Nenhum
dos antigos pensadores jamais julgou apropriado cobrar dinheiro como pagamento
por sua sabedoria ou realizar indiscriminadamente exibições
de sua sabedoria.1
O
sábio deve ser sábio especialmente em seu próprio interesse.
Em
Estados regidos por boas leis a virtude é objeto da mais excelsa
estima.
Geralmente,
a pessoa que é capaz de transmitir as doutrinas sumamente valiosas
para a aquisição da virtude é merecedora de elevadíssima
estima.
A
lei é feita para ser benéfica ao Estado, mas, às vezes,
se for mal feita, é danosa.
Os
legisladores devem fazer as leis como sendo o maior dos bens a serviço
do Estado, sem o qual é impossível haver um Estado com boas
leis respeitadas e bem governado. Quando os legisladores não conseguem
criar boas leis falham no legal e na lei.
É
pela justiça que os justos são justos.
É
pela Sabedoria que os sábios são sábios e pelo bem
que todas as coisas são boas.
Todas
as coisas belas são belas pelo Belo. Portanto, o que é belo,
é uma coisa; mas o que é o Belo, outra bem diferente.
Como
poderíamos nos atrever a negar que uma coisa bela é bela?
Como poderíamos dizer que algo sendo belo não é belo?
'O mais belo dos macacos é
feio se comparado à raça humana'. (Heráclito
de Éfeso – chamado O Obscuro, foi um filósofo
pré-socrático que floresceu em torno de 500 a.C. –
apud Sócrates).
O
mais sábio dos seres humanos, se comparado com um deus, parecerá
um macaco, quer em Sabedoria, quer em Beleza, quer em tudo o mais.
O
ouro e o marfim, quando são apropriados, tornam as coisas belas;
já, quando não são apropriados, tornam as coisas feias.
Enfim, tudo aquilo que é apropriado a qualquer coisa particular a
torna bela.
O belo é algo de tal tipo
que jamais parecerá feio em parte alguma a pessoa alguma.2
Aquele
que se limita ao riso estará rindo de si mesmo, e fará de
si alvo do riso dos presentes.
Pelo
Belo-ele-mesmo, tudo aquilo a que é agregado passa a ter a propriedade
de ser belo, tanto uma pedra quanto um bastão, o homem, o deus, todo
ato e toda aquisição de conhecimento.
O
Belo é sempre belo.
O
apropriado3
é aquilo cuja adição faz cada uma das coisas em que
é adicionado parecer bela ou ser bela.
Se
o apropriado faz algo parecer mais belo do que é, neste caso, o apropriado
é uma espécie de engodo relativamente ao belo. Mas, se o apropriado
for realmente belo, fará não só as coisas ser belas,
como também parecer belas.
Se o apropriado é aquilo que
faz as coisas apenas parecer belas, não é o belo que estamos
buscando, porque isto faz as coisas apenas parecer belas, porque o mesmo
elemento não pode fazer as coisas tanto parecer quanto ser belas,
como tampouco pode fazê-las tanto parecer quanto ser qualquer outra
coisa mais. Logo, o apropriado não é algo distinto do Belo.
É
pela extensão que todas as coisas grandes são grandes, visto
que, mesmo que não pareçam grandes, tendo extensão
são necessariamente grandes. Assim, analogamente, dizemos que o belo
é aquilo pelo que todas as coisas são belas, não importa
se parecem ou não belas.
As
Sete Maravilhas do Mundo Antigo
Todas
as coisas que são realmente belas – tanto costumes quanto atividades
– são consideradas sempre belas por todos, e, assim, parecem
a todos? Ou, pelo contrário, quando as pessoas as ignoram, há
mais conflito e polêmica a respeito delas do que a respeito de qualquer
outra coisa, tanto privadamente entre indivíduos quanto publicamente
entre os Estados?
Tudo aquilo que é útil
é belo. A razão que tenho em meu espírito ao afirmar
isto é esta: dizemos que os olhos são belos não quando
julgamos que se acham em um estado em que se mostram incapazes de ver, mas,
sim, quando são capazes e são úteis à visão.
O útil, de preferência
a tudo o mais, é belo.4
Aquilo
que é capaz de executar qualquer coisa é útil para
aquilo para o qual é capaz, ao passo que aquilo que não é
capaz é inútil. Assim, a capacidade, portanto, é bela
(excelente, admirável), enquanto a incapacidade é feia (ruim,
deplorável).
A Sabedoria [ShOPhIa]
é a mais bela (admirável) de todas as coisas, enquanto a ignorância
é a mais feia (deplorável) de todas.
É
pelo poder que os poderosos são poderosos, já que, certamente,
não é pela falta de poder que são poderosos.
A
partir da infância, as pessoas fazem muito mais coisas más
do que boas, e cometem erros involuntariamente.
O
útil e o poderoso, quando voltados para a realização
de algo bom, são realmente um exemplo do que é belo.
A
causa e aquilo de que a causa é a causa são diferentes, uma
vez que não é possível que a causa seja causa da causa.
O
Belo é a causa do Bom.
O que é criado por aquilo
que cria é a coisa que vem-a-ser, não aquilo que cria. A causa,
portanto, não é a causa da causa, mas daquilo que vem-a-ser
através dela. Logo, a causa não é nem aquilo que vem-a-ser,
nem aquilo que vem-a-ser é a causa.
As relações sexuais
são sumamente prazerosas, mas aquele que as pratica, se as praticar,
deverá fazê-lo onde ninguém possa vê-lo, porque
é a coisa mais repulsiva de ser vista.
Aquilo
que é prazeroso através dos sentidos da visão e da
audição não será, de modo algum, prazeroso através
de ambos.
Os
assuntos humanos não são conforme os desejos de um ser humano,
mas conforme sua capacidade.5
O
que é belo é necessariamente belo pela Essência que
pertence a ele e está nele, mas não pelo que nele está
ausente.
É
uma irracionalidade admitirmos que duas coisas sejam conjuntamente belas,
mas cada uma de per si não o ser; ou, por outro lado, cada uma ser
bela, mas ambas não serem belas.
O
belo é o prazer benéfico. Mas, o benéfico é
aquilo que cria o bom; entretanto, aquilo que cria e aquilo que é
criado são diferentes. E assim, não é possível
o bom ser belo nem o belo ser bom, se cada um diferir do outro.
Todo
indivíduo deveria renunciar às conversações
tacanhas para não ser considerado um completo tolo por se devotar
a uma mera tagarelice insensata.
O
belo é difícil.