HELOÍSA HELENA
(Pensamentos e Reflexões)

 

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Objetivo do Trabalho

 

 

 

Dentre os brasileiros e brasileiras que merecem nosso respeito e nossa admiração, assunto a que venho me dedicando a pesquisar há algum tempo, uma dessas é Heloísa Helena. Neste sentido, este incompleto rascunho apresenta um pouco de sua luta, de suas convicções, de suas reflexões e de seus pensamentos, alguns ligeiramente editados para caberem neste tipo de divulgação, entretanto, sem qualquer adulteração ou contrafação. Parabéns Heloísa! O tempo e a história lhe farão justiça. Mas, se não fizerem, e daí? O que importa efetivamente é a paz interior e a harmonia entre você – ser-no-mundo e o Deus de seu convencimento ou de seu Coração. Reconhecimento alheio? Se acontecer, tudo bem; se não acontecer, para o espiritualista, e você é uma espiritualista, não muda lhufas, porque nada em sua vida, eu quero crer, é hipotético. Mal-andança é apanágio de quem cobra ágio. Não é o seu caso.

 

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Heloísa Helena

 

 

Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho (Pão de Açúcar, 6 de junho de 1962), ícone da esquerda brasileira combativa, é uma enfermeira, professora e política brasileira.

 

Desde muito jovem, ligou-se aos movimentos sociais. Durante a década de 1990, participou, no PT em Maceió, de ações que visavam à defesa de minorias e segmentos sociais menos favorecidos.

 

Formada em Enfermagem, é professora de Epidemiologia da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), cargo do qual se licenciou por 14 anos, sem remuneração, para se dedicar às funções políticas. Em março de 2007, após o término do seu mandato no Senado, reassumiu a função.

 

Filiada ao PT, foi eleita senadora em 1998 por seu Estado natal. Formou um grupo dissidente de esquerda contra as ações do Governo Lula, junto a outros parlamentares desta legenda (como os deputados Babá e Luciana Genro) que por não concordarem com as decisões ditas neoliberais do setor econômico do PT, passaram a votar contra as determinações do Partido. Expulsos do PT em 14 de dezembro de 2003, fundaram um novo Partido – Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

 

Foi candidata à Presidência da República pela Frente de Esquerda constituída pelos partidos PSOL, PSTU e PCB, tendo conseguido pouco mais de 6% dos votos na apuração final – o que foi uma grande vitória ao PSOL, que ficou à frente do PDT – um partido tradicional e de tamanho grande – e à frente do PSDC.

 

 

 

 

Reflexões e Pensamentos Heloisianos

 

 

 

 

 

 

Sobre seu afastamento da bancada petista: Só não digo que é palhaçada porque respeito os profissionais do circo.

 

Arrancando lágrimas de colegas e servidores ao discursar contra a reforma da Previdência: É como se estivessem arrancando o meu coração, e não podem me devolver os melhores anos da minha vida, que passei construindo este Partido.

 

Não acredito que o poder tenha mudado as pessoas, que tenham se metamorfoseado ao tocarem os tapetes supostamente sagrados dos palácios. O poder não muda as pessoas; ele as revela.

 

Criticando a posição do PT, que ameaçava assinar pedido de CPI do financiamento de campanhas, se a oposição insistisse na CPI do escândalo Waldomiro Diniz: É a política do eu conheço seus podres, você conhece os meus, mas vamos deixar tudo como está.

 

Comentando os elogios recíprocos entre o líder do Governo, Aloizio Mercadante e o líder tucano Arthur Virgílio: Vai começar o duelo de amor explícito.

 

No programa de Jô Soares, garantindo que o Presidente Lula não ignora o que fazem os dirigentes petistas que são acusados no caso do mensalão: Ou todos são inocentes ou estão todos articulados.

 

Comentando o pouco tempo de televisão que terá para sua campanha: Ainda bem que sou asmática e consigo falar sem respirar.

 

Dirigindo-se a Fátima Bernardes em sua entrevista no dia 9 de julho de 2006 ao Jornal Nacional: Meu amor, eu tenho que entender mais sobre reforma agrária do que você. Não posso meu amor, isso é contra a Constituição.

 

Renan Calheiros, líder do PMDB no Senado, convida a senadora Heloísa Helena para se filiar ao seu Partido: O PMDB ficaria muito honrado se Heloísa Helena levasse em conta o convite. Quem sabe ela não seria nossa candidata ao governo de Alagoas?

Resposta de Heloísa Helena, fazendo pouco do convite: Isso é brincadeira! Tenho mais o que fazer.

 

Expulsa do PT em 14 de dezembro de 2003, fundou um novo Partido. Tendo lutado veementemente contra a decisão do PT, a Senadora teve ao seu lado a defesa do também Senador Eduardo Suplicy. Após o fato, declarou: Eu não vou ficar chorando abraçada à bandeira do Partido a que eu dediquei os melhores anos de minha vida para construir e que hoje comodamente me expulsa.

 

A saída do Congresso Nacional mexeu com o bolso da ex-Senadora, que deixou de ganhar um salário de R$ 12,5 mil para viver com R$ 3 mil. Comentário de Heloísa: Não trato isto com choradeira nem com lamentação. Eu fiz uma opção de estar em sala de aula. A divulgação do salário serve apenas para mostrar ao Brasil o quanto o professor ganha muito mal. Só isso.

 

Quando entrou no Congresso Nacional pela primeira vez, parou diante da rampa do imenso monumento, mirou o céu de Brasília e, assustada, rezou: Pedi a Deus força para todos os dias vencer a vaidade e renegar o luxo.

 

Fui testada pelos rituais esnobes, cínicos e mentirosos, porém sedutores, e não me dobrei. Isto me dá uma suprema satisfação moral e uma vontade imensa de gargalhar.

 

Ao ser expulsa do PT em 2003: Você não sabe o quanto sofri. Levei meses acordando todas as noites, várias vezes chorando, sem acreditar no que estava acontecendo.

 

Sobre o sertão de Alagoas, onde nasceu: Eles [os cactos] dão flores lindas, coloridas e pequenas, visíveis apenas para quem tem os olhos de um sertanejo, como eu. Lá me reencontro com a minha essência, me deparo com a história da menina pobre e sobrevivente que vivia com longas tranças no cabelo e pés descalços.

 

Quando me dizem que a religião é o ópio do povo, eu respondo que a fé é o ópio que suaviza minhas dores e que me dá forças para ajudar a minimizar a dor alheia.

 

Santo Agostinho dizia que a esperança tem duas lindas filhas: a indignação de não aceitar nunca a injustiça e a coragem para buscar sempre a mudança. Essa, em resumo, sou eu.

 

Não faço parte de nenhum dos bandos políticos de Alagoas e de Brasília que fazem orgias, políticas e sexuais, com dinheiro público roubado. Nunca patrocinei passagens aéreas para marginais que viajam para articular o propinódromo da roubalheira do eixo Alagoas/Brasília.

 

Sou como a maioria das mulheres que não têm paciência para os jogos fingidos e sórdidos da política com seus esconderijos e traições. Dizemos o que pensamos, lutamos pelas belas causas que acreditamos, e, mesmo engolindo medos e fraquezas, estamos sempre no campo de batalha.

 

Reagindo à ameaça de expulsão do PT, em maio de 2003: Não somos a senzala1 do Planalto.

 

O camarada Jesus Cristo dizia: ou quente ou frio, o morno se vomita.

 

Os homens são muito bobos. Nós, mulheres, enxergamos uma celulite a quilômetros de distância. Eles são ludibriados com uma boa meia fina.

 

Tratei os boatos sobre mim como comportamento de homenzinhos desqualificados, sem coragem de fazer o debate franco na presença dos envolvidos.

 

Sobre o embate entre os senadores Antônio Carlos Magalhães e Jader Barbalho. Outubro de 2000: Só tenho paciência para agüentar briga de criança com menos de 35 anos.

 

Odeio gente falsa, cínica.

 

Foi estranhíssimo para mim ser expulsa do PT. Trata-se do primeiro caso de expulsão por fidelidade partidária.

 

Sou um poço de ternura, mas não coloquem palavras nem inventem mentiras a meu respeito, senão, como boa nordestina que sou, viro uma onça sertaneja.

 

Eu não posso aceitar que os ministros, com tantos problemas que existem no Brasil, se comportem como moleques de recado do Presidente da República.

 

Eu só não tenho tolerância com quem é chegado à vigarice política e ao banditismo. Com isto, realmente, eu não tenho tolerância.

 

A Constituição do País é clara: a terra improdutiva é passível de reforma agrária. A nossa proposta de reforma agrária é no sentido de assentar 1 milhão de famílias.

 

Acho que não há nada de mais belo – na verdade, a mais bela declaração de amor à Humanidade do que cada um conforme suas possibilidades e para cada um conforme sua necessidade.2

 

Um programa de Governo não pode estar distanciado da legislação em vigor do País. Qualquer questão, sejam as relações internacionais do Brasil, seja a autodeterminação dos povos – o que está na área de segurança, de saúde e de educação nada pode ser feito além daquilo que determina a legislação em vigor no País.

 

Transposição mecânica de experiências históricas é uma fraude política e uma desonestidade intelectual que eu jamais poderia compartilhar.

 

Não há no planeta Terra nenhuma experiência socialista. Então, seria desonestidade intelectual da minha parte e desconhecimento de toda a tradição socialista dizer que eu vou implementar o socialismo no Brasil... Hoje, eu luto pela Democracia. A democratização da riqueza, das políticas sociais, da informação e da cultura. Da terra e do espaço bom, porque a Democracia no Brasil não existe.

 

A Democracia não se consolida porque nós estamos falando o que pensamos. A Democracia de um país não se consolida quando 48% de toda a riqueza produzida nacionalmente é apropriada por 0,005% das famílias brasileiras. Então, quando eu digo que é importante baixar a taxa de juros para que nós tenhamos 60 ou 70 bilhões de dinheiro novo e limpo, penso que não seja para colocar nas peças íntimas de vestuário masculino, que não seja para comprar parlamentação de suga ou mensaleiro, mas, sim, para investigar o que dinamiza a Economia local, o que gera empregos, o que gera renda, o que possibilita a educação. Onde está a lógica de um País que investe dez vezes mais para pagar os juros da dívida do que o que é aplicado em toda a área da educação? Educação infantil – creches, escolas ensino fundamental, ensino profissionalizante, educação de jovens e adultos, ensino médio, produção de ciência e tecnologia, incubadoras para a nossa juventude. Existe Democracia em um País no qual mais da metade dos jovens brasileiros passam o dia todo sem fazer nada, sem estudar nem trabalhar?

 

A ocupação de terras improdutivas ou de espaços públicos só se dá quando os governos são tão incompetentes, irresponsáveis e insensíveis, que montam um mapa da reforma agrária conforme a violência.

 

Não é fácil fazer o processo de desapropriação. O problema das ocupações de terras no Brasil, da violência no campo, é que os assentamentos não são assentamentos: são verdadeiras favelas rurais, porque reforma agrária não é só a distribuição de terra. É saneamento agrícola, crédito, infra-estrutura. É impossível as pessoas permanecerem nas favelas rurais como está acontecendo no País.

 

Um bom Governo é aquele que possa acolher as crianças brasileiras e a juventude brasileira, do mesmo jeito que eu, mãe, acalento os meus próprios filhos.

 

Precisamos democratizar a informação, que, em uma sociedade de massas, determina a formação de opiniões e de valores, desempenhando, assim, um papel central na organização social e política. Em nível nacional, apenas seis conglomerados recebem quase 90% do faturamento dos meios de comunicação de massa. Na maior parte do Brasil, a situação mais comum é a de monopólios regionais que associam em uma mesma família, ou grupo, a propriedade de praticamente toda comunicação de massas, o controle da política local e os cargos de representação nos níveis estadual e federal. Sendo usados, basicamente, para induzir o consumo e difundir o estilo de vida a ele associado, esses meios formam uma corrente multiplicadora de vulgarização e mediocridade que invade a informação, a cultura e a política. A censura é praticada quotidianamente em instituições privadas altamente hierarquizadas. Para libertar o potencial criador da sociedade, estabelecer autenticidade na comunicação, garantir o pluralismo e difundir valores construtivos do processo civilizatório, a rede de televisões e de rádios deve ser reorganizada na forma predominante de um espaço público, nem governamental, nem privado.

 

Para o desenvolvimento econômico, a digitalização pode representar um impulso formidável para a incorporação de uma nova tecnologia com efeitos multiplicadores importantes em vários setores e particularmente na área do audiovisual. O Ministério da Cultura estima que hoje em dia a Economia da cultura e do audiovisual movimenta apenas R$ 4 bilhões por ano, o que não condiz com as imensas possibilidades que a produção relacionada a esse setor já representa para Economias mais desenvolvidas. Estudos internacionais indicam que até 2009 a movimentação do setor, em todo o mundo, alcançará o montante de US$ 1,8 trilhão. O crescimento mundial desse mercado é estimado em 7,3% ao ano, sendo que a América Latina é o segundo mercado mais promissor do mundo para fins de expansão, só perdendo para a China. Com respeito à valorização da produção cultural nacional, as oportunidades que podem ser abertas para a ampliação da produção audiovisual independente e a sua veiculação são imensas. Mas, para tanto, a regulação deverá ser estabelecida de acordo com o objetivo de se permitir um redimensionamento do chamado espectro eletromagnético, por onde são transmitidos os sinais do rádio e da televisão, viabilizando a entrada em cena de um conjunto de novos agentes de difusão, muito além dos restritos beneficiários atuais.

 

Teremos de rever todo o arcabouço legal relativo à regulamentação das telecomunicações no País. O atual Código Brasileiro de Telecomunicações, além de absolutamente ultrapassado e inadequado para responder a um conjunto de novas exigências geradas até mesmo pelo surgimento de novas tecnologias (ele é de 1962), desde o seu nascedouro já incorporou uma série de deformações – sob o ponto de vista da Democracia visando atender os interesses corporativos dos grandes empresários do ramo da TV e do rádio. Ademais, para ir se adequando às novas exigências e pressões desses mesmos setores, ao longo dos anos, foi sendo produzido um emaranhado de novas leis, decretos, portarias e normas, muitas vezes sem nenhum nexo em relação a uma política coerente e adequada aos interesses da sociedade brasileira, especialmente com relação a mecanismos de controle social e público da programação vinculada nesses meios de comunicação. Mais grave, ainda, é a situação atual – decorrente de decisão tomada no governo FHC – onde a parte referente às telecomunicações foi retirada do corpo legal da regulamentação atinente ao Código. Precisamos, enfim, de um novo Código, que trabalhe com a realidade tecnológica atual e que regule a convergência entre diferentes meios de comunicação, amparando legalmente a introdução da digitalização das TVs e rádios. Portanto, por todas essas razões, torna-se mais do que urgente o 'refazer' de todo o percurso legal que venha a conferir ao País uma legislação adequada aos tempos atuais, abrangendo a regulação do rádio, das TVs abertas e pagas, e de toda a área de telecomunicações, a partir de uma clara perspectiva de envolvimento da sociedade civil, como forma de se assegurar uma nova regulação que não fique refém dos poderosos interesses corporativos do setor.

 

Como norte geral da nova regulação que defendemos, deveremos atender aos princípios explicitados no artigo 221, da Constituição Federal: finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; promoção da cultura nacional e regional; produção independente; regionalização da produção cultural, artística e jornalística; respeito aos valores éticos e sociais. Ao apreciar esses princípios, fica clara a absoluta urgência dessa nova regulação e a total inconstitucionalidade que vigora atualmente em nossos meios de comunicação.

 

Somos contrários a parlamentares, prefeitos, governadores, ministros e presidentes da República serem concessionários de emissoras de rádio e TV ou mesmo controladores de jornais ou revistas, porque defendemos, preferencialmente, a propriedade social dos meios de comunicação. Esta é a natureza pública que terá de ser privilegiada na nova conformação que pretendemos estimular para o setor. A propriedade privada e centrada nos interesses pessoais de políticos é uma antítese do que defendemos e aprofunda as possibilidades de apropriação privada e anti-social dos meios de comunicação.

 

Temos a intenção de estimular a produção regional e independente, como temos a consciência de que a melhor maneira de neste momento garantir que esse objetivo se transforme em realidade é assegurar que a regulação da TV digital contemple, com clareza e sem dubiedades, o aproveitamento democrático das possibilidades de estender, ao maior número possível de interessados, o acesso aos novos canais que o adequado uso do espectro eletromagnético permite, a partir da tecnologia digital. Esta é, inclusive, a questão mais importante a ser definida nesta fase de implantação da TV digital no País: a mudança qualitativa e quantitativa dos conteúdos audiovisuais que estarão sendo veiculados por essa mídia. A TV digital permite a multiplicação dos atuais canais disponíveis para a veiculação de novos programas. Dependendo da forma objetiva como ela venha a ser regulada, garantiremos uma pluralidade significativa da produção audiovisual, na medida em que definamos a necessidade dessa produção vir a ser regionalizada e realizada pelo maior número possível de realizadores independentes das cadeias de TVs já implantadas.

 

Ao mesmo tempo em que temos necessidade de responder a problemas educacionais que já deveriam ter sido resolvidos – qualidade de escolas públicas, redução do analfabetismo, particularmente o funcional, e melhorar a qualidade da educação – temos hoje, também, que enfrentar desafios impostos pelas mudanças tecnológicas em todo o Planeta, que nos obriga a resolvê-los em conjunto. Por exemplo, já não adianta apenas educar e alfabetizar. Cerca de 13% de brasileiros com mais de quinze anos são analfabetos. Se, a eles, somarmos os chamados analfabetos funcionais – pessoas que escrevem o próprio nome, soletram palavras, mas não conseguem redigir uma carta ou ler um pequeno artigo – chegaremos à espantosa percentagem de 75%. É preciso alfabetizar e educar, mas já incluindo esses brasileiros no universo da informática. Senão, continuarão analfabetos, desta vez, digitais. Hoje, o mundo vive uma revolução tão poderosa quanto a industrial. Ela vem desconstruindo os alicerces da Economia mundial e mudando o modo de produção da riqueza. Qualquer projeto de ciência e tecnologia, portanto, não pode estar separado de um novo Projeto para o Brasil. Nós precisamos voltar a crescer muito mais dos que os atuais e medíocres 3,5%, para que a nossa Economia volte a gerar os empregos necessários e, ao mesmo tempo, democratizar a riqueza do País. Claro que, para isto, precisamos fazer uma verdadeira revolução no País em áreas fundamentais e buscar uma maneira soberana de inseri-lo no mundo contemporâneo. Um país da grandeza do Brasil não pode, e não deve, aceitar a idéia de que a criação, seja ela científica ou tecnológica, é coisa de país desenvolvido. Para nós, o desenvolvimento científico e tecnológico é sinônimo de soberania nacional e de superação do impasse gerado pelo subdesenvolvimento e pela desigualdade. A ciência e a tecnologia, no nosso Governo, serão usadas para elevar os níveis de educação e saúde do povo, inseri-los no mundo digital, democratizar o acesso à informação e ao conhecimento, expandir postos de trabalho, promover um desenvolvimento que preserve o meio ambiente e que melhore a qualidade de vida dos brasileiros. A questão de fundo, portanto, é de natureza política. Devemos manter o comando do Estado e da Economia nacional nas mãos daqueles que não têm compromisso com a construção da Nação? Devemos viver como reféns de agentes – nascidos ou não no Brasil, não importa – que não se integram à nossa sociedade, não se sentem parte dela, não gostam dela, não se misturam com ela, não concebem nela o seu futuro, estão sempre com o pé na porta, prontos para ir embora, e utilizam nosso povo e nossos recursos naturais como meros instrumentos de valorização de uma riqueza cada vez mais desterritorializada? Estas são as grandes questões a serem resolvidas por nossa geração. Com relação à adoção de 'software' livre por parte dos órgãos da administração federal, temos não somente interesse como criaremos as melhores condições possíveis para a sua plena utilização, superando os impasses da tímida iniciativa que até agora marcou as experiências do gênero no âmbito dos programas do Governo Federal.

 

Tenho preocupações ambientais muito grandes. Se eu me preocupo com o ovo da tartaruga marinha, por que não devo me preocupar com ovo humano? Se me preocupo quando o boto cor-de-rosa tem a cabeça decepada pelo arpão, por que não posso me preocupar com uma criança que tem a cabeça decepada por um instrumento abortivo?

 

Talvez, um dia, possamos melhor estudar o caráter político-escatológico de certos homenzinhos corruptos, ordinários e pusilânimes. Minhas obrigações constitucionais exigem investigar orgias sexuais com dinheiro público roubado, e, portanto, a promiscuidade do público com o privado (aqui nos dois sentidos: orgias para 'adoçar' os crimes contra a administração pública e potencializar que no mesmo espaço geográfico houvesse tráfico de influência, intermediação de interesse privado, exploração de prestígio, corrupção ativa e passiva e a exploração das filhas da classe trabalhadora pela prostituição e drogas).

 

Sobre a transposição das águas do Rio São Francisco: O Governo Federal está aplicando uma fraude política desastrosa e faz uso do discurso da solidariedade entre os nordestinos. Isto é uma farsa, pois a água será usada para fins econômicos e ninguém sabe quais as conseqüências disso... Em Sergipe e em Alagoas, nós temos muita gente que mora perto do Rio, o vê diariamente, mas não tem água para consumo em casa. Portanto, temos muita gente com sede, e a prioridade deveria ser essas pessoas. O projeto de transposição apenas viabiliza interesses dos grandes latifundiários, os promotores do agroshow – que é a agricultura de exportação... Está mais do que claro que a iniciativa não é para matar a sede dos nordestinos, cujos estados não são originalmente banhados pelo Rio São Francisco. Trata-se de um negócio, um estímulo à especulação e uma iniciativa que vai incentivar os latifundiários. Os sergipanos e os alagoanos serão duramente atingidos pela falta de água. E pior: a água salgada do mar já vem ocupando áreas de água doce do Rio. Isto é preocupante, mas o Governo optou pela ajuda aos latifundiários.

 

O Brasil não pode continuar discutindo desenvolvimento sustentável, prioridades de investimento e de utilização de nossos recursos de maneira errônea e atrasada como faz hoje. Na Amazônia, temos 60% de todo o material genético do mundo, e a fase atual de crescimento das nações passa pelo conhecimento e pela utilização da biodiversidade. E nós temos tanto e cuidamos tão mal, além de ficarmos discutindo modelos de desenvolvimento já em desuso no mundo!

 

Se temos outras formas de energia, mais limpas, menos agressivas ao meio ambiente, não podemos deixar de avançar nesse sentido. E o que não falta são os meios. Temos possibilidade de gerar energia eólica, solar e o biodiesel, com mais geração de empregos e menos comprometimento ambiental.

 

O aumento da importância dessa região, por seu potencial hídrico, energético, alimentar, mineral e genético, pede urgência. É preciso criar poderosas instituições nacionais que integrem e coordenem o trabalho de milhares de pesquisadores e cientistas capazes de conceber e consolidar, junto com as populações locais, um modelo inteligente, moderno e sustentável para o desenvolvimento da região. A biodiversidade é a grande riqueza nacional, mas o Brasil insiste em destruir a sua galinha dos ovos de ouro. Só na Amazônia existem 55 mil espécies de plantas, 428 tipos de mamíferos, 1.622 tipos de aves, 467 tipos de répteis e 516 tipos de anfíbios. Mas, até hoje, a Amazônia convive com as suas 7 pragas: fogo (perdas de US$ 121 milhões por ano); madeireiras (mais de 3 mil empresas cortam nossas árvores. Para cada unidade retirada, os madeireiros danificam pelo menos outras quinze); estradas (mais de 80% das queimadas acontecem perto das rodovias); garimpos (poluem os rios, devastam reservas ambientais e levaram a AIDS para as aldeias indígenas); pastagens (cerca de 12% da Amazônia já virou pasto); corrupção (a operação Curupira, realizada em junho, prendeu 47 funcionários do IBAMA envolvidos na exploração ilegal da floresta); burocracia (dos R$ 539 milhões em multas aplicadas em 2004, apenas R$ 63 milhões foram pagos e apenas R$ 3 milhões ficaram com o IBAMA).



Pontos para a segurança pública no Brasil: criação do Sistema Único de Segurança Pública;
assinatura de um Pacto Federativo de Combate ao Crime Organizado; modernização do aparato de segurança, com estabelecimento de um piso salarial digno para os policiais; transferência de conhecimento, tecnologia e inteligência para a polícia, além de monitoramento 24 horas de suas atividades, com o objetivo de impedir a promiscuidade do aparato policial com o crime organizado; monitoramento das fronteiras brasileiras; garantia da dignidade dos presos que estão nas cadeias brasileiras; diversificação das penas de acordo com os crimes cometidos; combate às causas da violência, por meio da redução da taxa de juros e do crescimento do País, o que permitirá investimentos em educação, no desenvolvimento e na criação de emprego e renda; repactuação da dívida dos estados para que tenham recursos suficientes para o setor de segurança pública.

 

A restrição quanto ao porte e às condições de aquisição das armas de fogo e, em sentido mais amplo, a concepção de desarmamento partem de uma premissa incontestável: uma sociedade armada tende a resolver seus conflitos na forma de violência armada. Ou seja: a belicosidade passa a ser um traço permanente das relações domésticas e sociais.

 

A saúde é o principal exemplo da ineficácia do serviço público e da desigualdade social no País... O Brasil possui o pior perfil epidemiológico do Planeta, embora sua legislação em relação à saúde seja a mais avançada no mundo todo... Na mesma família pobre em que alguém morre de dengue, pode ter alguém com uma neoplasia maligna que se não for devidamente tratada pode ser fatal... O grande problema, é a má administração e a corrupção do poder público... Após cumprir a cota de atendimentos, os hospitais públicos não podem fechar as portas; têm que continuar atendendo e não são remunerados por isso... O papel dos profissionais da saúde é, ao mesmo tempo, intervir para viabilizar melhorias no saneamento básico, no tratamento do lixo e outras políticas públicas que causem impactos no perfil epidemiológico da população brasileira, e cuidar bem dos pacientes para que suas doenças não tenham graves complicações.

 

Sobre a proposta apresentada pelo Governo para a reforma da Previdência (PEC 40): A reforma é apresentada como algo para corrigir as distorções das superaposentadorias. Se quer resolver as altas aposentadorias, basta o teto, que antes era de 8 mil, depois de 12 mil e agora é de 17 mil. E eles já estão dizendo que os Estados podem definir o teto. Isto mostra como é fácil mexer com os pequenos e difícil mexer com os grandes... Queremos uma reforma da Seguridade que amplie direitos, mas que não tire e nem desestruture o Estado. E que acabe com o fator previdenciário, que penaliza o pobre.

 

 

 

HELOÍSA HELENA

 



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Notas:

1. Senzala era o alojamento que, nas antigas fazendas ou casas senhoriais, abrigava os escravos.

2. Marx e Engels elaboraram minuciosamente o modo de produção comunista. Segundo eles, o Comunismo seria dividido em duas fases. Durante a primeira fase, o Socialismo, Marx propõe a divisão da produção segundo o trabalho, pois, primeiro, não haveria produção suficientemente para distribuir segundo as necessidades; segundo, a mentalidade coletiva ainda estaria vinculada à moral burguesa e, por isto, o homem não poderia trabalhar a quantidade de horas que quisesse pela sua própria consciência, e, mesmo assim, iria requerer mais do que os outros. Assim, neste momento, a produção deveria ser distribuída segundo o trabalho. A sociedade entrega-lhe um bônus consignando que prestou tal ou qual quantidade de trabalho (depois de descontar o que trabalhou para o fundo comum), e, com este bônus, ele retira dos depósitos sociais de meios de consumo a parte equivalente à quantidade de trabalho que prestou. A mesma quantidade de trabalho que deu à sociedade sob uma forma, recebe-a desta sob uma outra forma diferente. Assim, como Marx explica em crítica ao programa de Gotha, haveria um fundo comum ou social e um fundo individual. Ao planejar a Economia, os trabalhadores criariam uma cota de trabalho para cada trabalhador ao fundo comum, e este trabalho seria destinado a manter asilos, hospitais, escolas, obras de infra-estrutura etc, ou seja, para toda a sociedade. O trabalhador, no entanto, poderia trabalhar mais quantas horas quisesse para o fundo individual. Esta quantidade de horas seria quantificada em uma quantidade de produção equivalente, e, com isso, o trabalhador receberia um bônus para retirar dos armazéns públicos essa quantidade de produtos em outra forma. Assim, digamos que feitas as devidas deduções, se um trabalhador trabalhou 1000 horas (em trabalho socialmente necessário), ele poderia adquirir o equivalente a 1000 horas em outros produtos. Mas com a evolução da sociedade a produção, poderia ser distribuída completamente segundo as necessidades. Na fase superior da sociedade comunista, quando houver desaparecido a subordinação escravocrata dos indivíduos à divisão do trabalho e, com ela, o contraste entre o trabalho intelectual e o trabalho manual, quando o trabalho não for somente um meio de vida, mas a primeira necessidade vital, e quando, com o desenvolvimento dos indivíduos, em todos os seus aspectos, crescerem também as forças produtivas e jorrarem em caudais os mananciais da riqueza coletiva, só então será possível ultrapassar-se totalmente o estreito horizonte do direito burguês e a sociedade poderá inscrever em suas bandeiras: De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades. (Grifo meu). Eu grifei esta afirmação porque, muito mais do que ideológia, é profundamente mística.

 

 

Nós não gostamos de ver,
nós não queremos ver...
Mas, nós precisamos ver
porque todos nós,
gostemos ou não gostemos,
somos responsáveis
por tudo e por todos.
Somos todos UM!

 

 

Páginas da Internet acessadas:

http://pt.wikiquote.org/wiki/
Helo%C3%ADsa_Helena

http://www.adusp.org.br/noticias/
Informativo/140/inf14004.html

http://www.jornalcomunicacao.ufpr.br
/node/3711

http://www.comunidadesegura.org/
pt-br/node/30234

http://noticias.ambientebrasil.com.
br/noticia/?id=27042

http://www.lead.org.br/article/view/1142

http://www.my-forum.org/Artigos_Interessantes
_79008/Heloisa_Helena_responde__por_
Diogo_Mainardi_da_V_151598.html

http://praxiscrista.blogspot.com/2008/07/
ex-senadora-helosa-helena-se-manifesta.html

http://www.fndc.org.br/internas.php?
p=noticias&cont_key=95980

http://pt.wikipedia.org/wiki/Marxismo

http://jornalnacional.globo.com/Jornalismo/
JN/0,,AA1247088-3586-518095,00.html

http://www.frasesfamosas.com.br/de/
heloisa-helena-lima-de-moraes-carvalho.html

http://www.terra.com.br/istoegente/342/
reportagens/esp_mulheres_heloisa.htm

http://www.psol.org.br/nacional/heloisa-helena
/1455-declaracao-de-heloisa-helena

http://www.terra.com.br/istoegente/331/
reportagens/personalidade_heloisa.htm

http://noticias.terra.com.br/brasil/
interna/0,,OI1512006-EI7896,00.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Helo%C3%ADsa_Helena

 

Fundo musical:

Opinião
Composição: Zé Keti
Interpretação: Zé Keti

Fonte:

http://www.charles50tao.com.br/samba_III.htm