, que não é violentista. Não resistir
ao maligno é, pois, um apelo para o Divino Eu, no homem, e não
para o seu humano ego.
Eis
a matemática mais estranha: uma violência se neutralizando
pela ação de outra violência.
Ofensor
e ofendido que retalia são dois males em um.
O
valor de um homem não está naquilo que ele fez (faz) ou disse
(diz) externa e transitoriamente, mas, está naquilo que ele é
interna e permanentemente. O externo e transitório é condição
necessária, mas, não é causa suficiente do interno
e permanente.13
O
Sermão da Montanha oferece ao homem a Chave para abrir a sua velha
prisão e entrar na gloriosa liberdade dos filhos de Deus, mas, depende
do próprio livre-arbítrio homem dar meia-volta na Chave para
abrir a porta, ou para continuar preso. O Eu Crístico nada sabe de
ofensas, injúrias, desprezos, propriedade individual e direitos,
porque Ele é todo invulnerável, todo livre e todo imune. Nenhum
fator externo lhe pode fazer mal, porque não o pode fazer mau. O
Sermão da Montanha é a Chave da grande e definitiva libertação
do homem. É a última Palavra Sacra da Iniciação
Esotérica e Mística dos candidatos à Verdadeira Sabedoria
[ShOPhIa]
e à Experiência Cósmica.
Triunfo
do Eu Divino Auto-realização
Cristificação
do homem.
Quando
o homem consegue cruzar a misteriosa fronteira do pequeno ego humano para
o grande Eu Divino, então, toda a vida se transforma e se Illumina
com inefável força e claridade.
Amai
os vossos inimigos é um dos tópicos evangélicos mais
repetidos no mundo católico, mas, de todos, o menos praticado. E
a razão última e mais profunda desta falta de prática
do amor aos inimigos nasce de uma falsa compreensão das palavras
do Mestre Jesus. A imensa maioria dos católicos julga se tratar,
aqui, de um imperativo categórico do dever compulsório, quando,
de fato, se trata de um ato de querer espontâneo; não do heroísmo
de uma virtude ética, e, sim, da evidência de uma Sabedoria
Cósmica. Naturalmente, para que o dever compulsório da virtude
possa se converter no querer espontâneo da Sabedoria terá de
acontecer algo de imensamente grande entre este doloroso dever de ontem
e este glorioso querer de hoje. O que deverá acontecer entre estes
dois pólos adversos? Deverá acontecer uma grande Compreensão.
'Um
único homem que tenha chegado à plenitude do amor neutraliza
o ódio de milhões. (Mahatma
Gandhi, apud Huberto Rohden). O
fato inconteste é que, quando odeio a quem me odeia, não apenas
aumento as trevas em que o outro está, mas, também, aumento
as minhas próprias trevas, direta e indiretamente. É
de todo indiferente que a pessoa por mim odiada ‘‘mereça’’
ou ‘‘não mereça” o meu ódio; em qualquer
hipótese, ao odiá-la, eu contribuo para tornar o mundo pior,
porque me tornei pior a mim mesmo. E eu sou parte integrante deste mundo!
Precisamos
ter em mente que o mal que os outros possam eventualmente nos fazer não
nos fará mal, porque não nos tornará mau.14
O
Silêncio engrandece todos os atos; o ruído amesquinha todas
as coisas. Todas as Grandes Realidades estão envoltas em Silêncio
e em Mistério.
Ultimatum
para a consciência físico-mental e imperativo categórico
para a Consciência Espiritual: 'Não pratiqueis as vossas boas
obras para serdes vistos pelos homens.'
De
maneira geral, o homem profano depende do mundo externo. É escravizado
pelo reflexo da opinião pública. Não possui autonomia
e segurança intrínseca, e, por isto, necessita de escoras
e de muletas extrínsecas... Trabalha intensamente – preceitua
a Sabedoria Oriental – e renuncia, a cada momento, aos frutos do teu
trabalho!
É
muito difícil, mas, a mais fascinante poesia do homem plenamente
Cristificado consiste em fazer com leveza as coisas pesadas, com facilidade
as coisas difíceis, com suavidade as coisas amargas, com alegria
as coisas tristes, com sorridência as coisas dolorosas.
O
homem que se tornou plenamente Espiritual, Crístico, é poderoso,
mas, não exibe o seu poder. É puro, mas, não vocifera
contra os impuros. Reverencia as Coisas Sagradas, mas, sem fanatismo e intolerância.
É amigo de servir, mas, sem servilismo. Ama sem importunar ninguém.
Vive alegre com incondicional compostura. Sofre sem amargura. Goza sem profanidade.
Ama a solidão sem se afastar da sociedade. É disciplinado
sem fazer disto um culto. Jejua, mas, não desfigura o rosto para
mostrar a vacuidade do estômago. Pratica abstinência de muitas
coisas, mas, sem fazer disto uma lei ou um hábito extravagante. É
um herói, mas, ignora qualquer sentimento de heroísmo. É
virtuoso, mas, não é vítima da obsessão de virtuosidade.
Trabalha intensamente com alegria e entusiasmo, mas, renuncia serenamente,
em cada momento, aos frutos do seu trabalho. Assim é o Homem que
se tornou uma Luz do Mundo.
Ter
ou Ser? 'Ninguém pode servir a dois senhores.' O “ter”
é dos profanos; o “Ser” é dos Iniciados.
O
Kosmos é ordem + harmonia, regido por uma Lei que não admite
exceção. Ou, no dizer de Einstein: 'o Kosmos é a própria
Lei Universal.' No âmbito deste sistema cósmico, à toda
ação corresponde uma reação equivalente. Pode
esta reação tardar, mas, ela virá com absoluta infalibilidade.
Objetivamente, ninguém pode perturbar o equilíbrio do Kosmos,15
embora, subjetivamente, os seres conscientes e livres possam provocar perturbações.
A ação do perturbador provoca infalivelmente a reação
do perturbado, e estes dois fatores – ação e reação
– atuando como causa e efeito, mantêm o equilíbrio do
Todo.
Nenhum
fato material ou mental pode causar um efeito espiritual, porque, em hipótese
alguma, o efeito pode ser maior do que a causa.16
O
ser-aí-no-mundo que se considera causa de um efeito espiritual, que
julga poder merecer um dom divino, dá prova de profunda ignorância
aliada a uma detestável arrogância. É a satanidade do
ego que se arroga semelhante grandeza e poder.
O
orgulho é sempre filho do erro; a humildade é sempre filha
da Verdade.
Todos
os totalitarismos radicam na idéia e na vontade de querer dominar.
Quando,
finalmente, o homem convalesce da sua longa doença de querer ser
servido, para a vigorosa saúde de querer Servir, então, pela
primeira vez, ele se sente plenamente adulto e maduro para o seu grande
destino, aqui no mundo e em todos os mundos. Um espontâneo e jubiloso
querer servir é sinônimo de imortalidade. 'Quem, dentre vós,
quiser ser grande seja o servidor de todos.'
O
pecado não está, propriamente, no ato externo, físico,
mas, sim, na atitude interna, moral.
Os
zeros não têm valor algum, mas, quando unidos ao 1, são
valorizados pelo valor positivo do 1, porque suas vacuidades passam a ser
participantes da plenitude do valor intrínseco do 1.
Não
basta que pratiquemos externamente atos bons;é necessário
que sejamos internamente bons.
É
difícil e doloroso abrir mão das nossas posses materiais,
dos nossos prazeres sensuais, dos elogios e da estima de nossos semelhantes,
porque estas coisas se referem, não ao nosso Eu Espiritual —
que é, para a maior parte dos homens, uma grande incógnita,
talvez, um objeto de crença, mas, para pouquíssimos experiência
própria e efetiva — mas, ao pequeno ego.
É
necessário crer; mas, é insuficiente crer. Crer é algo
penúltimo; Saber é último.17
A
escolha é livre, mas, as conseqüências da escolha obedecem
a uma Lei Cósmica inexorável. A alternativa suprema e última
é esta: Vida ou morte.
Enquanto
Não Houver...
Como
o ser-aí
poderá pacificar,
se ele-mesmo
só sabe hostilizar?
Como
o ser-aí
poderá ser propício,
se ele-mesmo
venera o malefício?
Como
o ser-aí
poderá afrouxar,
se ele-mesmo
gosta de arrochar?
Como
o ser-aí
poderá manumitir,
se ele-mesmo
não sabe onde ir?
Não
se pode obter mel de areia
nem concerto
de cabra-de-peia.
Não
se pode vivenciar a Beleza
enquanto
triunfar a pequeneza.
Não
se alcançará a liberdade
não
havendo compreensibilidade.
Não
se ouvirá a Voz-do-Coração