Hélio de Moraes e Marques
(Pensamentos Rosacruzes)

 

 

 

Hélio de Moraes e Marques

Hélio de Moraes e Marques

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

 

 

A Ordem Rosacruz – AMORC é uma organização internacional de caráter místico-filosófico que tem por missão despertar o potencial interior do ser humano, auxiliando-o em seu desenvolvimento, em espírito de fraternidade, respeitando a liberdade individual, dentro da Tradição e da Cultura Rosacruz.

 

 

 

 

 

Objetivo do Texto

 

 

 

Este despretensioso texto apresenta alguns pensamentos e algumas reflexões de Hélio de Moraes e Marques, atual Grande Mestre da Grande Loja da Jurisdição de Língua Portuguesa da Antiga e Mística Ordem Rosæ Crucis.

 

Advirto que precisei fazer algumas pequenas edições nos fragmentos coligidos. Já tive ocasião de explicar, em estudos anteriores semelhantes a este, que, algumas vezes, este procedimento se faz necessário para poder acomodar o pensamento do autor a este tipo de divulgação. Obviamente, devo repetir, estas edições não alteram em absolutamente nada a reflexão original do pensador.

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Hélio de Moraes e Marques é formado em Administração de Empresas e em Filosofia, com especialização em Filosofia Antiga e mestrado em Educação. É empresário do setor da Construção Civil e professor universitário nas áreas de Filosofia, Sociologia e Antropologia Cultural. Ele ingressou na Ordem Rosacruz - AMORC em 1973, com 15 anos de idade, e vem servindo como oficial desde 1979, tendo assumido, em 2008, a função de Grande Mestre da Grande Loja da Jurisdição de Língua Portuguesa.

 


 

Pensamentos

 

 

 

O esoterismo é o conhecimento dado do Mestre para o discípulo, quase sempre oral, isto é: da boca para o ouvido, àquele que tenha sido iniciado. Algo como um círculo interno. Normalmente preserva e respeita a tradição daquele conhecimento e seu conteúdo não está em livros, mas, ao invés de sabedoria livresca, é o resultado de profunda reflexão e experiência, testado pelo Mestre que o confia ao neófito ou ao Adepto adiantado na Senda.

 

Uma das experiências do místico é viver em união com a Realidade Cósmica, em harmonia com o Absoluto e com toda a Humanidade.

 

Não és filho da sorte
Nascido por acaso,
Perdido neste Universo imenso.
És filho das estrelas,
Livre como o vento.
Caído nesta Terra,
És um deus vivo.
Se teu Coração está sofrendo,
Não acuses a fatalidade;
Contempla tua alma serena.
Ela vive no mundo da Unidade!
(Symmysta, de Xavier Cuvelie-Roy, apud Hélio de Moraes e Marques).

 

Quem ainda não foi seduzido pelas informações obtidas dos inúmeros sites da Internet? Quem não ficou entretido em conversas nas salas de bate-papo. Observa-se um crescente número de pessoas que não vivem sem Orkut, Facebook, Twitter... Estes meios, como oportunidade de conhecer pessoas, procurar conhecidos que não se vê há tempos, ou como network e com os devidos cuidados, são aceitáveis, desde que não haja dependência... A rede tem coisas boas, mas tem muita opinião. Cuidado!

 

O que é inadmissível é pautar decisões importantes na vida com informações oriundas de certas conversas em chats com pessoas que não se conhece, sem um “filtro” bem afinado. Há uma regra na lógica aristotélica que diz que se as premissas forem falsas, a conclusão será falsa. Portanto, decisões certas se obtêm com informações certas, corretas e com valor de verdade.

 

A Natureza é cíclica. Os ritmos se impõem e, muitas vezes, sem perceber, participamos de ciclos – alguns porque nos envolvemos com eles, outros porque os criamos pelo repetir constante de certos pensamentos, palavras e ações. Como tudo o que está em cima é igual ao que está embaixo e em nossa condição de miniaturas do Grande Universo, devemos ter consciência que a harmonia é a tônica da Natureza. Não se pode ser feliz em desarmonia com o Cósmico. O Domínio da Vida é o resultado de uma plena harmonia interna que se reflete em nossa vida e ao nosso redor.

 

 

 

 

As [informações] antecedentes devem sustentar o valor de verdade das conseqüentes.

 

O uso de nosso poder interior e de nossa razão equilibradamente é um direito que o Criador nos deu como ferramenta para a realização dos nossos objetivos.

 

A Hipótese Gaia, atribuída ao cientista britânico James Lovelock, vê a Terra como um ser vivo. O ponto que mais chama a atenção é o da interação de todos os ecossistemas entre si e o mundo mineral. Todas as coisas são interdependentes e funcionam com auto-regulação, buscando sempre aquilo que nós, estudantes rosacruzes, costumamos chamar de “a nota tônica da Natureza”: a harmonia. Assim, a Natureza procura o equilíbrio harmonizando seus componentes. De tempos em tempos, o equilíbrio se rompe e a Natureza procura uma compensação para reorganizar as coisas. O que nos deixa estarrecidos é quando percebemos os resultados do chamado “efeito estufa” se manifestando bem ali, na nossa frente. Na hora, pasmamos com os aflitos, com as perdas de vidas e de bens. e humanamente questionamos: por quê? Com respostas certas ou não, devemos, como místicos, prestar o nosso apoio e auxílio aos nossos irmãos alcançados por catástrofes de qualquer natureza; neste momento, aos atingidos pelas tempestades na Região Sul. E como? A fraternidade que se expressa por vezes em benevolência, caridade e amor deve cristalizar aquilo que a nossa Tradição sempre defendeu. Recebi um e-mail da Sóror Liana Justen, Mestre do Pronaos Rosacruz Curitiba Centro e endosso suas palavras para concluir nossa comunicação da semana: 'Podemos ajudar de muitas formas, na presente situação: 1.Incluindo estes nossos irmãos e irmãs em nossas meditações e orações; 2. Visualizando a região litorânea do norte de Santa Catarina e do Vale do Itajaí e sua população, emitindo vibrações de fortaleza, paciência, coragem, esperança, fé e disposição construtiva para enfrentar a calamidade que as atinge; 3. Ajudando com bens materiais a quem está sofrendo as carências mais elementares, encaminhando-os via postos de atendimento mais próximos.'

 

Tem a coragem de te servires de teu próprio entendimento. Eis a divisa das Luzes. (Immanuel Kant, apud Hélio de Moraes e Marques).

 

A missão dos Rosacruzes é passar essa energia – a Grande Obra e perpetuar uma tradição que se preocupa com o ser humano e com a Humanidade.

 

Um dos mais belos discursos sobre a liberdade e a fraternidade, proferido pelo líder negro Martin Luther King em 28 de agosto de 1963, ecoou nos últimos meses como música de fundo das notícias que culminaram com a eleição de Barack Obama para presidente do Estados Unidos. No primeiro discurso depois de eleito, Obama afirmou que os Estados Unidos são um país composto de brancos, negros, asiáticos, latinos, índios e muitas outras raças, e que vai ser o presidente de todos. O fato de um representante da raça negra ocupar o mais importante cargo do mundo globalizado derruba muitos dos preconceitos estabelecidos e vigentes por séculos, trazendo a esperança de uma visão mais generosa da fraternidade humana. Independente de como será sua gestão, o fato de ter sido eleito já estabelece uma elevação imensurável na auto-estima de todos os que de alguma forma se sentem excluídos. “Nós podemos”... foi o grito mais emblemático da sua eleição. Estamos mais perto, talvez, do sonho de Martin Luther King, que termina seu discurso assim: “... quando nós permitirmos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e em todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir as mãos e cantar nas palavras do velho hino negro: Livre afinal, livre afinal”. No momento em que isto acontecer, não precisaremos mais de políticas de inclusão social, pois não há excluídos quando não tentamos homogeneizar os homens, mas respeitamos todas as raças e crenças, vendo a diversidade como uma grande oportunidade de crescimento humano. Provavelmente estamos tão próximos da realização da Utopia Rosacruz como estava Martin Luther King do seu sonho, em 1963. Voltemos à nossa espiral cíclica da evolução no ponto crucial deste momento histórico. Pusemos o pé na Nova Era. Não estamos mais no limiar. Estamos dentro do turbilhão transformador que vai sacudir todos os alicerces. Inegavelmente, o papel do indivíduo se amplia nesta nova sociedade e as exigências são maiores. Não pode mais haver atitude escapista. Ou assumimos nossa responsabilidade na construção da Humanidade mais consciente e fraterna ou sucumbiremos todos.

 

Para ingressar na Ordem Rosacruz – AMORC, basicamente, basta respeitar as leis do país, ter bons propósitos e não estar recluso. Nós não temos barreiras quanto a qualquer tipo de idéia. Pelo contrário, nós acolhemos a todos, sem distinção de raça, credo, cor e religião.

 

A História tem nos mostrado que não podemos desprezar ou condenar aquilo que não compreendemos ou que não podemos comprovar no momento.

 

A 'verdade' é o fruto da Árvore do Conhecimento e não a própria Árvore. Isto equivale a dizer que colhemos os frutos do saber, ditos 'verdades' através da reflexão.

 

A leitura atenta ou crítica, acompanhada da reflexão, dá frutos: a consistência do saber que vem de dentro, do interior, de reflexão.

 

No tocante à Economia, consideramos que ela está completamente à deriva. Todo mundo pode constatar que ela condiciona cada vez mais a atividade humana e é cada vez mais normativa. Hoje em dia, ela assume a forma de redes estruturadas muito influentes e, portanto, dirigistas, quaisquer que sejam suas aparências. Por outro lado, mais do que nunca, ela funciona a partir de valores determinados que se pretende quantificáveis: custo de produção, limiar de rentabilidade, avaliação do lucro, duração do trabalho etc. Estes valores são consubstanciais com o sistema econômico atual e lhe fornecem os meios de alcançar os fins que persegue. Infelizmente, estes fins são fundamentalmente materialistas, porque são baseados no lucro e no enriquecimento excessivo. Assim é que se chegou a colocar o Ser Humano a serviço da Economia, quando essa Economia é que deveria ser colocada a serviço do Ser Humano. Em nossos dias, todas as nações são tributárias de uma Economia mundial que se pode qualificar como totalitária. Este totalitarismo econômico não corresponde às mais elementares necessidades de centenas de milhões de pessoas, ao passo que as massas monetárias nunca foram tão colossais no plano mundial. Isto significa que as riquezas produzidas pelos homens só beneficiam uma minoria deles, o que deploramos. De fato, constatamos que a defasagem não cessa de se ampliar entre os países mais ricos e os países mais pobres. Pode-se observar o mesmo fenômeno em cada país, entre os mais desprovidos e os mais favorecidos. Consideramos que assim é porque a Economia se tornou especulativa demais e porque ela alimenta mercados e interesses que são mais virtuais do que reais. (Positio Fraternitatis Rosæ Crucis, apud Hélio de Moraes e Marques).

 

O peregrino é aquele que percorre um caminho. Assim, conscientes ou não, somos todos caminhantes, semelhantes a romeiros que percorrem uma via santa. Nós caminhamos na senda mística, buscamos a Luz que irá coroar de êxito nossa missão. Somos peregrinos porque saímos de um ponto quando nascemos e o processo natural de viver nos conduz a outro ponto. Dito de outro modo: vivendo, nos tornamos peregrinos da Vida.

 

Um breve experimento: Primeiro, pegue uma folha de papel em branco; segundo, escreva cinco coisas que você gostaria que acontecesse (arrumar um emprego ou um novo emprego; ver aquele amigo com a saúde recuperada; o êxito de um filho(a) em determinada área; resolver um problema de ordem pessoal ou profissional; casar; mesmo o acalentado desejo de muitos de ganhar na mega sena sozinho etc.); terceiro, projete sua visualização no futuro como se os seus desejos, todos ou alguns, se concretizassem; quarto, bem, você "conseguiu" o que queria. Pare, pense e sinta o que você conseguiu. Algo que lhe deixou feliz. Moral da história: a única coisa que não podemos desejar que não seja para um fim ulterior é a felicidade. No fundo, conscientes ou não, queremos ser felizes. Aliás, Aristóteles, em sua Ética a Nicômaco, já nos avisava que a felicidade é a 'areté' do homem, isto é, a razão final de nossa existência. Afirma ainda no Livro I que 'viver bem e ir bem equivale a ser feliz; quanto ao que é realmente a felicidade, há divergências, e a maioria das pessoas não sustenta opinião idêntica a dos sábios'.

 

Embora a morte seja apenas uma transição de um plano de existência para outro, sob a perspectiva humana, saímos de um ponto e estamos “caminhando” em direção a outro.1

 

Caminhar é fazer caminhos e o como fazemos é tão ou mais importante do que chegar. Significa que o mérito está em como caminhamos, com que grau de realizações vivenciamos o meio da jornada. Em outras palavras, com que nível de consciência percebemos a gratuidade da vida.

 

Somos inteiramente responsáveis por nossas vidas. Tudo que nos acontece é porque de alguma forma merecemos, pois não há acaso. Nossos sofrimentos são causados pela inobservância das Leis e dos Princípios Cósmicos, sendo as conquistas e alegrias verdadeiras o resultado de caminharmos em harmonia com estes mesmos Princípios e Leis.

 

Ser companheiro de jornada2 é saber que não nos dirigimos para o “fim”, mas para um constante reinício, porque a morte não existe. A vida é eterna. Comungar da idéia de que o caminhar é essencial é valorizar o dom da vida como princípio da oferta do Amor Divino por nós. Quando lhe questionarem por quem os sinos dobram, lembre-se do poeta3: 'eles dobram por ti...'

 

Nós amamos as pessoas como elas são desde que elas sejam como gostaríamos que elas fossem. Complicado? Na realidade, há de nossa parte uma projeção daquilo que gostamos e admiramos no outro quando o outro se encaixa no nosso “modelito”. Consciente ou inconscientemente, pensamos – “esse é dos meus” ou “faz parte da minha turma”. Por que será que capturamos o mundo sempre enquadrado nos nossos modelos, nos nossos paradigmas e só conseguimos ver e ler o mundo e o outro sob certo prisma? Onde ficam os conceitos de liberdade, equidade, alteridade e valores? Quando o existencialista Jean Paul Sartre afirma "o importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós” e “não há necessidade de grelhas, o inferno são os outros” nos remete a um universo de possibilidades comportamentais onde a necessidade de nos colocarmos no lugar do outro e procurar entender suas motivações e formas de ver o mundo torna-se uma necessidade para que possamos conviver harmoniosamente e sem preconceitos em todos os ambientes. Em última instância, isto exige um exercício permanente de auto-observação para descobrirmos e reconhecermos os preconceitos e as dificuldades que temos na aceitação dos nossos semelhantes, que, na realidade, normalmente, são muito diferentes de nós. O Véu de Maia a tudo oculta!

 

 


Fonte: A Tarde – Salvador (9/02/2009)

 

Jesus chorou muito mais do que riu, e os maiores mestres terrenos que o precederam – ou que tentaram seguir suas pegadas – aprenderam que rir com as alegrias da vida humana e chorar com seus sofrimentos tornam a vida extremamente significativa. Enquanto não sentirmos o doer do coração dos milhões que constituem nossa família divina na Terra, e enquanto não conseguirmos partilhar, do fundo do coração, de suas alegrias e sofrimentos, não vamos conseguir ser unos com eles; e enquanto não formos unos com toda a consciência da Terra, não conseguiremos ser unos com o Absoluto e com o Divino. Esta é a verdadeira lei e o verdadeiro princípio da harmonia e da concórdia, que, aliás, quer dizer ‘ver com o Coração’. (Harvey Spencer Lewis, apud Hélio de Moraes e Marques).

 

Somos divinos em essência e é o divino em nós que ama, partilha e é solidário.

 

Simplesmente descobrimos que existimos e temos então de decidir o que fazer de nós mesmos. (Jean-Paul Sartre, apud Hélio de Moraes e Marques).

 

Só poderemos saber quem somos quando olharmos para dentro, para as nossas motivações mais íntimas e, mais do que isto, quando aquietarmos nossos pensamentos e ouvirmos Deus em nós.

 

Afinal, não somos corpos; almas viventes é o que somos...

 

 

 

Se somos almas viventes, o que nos cabe fazer é isto.

 

 

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Notas:

1. De tudo, ficam três coisas: A certeza de que viemos de algum lugar... A certeza de que estamos aqui... A [in]certeza de que iremos para algum lugar... Agora, esta [in]certeza é mística, ou seja: para um Místico, não existem favas contadas, pois, se as favas estivessem já contadas, por que buscar, orar e trabalhar?

2. O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder entusiasmo. (Winston Churchill). Para conhecermos os amigos, é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade; na desgraça, a qualidade. (Confúcio).

3. Ernest Miller Hemingway (Oak Park, 21 de julho 1899 – Ketchum, 2 de julho 1961).

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.amorc.org.br/#

http://www.amorc.org.br/
msg_semanais/msg_ngm11.html

http://www.amorc.org.br/
msg_semanais/msg_ngm10.html

http://www.amorc.org.br/
msg_semanais/msg_ngm6.html

http://www.amorc.org.br/
msg_semanais/msg_ngm4.html

http://www.amorc.org.br/
msg_semanais/msg_ngm1.html

http://lojasaocarlos.amorc.org.br/
boletim_eletronico_04_agosto.ppt#4

http://luqueen.blogspot.com/

http://igualdadeacreana.net/

http://www.slideshare.net/delamaria/
mystic-byte-jul-ago-2009

http://www.giovanicherini.com/
noticias/2009/agosto/05.html

http://video.filestube.com/video,827
d667a29043d9403ea.html

http://www.amorc.org.br/msg_ngm.html

http://lastregga.blogspot.com/
2009/02/mensagem-rc.html

 

Fundo musical:

Eternal Flame

Fonte:

http://www.eedata.com/html/Music/midis/Index.htm