POR QUE GENOCÍDIO DO POVO YANOMAMI?

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

Sim. No caso do Povo Yanomami, se aplica a hipótese de genocídio, o que envergonha a nacionalidade brasileira. Houve dolo (direto de segundo grau) [aquele que decorre do meio escolhido para a prática do delito, ou, em outras palavras, diz respeito a um efeito colateral típico decorrente do meio escolhido e admitido, pelo autor, como certo ou necessário], sim, de aniquilar o Povo Yanomami, em toda essa conduta de garimpeiros e do Estado Brasileiro. Nos últimos quatro anos [do Governo Bolsonaro], as práticas e os discursos entoados no sentido de expandir a fronteira do garimpo, da mineração do ouro, associados a outros fatos, como a eliminação de equipamentos de saúde, a redução do abastecimento de fármacos, a conduta omissiva do Estado Brasileiro e todas as práticas [desumanas e criminosas] como, por exemplo, o depósito de mercúrio [nos rios], absolutamente incompatível com as vidas da fauna e da flora, vêm comprometendo a sobrevivência do Povo Yanomami. E, com isso, nos últimos quatro anos, aumentou exponencialmente o número de indígenas sofridos, mortos e adoecidos. A conduta de governantes e de agentes privados pode ser enquadrada, sim, como conduta tipificadora de crime de genocídio. No Brasil, a Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956, define e pune o crime de genocídio. [Gustavo Sampaio Telles Ferreira, Doutor em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O Ministro aposentado (1989 a 2020) e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (1997 a 1999), José Celso de Mello Filho (Tatuí, 1º de novembro de 1945), agasalha o mesmo pensamento do Dr. Gustavo Sampaio. Eu, que não sou jurisconsulto nem nunca fui Ministro do STF, também concordo com as ponderações acima. O que fizeram e o que continuam a fazer com o Povo Yanomami é genocídio sim. Cana neles!]

 

 

Yanomamis Desprezados, Amesquinhados e Genocidados

 

 

 

Por que a nossa Humanidade
cismou de implodir a Terra?

 

 

 

Não existem índios nem caras-pálidas;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem Yanomamis nem garimpeiros ilegais;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem os mais importantes nem os menos importantes;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem os principais nem os coadjuvantes;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem os de 1ª qualidade nem os de 2ª qualidade;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem os que podem nem os que não podem;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem filhinhos de papai nem filhos-da-puta;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem interditados nem reintegrados;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem muçulmanos nem judeus;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem evangélicos nem católicos;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem nem heterossexuais;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem religiosos nem ateus;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem analfabetos nem alfabetizados;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem sacerdotes e letrados nem párias;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

 

 

 

 

Não existem sem-teto nem abastados;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem escravos nem feitores;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem ricalhouços nem pobretões;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem excluídos nem incluídos;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem estrangeiros nem nacionais;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem forasteiros nem xenofóbicos;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem cucarachos nem norte-americanos;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem zé-dos-anzóis nem joões-alguém;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem cus-de-ferro nem gazeteiros;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem bocas-moles nem perspicazes;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem pisa-mansinho nem sinceros;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem santos do pau oco nem santos do pau maciço;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem jodidos y mal pagados nem peixinhos;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem zés-bundões nem destemidos;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem bundas-moles nem intimoratos;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem cabras da moléstia nem meiguiceiros;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem escolhidos nem condenados;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem cristãos-novos nem cristãos-velhos;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem fiéis nem infiéis;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem excomungados nem abençoados;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem perdoados nem indesculpáveis;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem os que irão para o céu nem os que irão para o inferno;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem os que irão para o purgatório nem os que irão para o limbo;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem almas penadas nem almas orientadas;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem os que ficarão sentados nem os que ficarão em pé;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem os que serão enxofrados nem os que serão perfumados;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem não-vacinados nem jacarés;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem direitistas nem esquerdistas;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem patriotas nem melancias;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem os comigo-sim nem os sem-migo-não;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem paisanos nem militares;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem homens de posiçãosuperior nem grumetes;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem manda-chuvas nem chuvas-mandadas;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem bolsonaristas nem lulistas;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem quilombolas de 7 arrobas1 nem quilombolas magrinhos;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

Não existem vencedores nem derrotados;
existe, sim, uma e tão-somente uma Humanidade.

 

 

 

 

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Nota:

1. Arroba é uma antiga unidade de massa usada em Portugal, no Brasil e no Sistema imperial de medidas de massa e volume usadas na Espanha e na América Latina Hispânica. Como unidade de massa, originalmente, a arroba equivale à quarta parte do quintal, isto é, 25 libras (aproximadamente 12 kg). Entretanto, esse valor não foi sempre o único a ser utilizado nem as libras equivaliam. No Reino Unido, equivaliam a cerca de 50 libras (22,7 kg). Na Espanha, a arroba equivalia a 25 libras (11,3 kg) em Castela, a 26 libras (10,4 kg) na Catalunha e a 36 libras (12,5 kg) em Aragão. Em Portugal e no Brasil equivalia a 32 arráteis, o que equivale a 14,7 kg. Com a introdução do Sistema Internacional de Unidades, a arroba perdeu boa parte de sua função, mas, ainda não deixou de existir. Modernamente, em Portugal (onde ainda é utilizada para pesar a cortiça, os cereais e batatas nas vendas a retalho do comércio tradicional, porcos e gado bovino), a medida foi arredondada para 15 kg. No Brasil (15 kg), também com o valor arredondado, a arroba é utilizada para pesagem de bovinos, suínos e, na Bahia, o cacau. Como medida de volume usada na Espanha, a arroba é utilizada para medir líquidos. Varia também seu valor, dependendo não só das regiões, mas, também, do próprio líquido medido. Assim, se o líquido quantificado é azeite, a arroba equivale a 12,563 litros, enquanto se trata de vinho, sua equivalência é a 16,133 litros. Resumo: uma tremenda confusão!

 

Música de fundo:

KWORO KANGO (Canto dos Índios Caiapós no Ritual da Mandioca)
Adaptação e arranjos de: Marlui Miranda

Fonte:

https://www.youtube.com/watch?v=TQNMkjnjq-w&t=6s

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.facebook.com/politizeorg/photos/-por-genoc%C3%ADdio-entende-se-
quaisquer-dos-atos-abaixo-relacionados-cometidos-com-a/2671968499758680/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Arroba

https://viajandocomamalarosa.com.br/sistema-de-castas-na-india/

https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/102982/o-que-significa
-dolo-direto-de-segundo-grau-luciano-schiappacassa

https://br.pinterest.com/pin/739012620103251603/

https://www.pngarts.com/explore/tag/clock

https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3331387

https://astcerj.org.br/index.php?secao=noticias&id_noticia=44

https://horadopovo.com.br/jurista-rebate-bolsonaro-liberdade-de-expr
essao-nao-pode-ser-usada-contra-a-propria-liberdade-de-expressao/

https://www.youtube.com/watch?v=ux3EmwhDEuA&t=20s

 

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