Tudo
é pensamento.2
O
mais alto objetivo da Arte é o que é comum à Religião
e à Filosofia. Tal como estas, é um modo de expressão
do divino, das necessidades e exigências mais elevadas do Espírito.
Platão
estudou muitos filósofos, esforçou-se longa e duramente, viajou
e não foi, na verdade, gênio produtivo nem poético,
mas, sim, mente que procedia lentamente. Ao gênio, Deus dá
alguma coisa no sono. E o que lhe dá no sono, por isso, nada mais
são do que sonhos.3
Tudo
quanto existe só é verdadeiro na medida em que é idéia
em estado de existência; pois a idéia
é a verdadeira e absoluta realidade. Nada do que aparece como real
aos sentidos e à consciência é verdadeiro por ser real,
mas por corresponder à idéia
e realizar a idéia... Quando o verdadeiro
aparece imediatamente ao Espírito na realidade exterior e a idéia
se confunde e se identifica com a sua aparência exterior, então
a idéia não é somente
verdadeira, mas também bela. Define-se, pois, o belo como a manifestação
sensível da idéia.
A
harmonia da infância é um dom da natureza; a segunda harmonia
deve resultar do trabalho e do culto ao Espírito.
Nada
existe de grandioso sem Paixão.
Marquem
bem isso, vocês, orgulhosos homens da ação! Vocês
são, no final, nada mais que instrumentos inconscientes dos homens
que pensam.
Os
Governos jamais aprenderam nada da História ou agiram segundo os
princípios deduzidos dela.
As
tragédias verdadeiras no mundo não são conflitos entre
o certo e o errado. São conflitos entre dois direitos.
A
verdadeira figura na qual a verdade existe só pode ser o sistema
científico dessa verdade.
Quem
exagera o argumento prejudica a causa.
Tudo
o que é racional é real e tudo o que é real é
racional.
O
verdadeiro é o todo.
Quem
quer algo de grande, deve saber limitar-se. Quem, pelo contrário,
tudo quer, nada, em verdade, quer e nada consegue.
Napoleão
é o Espírito do mundo a cavalo.
A
verdadeira liberdade é autoconsciente na medida que eu tenho autoconsciências
ao meu redor.
Para
conhecer bem os fatos e enxergá-los no seu verdadeiro lugar, deve-se
estar no cume – não os considerar de baixo pelo buraco da fechadura
da moralidade ou de alguma outra sabedoria. O ponto de vista geral da História
Filosófica não é abstratamente geral, mas concreto
e eminentemente atual, porque é o Espírito que permanece eternamente
junto de si mesmo e ignora o passado. À semelhança de Mercúrio,
o condutor das almas, a Idéia é, na verdade, o que conduz
os povos e o mundo, e é o Espírito, a sua vontade razoável
e necessária, que orientou e continua a orientar os acontecimentos
do mundo.
A História
nos ensina que a História não nos ensina nada.
A
História universal nada mais é do que a manifestação
da razão.
A
razão é a suprema união da consciência e da consciência-de-si,
ou seja, do conhecimento de um objeto e do conhecimento-de-si. É
a certeza de que as suas determinações não são
menos objetais, não são menos determinações
da essência das coisas do que são os nossos próprios
pensamentos. É, num único e mesmo pensamento, ao mesmo tempo
e ao mesmo título, certeza-de-si, isto é, subjetividade, e
ser, isto é, objetividade. A razão é tão poderosa
quanto ardilosa. O seu ardil consiste, em geral, nessa atividade mediadora
que, deixando os objetos agir uns sobre os outros conforme à sua
própria natureza, sem se imiscuir diretamente na sua ação
recíproca, consegue, contudo, atingir unicamente o objetivo a que
se propõe. A Razão governa o mundo e, conseqüentemente,
governa e governou a História Universal. Em relação
a essa Razão Universal e Substancial, todo o resto é subordinado
e serve-lhe de instrumento e de meio. Ademais, essa Razão é
imanente na realidade histórica, realiza-se nela e por ela. É
a união do Universal existente-em-si e por-si e do individual e do
subjetivo que constitui a única verdade.
O Absoluto
só no final será o que Ele é na realidade.
O
artista tem, pois, essa experiência com a sua obra: ele não
produziu uma essência igual a ele mesmo. Sem dúvida, da sua
obra retorna para ele uma consciência, pois uma multidão admirativa
honra a obra como o Espírito que é a essência deles.
Essa admiração, porém, ao lhe restituir a sua consciência-de-Si
apenas como admiração é antes uma confissão
feita ao artista de que ela não é igual a ele. Uma vez que
o seu Si retorna para ele como júbilo em geral, ali ele não
encontra nem a dor da sua formação e da sua produção
nem o esforço do seu trabalho. Os outros podem, de fato, julgar a
obra ou trazer-lhe oferendas, conceber, de algum modo, que ela seja a sua
consciência; se eles se colocam com o seu saber acima dela, o artista,
pelo contrário, sabe o quanto a sua operação vale mais
do que a compreensão e o discurso deles; se eles se colocam abaixo
dela e nela reconhecem a essência deles que os domina, ele conhece-a,
pelo contrário, como o seu senhor.
A
atitude artística se distingue da atitude prática do desejo
no sentido de que a arte deixa subsistir seu objeto em liberdade total,
enquanto o desejo emprega seu objeto para seu próprio uso, destruindo-o.
O
poeta Heinrich Heine, que seguiu os cursos de Hegel de 1821 a 1823, conta
que Hegel, um dia, respondeu
bruscamente a um estudante que lhe falava do Paraíso:
— O senhor,
então, precisa de uma gorjeta porque cuidou de sua mãe enferma
e porque não envenenou ninguém?4
Aliás,
não é difícil ver que nosso tempo é um tempo
de nascimento e de trânsito para uma nova época. O Espírito
rompeu com o mundo do seu ser-aí e de seu representar, que até
hoje durou; está a ponto de submergi-lo no passado e de se entrega
à tarefa de sua transformação. Certamente, o Espírito
nunca está em repouso, mas sempre tomado por um movimento para a
frente. Na criança, depois de longo período de nutrição
tranqüila, a primeira respiração – um salto qualitativo
– interrompe o lento processo do puro crescimento quantitativo; e
a criança está nascida. Do mesmo modo, o Espírito que
se forma lentamente, tranqüilamente, em direção à
sua nova figura, vai desmanchando, tijolo por tijolo, o edifício
de seu mundo anterior. Seu abalo se revela apenas por sintomas isolados;
a frivolidade e o tédio, que invadem o que ainda subsiste, e o pressentimento
vago de um desconhecido são os sinais precursores de algo diverso
que se avizinha. Este desmoronar-se gradual, que não alterava a fisionomia
do todo, é interrompido pelo sol nascente, que revela em um clarão
a imagem do mundo novo.
O
homem não é mais do que a série dos seus atos.
Enquanto
uma autoconsciência é o objeto, este é tanto eu quanto
objeto. Aqui já está presente, para nós, o conceito
de Espírito. Mais tarde virá para a consciência a experiência
do que é o Espírito, esta substância absoluta que, na
perfeita liberdade e independência de sua contraposição,
isto é, de distintas consciências de-si que são para-si,
é a unidade das mesmas: o eu é o nós e o
nós é eu. (Grifo
meu).
Grandeza,
entidade variável mas que, apesar da sua variação,
continua sempre a ser a mesma.
A
vida do Espírito não é aquela que se esquiva da morte,
e, sim, aquela que suporta a morte e nela se mantém. O
Espírito só conquista a sua verdade com a condição
de encontrar-se a si-mesmo na devastação absoluta porque sabe
olhar o negativo face a face e deter-se junto a ele. Este afirmar-se é
força mágica que torna o negativo no ser.
O
Espírito resolve-se e identifica-se em sentido positivo em um movimento-de-refletir-se-sobre-si-mesmo.
Através
do movimento universal, os puros pensamentos tornam-se conceitos, e somente
então são o que verdadeiramente são: automovimentos,
círculos, essências espirituais. Este movimento das Essências
puras constitui, em geral, a natureza da cientificidade.
Rousseau
teve o mérito de afirmar que o princípio do Estado...
é a vontade. Mas, tendo entendido a vontade universal não
como a racionalidade em-si e para-si da vontade, mas apenas como o elemento
comum que deriva da vontade singular, [Rousseau]
faz com que a associação dos indivíduos no Estado se
torne um contrato, algo que, portanto, tem como base o arbítrio desses
indivíduos, a opinião e o consenso explícito deles.
A
vontade objetiva é o racional em-si no seu conceito, seja ele reconhecido
ou não pela vontade singular e seja ou não desejado pelo querer.
Não basta saber o que se quer, [mas]
o que quer a vontade, que é em-si e para-si, ou seja, a razão.
Sociedade
civil: Nessa dependência e reciprocidade
do trabalho e da satisfação dos carecimentos, o egoísmo
subjetivo se transforma na contribuição para a satisfação
dos interesses dos outros. Há uma mediação do indivíduo
pelo universal, um movimento dialético pelo qual cada um, ao ganhar,
produzir e fruir para si, precisamente por isso produz e ganha para a fruição
de todos. Esta necessidade se encontra no encadeamento universal da dependência
de todos.
Na
sociedade civil, a acumulação da riqueza aumenta,
por um lado, enquanto, pelo outro, aumentam também a especialização
e a limitação do trabalho particular e, com isso, a dependência
e o empobrecimento da classe [Klasse]
ligada a esse trabalho, o que implica a incapacidade de sentir as outras
possibilidades e, em particular, as vantagens espirituais da sociedade civil
e de desfrutar das mesmas.
O botão
desaparece no desabrochar da flor, e poderia dizer-se que a flor o refuta;
do mesmo modo que o fruto faz a flor parecer um falso ser-aí da planta,
pondo-se como sua verdade em lugar da flor. Essas formas não só
se distinguem, mas também se repelem como incompatíveis entre
si. Entretanto, ao mesmo tempo, sua natureza fluida faz delas momentos da
unidade orgânica, na qual, longe de se contradizerem, todas são
igualmente necessárias. É essa igual necessidade que constitui
unicamente a vida do Todo.
Com
efeito, a Coisa mesma não se esgota em seu fim, mas em sua atualização;
nem o resultado é o todo efetivo, mas sim o resultado junto com o
seu vir-a-ser. O fim para-si é o universal sem vida, como a tendência
é o mero impulso ainda carente de sua efetividade; o resultado nu
é o cadáver que deixou atrás de si a tendência.
Igualmente, a diversidade é, antes, o limite da Coisa: está
ali onde a Coisa deixa de ser ou é o que a mesma não é.
O
Absoluto não deve ser conceptualizado, mas somente sentido e intuído;
não é o seu conceito, mas seu sentimento e intuição
que devem falar em seu nome e ter expressão.
Tudo
decorre de entender e exprimir o verdadeiro não como substância,
mas também, precisamente, como sujeito. Ao mesmo tempo, deve-se observar
que a substancialidade inclui em si não só o universal ou
a imediatez do saber mesmo, mas também aquela imediatez que é
o ser, ou a imediatez para o saber.
Nem
o universal tem valor e é realizado sem o interesse, a consciência
e a vontade particulares, nem os indivíduos vivem como pessoas privadas,
orientadas unicamente pelos seus interesses e sem relação
com a vontade universal.
O
trabalho, na sociedade civil, se fraciona em vários ramos; e, por
isso, essa igualdade em-si da particularidade, enquanto algo comum, assume
existência [para-si]
na corporação.
A
sociedade civil é o campo de luta do interesse privado singular de
todos contra todos; mas, do mesmo modo, tem aqui lugar o conflito desse
interesse privado com o interesse de grupos particulares, e, por outro lado,
desses dois tipos de interesse com os pontos de vista e ordenamentos mais
elevados [universais ou estatais].
O Espírito corporativo, que se gera na legitimação
dos interesses particulares, converte-se em si mesmo no Espírito
do Estado, dado que é no Estado que encontra o meio de alcançar
seus fins particulares.
A
soberania popular pertence à confusa concepção que
tem como base uma representação não-orgânica
do povo. O povo, considerado sem o seu monarca e sem a organização
necessária e imediatamente conectiva da totalidade, é uma
massa informe que não possui qualquer das determinações
que existem em um todo organizado.
A classe
geral, que se dedica mais de perto ao serviço do Governo, deve ter
imediatamente, em sua determinação, o universal como finalidade
de sua atividade essencial.
O serviço
público exige o sacrifício das satisfações individuais
e arbitrárias que são próprias das finalidades subjetivas;
mas reconhece o direito de obter tais satisfações no cumprimento
do dever e somente nele. Nisto reside a união de interesse particular
e interesse geral que constitui o conceito de Estado e lhe empresta estabilidade.
A
necessidade geral da Arte é a necessidade racional que leva o homem
a tomar consciência do mundo interior e exterior e a lazer um objeto
no qual se reconheça a si próprio.
Assim,
pois, no saber o Espírito encerra o movimento de formação,
ao ser afetado pela diferença sobreposta da consciência. O
Espírito conquistou o puro elemento de seu ser-aí, o conceito.
O conteúdo é, segundo a liberdade de seu ser, o si-mesmo que
se aliena ou a unidade imediata do saber-de-si-mesmo. O puro movimento desta
alienação constitui, considerado como conteúdo, a necessidade
deste. O conteúdo diversificado é como que determinado na
relação, não em si, e sua inquietude consiste em superar–se
a si mesmo ou na negação; é, portanto, a necessidade
ou a diversidade, o ser livre e igualmente o si-mesmo; e, nesta forma da
mesmidade, em que o ser-aí é pensamento imediato, o conteúdo
é conceito. Uma vez que o Espírito tenha alcançado
o conceito, desenvolve o ser-aí e o movimento neste éter de
sua vida, e é ciência. Nela, os momentos de seu movimento não
se apresentam já como determinadas figuras da consciência,
senão, como a diferença da consciência retornada a si-mesma,
como conceitos determinados e como o movimento orgânico, fundado em
si-mesmo, de tais conceitos.
A necessidade,
a Natureza e a História não são mais do que instrumentos
da revelação do Espírito.
O
tempo, tal como o espaço, é uma forma pura da intuição
ou percepção sensível. É a condição
de toda a percepção ativa imediata, e também de tudo
o que é percepcionado, isto é, de toda a experiência
e de tudo o que é experimentado. A Natureza é feita de tempo
e de espaço, e é um processo. Quando salientamos o seu aspecto
espacial, estamos conscientes da sua natureza objetiva; quando salientamos
o seu aspecto temporal, tornamo-nos conscientes da sua natureza subjetiva.
Tal como a percepcionamos, a Natureza é um processo de devir infindável
e contínuo. As coisas chegam e partem no tempo, mas são também
temporais – o tempo é o seu modo de existência.
A
Mente Universal manifesta-se na arte como intuição e imaginação;
na religião manifesta-se como sentimento e pensamento representativo;
e na Filosofia ocorre como liberdade pura de pensamento. Na História
mundial a Mente Universal manifesta-se como atualidade da mente, na sua
integridade de internalidade e de externalidade. A História do mundo
é um tribunal porque, na sua absoluta universalidade, o particular,
isto é, as formas de culto, sociedade e espíritos nacionais
em todas as suas diferentes atualidades, está presente apenas como
ideal, e aqui o movimento da mente é a manifestação
disto mesmo... A História do mundo não é o veredicto
da força, isto é, de um destino cego realizando-se a si mesmo
em uma inevitabilidade abstrata e não-racional. Pelo contrário,
porque a mente é razão implícita e explicitamente,
e porque a razão é explícita para si-mesma, na mente,
enquanto conhecimento, a História do mundo é o desenvolvimento
necessário, decorrente da liberdade da mente, dos momentos da razão
e, deste modo, da autoconsciência e da liberdade da mente. A história
da mente é a sua ação. A mente é apenas o que
faz, e a sua ação faz dela o objeto da sua própria
consciência. Através da História, a sua ação
ganha consciência-de-si-mesma como mente, e apreende-se na sua interpretação
de si-mesma para si-mesma. Esta apreensão é no seu ser e no
seu princípio, e a realização desta apreensão,
numa dada fase, é simultaneamente a rejeição dessa
fase e a sua elevação a uma fase mais elevada.
As
idéias que revolucionam o mundo avançam a passo miúdo.
Ser
independente da opinião pública é a primeira condição
formal para realizar qualquer coisa grandiosa ou racional, tanto na vida
como na ciência. Com o tempo, este feito será seguramente reconhecido
pela opinião pública, que na altura conveniente o transformará
em mais um dos seus preconceitos.
Só
arriscando a nossa vida conservamos a liberdade. Só assim provamos
que a essência da consciência de si-próprio não
é o ser, não é o modo imediato como essa consciência
surge em primeiro lugar, não é a sua fixação
na expansão da vida.
A
irrestrita infinitude da abstração absoluta ou universalidade,
o puro pensamento de si mesmo, é uma das glórias peculiares
da inteligência humana.
Após
contemplar por longo tempo uma soberba montanha, baixou a cabeça
e sentenciou: — É, de fato é assim.
Quando
a liberdade se volta para a ação prática, ela toma
forma na religião e na política como fanatismo e destruição
– a destruição de toda a ordem social subsistente –
como eliminação dos indivíduos que são objetos
de suspeita e a aniquilação de toda organização
que tente se erguer de novo de entre as ruínas. É só
destruindo alguma coisa que essa vontade negativa tem o sentimento de si-própria
como existente. É claro que ela imagina querer alcançar algum
estado de coisas positivo, como a igualdade universal ou a vida religiosa
universal, mas, de fato, ela não quer que esse estado se realize
efetivamente, porque essa realização levaria a alguma espécie
de ordem, a uma formação particularizada de organizações
e de indivíduos, ao passo que a autoconsciência da liberdade
negativa provém precisamente da negação da particularidade,
da negação de toda caracterização objetiva.
Conseqüentemente, o a liberdade negativa pretende querer nunca pode
ser algo em particular, mas apenas uma idéia abstrata, e dar efeito
a essa idéia só pode consistir na fúria da destruição.
Para
construir o Absoluto na consciência é preciso negar e superar
as finitudes da consciência, elevando, deste modo, o eu-empírico
a Eu-transcendental, a Razão e Espírito.
A
Razão é o agir conforme a um fim.
O
Espírito, que se sabe desenvolvido assim como Espírito, é
a Ciência. A Ciência é a efetividade do Espírito
– o reino que para si mesmo constrói em seu próprio
elemento.
A
História da consciência do indivíduo outra coisa não
pode ser senão o repercorrer a História do Espírito.
Uma
Palavra Final
Colho
na obra História da Filosofia (Do Romantismo até Nossos
Dias), volume III, de Giovanni Reale e Dario Antiseri, a inspiração
para concluir este estudo. O itinerário fenomenológico hegeliano
percorre as seguintes etapas: 1ª) Consciência (em sentido estrito);
2ª) Autoconsciência; 3ª) Razão; 4ª) Espírito;
5ª) Religião; e 6ª) Saber Absoluto. A tese de Hegel é
que toda Consciência é Autoconsciência (no sentido de
que a Autoconsciência é a verdade da Consciência). Por
seu turno, a Autoconsciência se descobre como Razão (no sentido
de que a Razão é a verdade da Autoconsciência). E, finalmente,
a Razão se realiza plenamente como Espírito, alcançando
seu ponto culminante – através da Religião – no
Saber Absoluto. Eu quero entender que o conceito hegeliano de Religião
seja o de Religião Interior – um Cristianismo depurado de séculos
de deturpações, ou seja, um Cristianismo Gnóstico e
Iniciático.
Se
assim não é, por que, para Hegel, as etapas fenomenológicas
do Espírito seriam: 1ª) o Espírito em-Si como
Eticidade; 2ª) o Espírito que-se-alheia-de-Si; e 3ª)
o Espírito que-readquire-certeza-de-Si? Ora, não
esqueçamos de que Hegel foi um Rosa+Cruz.