Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

Se alguém estiver em dúvida se algo é ou não é ético

não precisará ficar em dúvida: é espontaneamente antiético.

Quando alguém estiver receoso se algo contraria a Moral

não deverá ser autocomplacente: é naturalmente imoral.

 

Quando alguém estiver indeciso se um ato é ou não é justo

não precisará ficar hesitante: simplesmente é injusto.

Se houver indecisão entre se se deve ou se não se deve fazer

não deverá haver qualquer titubeação: a regra de ouro é não fazer.

 

Arranjar uma explicação ou uma esfarrapada desculpa

para se sentir seguro, confortável e sem culpa

é, mutatis mutandis, funcionar como um hímen complacente.1

 

O pênis passa lampeiro e não há rompimento.

A sacanice é feita e não há qualquer sofrimento.

O cara-de-pau não se arrepende, se compraz e nem sente.2

 

 

 

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Nota

1. Há, contudo, os que nem sequer necessitam arrumar uma explicação ou uma desculpa para se sentirem seguros, confortáveis e sem culpa para praticar uma velhacaria. Geralmente são psicopatas, ou seja, são portadores de transtorno de personalidade anti-social (TPA).

2. A psicopatia é o distúrbio mental em que o enfermo apresenta comportamentos anti-sociais e amorais sem demonstração de arrependimento ou remorso. Há incapacidade para amar e se relacionar com outras pessoas com laços afetivos profundos, e um extremo egocentrismo e inaptdão para aprender com a experiência. Conforme explica o Dr. Osvaldo Lopes do Amaral, é muito importante delimitar o conceito de psicopatia para que não se torne um rótulo aplicado indiscriminadamente. Continua Amaral: Nos estudos médicos sobre este transtorno são usados como sinônimo de psicopatia as denominações de sociopatia e de transtorno de personalidade anti-social (TPA). Esta última denominação é a mais usada nos textos científicos. O conceito atual de psicopatia refere-se a um transtorno caracterizado por atos anti-sociais contínuos (sem ser sinônimo de criminalidade), e principalmente por uma inabilidade de seguir normas sociais em muitos aspectos do desenvolvimento da adolescência e da vida adulta. Os portadores deste transtorno não apresentam quaisquer sinais de anormalidade mental (alucinações, delírios, ansiedade excessiva etc.) o que torna o reconhecimento desta condição muito difícil. Critérios diagnósticos para o transtorno de personalidade anti-social: A - Existe um padrão de desrespeito e violação dos direitos dos outros, ocorrendo desde a idade de 15 anos, como indicado por três (ou mais) dos seguintes: 1) falhas em adaptar-se às normas sociais que regem os comportamentos legais indicadas pela repetição de atos que são motivos para prisão; 2) propensão para enganar indicada por mentiras repetitivas, uso de codinomes e manipulação dos outros para benefício ou prazer pessoal; 3) impulsividade ou falha em planejar o futuro; 4) irritabilidade e agressividade indicadas por brigas e agressões repetitivas; 5) desrespeito negligente pela própria segurança ou dos outros; 6) irresponsabilidade indicada por falhas repetitivas em sustentar um trabalho consistente ou honrar obrigações (financeiras ou morais); e 7) falta de remorso indicado pela indiferença ou racionalização ao ter maltratado alguém ou roubado alguma coisa. B - O indivíduo tem pelo menos 18 anos de idade. C - Há evidências de transtornos de conduta com início antes dos 15 anos de idade. D - A ocorrência do comportamento anti-social não é exclusiva do curso da esquizofrenia ou de um episódio maníaco. Resumindo, conclui o Dr. Amaral: Os aspectos essenciais do estudo do TPA (psicopatia ou sociopatia) são: um transtorno de natureza crônica que se inicia como transtorno de conduta em torno de 15 anos e consolida-se como TPA aos 18 anos. Atinge mais homens do que mulheres, tem componentes genéticos, familiares, neurológicos e sociais. O número de seus portadores tem aumentado muito na sociedade atual. Os portadores de TPA têm uma inteligência média e alguns são muito inteligentes. Usam muito os recursos verbais e são muito convincentes nas suas argumentações. Têm alterações no lobo frontal (a parte do cérebro que controla o relacionamento com as pessoas) e nos circuitos que controlam as emoções. Estas alterações fazem com que sejam agressivos, irritadiços e estabeleçam relações muito perturbadas. Muitos cometem crimes violentos (a maioria não) e são conhecidos os casos de matadores em série, terroristas e líderes do crime organizado. Uma parte dedica-se a atividades predatórias do ser humano, tendo a enganação como elemento essencial. As possibilidades de tratamento são limitadas pois os portadores de TPA não estabelecem vínculos firmes e duradouros e não aprendem com a experiência. Quando punidos não aprendem com a experiência, voltando a cometer crimes e a violar os direitos dos outros. Não sentem culpa com os atos anti-sociais que cometem e sempre têm explicações e racionalizações. Às vezes chegam a dizer que "matei por amor". São pessoas extremamente frias e calculistas. Colocam nos outros (projetam) aspectos detestáveis da sua mente e sentem uma espécie de triunfo e grandiosidade quando enganam ou agridem alguém. As medidas de prevenção não são muitas e consistem em ajudar aos portadores a não se reproduzirem com o excesso que lhes é peculiar, com medidas de apoio. No nível individual a proteção é o conhecimento e boa observação das pessoas com os quais convivemos e com quem fazemos transações comerciais. A sociedade, como conjunto, pode escolher melhor os políticos que vão representá-la eliminando os predadores velhacos. Qualquer que seja o caso, nós místicos temos de estar sempre muito atentos para não ficar classificando o que misticamente não pode e nem deve ser classificado. Para concluir estas reflexões, cito: en médecine comme en amour, ni jamais, ni toujours...

 

 

 

 

Fundo musical:

The Impossible Dream (Mitch Leigh & Joe Darion)

Fonte:

http://www.geocities.com/~goldenoldies/jukeboxclassics.htm

Websites consultados:

http://www.psicosite.com.br/tra/out/personalidade.htm

http://www.inef.com.br/psicopatia.htm

http://personales.ya.com/laemental/psicopatia.htm

http://www.acosomoral.org/29.htm

http://www.archivosdemedicina.com/files/1/webpgs/psicopatia.html

http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=30&sec=91

http://www2.uol.com.br/setonline/
reportagens/217_psicopata_americano.shtml

 

 

 

Quosque tandem ?