HEINRICH KHUNRATH

 

 

Heinrich Khunrath

Heinrich Khunrath

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Heinrich Khunrath (1560 – 1605) ou Henricus Khunrath, como também foi conhecido, foi um famoso médico alemão, filósofo hermético, Alquimista e Rosa+Cruz. Seu mais conhecido trabalho foi o Amphitheatrum Sapientiæ Æternæ (Anfiteatro da Eterna Sabedoria), que, segundo António de Macedo, terá influenciado, e não pouco, o primeiro manifesto rosacruciano, a Fama Fraternitatis1. Já Stanislas de Guaita afirmou que todos os arcanos Rosa-Cruzes estão representados em um dos pantáculos do Amphitheatrum Sapientiæ Æternæ, onde Khunrath desenhou um Cristo de braços abertos em Cruz, em uma Rosa de Luz. Guaita afirma ainda que Khunrath condensou a ciência sintética dos magos neste pequeno in-fólio magnificamente impresso em 1609, e, particularmente, continua Guaita, Khunrath nos ensina que o Mago, ou o homem completo, designado pelo Andrógino [que representa o Homem Universal destroçado na matéria e naufragado no devir], pode dominar inteiramente o mundo elementar e agir sobre a Natureza Naturada2, com uma espécie de onipotência, projetando ou atraindo para si a Luz Astral, substrato da Quintessência.

 

Na Monografia Introdutória da Confraternidade da Rosa+Cruz está escrito: Um dos documentos Rosa-Cruzes autênticos é O Anfiteatro da Eterna Sabedoria, de Heinrich Khunrath. Ele foi primeiramente produzido como manuscrito em 1598 e publicado na Alemanha em 1609, após a morte do autor. O manuscrito continha inicialmente sete lâminas alegóricas que eram usadas pelo autor como instrumentos de meditação para desvendar a Iniciação. Depois de sua morte, alguns de seus discípulos decidiram publicar o manuscrito. Infelizmente eles não compreendiam o significado das lâminas e inepciamente adicionaram à publicação cinco lâminas sem qualquer significado. Desta forma, a menos que você saiba quais são as lâminas originais e quais as que foram adicionadas, o documento terá pouco valor.

 

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Neste despretensioso estudo, procurei garimpar no material disponível (pessoal e na Internet) a Sapientia Æterna contida no pensamento de Heinrich Khunrath. Entretanto, conforme adverti no trabalho sobre Robert Fludd (1574 – 1637), repito: ler à letra os fragmentos que selecionei será inútil. É necessário permitir que o autor fale ao Coração do leitor, pois, só assim, o que parece indecifrável e absurdo se tornará claro e compreensível. Não podemos esquecer que a linguagem dos Místicos e dos Alquimistas do passado era crivada de simbolismos, alegorias e metáforas, de tal sorte que pensamentos, idéias e qualidades eram geralmente apresentados sob forma figurada, e cada elemento funcionava como uma espécie de disfarce ou de encriptação para a idéia concebida e representada.

 

As referências principais que utilizei nesta pesquisa foram os livro O Museu Hermético (Alquimia e Misticismo) e Introdução à Simbologia, citados na bibliografia. Todas as Páginas da Internet e todos os Websites consultados também estão citados ao final.

 

Enfim, uma boa Página para ser consultada é a que exibe o texto No Umbral do Mistério, de Stanislas de Guaita, cujo endereço é:

http://www.hermanubis.com.br/Livros
Virtuais/LVnoumbraldomisterio.htm

 

 

 

 

 

Pensamentos de Heinrich Khunrath

 

 

 

 

Os antigos pagãos viam Saturno não apenas como o tempo, mas, também, como a 'Prima Materia' de todos os metais, sob cujo domínio alquímico se encontrava a verdadeira Idade do Ouro.

 

Was helffn Fackeln, Liecht oder Brilln, Wann die Leute nicht sehen wölln? De que servem archotes, tochas e óculos a quem cerra os olhos para não ver?

 

Como abelhas atraídas pelo perfume da rosa, os amantes da 'Theo-Sophia' acorrem de todos os lados para escalar os sete degraus da 'Escada Mística', transpondo a 'Porta da Eterna Sabedoria'.

 

Vinte e um caminhos conduzem à Cidadela Alquímica, mas apenas um – o Caminho entusiástico de Deus e da Oração – permite o acesso à Ela.

 

O nosso Mercúrio [o Leão Verde que engole o Sol, segundo o Rosarium Philosophorum] é o Proteu...3 É o que é rápida e naturalmente compreensível... é Todas as Coisas em a Natureza... é a Conquista Natural...

 

A Natureza não pode ser refreada nem forçada, muito pelo contrário. É ela que nos rege, e não nós à ela. [Isto precisa ser entendido alquimicamente, senão poderemos cair no erro do determinismo, isto é, o absurdo princípio segundo o qual tudo no Universo – até mesmo a vontade humana! está submetido a leis necessárias e imutáveis, de tal forma que o comportamento humano está totalmente predeterminado pela Natureza, e o sentimento de liberdade não passa de uma ilusão subjetiva. Obviamente que a Regência da Natureza só poderá acontecer e se efetivar com a anuência participativa do Alquimista. O Corde Lapis não poderá brotar do nada.]

 

Diliges Dominvm Devm tvvm ex toto Corde tvo, et ex tota anima tva, et ex omnibvs viribvs tvis, et ex omni mente tva; et proximvm tvvm, sicvt te ipsvm. Ama o Senhor teu Deus com todo o teu Coração, com toda a tua Alma, com toda a tua fortaleza e com toda a tua mente; e o teu próximo, como a ti mesmo.

 

 

 

A Rosa Cósmica

A Rosa Cósmica

 

 

Versão de Heinrich Khunrath para a Tábua de Esmeralda: Verba secretorum Hermetis - Verum, sine mendacio, certum et verissimum: quod est inferius est sicut quod est superius; et quod est superius est sicut quod est inferius, ad perpetranda miracula rei unius. Et sicut omnes res fuerunt ab uno, mediatione unius, sic omnes res natae fuerunt ab hac una re, adaptatione. Pater ejus est Sol, mater ejus Luna; portavit illud Ventus in ventre suo; nutrix ejus Terra est. Pater omnis telesmi totius mundi est hic. Vis ejus integra est si versa fuerit in terram. Separabis terram ab igne, subtile a spisso, suaviter, cum magno ingenio. Ascendit a terra in coelum, iterumque descendit in terram, et recipit vim superiorum et inferiorum. Sic habebis gloriam totius mundi. Ideo fugiet a te omnis obscuritas. Hic est totius fortitudine fortitudo fortis; quia vincet omnem rem subtilem, omnemque solidam penetrabit. Sic mundus creatus est. Hinc erunt adaptationes mirabiles, quarum modus est hic. Itaque vocatus sum Hermes Trismegistus, habens tres partes philosophiæ totius mundi. Completum est quod dixi de operatione Solis.

 

 

TABVLA SMARAGDINA

 

 

Nas páginas 244 e 245 da obra Introdução à Simbologia, citada na bibliografia, há uma possível tradução para a versão latina de Khunrath da Tábua de Esmeralda. Abaixo reproduzo uma outra tradução:

 

É verdade, certo e muito verdadeiro: o que está embaixo é como o que está em cima, e o que está em cima é como o que está embaixo, para realizar os milagres de uma única coisa. E como todas as coisas vieram do Um, assim todas as coisas são únicas, por adaptação. O Sol é o pai, a Lua é a mãe, o vento o embalou em seu ventre, a Terra é sua ama. O Pai de toda Telesma do mundo está nisto. Seu poder é pleno, se é convertido em Terra. Separarás a Terra do Fogo, o sutil do denso, suavemente e com grande perícia. Sobe da Terra para o Céu e desce novamente à Terra e recolhe a força das coisas superiores e inferiores. Deste modo, obterás a glória do mundo, e se afastarão de ti todas as trevas. Nisso consiste o poder poderoso de todo poder: vencerás todas as coisas sutis e penetrarás em tudo o que é sólido. Assim o mundo foi criado. Esta é a fonte das admiráveis adaptações aqui indicadas. Por esta razão, fui chamado de Hermes Trismegistos, pois possuo as três partes da Filosofia Universal. O que eu disse da Obra Solar é completo.

 

Por este sinal [Jesus, o Cristo] vencereis... Ele [Jesus, o Cristo] foi o verdadeiro Filho de Deus.

 

Desperta do sono... [Podemos despertar deste sono graças à oração constante e a um trabalho incansável ancorado na experiência pessoal e na razão. Em uma palavra: Iniciação. Ou seja: Ora, lege, lege, lege, relege, labora et invienes (Ora, lê, lê, lê, relê, trabalha e encontrarás), advertência da 14ª prancha do Mutus Liber, editado originalmente em 1958 pelo Alquimista francês Eugène Léon Canseliet (1899 – 1982), e tendo seu autor permanecido anônimo.]

 

 

Lab[or]atório Alquímico

Lab[or]atório Alquímico

 

 

O Conhecimento correto da Arte é um Sopro de Deus – pela comunicação com as Hierarquias Celestiais.

 

Digo-vos que a nossa Borracha é mais forte do que o Ouro, e aqueles que A conhecem consideram-Na superior e mais valiosa do que o Ouro.

 

Devota-te ao Estudo, à Meditação, à Sudação abundante, ao Trabalho, à Cocção, e não te deixes desanimar por esta... E um fluxo benéfico será derramado do Coração do Filho Macroscópico sobre a fragilidade das coisas materiais... Esta Fonte Medicinal, de onde jorram a Água Viva e o Óleo da Alegria, ensina a Dela beber segundo as regras da Natureza e da Arte.


 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. A Fama Fraternitatis Rosæ Crucis ou simplesmente Fama Fraternitatis é um Manifesto Rosa+Cruz publicado em 1614 na cidade alemã de Kassel. Faz parte de uma trilogia que inclui o Confessio Fraternitatis (publicado em 1615, também em Kassel) e As Bodas Químicas de Christian Rozenkreuz (publicado em 1616 na cidade alemã de Estrasburgo). Estes três trabalhos Rosacruzes, ainda que não haja provas conclusivas, parece terem sido escritos pelo Filósofo e Teólogo Luterano Johan Valentin Andreæ (1586 – 1654). Todavia, ainda que as pesquisas apontem para Valentin Andreæ a autoria destas obras, alguns autores sustentam que, pelo menos, a Fama e o Confessio foram escritas por Sir Francis Bacon (1561 – 1626), que ocupou o posto mais elevado da Ordem Rosacruz de sua época, o de Imperator, cujo pensamento filosófico representou a tentativa de realizar aquilo que ele mesmo chamou de Instauratio Magna (Grande Restauração).

 

 

Instauratio Magna

Instauratio Magna
Frontispício ( Londres, 1620)

 

2. Baruch de Spinoza (1632 – 1677) concebe a Natureza sob um duplo aspecto: como um processo ativo e vital, denominado por ele de Natura Naturans – a Natureza Ativa, a Essência ou a Natureza Criadora; e como o produto passivo desse processo, Natura Naturata – a Natureza Passiva, o Acidente ou a Coisa Formada ou Criada.

3. Proteu aparece na mitologia grega como filho dos titãs Tétis e Oceanus. Tinha o dom da premonição, e assim atraía o interesse de muitos que queriam saber as artimanhas do poderoso destino. Porém, ele não gostava de contar os acontecimentos vindouros; então, quando algum humano se aproximava, ele fugia ou assumia aparências monstruosas e assustadoras. Porém, se o homem fosse corajoso o bastante para passar por isso, ele lhe contava a verdade.

Nota editada da fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Proteu

 

Bibliografia:

INTRODUÇÃO À SIMBOLOGIA. 1ª edição. Biblioteca Rosacruz. Ordem Rosacruz AMORC. Curitiba: Grande Loja do Brasil, 1982.

ROOB, Alexander. O museu hermético. (Alquimia e misticismo). Tradução de Teresa Curvelo. Itália: Taschen, 1997.

 

Páginas da Internet e Websites consultados:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mutus_Liber

http://www.hermanubis.com.br/
LivrosVirtuais/LVnoumbraldomisterio.htm

http://www.fotolog.com/antisense_nat/46931818

http://pt.wikipedia.org/wiki
/T%C3%A1bua_de_esmeralda

http://www.crcsite.org/IntroMonoPortug.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Francis_Bacon_(fil%C3%B3sofo)

http://svmmvmbonvm.org/famafratbr/

http://www.triplov.com/alquimias/bmacedo.htm

http://fr.wikipedia.org/wiki/Heinrich_Khunrath

http://en.wikipedia.org/wiki/Heinrich_Khunrath

http://commons.wikimedia.org/wiki/
Amphitheatrum_sapientiae_aeternae

 

Fundo musical:
Rosicrucian Canon Nº 2
Seqüenciado por Rafael Gómez Senosiain

Fonte:
http://www.classicalmidi.co.uk/maier.htm

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Prima Obra