IGNORÂNCIA IGNORANTE

 

Nicolau de Cusa
e
Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Ignorância Ignorante

 

 

 

Nem sempre fui um homem sincero,

e isto muito me descontentou.

Muitas vezes, falhei como místico vero,

e isto também me desalentou.

 

Hoje, enfim, consigo [me] respeitar,

e trato tudo com o maior desvelo.

Todavia, sei que terei que [re]pintar;

a coisa não pode ficar no cafelo.

 

Para alguém, de si, se tornar Senhor,

é preciso muitos anos de Estudo.

Não há diferença; é igual à Voz Interior:

 

Então, meus peccati de antigamente

Hoje, outros são o Coração e a Mente;

minimizei minha impedância.

 

 

 

Transmutação da Impedância

 

 

 

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Nota:

1. Segundo Nicolau de Cusa (Cusa, Tréveris, Alemanha 1401 – Todi, Úmbria, Itália 11 de agosto de 1464), há, por assim dizer, dois tipos de ignorância: a ignorância ignorante, que não sabe sequer que ignora, e a ignorância douta, que sabe que ignora e o que ignora. Diz Nicolau de Cusa em De Docta Ignorantia (Da Douta Ignorância), publicada em 1440: Com efeito, nenhum outro saber mais perfeito pode advir ao homem, mesmo ao mais estudioso, do que se descobrir sumamente douto na sua ignorância, que lhe é própria; e será tanto mais douto quanto mais ignorante se souber. No sermão In Principio Erat Verbum, em defesa da Trindade, Nicolau de Cusa utiliza a grafia latina Iehoua para se referir ao Nome de Deus. Neste sermão, há a seguinte declaração: Ele [o Nome] é dado por Deus. É o Tetagrama, isto é, Nome composto por quatro letras. [...] Este é, sem dúvida, o santíssimo e grande Nome de Deus. Entretanto, este conceito já havia aparecido em Isaías, LXII, 2 – 3: E chamar-te-ão por um Nome novo... E serás uma coroa de glória na mão de IEVE, e um diadema real na mão do teu Deus. Disto, o que realmente importa é ter consciência de que os meus e os seus peccati de antigamente fizeram parte de um processo. Quem não sabe somar, subtrair, dividir e multiplicar não pode aprender Geometria. A Libertação/Ascensão é um processo lento – Alquímico que, conforme está escrito na 14ª prancha do Mutus Liber, 1677, editado em 1958 originalmente por Eugène Léon Canseliet (Sarcelles, 18 de dezembro de 1899 – Savignies, 17 de abril de 1982), impõe: Ora Lege Lege Lege Relege Labora et Invenies.

 

 

14ª prancha do Mutus Liber

 

 

Fontes desta nota:

http://alchemicaldiagrams.blogspot.com/
2010/12/mutus-liber.html

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Nicolau_de_Cusa

http://www.ces.uc.pt/myces/UserFiles/
livros/47_Douta%20Ignorancia.pdf

 

Música de fundo:

Guantanamera
Letra: José Martí
Música: Josito Fernandez
Intérpretes: Celia Cruz, Pavarotti e a Banda Jarabedepalo

Fonte:

http://www.abmp3.com.br/busca/guantanamera+mp3