A
Deidade não tem morada melhor na Terra do que em uma alma
pura. O Oráculo de Delfos disse: "Eu resido com menos
prazer nos céus resplendentes do que nas almas dos homens
piedosos".
Voto
de Mistério
Observância da Lei Divina
Compromisso com a Eternidade.
Se
adquirires o hábito do auto-respeito, sempre terás
à mão um guardião fiel a quem respeitarás
e que jamais te abandonará, mas, ficará sempre à
vista... Não temos nossas almas, isto é, nós
mesmos, como testemunhas? Aquele que admite que as más ações
são indignas de si insensível e inconscientemente
se familiariza com a virtude.
As
virtudes, originariamente, se irradiam do Espírito Divino
e se difundem na Alma Racional. Elas constituem sua forma, sua perfeição
e toda a sua felicidade. Da alma, estas virtudes brilham com um
raio refletido para dentro deste ser insensível – quero
dizer, o corpo mortal – por uma comunicação
secreta e oculta, com o intuito de que tudo o que for acrescentado
à essência racional possa ser cheio de beleza, decência
e ordem.
Conhece
a ti mesmo Respeita
a ti mesmo.
A
observância de nossos deveres é somente
a exata e inviolável observância da justiça.
Se
não houvesse Providência, não poderia haver
ordem no mundo; esta ordem pode ser chamada de destino.2
A
injustiça e a falta de proporção e de equilíbrio
aparecem no mundo por causa das vontades dos seres.3
A
injustiça visível que aparece no mundo é exatamente
proporcional ao mérito variável de cada criatura.
O
raciocínio de uma alma virtuosa, que recuperou todo o seu
fulgor e lustro, confere Conhecimento.
Não
é só das virtudes morais que o Homem de Conhecimento
retirará sua tranqüilidade e sua constância, mas,
da confiança que ele tem em sua própria força
para este tipo de combate... O corpo é seu; e todas as coisas
externas não são nem você nem suas, mas, pertencem
a algo que é seu – o seu corpo.
Não é necessário
uma fé cega nos mandamentos inexplicáveis provindos
de alguma fonte divina, pois, obedecer à boa razão
e obedecer a Deus são a mesma coisa.
Com
este método (revisar as ações do dia antes
de dormir para descobrir o que foi feito, o que foi omitido e o
que foi mal feito) todo o rumo de nossa vida será ordenado
de acordo com os preceitos que foram estabelecidos para nós.4
O
auto-estudo torna o homem bom, mas, a meditação vai
além da razão; vai até o cerne espiritual do
ser, e tende a fazer o homem se tornar um Deus.
Sagrada
'Tetraktys' Fonte da
Natureza Fonte da Ordem
Eterna. O poder do dez é quatro, pois, antes que cheguemos
a uma década completa e perfeita, descobrimos todas as virtudes
e toda a perfeição do dez no quatro. Somando
todos os números de um a quatro, o todo perfaz dez [1
+ 2 + 3 + 4 = 10]. Quatro é uma média aritmética
entre um e sete [1
+ 7 = 8; 8 ÷ 2 = 4]. A 'Tetraktys' contém
e liga juntos todos os inícios, todos os elementos, todos
os números, todas as estações, todas as eras,
todas as sociedades e todas as comunidades. A Divina 'Tetraktys'
representa integralmente os limites prescritos para serem respeitados.
A meditação sobre a 'Tetraktys' dá percepção
interior sobre a estrutura arquetípica da ordem cósmica
e indica sua aplicação na psicologia noética.
Divina
'Tetraktys'
Os
poderes e as propriedades da Unidade e do Setenário são
muito grandes e excelentes, pois, a unidade – como princípio
de todos os números – contém em si os poderes
de todos. O sete, sendo virgem e não possuindo mãe,
ostenta, em segundo lugar, a virtude e a perfeição
da unidade, porque não é engendrado por nenhum número
dentro do intervalo de dez nem produz nenhum número dentro
daquele intervalo. Além disso, há quatro faculdades
que julgam as coisas: o entendimento, o conhecimento, a opinião
e o bom senso.
O
objetivo da Filosofia Pitagórica é que possamos ganhar
asas para voar alto até o Bem Divino, até que no fim,
na hora da morte, deixando na Terra este corpo mortal e nos liberando
desta natureza corruptível, possamos ser preparados para
a viagem celestial, como campeões nos sagrados combates da
filosofia, pois, então, retornaremos para nossa antiga Terra
Natal, e seremos deificados até onde for possível
para homens se tornarem Deuses. Todavia, não será
permitido para ninguém ser adotado na classe dos Deuses,
salvo aquele que adquiriu para sua alma a virtude e a verdade, e
a pureza para a sua carruagem espiritual.
A
felicidade é o nosso único fim.
Não
é permitido ao que é impuro tanger o que é
puro.
É
mister, primeiramente, ser homem; depois, ser Deus.
Ao
dissipar a ambigüidade e a incerteza dos propósitos
dos homens, o juramento ou o compromisso solene torna-os claros
e firmes, torna-os estáveis e faz com que continuem sendo
sempre os mesmos, tanto em palavras como em atos.
O
respeito devido a um juramento é o mais inviolável
dos nossos compromissos. Esta observância é a virtude
que dá a firme estabilidade e a verdade do Hábito
Divino a aqueles que mantêm a palavra dada, graças
a uma necessidade inteiramente livre e inteiramente voluntária.
Será
que o homem que não tem moderação e o covarde
poderão cumprir seus compromissos religiosos? Será
que eles não irão, sempre que isso lhes trouxer vantagens,
deixar de lado todo respeito pelo que juraram fazer, renunciando
à felicidade eterna em troca de bens mundanos e frágeis?
Só quem nunca se afasta do caminho da virtude é capaz
de manter o respeito que o caráter solene de um juramento
requer.
Devemos
sempre agir com justiça, não só com aqueles
que são semelhantes a nós, mas, também, com
aqueles que se esforçam para nos ferir.
Um
homem que pretenda agir honestamente em relação ao
seu país deve remover da sua alma toda paixão e toda
desordem.
Os
Deuses são testemunhas de que nosso país é
uma espécie de divindade secundária, e o nosso primeiro
e o nosso maior progenitor. É por isto que o seu nome, com
muita razão, é pátria, que deriva de 'pater',
pai, mas, com uma terminação feminina, para que seja,
de certo modo, uma mistura de pai e mãe. Isto também
explica o fato de que o nosso país deveria ser homenageado
junto com nossos pais, sendo preferível a qualquer um deles
separadamente, e, até mesmo, sendo preferível aos
dois em conjunto. Sendo preferível, além disto, à
nossa esposa, aos nossos filhos e amigos. Em suma: sendo preferível
a todas as coisas, exceto aos Deuses.
Aquele
que der mais importância a um dedo do que a cinco dedos será
considerado estúpido, na medida em que é mais correto
preferir cinco do que um. A primeira opção despreza
o mais desejável, enquanto a segunda opção
preserva também o dedo específico entre os demais.
Da mesma forma, aquele que deseja salvar a si próprio mais
que ao seu país, além de agir de maneira errada, deseja
uma impossibilidade. Ao contrário, aquele que prefere seu
país a si próprio é amado pela Divindade e
raciocina de maneira adequada e irrefutável. Além
disto, tem sido observado que embora alguém possa não
ser membro de uma sociedade organizada, permanecendo à parte
dela, ainda assim é adequado que a pessoa prefira a segurança
da sociedade à sua própria segurança, porque
a destruição da cidade demonstra que sem ela o cidadão
individual não pode existir, assim como a amputação
da mão implica a destruição do dedo, que é
parte dela. Podemos, portanto, chegar à conclusão
de que a utilidade geral não pode ser separada do bem-estar
individual, porque os dois, no fundo, são idênticos.
Porque qualquer coisa benéfica para o país inteiro
é comum a cada uma das suas partes, assim como, sem as partes,
o todo é nada. Vice-versa, tudo o que provoca o benefício
do cidadão é benéfico também para a
cidade. A natureza da cidade consiste em produzir benefícios
para o cidadão. Por exemplo, tudo que é bom para um
dançarino será, na medida em que ele é um dançarino,
bom também para todo o corpo dos dançarinos. Aplicando
esse raciocínio para o poder discursivo [racional]
da alma, ele lançará luz sobre cada dever em particular,
e nunca deixaremos de fazer tudo o que é devido em relação
ao nosso país.
É
só pela Filosofia que a natureza humana se desenvolve e se
aperfeiçoa.
Flor
da Vida
______
Notas:
1.
Os Versos Dourados ou Versos de Ouro da Tradição
Pitagórica, escritos por Lísis de Tarento (? –
cerca de 390 a.C.), sob a inspiração de Pitágoras,
constituem um documento de valor inestimável. Mas, é
geralmente considerado que estes Versos são de autoria de
um conjunto escritores, e não trabalho de um homem só.
Este texto, breve e único, é um mapa preciso do caminho
prático para a Sabedoria Divina. Reproduzirei abaixo a tradução
destes Versos feita por Carlos Cardoso Aveline, a partir do texto
de Hiérocles, com base na versão inglesa feita por
Nicholas Rowe (1674 – 1718), em 1707, e adotada, hoje, pela
maior parte dos estudiosos da Tradição
Pitagórica.
Os comentários e informações adicionais, com
base na Filosofia Clássica e na Filosofia Esotérica,
são de Carlos Cardoso Aveline, que, muito levemente, foram
editados por mim.
1.
Honra, em primeiro lugar, os Deuses imortais, como manda a Lei.
Os Deuses ou espíritos imortais são os grandes Instrutores
da Humanidade, os Adeptos mencionados na literatura teosófica
clássica, os grandes Rishis da Índia antiga e os Imortais
da tradição taoísta. Esotericamente, a Lei
referida aqui é a Lei da Evolução, que guia
simultaneamente o Cosmo e cada ser que vive nele.
Mas, de acordo com o ponto de vista de Fabre d’Olivet, o Verso
fala da Lei e dos costumes do país em que se vive. Assim,
até para evitar perseguições em tempos de intolerância,
o praticante dos Versos de Ouro pode adotar qualquer religião
externa, adaptando-se à cultura em que nasceu, enquanto segue
internamente a doutrina esotérica dos pitagóricos.
2. A seguir, reverencia
o juramento que fizeste.
A decisão de buscar a Verdade, manifestada através
de um juramento ou de um voto espiritual, é uma expressão
dinâmica da nossa conexão interior com o Mundo Divino.
Daí, sua importância, a ponto de ser colocada na abertura
dos Versos de Ouro. Este juramento, no seu aspecto mais profundo,
é simplesmente a decisão, tomada em nosso próprio
Coração, de seguir o Caminho da Sabedoria.
3.
Depois os heróis ilustres, cheios de bondade e DE luz.
Os heróis ilustres são seres de alto grau de evolução,
embora ainda não tenham chegado à libertação
espiritual alcançada pelos Adeptos ou Imortais.
4. Homenageia, então,
os espíritos terrestres, e manifesta por eles o devido respeito.
Os espíritos terrestres são os homens bons e sábios.
5. Honra, em seguida,
teus pais e todos os membros da tua família.
Cumprir os deveres familiares e ter um comportamento equilibrado
no plano emocional garante uma boa parte da tranqüilidade básica
necessária à busca da Sabedoria Divina. O desapego
é igualmente importante. Um instrutor espiritual dos Himalaias
[Kut Hu Mi], no
século XIX, escreveu para um discípulo
leigo, Alfred Sinnett: “Parece pouco a você que o ano
anterior tenha sido empregado apenas em seus ‘deveres familiares’?
Não; que melhor causa para recompensa, que melhor disciplina
do que o cumprimento do dever a cada hora e a cada dia? Creia-me,
meu ‘aluno’, o homem ou a mulher que são colocados
pelo Carma no meio de deveres, de sacrifícios e de amabilidades
pequenos e definidos irão, através do fiel cumprimento
deles, erguer-se à dimensão maior do Dever, do Sacrifício
e da Caridade para com toda a Humanidade. Que melhor caminho, para
a Iluminação buscada por você, do que a vitória
diária sobre o Eu, a perseverança apesar da ausência
de progresso psíquico visível e a suportabilidade
da má-sorte com aquela serena resistência que a transforma
em vantagem espiritual – já que o bem e o mal não
podem ser medidos por acontecimentos no plano inferior ou físico?”
6. Entre todos os
outros, escolhe como amigo aquele que se distingue por sua virtude.
Na sua obra intitulada “Ditos e Feitos Memoráveis de
Sócrates”, Xenofonte conta como Sócrates ensinou
a Cristóbulo a arte de se afastar de homens ignorantes. Ao
terminar sua exposição, o sábio aconselha:
“Fica tranqüilo, Cristóbulo: procura fazer-te
bom e, uma vez bom, põe-te à caça dos Corações
virtuosos.”
7. Aproveita sempre
suas suaves exortações, e segue o exemplo das suas
ações virtuosas e úteis.
8. Mas evita, tanto quanto possível, afastar-te do teu amigo
por um pequeno erro.
9. Porque a força é limitada pela necessidade.
Hiérocles comenta: “É para o nosso benefício
mútuo que a lei da amizade nos une, para que os nossos amigos
possam nos ajudar a crescer em virtude, e para que nós possamos,
reciprocamente, ajudá-los em seu progresso nesse sentido.
Porque, como companheiros de viagem no caminho que leva a uma vida
melhor, nós deveríamos, para nosso proveito comum,
transmitir a eles as coisas boas que possamos descobrir, talvez
com mais clareza do que eles.” E Hiérocles faz uma
advertência: “Há apenas uma coisa que não
devemos aceitar em um amigo: que ele caia em um comportamento corrupto”.
Nesse ponto, como sempre, valem mais os atos do que as palavras.
Mas, acrescenta Hiérocles, nessa situação “não
devemos vê-lo como inimigo, porque já foi nosso amigo,
nem devemos vê-lo como nosso amigo, por causa do seu comportamento
decadente”.
10. Lembra que todas
essas coisas são como eu te disse.
11. Mas, acostuma-te
a vencer essas paixões: primeiro, a gula; depois a preguiça,
a luxúria e a raiva.
Segundo Hiérocles, “essas são as paixões
que devemos restringir e manter dominadas, para que elas não
possam descompor e obstruir a nossa razão.”
12. Nunca faças,
junto com outros nem sozinho, algo que te dê vergonha.
13. E, sobretudo, respeita a ti mesmo.
Os versos 12 e 13 recomendam duas coisas inseparáveis: a
auto-restrição e o auto-respeito, ou, em outras palavras,
a abstenção do erro e a auto-estima. De fato, só
com respeito por nós mesmos – um sentimento que, na
verdade, é amor pelo que há de mais puro e elevado
em nós – podemos ter uma suave disciplina não-repressiva
que nos permite nos abster daquilo que sabemos que é errado.
14. Pratica a justiça
com teus atos e com tuas palavras.
15. E estabelece o hábito de nunca agir impensadamente.
16. Mas, lembra sempre um fato: o de que o destino estabelece que
a morte virá a todos.
17. E que as coisas boas do mundo são incertas, e assim como
podem ser conquistadas, podem ser perdidas.
18. Suporta com paciência e sem murmúrios a tua parte,
seja qual for.
19. Suporta
os sofrimentos que o destino, determinado pelos Deuses,
lança sobre os seres humanos.
Temos, aqui, as idéias centrais adotadas mais tarde pelos
filósofos estóicos. O filósofo-imperador neoestóico
Marco Aurélio recomendava: “Vive cada dia da tua vida
como se fosse o último”. Os estóicos construíram
sua Filosofia sobre a idéia da indiferença diante
da dor e do prazer externos e de curto prazo. Esta regra básica
da arte de viver ocupa lugar central em Sócrates, em Platão
e em muitos outros filósofos, para não falar em tradições
orientais como Raja Ioga e outras.
Em relação ao Verso 19, Platão escreveu em
A República que “Deus” – que para os gregos
é a pluralidade estrutural do Mundo Divino, a Idéia
Universal – nunca é o causador dos sofrimentos de alguém.
Ali, Platão faz Sócrates afirmar: “Deus não
é a causa de tudo, mas tão-somente do bem”.
Estaria, então, equivocado o Verso 19? Não. O Verso
não é fatalista. O “destino determinado pelos
Deuses”, e que é lançado sobre o ser humano,
foi criado pelo próprio homem. Os “Deuses” –
as inteligências divinas em seu funcionamento coletivo –
apenas ordenam e organizam, natural e espontaneamente, o carma ou
destino que a própria Humanidade cria para si. Por isto,
é inútil rezar ou pedir favores aos Deuses ou aos
seres divinos. A solução prática é agir
bem e acertadamente, esperando que o bom carma amadureça
para que os seus resultados possam ser colhidos. No entanto, as
orações são úteis sempre que servem
para que o nosso pensamento se erga acima das angústias.
O pensamento positivo dá bons frutos, e embora as orações
não tenham valor como pedidos, elas funcionam como mecanismos
de elevação da consciência.
20.
Esforça-te por aliviar a tua dor no que for possível.
21. E lembra que o destino não manda muitas desgraças
aos bons.
O destino, como vimos, é o carma, isto é, o encadeamento
de ações e reações da vida. O carma,
diz o verso 21, não manda muitas desgraças aos bons.
Está correto. Contudo, a vida é complexa, e é
oportuno lembrar uma advertência de Helena Blavatsky, que
escreveu o seguinte, em 1883: “O chela” – isto
é, o aprendiz da Sabedoria Eterna – “é
levado a enfrentar não só todas as más propensões
latentes em sua natureza, mas, por acréscimo, todo o conjunto
de poder maléfico acumulado pela comunidade e pela nação
a que ele pertence. Porque ele é uma parte integral daqueles
agregados, e tudo o que afeta tanto o homem individual como o grupo
(cidade ou nação) reage um sobre o outro. Nesta instância,
a luta pela bondade destoa do conjunto da maldade em seu meio ambiente,
e atrai sua fúria sobre si."
Este parece ser o motivo pelo qual grande quantidade de seres que
trabalharam pela regeneração humana foram severamente
perseguidos ou, pelo menos, incompreendidos, em seu tempo. Entre
eles estão Sócrates, Pitágoras, Apolônio
de Tiana, São Francisco de Assis, São João
da Cruz, Martin Luther, Mahatma Gandhi, Alessandro Cagliostro e
a própria Helena Blavatsky. E foram milhares. A vida de Jesus,
no Novo Testamento, simboliza e retrata este mesmo processo. Entretanto,
é central o fato de que, sendo bons, eliminamos as fontes
e a causa do nosso sofrimento. E isto ocorre mesmo que, a curto
prazo, haja desafios e dificuldades. Não é por acaso
que o caminho da libertação espiritual passa pelo
desapego e pela indiferença à dor e ao prazer.
Este verso também sugere que, se formos bons e altruístas,
teremos uma quota de felicidade. Mas, esta felicidade será
predominantemente interior, e não surgirá de uma vida
externamente prazenteira ou indulgente.
22.
O que as pessoas pensam e dizem varia muito; agora é algo
bom, em seguida é algo mau.
23. Portanto, não aceites cegamente o que ouves nem o rejeites
de modo precipitado.
24. Mas, se forem ditas falsidades, retrocede suavemente e arma-te
de paciência.
25. Cumpre fielmente, em todas as ocasiões, o que te digo
agora:
26. Não deixes que ninguém, com palavras ou atos,
27. Te leve a fazer ou dizer o que não é melhor para
ti.
28. Pensa e delibera antes de agir, para que não cometas
ações tolas.
Um raja iogue dos Himalaias [Kut
Hu Mi] escreveu, no século XIX, em uma carta para
sua discípula ocidental Laura Carter Holloway [1843
– 1930]: "Como você pode discernir o
real do irreal, o verdadeiro do falso? Só através
do autodesenvolvimento. Como conseguir isso? Primeiro, precavendo-se
contra as causas do auto-engano. E isso você pode fazer dedicando-se,
em determinada hora ou horas fixas, a cada dia, totalmente só,
à autocontemplação, a escrever, a ler, a purificar
suas motivações, a estudar e corrigir seus erros,
ao planejamento do seu trabalho na vida externa. Essas horas deveriam
ser reservadas como algo sagrado, e ninguém, nem mesmo o
seu amigo ou seus amigos mais íntimos, deveria estar com
você naquele momento. Pouco a pouco sua visão ficará
clara e você descobrirá que as névoas se dissipam..."
29. É próprio
de um homem miserável agir e falar de modo impensado.
A expressão “homem miserável” significa
aqui “homem que sofre”, um ser que passa por misérias.
30. Mas faze aquilo
que não te trará aflições mais tarde,
e que não te causará arrependimento.
31. Não faças nada que sejas incapaz de entender.
32. Aprende tudo o que for necessário aprender, e, deste
modo, terás uma vida feliz.
33. Não esqueças de modo algum a saúde do corpo.
Uma espiritualidade empobrecida e estreita, baseada em crenças
cegas e cerimônias, acabou provocando, na cultura ocidental,
um tradicional desprezo pelo corpo, como se só o espírito
fosse bom e a “carne” fosse má. Este grave erro
tem levado à visão do Caminho Espiritual como algo
distanciado da prática concreta. Para a Sabedoria Eterna,
como para a Filosofia Clássica, o corpo é o templo
habitado pelo espírito, e deve ser tratado com respeito e
consideração. Matéria, energia e espírito
são três aspectos da mesma Vida Una. Assim, o corpo
é um instrumento prático para vivenciar e expressar
o que é sagrado.
34. Dá ao
corpo alimento com moderação, o exercício necessário
e também repouso à tua mente.
Aqui parece ter havido uma contaminação do texto ao
longo do tempo. Na versão disponível atribuída
a Hiérocles, lemos, literalmente: “Mas dá a
ele bebida e carne na medida certa, e também o exercício
que ele necessita”. Na verdade, sabe-se que as comunidades
pitagóricas eram vegetarianas. Como a menção
a consumo de carne está fora de contexto, opto, em parte,
pela versão de Fabre d’Olivet, que diz, literalmente:
“Dá, com moderação, alimento ao corpo,
e à mente repouso”.
35. O que quero
indicar com a palavra moderação é aquilo que
não te provocará mal-estar.
Os extremos devem ser evitados. Esta é uma menção
ao Caminho do Meio e ao avanço gradual a ser realizado pelo
aprendiz, sem pressa e sem pausa.
36. Acostuma-te
a uma vida decente e pura, sem luxúria.
37. Evita todas as coisas que causarão inveja.
Isto nem sempre é possível para o aprendiz. Até
mesmo a bondade e a sinceridade de alguém podem ser motivos
de inveja – por exemplo, por parte daqueles que decidiram
fazer ouvidos surdos à sua própria consciência.
Aquele que optou pela astúcia pode sofrer agudamente ao ver
as ações corretas e as motivações puras
de alguém que escuta a Voz do Coração. Um tal
indivíduo poderá invejar e atacar o aprendiz da Sabedoria,
tentando, deste modo, legitimar e confirmar para si mesmo e para
os outros, a sua decisão de abandonar como algo “impossível”
ou “utópico” a prática da sinceridade.
Veja, a propósito, o comentário ao Verso 21. Todavia,
a cautelosa recomendação do Verso 37 é fundamental.
Servirá para reduzir em boa parte os sofrimentos no caminho
do aprendizado.
38. E não
cometas exageros no uso de bens materiais. Vive como alguém
que sabe o que é honrado e decente.
39. Não ajas movido pela cobiça ou pela avareza. É
excelente usar a justa medida em todas essas coisas.
40. Faze apenas as coisas que não podem te ferir, e decide
antes de fazê-las.
Os princípios da conduta pitagórica devem ser ponderados
uma e outra vez, até que sejam absorvidos em cada um dos
níveis de consciência e nas práticas da rotina
diária do aprendiz. Os caminhantes espirituais gradualmente
se transformam, eles mesmos,
[relativamente]
na Verdade Universal, que é tema do seu estudo
e da sua contemplação. Por isto, os Versos 38 a 40
reforçam duas idéias fundamentais sugeridas antes:
agir moderadamente e nunca atuar de modo impensado. Segundo o Verso
40, devemos antecipar mentalmente as conseqüências das
nossas ações e evitar aquilo que nos causará
mais mal do que bem. Quase toda ação causa efeitos
contraditórios, alguns agradáveis, outros desagradáveis.
Há ações altruístas, por exemplo, que
implicam um grau de sacrifício relativamente alto a curto
ou a médio prazo. Mas, o saldo das ações deve
ser positivo a longo prazo. E a decisão a respeito delas
deve ser soberana.
41. Ao deitares,
nunca deixes que o sono se aproxime dos teus olhos cansados,
42. Enquanto não examinares com a tua consciência mais
elevada todas as tuas ações do dia.
43. Pergunta: 'Em que errei? Em que agi corretamente? Que dever
deixei de cumprir?'
44. Recrimina-te pelos teus erros; alegra-te pelos acertos.
Cada dia da vida é a imagem em miniatura de uma vida inteira.
Pela manhã cedo temos a vitalidade de uma criança,
e à noite sentimos o cansaço de alguém que
é muito velho. A revisão pitagórica nos permite
avaliar o carma plantado e o carma colhido durante aquele dia. Deste
modo, podemos dormir mais completa e profundamente, e com a consciência
em paz. O estudante da Sabedoria Esotérica fica, assim, livre
para o aprendizado que ocorre durante o sono do seu corpo físico.
Porque, como se sabe, certos sonhos podem ser fonte importante de
ensinamento espiritual.
O hábito da auto-observação previne alguns
erros e corrige outros. Esta prática também prepara
a revisão do passado que irá ocorrer na fase final
da velhice, e mesmo no último minuto da nossa vida física.
Estas revisões finais do conjunto da existência servem,
por sua vez, para antecipar e definir o rumo geral da vida após
a morte, inclusive os seus dois principais estágios, que
são o kama-loka (etapa de purificação) e o
devachan (etapa divina).
De modo semelhante, em pequena escala, a revisão ao final
de cada dia ajuda a definir o rumo e a qualidade de tudo o que irá
ocorrer durante o sono e até o novo despertar. Graças
à revisão pitagórica do final do dia, cada
nova manhã traz consigo uma vida mais livre do perigo de
repetir os erros do passado, e mais aberta para o potencial ilimitado
de felicidade que cada ser humano tem sempre diante de si.
45. Pratica integralmente
todas essas recomendações. Medita bem nelas. Tu deves
amá-las de todo Coração.
46. São elas que te colocarão no caminho da Virtude
Divina.
O termo virtude – 'areté', em grego – não
é algo a ser cultivado superficial ou artificialmente, como
pode ocorrer no contexto de certas teologias cristãs. 'Areté',
explica Platão, é aquela atividade própria
e específica de uma determinada coisa ou pessoa. A virtude
de uma bibicleta é o movimento, a virtude de um peixe é
nadar, e a virtude de um médico é curar. Assim, também,
a Virtude Divina da alma humana [personalidade-alma]
é uma característica e uma vocação
essencial da parte superior e racional do indivíduo. Ela
é o 'Dharma', o Tao, aquilo que surge naturalmente de uma
alma imortal livre de apegos externos.
47. Eu o juro por
Aquele que transmitiu às nossas almas o Quaternário
Sagrado [Tetraktys].
Tetraktys
48.
Quaternário
Sagrado [Tetraktys]:
A Fonte da Natureza,
cuja evolução é eterna.
O Quaternário Sagrado é a Tétrade (em grego,
Tetraktys) – o Quatro Sagrado [4
1
+ 2 + 3 + 4 = 10] pelo qual juravam os pitagóricos.
“Aquele que transmitiu o Quaternário” é
o Mestre, cujo Nome se evitava pronunciar em vão. Este era
o juramento mais inviolável dos pitagóricos. O Quaternário
Sagrado simbolizava a Unidade que se mostra em quatro aspectos no
mundo visível, e também o Eu Imortal em sua ação
concreta.
Um certo Quaternário Sagrado aparece também nos escritos
esotéricos e reservados de Helena Petrovna Blavatsky. É
verdade que, ao escrever sobre a constituição oculta
do ser humano, Madame Blavatsky ensinou publicamente sobre o quaternário
inferior e mortal e a tríade imortal. Neste seu primeiro
esquema, o Quaternário Mortal é constituído
de: 1) Sthula-sharira (corpo físico), 2) Prana (princípio
vital), 3) Linga-sharira (modelo sutil ou arquétipo usado
pela vitalidade, o que inclui a herança genética do
indivíduo), e 4) Kama (o centro dos sentimentos animais).
Já a Tríade Imortal é formada por 5) Manas
(mente), 6) Buddhi (inteligência espiritual) e 7) Atma (o
princípio supremo). Este enfoque permite ao estudante uma
primeira aproximação do tema. Entretanto, escrevendo
para seus alunos esotéricos em um texto que só foi
publicado após sua morte, Helena Petrovna Blavatsky revelou
um outro esquema setenário, traçado do ponto de vista
da energia superior. Nele, há um Quaternário Sagrado
e uma Tríade Inferior. Deste ponto de vista, o Quaternário
é formado por 1) Ovo Áurico (aparece aqui a aura imortal),
2) Atma, 3) Buddhi e 4) Manas; e há uma Tríade Inferior
com 5) Kama, 6) Linga-sharira e 7) Prana. O corpo físico,
Sthula-sharira, não aparece neste segundo esquema.
A Tétrade Sagrada dos pitagóricos [10
+ 6 + 1 = 17] parece ter sido conhecida também
pelos chineses. Geometricamente, a sua apresentação
é a seguinte:
.
. .
. . .
. . .
.
A
primeira linha da figura representa a Unidade e o Divino. A segunda
linha simboliza a dualidade e a materialidade. A terceira linha
significa a tríade – o Eu Imortal em evolução
– que reúne em si a Unidade e a Dualidade. E a quarta
linha expressa a Tétrade ou Perfeição, que
manifesta a vacuidade e a plenitude. Presente na figura está
também a década, ou dez, a soma total dos pontos,
que simboliza o Cosmo.
Deste
modo, o quaternário sagrado pelo qual juravam os pitagóricos
significa: 1) o conjunto dinâmico e cíclico da Unidade
Divina; 2) o processo da manifestação do Mundo Divino
na matéria; e 3) o Cosmo que tudo contém.
49. Nunca comeces
uma tarefa antes de pedir a bênção e a ajuda
dos Deuses.
Esta prática é recomendada em diferentes tradições
religiosas orientais e ocidentais. Na França do século
XVII, por exemplo, o irmão Lawrence [Irmão
Lawrence da Ressurreição, da Ordem dos Carmelitas,
nome religioso de Nicolas Herman (1614 – 1691)],
usando a técnica da Presença Divina, ao começar
cada tarefa, orava: “Oh, Ser Divino, já que Você
está comigo, e que para cumprir meu dever devo agora concentrar
minha mente em uma tarefa concreta, peço-Lhe a graça
de continuar em Sua Presença. E peço que, para isso,
Você lance sobre mim a bênção da Sua ajuda,
receba os frutos do meu trabalho e seja o proprietário de
todas as minhas afeições.”
50. Quando fizeres de tudo isto um hábito,
51. Conhecerás a natureza dos Deuses imortais e dos homens,
52. Verás até que ponto vai a diversidade entre os
seres, e também aquilo que os reúne em si e os coloca
em unidade uns com os outros.
53. Verás, então, de acordo com a Justiça,
que a Substância do Universo é a mesma em todas as
coisas.
“De acordo com a Justiça”, isto é, “na
medida dos teus méritos”. A palavra justiça,
neste caso, significa a Lei do Carma. A vida recebe de cada um conforme
a sua possibilidade, e dá a cada um conforme os seus méritos.
A cada ação corresponde uma reação igual,
mas, em sentido inverso: “quem planta, colhe”. O fato
de que a Substância do Universo é a mesma em todas
as partes, mencionado no Verso 53, também expressa a Lei
da Justiça e do Equilíbrio Universal. O filósofo
pitagórico Thomas Stanley escreveu em sua obra sobre a vida
e os ensinamentos de Pitágoras que há uma amizade
universal unindo todos os seres e todas as coisas. E um Mestre de
Sabedoria escreveu em uma das suas Cartas: “A Natureza uniu
todas as partes do seu Império por meio de fios sutis de
simpatia magnética, e há uma relação
mútua até mesmo entre uma estrela e o homem ...”
54. Deste modo,
não desejarás o que não deves desejar, e nada
neste mundo será desconhecido de ti.
A felicidade não consiste em ter o que se deseja, mas em
não desejar o que não é adequado. Os desejos
pessoais distorcem a realidade e mantêm o ser humano na ignorância.
Uma das definições de nirvana – o estado de
êxtase e de libertação espiritual – é
“ausência total de desejos”. Esta é a porta
que leva à lucidez ilimitada do sábio, através
da qual ele se conecta com a força do cosmo.
55. Perceberás,
também, que os homens lançam sobre si mesmos suas
próprias desgraças, voluntariamente e por sua livre
escolha.
56. Como são infelizes! Não vêem nem compreendem
que o bem deles está a seu lado.
57. Poucos sabem como se libertar dos seus sofrimentos.
58. Este é o peso do destino que cega a Humanidade.
O "peso do destino"é o aspecto negativo do carma
humano; a carga acumulada de erros cometidos pela Humanidade. O
chamado carma positivo, ao contrário, é o peso da
carga acumulada dos acertos humanos. Os santos e sábios defendem
a Humanidade das conseqüências mais graves dos seus próprios
erros – como se ela fosse uma criança – ao mesmo
tempo que orientam sua evolução. E poucos poderiam
duvidar de que a Humanidade está em uma etapa relativamente
infantil do seu desenvolvimento espiritual.
59. Como grandes
cilindros, os seres humanos rolam para lá e para cá,
sempre oprimidos por sofrimentos intermináveis,
60. Porque são acompanhados por uma companheira sombria:
a desunião fatal entre eles, que os lança para cima
e para baixo sem que percebam.
Um ensinamento básico e central da tradição
esotérica é o da unidade e da fraternidade universal
de todos seres.
A propósito dos versos 59 e 60, Fabre d’Olivet contribui
com a seguinte imagem: “indefesos e arrastados pelas paixões,
lançados para lá e para cá por ondas adversas
em um oceano sem praias, eles rolam sem nada ver, incapazes de resistir
ou de ceder à tempestade”.
61. Trata, discretamente,
de nunca despertar a desarmonia; mas, foge dela!
Uma formulação mais estritamente literal deste Verso,
na versão de Hiérocles, seria: “Ao invés
de provocar e estimular a desunião, eles deveriam evitá-la
cedendo espaço.”
Mas é oportuno destacar que, pelo menos, há dois tipos
de união ou harmonia. Existe uma harmonia aparente, mantida
como fachada para evitar e reprimir a liberdade e a independência
natural dos seres; e há outra harmonia interior, no Coração,
que é capaz de identificar, respeitar e preservar as diferenças
naturais entre os seres. Esta verdadeira harmonia não é
sinônimo de uniformidade externa, mas, nasce de uma relação
criativa e positiva entre seres e possibilidades diferentes.
62. Oh!, Grande
Zeus, pai dos homens, você os livraria de todos os males que
os oprimem, se você mostrasse a cada um o Espírito
que é seu guia!
O Espírito que guia cada ser humano é o seu próprio
Eu Imortal, também chamado de Mônada, Atma ou Atma-Buddhi.
63. Todavia, tu
não deves ter medo, porque os homens pertencem a uma raça
divina,
64.
E a natureza sagrada revelará a eles os mistérios
mais ocultos.
De
fato, tanto a origem como o destino da nossa Humanidade são
divinos. Luz no Caminho, um clássico da literatura esotérica,
afirma: “A alma humana é imortal e seu futuro é
o futuro de algo cujo crescimento e esplendor não têm
limites”.
65. Se ela comunicar
a ti os seus segredos, colocarás em prática, com facilidade,
todas as coisas que te recomendo.
Quando a disciplina
espiritual nos parece difícil, isso ocorre porque ainda não
compreendemos bem a realidade da vida. A verdade é que a
ausência de disciplina traz dificuldades muito maiores.
66. E ao curar a
tua alma a libertarás de todos esses males e sofrimentos.
67. Mas, evita as comidas pouco recomendáveis para a purificação.
68. Quanto à libertação da alma, examina bem
todas as coisas, e usa um claro
discernimento em relação a elas,
69. Buscando sempre te guiar pela compreensão divina que
tudo deveria orientar.
70. Assim, quando abandonares teu corpo físico e te elevares
no mais puro éter,
71.
Serás divino, imortal, incorruptível e a morte não
terá mais poder sobre ti.
O
éter é um dos níveis inferiores do Akasha –
a Substância Primordial ou Luz Astral. E a recíproca
é verdadeira: “O Akasha é a síntese do
éter, é o éter superior”, diz Helena
Blavatsky. No contexto específico do Verso 70, éter
significa o mundo da luz astral, as condições da vida
após a morte, que são determinadas pelo carma produzido
em vida.
2. A
Providência (Lei Cósmica) garante que sempre que somarmos
2 + 2 encontraremos 4; se subtrairmos 2 - 2, o resultado será
0. O destino nós fabricamos; depois de fabricado, o destino
deverá ser cumprido. Determinação (predestinação)
antecipada do destino não existe.
Heptágono Inscrito em um Círculo
3.
Fiat voluntas
mea.
4.
Este exercício facilitará tudo o que tiver de acontecer
no post-mortem.
Observação:
As características
gerais da vida de Hiérocles, um Instrutor da Humanidade,
são desconhecidas, embora autores antigos concordem que ele
nasceu em Hillarima, na Cária, e foi criado em Alexandria.
O autor e gramático latino Aulus Gellius (125 – 180)
menciona-o como sendo seu contemporâneo, e descreve-o como
sendo um homem santo
e solene. Como um jovem homem já amadurecido,
Hiérocles foi para Atenas para estudar Filosofia, pois sua
experiência pessoal dos sistemas religiosos e filosóficos
rivais em Alexandria convenceu-o de que devia aderir ao que então
era chamado de 'antiga religião'. Sabe-se que foi entre 415
e 450 que Hiérocles ocupou a liderança em Alexandria,
onde, como discípulo de Plutarco, procurou harmonizar os
ensinamentos de Platão e de Aristóteles.