Reduzimos
as religiões a meros ritos e crenças, [e
não raramente a negócios e mandingas], e
nossos deuses e disciplinas não nos levam à REALIDADE, mas,
tão-somente à respeitabilidade. O que são todos os
nossos deuses? Os nossos deuses nada mais são do que autoprojeções
nossas. Criamos os deuses e seguimos ideais e crendices [inventados
por nós mesmos] porque nos dão satisfação,
conforto, consolação [e
segurança]. Nossos deuses, portanto, não têm
significação nenhuma, e as religiões se converteram
em um simples conjunto de crenças e de rituais também sem
qualquer significado. A influência das religiões é condicionadora,
como qualquer outra influência organizada, não importa se é
comunista, cristã, hinduísta ou todas as demais. O domínio
dos dogmas, das crenças e dos rituais é tirânico e limitante,
porquanto condiciona a mente, tornando-a restrita, [assustadiça]
e trivial. O fato é que estamos sendo desafiados por problemas imensos,
e os enfrentamos com as nossas mentes condicionadas, com o que tornamos
estes vastos problemas em conflitos estúpidos, [insolúveis]
e superficiais, multiplicando, deste modo, as nossas tribulações.
Conclusão: as religiões organizadas, tal como são conhecidas,
são processos de hipocrisia, e, por isto, não conduzem à
REALIDADE, pois, a REALIDADE só poderá surgir se e quando
a mente for livre, isto é, se e quando não estiver mais condicionada
de forma alguma por coisa nenhuma. [In:
Viver Sem Temor,
de autoria de Jiddu Krishnamurti.]
—
u
tinha tanto medo de tudo,
que
passei a crer em Zeus.
Se
alguém falasse no diabo,
eu
me persignava 77 vezes.
—
Eu queria tanto me tornar casto,
que
decidi imitar os Pais do Deserto.1
—
Eu sou santo, santo,
santo,
de marré, marré, marré...
O diabo não me tenta,
de marré, marré, deci.
—
Vou pro céu,
pro céu, pro céu,
de marré, marré, marré...
São Longuinho me protege,
de marré, marré, deci.
—
Eu queria tanto me salvar,
que
me tornei religioso.
Eu queria tanto demonstrar minha fé,
que
peregrinei à Terra Santa.
Eu queria tanto reforçar minha fé,
que
fiz o Exercício da Via Sacra.
Eu queria tanto zerar os feitiços,
que,
ajoelhado, rezei o Kyrie
165 vezes.
Eu queria tanto ir para o céu,
que
fiz alguns negócios com Zeus.
Eu
queria tanto agradar a Zeus,
que
virei um cara bem-comportado.
Eu queria tanto obstar a tentação,
que
decidi me tornar eremita.
Eu queria tanto não mais 'pecar',
que
resolvi virar celibatário.
Eu queria tanto dominar os diabos,
que
jejuei e me abstive por 77 anos.
Eu queria tanto pagar pelos meus erros,
que
me automartirizei diariamente.
Eu queria tanto escapar do inferno,
que
passei a comungar todos os dias.
Eu
queria tanto não visitar o purgatório,
que
comprei algumas indulgências.
Eu queria tanto melhorar de vida,
que
quadrupliquei o dízimo.
Eu queria tanto ser abençoado,
que
preguei a palavra de Zeus.
Eu
queria tanto ser um soldado de
Zeus,
que
condenei a homossexualidade.
Eu
queria tanto fazer a obra de Zeus,
que
proscrevi todos os melancias.
Eu
queria tanto concretizar a obra de Zeus,
que
persegui todos os heresiarcas.
Eu queria tanto ver um milagre,
que,
de mala e cuia, fui para o deserto.
Eu queria tanto louvar todos os Santos,
que
cantei a Litaniæ
Sanctorum.
Christe,
audi nos!
Christe,
exaudi nos!
Pater de Cælis, Deus,
miserere nobis!
Sancte Antoni,
ora pro nobis!
Omnes Sancti et Sanctæ Dei,
intercedite pro nobis!
Omnes Sancti Apostoli et Evangelistæ,
orate pro nobis!
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,
parce nobis, Domine!
Eu queria tanto ser arrebatado,
que,
sentado, confiei e aguardei.
Eu queria tanto confirmar tudo isto,
que
executei a Grande Promessa.
E
fui ficando velhinho e gagá...
E
foi chegando a Hora de embarcar...
—
E, um belo dia, botei o paletó
de madeira,
e
fui dançar noutra freguesia.
E
não é que, do lado de lá,
tudo
se mostrou tão diferente!
Nada
do que me ensinaram era verdade.
Céu?
Zeus? Necas de pitibiriba!
Ainda
bem que, lá, tiveram paciência comigo.
Mas,
foram séculos para ordenar a minha cuca.
Eu
só espero, quando eu retornar,
não me esquecer do que estou vendo aqui.
Então,
vou 'dar grátis' um conselho:
vocês,
que ainda estão vivos,
tratem
logo de se mancar,
para
não ficarem, como eu, no Plano Astral
–
que nem Leucophæa maderæ tonta –
a
andar por ceca e meca e olivais de Santarém,
buscando
uma equiparação que não existe.
Isto
nem São Longuinho resolve!
Leucophæa
maderæ Tontinha da
Silva
_____
Nota:
1. Os
Padres do Deserto ou Pais do Deserto foram eremitas, ascetas, monges e freiras
que viviam majoritariamente no deserto da Nítria (Escetes), no Egito
a partir do século III. O mais conhecido deles foi Santo Antão
ou Santo Antônio, o Grande, (251 – 356), que se mudou para o
deserto em 270 ou 271, e se tornou conhecido tanto como o pai quanto como
o fundador do monasticismo no deserto. Quando Antão morreu, em 356,
milhares de monges e freiras haviam sido atraídos para a vida no
deserto, seguindo o exemplo do grande santo. Seu biógrafo, o Doutor
da Igreja Atanásio de Alexandria (328 – 373), escreveu que
o deserto havia
se tornado uma cidade. Os Padres do Deserto tiveram uma enorme
influência no desenvolvimento do Cristianismo primitivo. As comunidades
monásticas do deserto, que cresceram destes encontros informais de
monges eremitas, se tornaram o modelo para o monasticismo cristão.
A tradição monástica oriental, representada em Monte
Atos, e ocidental, sob a Regra de São Bento, foram ambas fortemente
influenciadas pelas tradições iniciadas no deserto. Todos
os renascimentos monásticos da Idade Média buscaram no deserto
alguma inspiração e orientação. Muito da espiritualidade
do Cristianismo Ortodoxo, incluindo o Movimento Hesicasta (um processo de
retiro interior), tem as suas raízes nas práticas dos Padres
do Deserto. Mesmo renascimentos religiosos mais modernos, como os Evangélicos
Alemães, os Pietistas da Pensilvânia e o Renascimento Metodista
na Inglaterra foram vistos por estudiosos atuais como tendo sido, em alguma
medida, influenciados pelos Padres do Deserto.
Santo
Antão
(Por Francisco de Zurbarán)
Música
de fundo:
Litaniæ
Sanctorum
Fonte:
https://grincheux.typepad.com/weblog/2014/04/
mp3-semaine-17-litaniae-sanctorum.html
Páginas
da Internet consultadas:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Padres_do_Deserto
https://br.pinterest.com/pin/201184308331401501/
https://zohaibamjad251.wixsite.com
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https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_
religions_and_spiritual_traditions
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