HANNAH ARENDT
(Pensamentos)

 

 

 

 

Hannah Arendt

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Talvez, esta pequena coleção de fragmentos do pensamento de Hannah Arendt, que preparei com todo carinho e que hoje estou divulgando, seja, em algumas passagens, um pouco difícil. Mas, se assim for, faça como eu: não desista; vá até o fim, que acabará valendo a pena.

 

 

 

 

Breve Biografia de Hannah

 

 

 

Hannah Arendt, nascida como Johanna Arendt, (Linden-Limmer, hoje bairro de Hannover, Alemanha, 14 de outubro de 1906 – Nova Iorque, Estados Unidos, 4 de dezembro de 1975) foi uma filósofa política alemã de origem judaica – uma das mais influentes do século XX e conhecida como uma pensadora da liberdade.

 

A privação de direitos e perseguição na Alemanha de pessoas de origem judaica a partir de 1933, assim como o seu breve encarceramento nesse mesmo ano, fizeram-na decidir emigrar. O regime nacional-socialista retirou sua nacionalidade em 1937, o que a tronou apátrida, até conseguir a nacionalidade estadunidense em 1951.

 

Hannah trabalhou, entre outras atividades, como jornalista e professora universitária, e publicou obras importantes sobre filosofia política. Contudo, rechaçava ser classificada como filósofa e também se distanciava do termo filosofia política; preferia que suas publicações fossem classificadas dentro da teoria política. Certa vez, Hannah afirmou: Não sou filósofa. Minha profissão – se pode ser chamada assim – é a Teoria Política. Eu me despedi irreversivelmente da Filosofia. Estudei Filosofia, mas isto não quer dizer que permaneci nela. A razão, por si mesma, a faculdade de pensar que possuo, tem necessidade de se atualizar. Todavia, em 1961, um acontecimento seria determinante no percurso intelectual de Hannah. Enviada para Jerusalém para assistir e cobrir, para a revista New Yorker, o julgamento do criminoso nazista Karl Adolf Eichmann (Solingen, 19 de março de 1906 – Ramla, 1º de junho de 1962), que se transformaria posteriormente no livro, Eichmann em Jerusalém - Um Relato Sobre a Banalidade do Mal, foi uma inesquecível experiência que resultaria no seu retorno à Filosofia.

 

 

 

 

Hannah defendia o conceito de pluralismo no âmbito político. Graças ao pluralismo, o potencial de liberdade e de igualdade política seriam gerados entre as pessoas. Importante é a perspectiva da inclusão do Outro. Em acordos políticos, convênios e leis, devem trabalhar em níveis práticos pessoas adequadas e dispostas. Como frutos destes pensamentos, Hannah se situava de forma crítica ante a Democracia representativa, e preferia um sistema de conselhos ou formas de Democracia direta.

 

Entretanto, ela continua sendo estudada como filósofa, em grande parte devido às suas discussões críticas de filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles, Immanuel Kant, Martin Heidegger e Karl Jaspers, além de representantes importantes da filosofia moderna como Maquiavel e Montesquieu. Justamente graças ao seu pensamento independente, a Teoria do Totalitarismo (Theorie der Totalen Herrschaft), seus trabalhos sobre Filosofia Existencial e sua reivindicação da discussão política livre, Hannah continua e ter um papel central nos debates contemporâneos.

 

Como fontes de suas investigações Arendt usava, além de documentos filosóficos, políticos e históricos, biografias e obras literárias. Seu sistema de análise – parcialmente influenciado por Heidegger – a converte em uma pensadora original situada entre diferentes campos de conhecimento e especialidades universitárias. O seu devenir pessoal e o de seu pensamento mostram um importante grau de coincidência.

 

 

 


 

 

 

Pensamentos de Hannah

 

 

 

Quem habita este planeta não é o Homem, mas os homens. A pluralidade é a lei da Terra.

 

A corrupção e a perversão são mais perniciosas e, ao mesmo tempo, mais suscetíveis de ocorrer, em uma república igualitária do que em qualquer outra forma de Governo. Falando esquematicamente, esses males passam a ocorrer quando os interesses particulares invadem o domínio público, isto é, quando eles vêm de baixo, e não de cima.

 

O principal vício de toda sociedade igualitária é a inveja – o grande vício da sociedade grega livre. E a grande virtude de todas as aristocracias parece-me ser que as pessoas sempre sabem quem são e, portanto, não se comparam com outras. Esta comparação constante é realmente a quintessência da vulgaridade.

 

As mentiras sempre foram consideradas instrumentos necessários e legítimos, não somente do ofício do político ou do demagogo, mas também do estadista.

 

 

 

 

O problema de mentir é que isso vai depender de o mentiroso ter uma clara noção da verdade a ser escondida. Nesse sentido, a verdade, mesmo aquela que não aparece em público, tem uma primazia sobre toda falsidade.

 

É na esfera política e pública que realizamos nossa condição humana.

 

Aqueles que compreendem corretamente a terrível eficiência da organização e da polícia totalitárias tendem a subestimar a força material dos países totalitários, enquanto aqueles que compreendem a esbanjadora incompetência da Economia totalitária tendem a subestimar a força material, o potencial de poder que pode ser criado à revelia de todos os fatores materiais.

 

Faz parte da própria natureza das coisas humanas que cada ato cometido e registrado pela história da Humanidade fique com a Humanidade como uma potencialidade muito depois da sua efetividade se ter tornado coisa do passado. Nenhum castigo jamais possuiu poder suficiente para impedir a perpetração de crimes.

 

O mais radical revolucionário tornar-se-á um conservador no dia seguinte à revolução.

 

O artifício humano deve ser um lugar adequado à ação e ao discurso, a atividades não só inteiramente inúteis às necessidades da vida, mas de natureza inteiramente diferente das várias atividades da fabricação mediante a qual são produzidos o mundo e todas as coisas que nele existem.

 

O conservadorismo, no sentido da conservação, faz parte da essência da atividade educacional, cuja tarefa é sempre abrigar e proteger alguma coisa.

 

A escola não é de modo algum o mundo nem deve ser tomada como tal; é, antes, a instituição que se interpõe entre o mundo e o domínio privado do lar.

 

A nação concebe as leis como produto da sua substância nacional que é única, que não é válida além dos limites do seu próprio território, não correspondendo aos valores e anseios dos outros povos.

 

Em sua essência, o nacionalismo é a expressão de uma perversa transformação do Estado em instrumento da nação e da identificação do cidadão como membro da nação.

 

 

 

A burguesia, que durante tanto tempo fora excluída do Governo pelo Estado-nação e, por sua própria falta de interesse, das coisas públicas, emancipou-se politicamente através do imperialismo.

 

No imperialismo, a força tornou-se a essência da ação política e o centro do pensamento político quando se separou da comunidade política à qual devia servir.

 

A riqueza que não explora deixa de gerar até mesmo a relação existente entre o explorador e o explorado; o alheamento sem política indica a falta do menor interesse do opressor pelo oprimido.

 

A função da escola é ensinar às crianças como o mundo é, e não instruí-las na arte de viver.

 

A cognição sempre tem um fim definido, que pode resultar de considerações práticas ou de mera curiosidade; mas, uma vez atingido este fim, o processo cognitivo termina.

 

A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele.

 

Se o pensar ricocheteia sobre si mesmo e encontra seu único objeto na própria alma, torna-se reflexão, e sem dúvida adquire (desde que permaneça racional) uma semelhança de poder ilimitado, ao mesmo tempo precisamente em que se isola do mundo, se desinteressa deste, entrincheira-se diante do único objeto 'interessante': o próprio interior.

 

A essência dos Direitos Humanos é o direito a ter direitos.

 

A cidadania deve ser concebida com o 'direito a ter direitos', pois sem ela não se trabalha a igualdade que requer o acesso ao espaço público. Os direitos – todos os direitos – não são dados ('physei') mas construídos ('nomoi') no âmbito de uma comunidade política.

 

A sociedade é a forma na qual o fato da dependência mútua em prol da subsistência, e de nada mais, adquire importância pública, e na qual as atividades que dizem respeito à mera sobrevivência são admitidas em praça pública.

 

O homem que ignora ser sujeito à necessidade não pode ser livre, uma vez que sua liberdade é sempre conquistada mediante tentativas, nunca inteiramente bem-sucedidas, de se libertar da necessidade.

 

O direito à informação, como condição essencial para a manutenção de um espaço público democrático, e o direito à intimidade, são indispensáveis para a preservação do calor da vida humana na esfera privada.

 

Toda dor poderá ser suportada, se sobre ela puder ser contada uma história.

 

A nossa crença na realidade da vida e na realidade do mundo não são, com efeito, a mesma coisa. A segunda provém basicamente da permanência e da durabilidade do mundo, bem superiores às da vida mortal. Se o homem soubesse que o mundo acabaria quando ele morresse, ou logo depois, este mundo perderia toda a sua realidade, como a perdeu para os antigos cristãos, na medida em que estes estavam convencidos de que as suas expectativas escatológicas seriam imediatamente realizadas. A confiança na realidade da vida, pelo contrário, depende quase exclusivamente da intensidade com que a vida é experimentada, do impacto com que ela se faz sentir.

 

Há uns que nos falam e não ouvimos; há uns que nos tocam e não sentimos; há aqueles que nos ferem e nem cicatrizes deixam. Mas, há aqueles que simplesmente vivem e nos marcam por toda vida.

 

Tudo que os homens fazem, sabem ou experimentam só tem sentido na medida em que pode ser discutido.

 

A pluralidade é a condição da ação humana pelo fato de sermos todos os mesmos, isto é, humanos, sem que ninguém seja exatamente igual a qualquer pessoa que tenha existido, exista ou venha a existir.

 

A burocracia é sempre um governo de peritos, de uma 'minoria experiente', que tem de resistir da melhor forma possível à constante pressão da 'maioria inexperiente'. Todo povo é basicamente formado por uma maioria inexperiente e, portanto, não se lhe pode confiar um assunto tão altamente especializado como política e negócios públicos.

 

O Governo que não é nem da lei, nem dos homens, mas de escritórios ou computadores anônimos, cuja dominação inteiramente despersonalizada pode vir a se tornar uma ameaça maior à liberdade e àquele mínimo de civilidade, sem o qual nenhuma vida comunitária é concebível, do que jamais foi a mais abusiva arbitrariedade dos tiranos do passado.

 

Em um Governo constitucional, as leis positivas destinam-se a erigir fronteiras e a estabelecer canais de comunicação entre os homens, cuja comunidade é continuamente posta em perigo pelos novos homens que nela nascem.

 

A pobreza força o homem livre a agir como escravo.

 

Uma existência vivida inteiramente em público, na presença de outros, torna-se, como diríamos, superficial.

 

A solução para o problema da imprevisibilidade, da caótica incerteza do futuro, está contida na faculdade de prometer e de cumprir o que foi prometido.

 

No instante em que uma boa obra se torna pública e conhecida, perde o seu caráter específico de bondade, de não ter sido feita por outro motivo além do amor à bondade. Quando a bondade se mostra abertamente já não é bondade, embora possa ainda ser útil como caridade organizada ou como ato de solidariedade. Daí: 'Não dês esmolas perante os homens, para seres visto por eles'.

 

 

 

 

O amor à sabedoria e o amor à bondade, que se resolvem nas atividades de filosofar e de praticar boas ações, têm em comum o fato de que cessam imeditamente – cancelam-se, por assim dizer – sempre que se presume que o homem pode ser sábio ou ser bom.

 

Só a bondade deve se esconder de modo absoluto e evitar qualquer publicidade; do contrário é destruída.

 

Estar em solidão significa estar consigo mesmo; e, portanto, o ato de pensar, embora possa ser a mais solitária das atividades, nunca é realizado inteiramente sem um parceiro e sem companhia.

 

Os pensamentos, como todas as coisas que devem sua existência à memória, podem ser transformados em objetos tangíveis que, como a página escrita ou o livro impresso, se tornam parte do artifício humano. As boas obras, por deverem ser imediatamente esquecidas, jamais podem se tornar parte do mundo; vêm e vão sem deixar vestígios; e positivamente não pertencem a este mundo.

 

É este caráter extramundano das boas obras que faz do amante da bondade uma figura essencialmente religiosa, e torna a bondade, como sabedoria na Antigüidade, uma qualidade essencialmente inumana e sobre-humana.

 

A bondade só pode existir quando não é percebida, nem mesmo por aquele que a faz. Quem quer se veja a si mesmo no ato de fazer uma boa obra deixa de ser bom. Será, no máximo, um membro útil da sociedade ou zelozo membro da Igreja. Daí: 'Que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita'.

 

Se não tivéssemos outras percepções sensoriais além daquelas nas quais o corpo se percebe a si mesmo, a realidade do mundo exterior não ficaria sujeita à dúvida, mas não teríamos sequer noção do que viesse a ser um mundo.

 

A condição humana é tal que a dor e o esforço não são meros sintomas que podem ser eliminados sem que mude a própria vida; antes, são modos pelos quais a própria vida, juntamente com a necessidade à qual está vinculada, se faz sentir. Para os mortais, a 'boa vida dos deuses' seria uma vida sem vida.

 

Só a ação é prerrogativa exclusiva do homem. Nem um animal nem um deus são capazes de ação, e só a ação depende inteiramente da constante presença de outros.

 

É da própria natureza de todo novo início o irromper no mundo como uma improbabilidade infinita, e é, contudo, justamente este infinitamente improvável que constitui de fato a verdadeira trama de tudo que denominamos de real.

 

A confiança na realidade da vida, ao contrário, depende quase exclusivamente da intensidade com que a vida é experimentada, do impacto com que ela se faz sentir.

 

Em um mundo estritamente utilitário, todos os fins tendem a ser de certa duração e se transformar em meios para outros fins.

 

Esta materialização, sem a qual nenhum pensamento pode se tornar coisa tangível, ocorre sempre a um preço, e que o preço é a própria vida: é sempre na 'letra morta' que o 'espírito vivo' deve sobreviver.

 

A memória e o dom de lembrar, dos quais provém todo desejo de imperecibilidade, necessitam de coisas que os façam recordar, para que eles próprios não venham a perecer.

 

Os processos do pensamento permeiam tão intimamente toda a existência humana que o seu começo e o seu fim coincidem com o começo e o fim da própria existência humana.

 

O desenvolvimento econômico sob nenhuma condição pode levar à liberdade ou constituir uma prova de sua existência.

 

A ação e o discurso são os modos pelos quais os seres humanos se manifestam uns aos outros, não como meros objetos físicos, mas enquanto homens.

 

Embora todos comecem a vida se inserindo no mundo humano através do discurso e da ação, ninguém é autor ou criador da história de sua própria vida. Em outras palavras, as histórias, resultado da ação e do discurso, revelam um agente, mas esse agente não é autor nem produtor. Alguém a iniciou e dela é o sujeito, na dupla acepção da palavra, mas ninguém é seu autor.

 

A diferença entre história real e a ficção é precisamente que esta última é 'feita', enquanto a primeira não o é.

 

 

 

 

O mundo – artifício humano – separa a existência do homem de todo ambiente meramente animal; mas a vida, em si, permanece fora desse mundo artificial, e através da vida o homem permanece ligado a todos os outros organismos vivos. Recentemente, a ciência vem se esforçando por tornar 'artificial' a própria vida, por cortar o último laço que faz do próprio homem um filho da natureza.

 

 

 

 

História é uma série de eventos, e não de forças ou idéias de curso previsível.

 

As idéias vêm e vão, duram algum tempo, podem até alcançar certa imortalidade própria, dependendo do seu poder de iluminar e de esclarecer, que vive e perdura independentemente do tempo e da história.

 

A morada da alma só pode ser construída com firmeza na sólida fundação do mais completo desespero.

 

A moderna Filosofia, desde Descartes, tem consistido na manifestação e nas ramificações da dúvida.

 

Se o Ser e a Aparência estão definitivamente separados – e este, como observou Marx2 certa vez, é realmente o pressuposto básico de toda ciência moderna – então nada resta que não possa ser aceito de boa-fé; tudo deve ser posto em dúvida.

 

Precisamos nos desfazer do atual preconceito que atribui o desenvolvimento da ciência moderna, vista a sua aplicabilidade, a um desejo pragmático de melhorar as condições da vida humana na Terra. A história mostra claramente que a moderna tecnologia resultou não da evolução daquelas ferramentas que o homem sempre havia inventado para atenuar o labor e de erigir o artifício humano, mas exclusivamente da busca de conhecimento inútil, inteiramente desprovido de senso prático. Assim, o relógio, um dos primeiros instrumentos modernos não foi inventado para os fins da vida prática, mas exclusivamente para a finalidade altamente «teórica» de realizar certas experiências com a Natureza. É certo que esta intervenção, logo que a sua utilidade prática foi percebida, mudou o ritmo e a própria fisionomia da vida humana; mas isto, do ponto de vista dos inventores, foi um mero acidente. Se tivéssemos de confiar apenas nos chamados instintos práticos do homem, jamais teria havido qualquer tecnologia digna de nota; e, embora as invenções técnicas hoje existentes tragam em si um dado impulso que, provavelmente, gerará melhoras até um certo ponto, é pouco provável que o nosso mundo condicionado à técnica pudesse sobreviver, e, muito menos, continuar a se desenvolver, se conseguíssemos nos convencer de que o homem é, antes de tudo, uma criatura prática.

 

A objeção de Marx a Hegel3 diz: a dialética do espírito do mundo não se move ardilosamente por trás dos homens, usando atos da vontade que parecem provir dos homens para seus próprios fins, mas é, ao contrário, o estilo e o método da própria ação humana

 

Se já não podemos confiar nos sentidos nem no senso comum nem na razão, então, é possível que tudo que julgamos que seja realidade não passe de um sonho.

 

Se tudo se tornou duvidoso, então, pelo menos, a dúvida é certa e real.

 

 

 

 

Pelo fato de que se movimenta sempre entre e em relação a outros seres atuantes, o ator nunca é simples agente, mas também, e ao mesmo tempo, paciente. Agir e padecer são como as faces opostas da mesma moeda, e a história iniciada por uma ação se compõe de seus feitos e dos sofrimentos deles decorrentes.

 

Embora não possa conhecer a verdade como algo dado e revelado, o homem pode, pelo menos, conhecer o que ele próprio faz.

 

Quem deseje fazer do prazer o fim último de toda ação humana, é levado a admitir que não o prazer, mas a dor, não o desejo, mas o medo, são os seus verdadeiros guias.

 

O conceito de direitos humanos, baseado na suposta existência de um ser humano em si, desmoronou no mesmo instante em que aqueles que diziam acreditar nele se confrontaram pela primeira vez com seres humanos que haviam realmente perdido todas as outras qualidades e relações específicas – exceto que ainda eram humanos. O mundo não viu nada de sagrado na abstrata nudez de ser unicamente humano.

 

Sobre os chamados 'indesejáveis da Europa', que, por força da guerra, haviam sido transformados em refugiados, sem encontrar um lugar no mundo: Uma vez fora do pais de origem, permaneciam sem lar. Quando deixavam seu Estado, tornavam-se apátridas. Quando perdiam seus direitos humanos, perdiam todos os direitos; eram o refugo da Terra.1

 

O homem, como 'homo faber',4 tende a se isolar com o seu trabalho, isto é, a deixar temporariamente o terreno da política.
Historicamente, a última esfera pública, o último lugar de reunião que de alguma forma se relaciona com a atividade do 'homo faber', é o mercado de trocas onde seus produtos são exibidos.

 

O 'animal laborans' que, com o próprio corpo e a ajuda de animais domésticos, nutre o processo da vida, pode ser o amo e senhor de todas as criaturas vivas, mas ainda é servo da Natureza e da Terra; só o 'homo faber' se porta como amo e senhor de toda a Terra.

 

Por de trás da teoria dos interesses de Marx, há a convicção de que a única satisfação legítima de um interesse reside no trabalho. Como suporte desta convicção e nota fundamental de todos os seus escritos, há uma nova definição do homem, que vê a Humanidade essencial do homem não na sua racionalidade ('animal rationale'), nem na sua produção de objetos ('homo faber'), nem no fato de ter sido feito à semelhança de Deus ('creatura dei'), mas, antes, no trabalho, que a tradição unanimemente rejeitara como incompatível com a existência humana livre e plena. Marx foi o primeiro a definir o homem como um 'animal laborans', como uma criatura trabalhadora. Subsume nesta definição tudo o que a tradição considerara como marcas distintivas da Humanidade: o trabalho é o princípio da racionalidade e das suas leis, que no desenvolvimento das forças produtivas determina a história e torna a história compreensível para a razão. O trabalho é o princípio da produtividade: é ele que produz, na terra, o mundo verdadeiramente humano. E o trabalho é, como Engels5 declarou no seu epigrama intencionalmente blasfemo, que mais não faz do que reduzir muitas das afirmações de Marx a uma simples forma, 'o criador da Humanidade'.

 

O labor é a atividade que corresponde ao processo biológico do corpo humano, cujo crescimento espontâneo, metabolismo e eventual declínio têm a ver com as necessidades vitais produzidas e introduzidas pelo labor no processo da vida. A condição humana do labor é a própria vida.

 

O labor assegura não apenas a sobrevivência do indivíduo, mas a vida da espécie. O trabalho e seu produto, o artefato humano, emprestam certa permanência e durabilidade à futilidade da vida mortal e ao caráter efêmero do tempo humano. A ação, na medida em que se empenha em fundar e preservar corpos políticos, cria a condição para a lembrança, ou seja, para a história.

 

É a durabilidade do mundo que empresta às coisas do mundo sua relativa independência dos homens que a produziram.

 

As razões particulares que falam pela possibilidade de repetição dos crimes cometidos pelos nazistas são ainda mais plausíveis. A assustadora coincidência da explosão populacional moderna com a descoberta de aparelhos técnicos que, graças à automação, tornarão ‘supérfluos’ vastos setores da população, até mesmo em termos de trabalho, e que, graças à energia nuclear, possibilitam lidar com esta dupla ameaça – com o uso de instrumentos ao lado dos quais as instalações de gás de Hitler pareceriam brinquedos de uma criança maldosa – tudo isso deve bastar para nos fazer tremer.

 

O que é exterminado em uma guerra é muitíssimo mais do que o mundo do adversário derrotado. É, sobretudo, o espaço intermédio entre os parceiros da guerra e entre os povos, que em sua totalidade formam o mundo na Terra.

 

Pode-se dizer que o mal radical surgiu em relação a um sistema, no qual todos os homens se tornaram supérfluos. Os que manipulam este sistema acreditam na própria superfluidade tanto quanto na de todos os outros, e os assassinos totalitários são os mais perigosos, porque não se importam se estão vivos ou mortos; se jamais viveram ou se nunca nasceram.

 

Sobre as conseqüências da ruptura da tradição ocorrida na Alemanha após o final da I Guerra: Politicamente falando, foi o declínio e a queda do Estado-nação; socialmente, foi a transformação de um sistema de classes em uma sociedade de massas; espiritualmente, foi a ascensão do niilismo, que por longo tempo fora preocupação de poucos, mas, então, subitamente, se convertia em fenômeno de massas.

 

O poder só é efetivado enquanto a palavra e o ato não se divorciam, quando as palavras não são vazias e os atos não são brutais, quando as palavras não são empregadas para velar intenções, mas para revelar realidades, e os atos não são usados para violar ou destruir, mas para criar relações e novas realidades.

 

Qualquer pessoa que se recuse a assumir a responsabilidade coletiva pelo mundo não deveria ter crianças e deveria ser proibida de tomar parte na educação.

 

Somente onde ocorrer mudança, no sentido de um novo princípio, onde a violência for utilizada para constituir uma forma de Governo completamente diferente, para dar origem à formação de um novo corpo político, onde a libertação da opressão almeje, pelo menos, a constituição da liberdade, é que podemos falar de revolução.

 

A única solução possível para o problema da irreversibilidade – a impossibilidade de se desfazer o que se fez, embora não se soubesse ou não se pudesse saber o que se fazia – é a faculdade de perdoar.

 

O perdão é a chave da ação e da liberdade.

 

 

 

 

Se não fôssemos perdoados, eximidos das conseqüências daquilo que fizemos, a nossa capacidade de agir ficaria, por assim dizer, limitada a um único ato do qual jamais nos recuperaríamos; seríamos para sempre as vítimas das suas conseqüências, à semelhança do aprendiz de feiticeiro que não dispunha da fórmula mágica para desfazer o feitiço. Se não nos obrigássemos a cumprir as nossas promessas, não seríamos capazes de conservar a nossa identidade; estaríamos condenados a errar desamparados e desnorteados nas trevas do Coração de cada homem, enredados nas suas contradições e equívocos – trevas que só a luz derramada na esfera pública pela presença de outros que confirmam a identidade entre o que promete e o que cumpre poderia dissipar. Ambas as faculdades, portanto, dependem da pluralidade; na solidão e no isolamento, o perdão e a promessa não chegam a ter realidade: são, no máximo, um papel que a pessoa encena para si mesma.

 

A suposição de que a identidade de uma pessoa transcende, em grandeza e importância, tudo o que ela possa fazer ou produzir é um elemento indispensável da dignidade humana. Só os vulgares consentirão em atribuir a sua dignidade ao que fizeram; em virtude dessa condescendência serão «escravos e prisioneiros» das suas próprias faculdades, e descobrirão, caso lhes reste algo mais que mera vaidade estulta, que ser escravo e prisioneiro de si mesmo é tão ou mais amargo e humilhante do que ser escravo de outrem.

 

Não há pensamentos perigosos; o pensamento é que pode se tornar perigoso.

 

Tudo o que constitui a grandeza continua sendo essencialmente o mesmo através dos séculos.

 

O mal não é nunca 'radical', só é extremo; e carece de toda profundidade e de qualquer dimensão demoníaca. Pode crescer desmesuradamente e reduzir todo o mundo a escombros, precisamente porque pode se expandir como um fungo pela superficie.

 

Cultura se relaciona com os objetos; é um fenômeno do mundo. Hospitalidad se relaciona com as pessoas; é um fenômeno da vida.

 

O Terceiro Mundo jamais se tornará uma realidad sem uma ideologia.

 

Os 'tempos sombrios', no sentido mais amplo que aqui proponho, não são, em si, idênticos às monstruosidades deste século, que, de fato, se constituem em uma horrível realidade. Os 'tempos sombrios', pelo contrário, não só não são novos, como não constituem uma raridade na história, embora fossem talvez desconhecidos na história americana, que, por outro lado, tem a sua bela parcela, passada e presente, de crimes e de catástrofes. Que mesmo no tempo mais sombrio que temos o direito de esperar alguma iluminação, e que tal iluminação pode bem provir, menos das teorias e conceitos, e mais da luz incerta, bruxuleante e freqüentemente fraca que alguns homens e mulheres, nas suas vidas e obras, farão brilhar em quase todas as circunstâncias, e irradiarão pelo tempo que lhes foi dado na Terra – esta convicção constitui o pano de fundo implícito contra o qual se delinearam esses perfis. Olhos tão habituados às sombras, como os nossos, dificilmente conseguirão dizer se sua luz era a luz de uma vela ou a de um sol resplandecente. Mas tal avaliação objetiva me parece uma questão de importância secundária que pode ser seguramente legada à posteridade.

 

As armas e a luta pertencem à atividade da violência, e a violência, distinguindo-se do poder, é muda; a violência tem início onde termina a fala. Quando usadas com o propósito de lutar, as palavras perdem sua qualidade de fala; transformam-se em clichês.

 

Pense com o Coração e sinta com a cabeça.

 

Para viver junto com os outros é necessário começar por viver junto a si mesmo.

 

A relevância política da descoberta socrática reside em sua afirmação de que a solidão, que, antes e depois de Sócrates era tida como prerrogativa e hábito profissional apenas do filósofo, e naturalmente vista pela pólis como suspeita de ser antipolítica, é, ao contrário, a condição necessária para o bom funcionamento da pólis, uma garantia melhor do que as regras de comportamento impostas por leis e pelo medo do castigo.

 

O pensamento como tal traz bem poucos benefícios à sociedade, muito menores do que a sede de conhecimento, que usa o pensamento como um instrumento para outros fins. Ele não cria valores; ele não encontrará o que é o ‘bem’ de uma vez por todas; ele não confirma regras de conduta; ao contrário, dissolve-as. E ele não tem relevância política, a não ser em situações de emergência. Quando todos estão se deixando levar, impensadamente, pelo que os outros fazem e por aquilo em que crêem, aqueles que pensam são forçados a se mostrar, pois a sua recusa em aderir se torna patente, e se torna, portanto, um tipo de ação.

 

Eu não sou apenas para os outros, mas sou também para mim mesma; e, neste último caso, claramente eu não sou apenas um. Uma diferença se instala na minha Unicidade.

 

O pensamento é um estar-só, mas não é solidão; o estar-só é a situação em que me faço companhia. A solidão ocorre quando estou sozinha, mas incapaz de me dividir no dois-em-um, incapaz de me fazer companhia, quando, como Jaspers6 dizia, ‘eu falto a mim mesmo’ ('ich bleib mir aus') ou, em outras palavras, quando sou um e sem companhia.

 

Os fatos e os acontecimentos são coisas infinitamente mais frágeis do que os axiomas, as descobertas e as teorias – mesmo os mais loucamente especulativos – produzidos pelo espírito humano. Uma vez perdidos, nenhum esforço racional poderá fazê-los voltar.

 

A compreensão7 é uma atividade interminável, por meio da qual, em constante mudança e variação, aprendemos a lidar com nossa realidade e nos reconciliamos com ela, isto é, tentamos nos sentir em casa no mundo.

 

Das coisas tangíveis, as menos duráveis são as necessárias ao próprio processo da vida. O seu consumo mal sobrevive ao ato da sua produção; no dizer de Locke,8 todas essas «boas coisas» que são «realmente úteis à vida do homem», à «necessidade de subsistir», são «geralmente de curta duração, de tal modo que - se não forem consumidas pelo uso, se deteriorarão e perecerão por si mesmas». Após breve permanência neste mundo, retomam ao processo natural que as produziu, seja através de absorção no processo vital do animal humano, seja através da decomposição; e, sob a forma que lhes dá o homem, através da qual adquirem um lugar efêmero no mundo das coisas feitas pelas mãos do homem, desaparecem mais rapidamente que qualquer outra parcela do mundo.

 

A fonte imediata da obra de arte é a capacidade humana de pensar, da mesma forma que a «propensão para a troca e o comércio» é a fonte dos objetos de uso. Tratam-se de capacidades do homem, e não de meros atributos do animal humano, como sentimentos, desejos e necessidades, aos quais estão ligados, e que, muitas vezes, constituem o seu conteúdo. Estes atributos humanos são tão alheios ao mundo, que o homem cria como seu lugar na Terra, como os atributos correspondentes de outras espécies animais; se tivessem de constituir um ambiente fabricado pelo homem para o animal humano, este ambiente seria um não-mundo, resultado de emanação e não de criação. A capacidade de pensar relaciona-se com o sentimento, transformando a sua dor muda e inarticulada, do mesmo modo que a troca transforma a ganância crua do desejo, e o uso transforma o anseio desesperado da necessidade – até que todos se tornem dignos de entrar no mundo transformados em coisas, reificados. Em cada caso, uma capacidade humana que, por sua própria natureza, é comunicativa e voltada para o mundo, transcende e transfere para o mundo algo muito intenso e veemente que estava aprisionado no ser.

 

Ser diferente não equivale a ser outro, ou seja, não equivale a possuir essa curiosa qualidade de «alteridade»,9 comum a tudo o que existe e que, para a Filosofia Medieval, é uma das quatro características básicas e universais que transcendem todas as qualidades particulares. A alteridade é, sem dúvida, um aspecto importante da pluralidade; é a razão pela qual todas as nossas definições são distinções e o motivo pelo qual não podemos dizer o que uma coisa é sem a distinguir de outra. Na sua forma mais abstrata, a alteridade está apenas presente na mera multiplicação de objetos inorgânicos, ao passo que toda a vida orgânica já exibe variações e diferenças, inclusive entre indivíduos da mesma espécie. Só o homem, porém, é capaz de exprimir essa diferença e distinguir-se; só ele é capaz de se comunicar a si próprio e não apenas comunicar alguma coisa – como sede, fome, afeto, hostilidade ou medo. No homem, a alteridade, que ele tem em comum com tudo o que existe, e a distinção, que ele partilha com tudo o que vive, tornam-se singularidades, e a pluralidade humana é a paradoxal pluralidade dos seres singulares.

 

O único fator material indispensável para a geração do poder é a convivência entre os homens. Estes só retêm poder quando vivem tão próximos uns dos outros que as potencialidades da ação estão sempre presentes; e, portanto, a fundação de cidades que, como as cidades-estado, se converteram em paradigmas para toda a organização política ocidental, foi, na verdade, a condição prévia material mais importante do poder. O que mantém unidas as pessoas depois de ter passado o momento fugaz da ação (aquilo que hoje chamamos «organização») e o que elas, por sua vez, mantêm vivo ao permanecerem unidas é o poder. Todo aquele que, por algum motivo, se isola e não participa desta convivência renuncia ao poder e se torna impotente, por maior que seja a sua força e por mais válidas que sejam as suas razões.

 

Normalmente, a ausência de dor é apenas a condição física necessária para que o indivíduo sinta o mundo. Somente quando o corpo não está irritado, e devido à irritação voltado para dentro de si mesmo, podem os sentidos do corpo funcionar normalmente e receber o que lhes é oferecido. A ausência de dor geralmente só é «sentida» no breve intervalo entre a dor e a não-dor; mas a sensação que corresponde ao conceito de felicidade do sensualista é a libertação da dor, e não a sua ausência. A intensidade de tal sensação é indubitável; na verdade, só a sensação da própria dor pode igualá-la.

 

 

 

 

Mesmo quando você estiver sozinho e aparecer apenas para si mesmo, apareça sempre como quer aparecer para os outros... Alguém que se contradiz não é confiável.

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Conforme aponta Celso Lafer (introdutor do pensamento de Arendt no Brasil) em seu estudo fundamental, A Reconstrução dos Direitos Humanos – um Diálogo com o Pensamento de Hannah Arendt, a reflexão que Hannah efetua em torno da condição de apátrida permite-lhe concluir que, em um mundo como o do século XX, inteiramente organizado politicamente, perder a cidadania significava ser expulso da Humanidade, de nada valendo os direitos humanos aos expelidos da trindade Estado/povo/território.

2. Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 – Londres, 14 de março de 1883) foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, que atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista. O pensamento de Marx influencia várias áreas, tais como Filosofia, História, Sociologia, Ciência Política, Antropologia, Psicologia, Economia, Comunicação, Arquitetura, Geografia e outras. Em uma pesquisa realizada pela Radio 4, da British Broadcasting Corporation (BBC), em 2005, foi eleito o maior filósofo de todos os tempos.

3. Georg Wilhelm Friedrich Hegel (Estugarda, 27 de agosto de 1770 – Berlim, 14 de novembro de 1831) foi um filósofo alemão.

4. Homo faber é uma locução latina que significa 'o homem que faz ou que fabrica'. Usa-se principalmente em contraposição a Homo sapiens, a denominación biológica da espécie humana, locução também latina que significa 'o homem que sabe'. A locução Homo faber foi usado pela escritora Hannah Arendt para enfatizar a capacidade humana de controlar seu meio com o uso de ferramentas.

5. Friedrich Engels (Barmen, 28 de novembro de 1820 – Londres, 5 de agosto de 1895) foi um teórico revolucionário alemão que, junto com Karl Marx, fundou o chamado Socialismo Científico ou Marxismo. Ele foi co-autor de diversas obras com Marx, sendo que a mais conhecida é o Manifesto Comunista. Também ajudou a publicar, após a morte de Marx, os dois últimos volumes de O Capital, principal obra de seu amigo e colaborador.

6. Karl Theodor Jaspers (Oldenburg, 23 de fevereiro de 1883 – Basiléia, 26 de fevereiro de 1969) foi um filósofo e psiquiatra alemão.

7. Tenho dito e vou repetir: só a compreensão liberta.

8. John Locke (Wringtown, 29 de agosto de 1632 – Harlow, 28 de outubro de 1704) foi um filósofo inglês e ideólogo do Liberalismo, sendo considerado o principal representante do Empirismo Britânico e um dos principais teóricos do Contrato Social.

9. Alteridade (ou outridade) é a concepção que parte do pressuposto básico de que todo o homem social interage e interdepende de outros indivíduos. Assim, como muitos antropólogos e cientistas sociais afirmam, a existência do 'eu-individual' só é permitida mediante um contato com o outro (que, em uma visão expandida, se torna o Outro – a própria sociedade diferente do indivíduo). Desta forma, nós existimos apenas a partir do outro, da visão do outro, o que nos permite também compreender o mundo a partir de um olhar diferenciado, partindo tanto do diferente quanto de nós mesmos, sensibilizados que estamos pela experiência do contato.

 

Páginas da Internet consultadas:

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http://pt.wikiquote.org/wiki/Hannah_Arendt

 

Fundo musical:

Agios

Fonte:

http://www.greekbiblos.gr/midis.htm