Introdução
Começarei
esta introdução com uma afirmativa e duas perguntas. A utopia
de um Governo Mundial de Unidade, de uma sociedade ideal fundamentada em
leis fraternas, mas justas, e em instituições político-econômicas
verdadeira e exclusivamente comprometidas com o bem-estar da coletividade
é o sonho de todos os Iniciados e de todas as Fraternidades Místicas.
Mas, será isso apenas um sonho? Ou será uma utopia possível
que haverá de se realizar para a Humanidade, com a Humanidade e apesar
de uma parte ponderável da Humanidade que dela não poderá
ainda participar?
Este
tema que envolve acordadamente os Mundos ou Reinos Interiores ou Subterrâneos,
o Rei do Mundo ou Senhor dos Três Mundos – Manu ou
Brâhatmah – o Governo Sinárquico, Oculto ou
Interno do Mundo – AGaRTha ou AGaRThi com sua sede
em Shamballah, o Sanctum Sanctorum da Terra – é
e continua sendo obscuro e polêmico, secreto e sagrado, ainda que
alguns místicos tenham se pronunciado sobre essa intrincada matéria,
como foi o caso, por exemplo, de Helena
Petrovna Blavatsky (1831-1891), Saint-Yves D’Alveydre
(1842-1909), Annie Besant (1847–1933), Stanislas de Guaita (1861-1897),
Ferdinand Ossendowski (1876-1945), Nicholas
Roerich (1874-1947), Henrique
José de Souza (1883-1963), René Guénon
(1886-1951), Raymond Bernard (1923-2006) e outros. AGaRTha representa
o corpo e Shamballah é a cabeça. São conhecidas
dos Mestres e Membros da Grande Fraternidade Branca com o nome de Sudha-Dharma-Mandalam
(Sudha significa pureza, Dharma, Lei e Mandalam,
Fraternidade). A Profecia do Rei do Mundo, divulgada no ocidente por Ferdinand
Ossendowsk, afirma categoricamente:
O
Houtouktou de Narabanchi contou-me o que segue quando o visitei no seu
Mosteiro, em princípios de 1921:
Quando
o Rei do Mundo apareceu aos Lamas, favoritos de Deus, no nosso Mosteiro,
há uns trinta anos, fez a seguinte profecia:
Os
homens, cada vez mais, esquecerão as suas almas para se ocuparem
apenas dos seus corpos. A maior corrupção vai reinar sobre
a Terra. Os homens assemelhar-se-ão a animais ferozes, sedentos do
sangue dos seus irmãos. O Crescente apagar-se-á, caindo os
seus adeptos na mendicidade e na guerra perpétua. Cairão sobre
eles as maiores desgraças e acabarão por digladiar-se entre
si. As coroas dos reis, grandes e pequenos, cairão – um, dois,
três, quatro, cinco, seis, sete, oito... Eclodirá uma terrível
guerra entre todos os povos. Os oceanos rugirão... a Terra e o fundo
dos mares cobrir-se-ão de ossadas... desaparecerão reinos,
morrerão povos inteiros... haverá fome, doença e crimes
não previstos nas leis, nem vistos e nem sonhados ainda pelos homens.
Virão, então, os inimigos de Deus e do Espírito Divino
– os quais jazem nos próprios homens. Aqueles que levantarem
a mão sobre o outro também perecerão. Os esquecidos
e os perseguidos erguer-se-ão depois e atrairão a atenção
do mundo inteiro. Haverá
espessos nevoeiros e tempestades horríveis. Montanhas, até
então escalvadas, cobrir-se-ão de florestas. A Terra toda
tremerá... Milhões de homens trocarão as correntes
da escravidão e as humilhações pela fome, pela peste
e pela morte. As estradas encher-se-ão de uma multidão de
pessoas caminhando ao acaso, de um lado para outro. As maiores, as mais
belas cidades, desaparecerão pelo fogo... Uma, duas, três.
O pai erguer-se-á contra o filho, o irmão contra o irmão,
a mãe contra a filha. O vício, o crime, a destruição
dos corpos e das almas seguir-se-ão a tantas calamidades... As famílias
serão dispersas... A fidelidade e o amor desaparecerão...
Por cada dez mil homens sobreviverá um... o qual ficará nu,
destituído de todo o entendimento, sem forças para construir
sua habitação ou procurar alimentos. E esses homens sobreviventes
uivarão como lobos ferozes, devorarão cadáveres e,
mordendo a sua própria carne, desafiarão a Deus para combate.
A Terra toda ficará deserta e até Deus fugirá dela.
Sobre a Terra vazia cairá a noite e a morte. Então, Eu enviarei
um povo, desconhecido até agora, o qual, com mão forte, arrancará
as más ervas da loucura e do vício, e conduzirá os
poucos que restam fiéis ao Espírito do Homem na batalha contra
o mal. Fundarão uma nova vida sobre a Terra purificada pela morte
das nações. Dentro de cinqüenta anos que se seguirão
somente três grandes reinos aparecerão vivendo felizes durante
setenta e um anos. Em seguida, haverá dezoito anos de guerra e de
destruição. Então os povos de AGARTHI sairão
das suas cavernas subterrâneas e aparecerão na superfície
da Terra.
Contudo, se existe(m) mundo(s) subterrâneo(s)
e uma AGaRTha-Shamballah, eles são parte de um segredo Iniciático
muito bem guardado e muito bem protegido dos curiosos e dos profanos; tudo
que se possa especular ou presumidamente pensar saber sobre o assunto não
passa, para a imensa maioria da Humanidade, apenas, de uma leve sombra do
extenso véu que encobre a sua presuntiva e indevassável possibilidade-realidade.
Madame
Blavatsky, em sua Doutrina Secreta, menciona a existência
de outros mundos que existem além na crosta terrestre. Particularmente,
em Ísis Sem Véu, afirma: Diz a Tradição
e explicam os registros do Grande Livro [Livro de Dzyan],
que muito antes da época de Ad-am [Unidade e Universalidade]
e de sua mulher He-va [a Mãe de tudo quanto vive], onde
atualmente só se encontram lagos secos e desolados desertos nus,
havia um vasto mar interior que se estendia sobre a Ásia Central
ao norte da soberana Cordilheira do Himalaia e de seu prolongamento ocidental.
Uma Ilha – [Ilha imperecível que nenhum cataclismo pode
destruir] –,
que por sua inigualável beleza não tinha rival no mundo,
era habitada pelos últimos remanescentes da raça que precedeu
a nossa. Essa raça podia viver com igual facilidade na água,
no ar ou no fogo, pois possuía um controle ilimitado sobre os elementos.
Eram os ‘Filhos de Deus’ – os verdadeiros Elohim [ALHIM],
embora na Cabala [KaBaLa] oriental tenham um outro nome.
Foram eles que ensinaram aos homens os segredos mais maravilhosos da Natureza
e lhes revelaram a Palavra Inefável [Verbum Dimissum
ou Verbum
Inenarrabile] e atualmente Perdida [não para
os agarthianos, segundo Saint-Yves]. Essa Sagrada Palavra, que não
é uma palavra, percorreu o Globo e ressoou como um remoto eco no
Coração de alguns homens privilegiados [Privilégio
pelo Mérito]. Os Hierofantes [Iniciados na ciência
do bem e do mal deste mundo] de todos os Colégios Sacerdotais
estavam a par da existência dessa Ilha, mas a Palavra Inefável
era conhecida apenas pelo Yava-Aleim [Brâhatmah]
ou Mestre Principal de todos os Colégios [que compunham o Colégio
Sacerdotal conhecido como Colégio Aleim], que a passava ao seu
sucessor apenas no instante da morte. Havia vários de tais Colégios,
e os antigos autores clássicos fazem menção a eles.
Em outros passos, revela Blavatsky: Conta a Tradição
– e a Arqueologia aceita a veracidade da lenda – que atualmente
há mais de uma cidade florescente na Índia construída
sobre várias outras, constituindo, assim, uma verdadeira cidade subterrânea
com seis ou sete pisos. Delhi é uma delas; Allahabad é outra.
Vêem-se exemplos semelhantes na Europa, como em Florença, que
está edificada sobre diversas cidades mortas, etruscas e outras...
As ruínas que cobrem as duas Américas, e que se encontram
em muitas ilhas das Índias Ocidentais, são todas atribuídas
aos atlantes submersos. Assim como os Hierofantes do Mundo Antigo, o qual,
ao tempo da Atlântida, estava unido ao Novo por terra... a nação
atualmente submersa dispunha de uma rede de passagens subterrâneas
que corriam em todas as direções... Os Membros de várias
Escolas Esotéricas – cujo centro está situado além
do Himalaia e dos quais se podem encontrar ramificações na
China, no Japão, no Tibete e até mesmo na Síria, como
também na América do Sul –
afirmam que têm em seu poder a soma total das obras sagradas e
filosóficas, manuscritas ou impressas, enfim, todas as obras que
têm sido escritas nas diversas línguas ou caracteres, desde
os hieróglifos ideográficos até o Devanagari...
Saint-Yves, por sua vez, afirmou:
... barreiras invisíveis parecem interditar aos profanos o acesso
a Agartha [Mundo ainda inacessível e inviolável –
morada da paz] apesar dos pontos de contato e dos itinerários
secretos que permitem chegar até Ela. Assegura-se que só conseguem
chegar até Ela aqueles que, por si mesmos, alcançaram o nível
vibratório que permite o ingresso nas zonas proibidas [e eletromagneticamente
protegidas].
E
Ossendowski, em concordância com Saint-Yves, registrou: O povo
subterrâneo de Agartha alcançou o mais alto saber. É
um grande reino que conta com milhões de indivíduos sobre
os quais exerce o seu poder o Rei do Mundo [a mais alta forma de Consciência
Cósmica na Terra e oriundo de sistemas solares distantes e desconhecidos].
Esse soberano conhece e dispõe livremente de todas as forças
da Natureza, lê em todas as almas humanas e no grande Livro do Destino.
Esse reino estende-se através de corredores e galerias subterrâneas
que abarcam todo o globo terráqueo. Na superfície e nas entranhas
da Terra, a extensão real de Agartha desafia todas as pressões
da violência e da profanação.
Nicholas Roerich escreveu textualmente
em seu livro Shambala: Shambala existe aqui na Terra e tudo
pode ser alcançado aqui na Terra. O ensinamento de Shambala é
vital. É concebido às encarnações terrestres
e pode ser aplicado sob quaisquer condições humanas.
Já
a Sociedade Brasileira de Eubiose, instalada 1924 em São Lourenço,
Minas Gerais, tem como lema: Spes Messis in Semine – A esperança
da colheita está na semente. A
Sociedade Brasileira de Eubiose, fundada pelo Professor Henrique José
de Souza, é uma Escola Iniciática de caráter cultural
e Espiritualista que ensina os meios de vivência consciente com as
Leis da Natureza, e, conseqüentemente, com as Leis Universais, através
do autoconhecimento, do progresso e da evolução. Admitem seus
Membros a existência de mundos subterrâneos e de um forte elo
energético que une sete cidades da região sul mineira, entre
elas São Thomé das Letras e Airuoca. São Lourenço
é o Centro Espiritual dessa região. Mas, segundo a Tradição,
ao longo das eras, esse Reino Subterrâneo teria
se expandido sob toda a superfície da Terra, com centros imensos
sob
as montanhas de Santa Catarina (no Brasil), sob
o Saara, sob o Yucatan (no México), sob o Monte Shasta (na Califórnia),
e ainda na Inglaterra, no Egito e na Tchecoslováquia. Segundo
o Professor Henrique José de Souza, a Pedra da Gávea, no Rio
de Janeiro – semelhantemente à Esfinge da Grande Pirâmide
no Antigo Egito – era, em passado remoto, um grande Templo formado
por grandes salões e uma infindável rede de comunicações
internas com todos os Centros Iniciáticos e Sagrados do mundo, e
continua conectada com os chamados mundos subterrâneos e com Shamballah.
Já
René Guénon, em sua obra O Rei do Mundo, registrou:
O Rei do Mundo ... é o Manu – esse homem vivo que é
Melki-Tsedeq – é Manu que continua, com efeito, perpetuamente,
isto é, por toda a duração do seu ciclo (Mânvântâra),
ou do mundo que ele rege especialmente. É por isto que Ele não
tem genealogia, porque a sua origem é não-humana, visto que
Ele próprio é o protótipo do homem. E realmente Ele
foi feito à semelhança do Filho de Deus, visto que, pela Lei
que formula, é para esse mundo a expressão e a própria
imagem do Verbo Divino.
Stanislas
de Guaita, anteriormente a René Guénon, também já
especulara sobre essa matéria. Escreveu: a forma ideal de Governo
é a que se denomina Sinárquica, isto é, em harmonia
com os princípios eternos [Unidade]. A administração
de cada país seria confiada a três Colégios de especialistas:
os Doutrinadores ou docentes (Conselho das Igrejas), os Legisladores ou
juristas (Conselho dos Estados) e os Notáveis ou economistas (Conselho
das Comunidades). Isso se aplica à Sinarquia nacional. Por outro
lado, três Conselhos hierarquicamente superiores, mas essencialmente
em correspondência com aqueles, seriam encarregados da administração
central da Sinarquia européia. Cada nação, assim, conservaria
a sua autonomia, gerindo os seus próprios assuntos, enquanto a grande
assembléia de civilização geral zelaria pela gestão
equitativa dos interesses comuns. O Equilíbrio Europeu, esta quimera
do passado, converter-se-ia, então, em uma realidade no futuro, e
isso significaria o advento do reino messiânico sobre a Terra. Essa
é, substancialmente, esta teoria magnificamente cabalística.
Pois, segundo a Lei de Hermes, as coisas que estão embaixo devem
ser análogas às que estão em cima; o Microcosmo, portanto,
reproduzindo um Macrocosmo em miniatura. Ora, espelho da própria
Divindade, a Humanidade, tríplice e una, seria regida pelo ternário
e marcada, pela adição de sua unidade específica, pelo
signo do quaternário.
O
próprio reconhecido místico Victor Blanchard
(1878-1953), que foi entre as duas Guerras Mundiais o Soberano Grão-Mestre
da Ordem Martinista e Sinárquica, adotou para a Ordem o epíteto
Sinárquica aspirando influenciar o curso dos eventos políticos
através de suas atividades ocultas e por sua disseminação
dos ideais da Sinarquia, que, em última análise, representa
e simboliza um Governo baseado na Unidade. Victor Blanchard (Sar
Yesir), em 1934, foi designado como um dos três Imperatores da Fédération
Universelle des Ordres et Sociétés Initiatiques (FUDOSI),
com jurisdição especial sobre o Martinismo e países
do Oriente, juntamente com Émile Dantinne (Sar Hieronymus) –
Imperator para a Europa – e Harvey Spencer Lewis (Sar Alden) –
Imperator para as Américas. Este foi o primeiro Triângulo Supremo
da FUDOSI. Em setembro de 1939, este Supremo Triângulo passou a ser
constituído pelos Imperatores Émile Dantinne, Augustin Chaboseau
e Ralph Maxwell Lewis (este em substituição a seu pai que
havia passado pela Transição).
Enfim,
esses poucos registros revisitados sublinham e a Tradição
oral informa que os seres que habitam Agartha possuem todas as forças
conhecidas e desconhecidas, visíveis e invisíveis, concebíveis
e inimagináveis, da Terra, e tudo podem fazer pelo bem e pelo progresso
e pela vida e pela evolução dos homens. Segundo consta, os
seres agarthianos são detentores de um conhecimento que faria com
que os mais proeminentes cientistas da Terra se sentissem envergonhados
como crianças ignorantes. Eles, de acordo com o que está divulgado,
podem mudar os continentes em oceanos, ressecar os mares e os lagos ou transformar
as montanhas e os mares em desertos. Podem fazer brotar árvores,
sebes e grama onde não exista vegetação; sabem e podem
transformar em jovens fortes os homens velhos, doentes e fracos, e podem,
ainda, segundo as lendas, entre outras maravilhas, ressuscitar os mortos.
Em Agartha foram feitas todas as demonstrações experimentais
possíveis da existência da alma, tanto no vivente quanto
após a cessação da vida corporal. Por que, então,
não ajudam os terráqueos? Saint-Yves em sua Missão
da Índia na Europa... detalhadamente explica todos os entraves
ainda intransponíveis para que essa ajuda possa ser efetivada.
Artigo
primeiro: É proibido impor conhecimento e Sabedoria a quem quer que
seja.
Parágrafo
primeiro: O Conhecimento Virtuoso e a Sabedoria Universal só podem
derivar da Iniciação, que só é concedida a quem
merece e humildemente sabe pedi-La.
Parágrafo
segundo: Para os Altos Iniciados agarthianos, é considerado proibido
entregar ao mundo exterior determinados tesouros de Ciência, que só
serviriam para dar aos Irmãos das Sombras uma força incalculável.
Mas,
basicamente, tudo é decorrência do egoísmo e da anarquia
em que está mergulhada a nossa Humanidade. Guerras e sangue... Sangue
e guerras... Se, por outro lado, eles – os agarthianos – aparecessem
por aqui para nos ajudar, talvez fossem trucidados. Pois, se até
hoje não compreendemos que no princípio era a Potência
da Manifestação criadora (Verbum Dimissum et
Inenarrabile), e Ele – os Deuses – era a Palavra, como
poderemos ser auxiliados pelos que sabem e que conhecem essa mesma Palavra,
Perdida para nós, mas não para eles?
Mas,
devo esclarecer: o que eu conheço desse assunto controverso é
tão-só o resultado de leituras e pesquisas que fiz sobre o
tema; portanto, este ensaio não foi orientado nem supervisionado
de nenhuma forma por nenhum Dirigente mundial ou Alto Iniciado, como também
não recebi qualquer determinação explícita ou
superior para escrever sobre ele. Logo, ainda que eu tenha rogado por uma
inspiração mística para não cometer erros nas
especulações-reflexões que se seguirão, meu
entusiasmo criador, turvado pela minha ignorância, poderá conter
equívocos de interpretação, pelos quais peço,
preliminarmente, desculpas. Todas as fontes de consulta, ainda que incompletas,
estão listadas ao final.
Por
último, quero deixar absolutamente claro que não há
qualquer mérito pessoal na preparação deste despretensioso
ensaio; ele se resume a uma pesquisa bibliográfica, não contendo
nenhum fato novo que possa ser qualificado de original ou de natureza inspirativa.
Contudo, para quem não conhece o assunto, servirá como uma
fonte preliminar de informação. Para quem já conhece,
talvez, uma informação nova possa aparecer aqui ou ali.
Porém,
antes de concluir esta introdução, devo esclarecer que não
posso admitir um mundo deixado exclusivamente à sua própria
sorte, pois, se assim tivesse sucedido, talvez, ainda estivéssemos
no período mais antigo da Pré-História, isto é,
na Idade da Pedra Lascada ou Período Paleolítico. Não
que haja, segundo compreendo, alguém ou um grupo de seres, em algum
lugar, com cordéis manipulando facultativamente ou sem um fundamento
lógico os desígnios da Humanidade, pois, se assim fosse, de
que serviria o livre-arbítrio? Se assim fosse, ainda, de que serviria
a própria encarnação? Isso seria a mesma coisa que
uma mãe que continuasse a dar de mamar a seu filho de mamando a caducando,
ou seja, do nascimento à idade madura. Mas, sim, por outro lado,
um Colegiado Supremo de uma dimensão vibratória superior à
da própria Terra influindo positivamente na História da Humanidade,
isso eu não posso deixar de concordar. E muitos são os exemplos
e muitas têm sido as manifestações de Integrantes desse
Sagrado Colégio. Os diversos movimentos Místico-Esotérico-Iniciáticos,
particularmente os que embalam as Fraternidades Rosacruzes há muitos
séculos, são confirmações desse entendimento.
Nas esferas científica, literária, artística, política,
religiosa e Iniciática também se podem notar essas Santas
Presenças. Como sou Membro há algumas décadas da Ordem
Rosacruz AMORC,
citarei apenas dois exemplos: Sar Alden e Sar Validivar.
180º
à esquerda há um outro Grupo Negro tentando fazer exatamente
o oposto. Para os seus integrantes, a regra do tanto mais cerceador e tanto
mais usurpador melhor é o que prevalece. Este assunto será
examinado no final do ensaio. Mas, como a Humanidade não está
só nem desacompanhada, as forças das trevas não prevalecerão
sobre ela. Só se ela deixar; só se ela quiser. Precisamos,
portanto, trabalhar e orar muito para que isso não venha jamais a
ocorrer.
A
seguir, preliminarmente, resumirei as relativamente recentes reflexões
e divulgações educativas autorizadas de três grandes
Místicos conhecidos, todas feitas, mais ou menos, no curto espaço
de um século. São eles: Saint-Yves D'alveydre, Annie Besant
e Raymond Bernard. Mas, o melhor mesmo é consultar as obras originais
desses autores, pois recensões como esta serão sempre, no
mínimo, incompletas.
Resumo
do Pensamento de
Saint-Yves
D’Alveydre
Há
que se constituir –
acima das nossas nações, dos nossos
governos, qualquer que seja a forma –
um governo geral, puramente científico, emanado
das nossas próprias nações, que consagre tudo o que
constitui a sua vida interior. (Saint-Yves
d'Alveydre).
Joseph
Alexandre Saint-Yves nasceu em Paris no dia 26 de março de 1842,
à uma e meia da manhã. Com Frederico Augusto de Metz aprendeu:
Tudo pela liberdade, nada pelo constrangimento.
Em 1882 escreveu: Missão
dos Soberanos e Missão dos Operários. Na Missão
dos Soberanos apresenta de forma inédita seus conceitos sociológicos
através da sua idéia de Sinarquismo ou Sinarquia.
Esta Missão era dedicada à história da Era
Cristã. Aos olhos de Saint-Yves a vontade popular traduz apenas os
sentimentos e as reações instintivas da massa social; o poder
não deve ser confundido com Autoridade, que é só espiritual
e não pode ser de ordem material.
Saint-Yves propõe a forma
ideal de Governo a que ele denomina Sinárquico — de
harmonia com os princípios eternos pretende substituir a oposição
entre poder e Autoridade pela síntese dos dois. Para acabar com o
estado em que se encontrava a Europa do seu tempo, que considerava uma anarquia,
propõe a Sinarquia, afirmando: Há que se constituir
– acima das nossas nações, dos nossos governos, qualquer
que seja a forma – um governo geral, puramente científico,
emanado das nossas próprias nações, que consagre tudo
o que constitui a sua vida interior. (Grifo meu). Logo, o entendimento
de Saint-Yves era de que a Sinarquia era o contrário da anarquia.
A Sinarquia – escreveu Saint-Yves – é um
terreno de conciliação, assim como de salvação
social em cada nação e entre todas. Se assim é,
esta é uma razão mais do que suficiente para que ela sofra
todos os tipos de ataques. Como, de fato, sofreu. Mas, que Governo, que
Estado, hoje, pergunto eu, pode ter interesse em implantar um Governo Sinárquico?
Também não adiantaria nada implantar um Governo dessa natureza
em um país ou em meia dúzia de países; a Unidade não
pode ser fracionada e nem poderá funcionar aos pedaços. O
Positivismo, em todas as suas expressões, autoritárias e totalitárias,
também não deu certo por isso. Porém, ditadura, republicana
ou outra qualquer, não. Nunca.
Farei
um breve parêntese aqui. Mais ou menos cinqüenta anos antes de
Saint-Yves, o idealista-visionário Isidore Marie Auguste
François Xavier Comte (1798-1857) – fundador
e pai do Positivismo e da Sociologia – especulou nessa mesma direção,
ainda que com outras ferramentas e com um ideário político-ideológico
inteiramente distinto de Saint-Yves. O Positivismo comtiano, que tem por
base a Lei dos Três Estados, foi estruturado e inspirado
nos trabalhos do cientista político, matemático e filósofo
francês Marie-Jean-Antoine-Nicolas Caritat (1743–1794), mais
conhecido por marquês de Condorcet, ou simplesmente Condorcet. Baseando-se
no pensamento de Condorcet (e também de Claude-Henri de Rouvroy,
Conde de Saint-Simon, 1760-1825, filósofo e economista francês,
crítico do Iluminismo e teórico do socialismo utópico),
Comte formulou a Lei dos Três Estados, que é a espinha
dorsal do seu sistema. Segundo Comte, pela própria natureza do espírito
humano, cada ramo de nossos conhecimentos está necessariamente sujeito,
em sua marcha, a pasar, sucessivamente, por três estados teóricos
diferentes: o estado teológico ou fictício; o estado metafísico
ou abstrato; e, por fim, o estado científico ou positivo. No primeiro
[o estado teológico ou fictício], os fatos observados
são explicados pelo sobrenatural, ou seja, as idéias baseadas
no sobrenatural são usadas como ciência. Ainda nesta fase,
a sociedade se encontra em uma estrutura militar fundamentada na propriedade
e na exploração do solo. No segundo [o estado metafísico
ou abstrato], já se encontram as idéias naturais, mas
ainda há a presença do sobrenatural nas ciências. A
indústria já se expandiu mas não totalmente, e a sociedade
já não é francamente militar. Pode-se dizer que este
estado serve apenas de estágio intermediário entre o primeiro
e o terceiro. No terceiro [o estado científico ou positivo],
ocorre o apogeu do que os dois anteriores prepararam progressivamente. Neste,
os fatos são explicados segundo leis gerais de ordem inteiramente
positiva [ou científica]. A indústria torna-se preponderante
tendo como atividade única e permanente a produção.
Entretanto, não se deve pensar que os três estados representem
etapas nítidas e delimitadas pelas quais a Humanidade tenha percorrido.
O sentido desta Lei, segundo o próprio Comte, é o de
que são as diversas manifestações intelectuais
que passam por essas três etapas, separadamente, e em momentos diversos
para cada uma delas. A própria evolução, que caracteriza
a caminhada ascendente da Humanidade, não se faz por uma linha reta.
Compõe-se, segundo o Filósofo de Montpellier, de uma série
de oscilações progressivas comparáveis às que
apresenta o mecanismo de locomoção. Assim, no estado ou época
religiosa o homem procura dar explicações para os fenômenos
recorrendo a causas sobrenaturais; metafisicamente (mas de vertente teológica)
explica os mesmos fenômenos recorrendo a princípios recônditos
incomprovados; e apenas no estado positivo ou científico se esforça
para explicar os mesmos fenômenos por meio das leis naturais que,
por si só, são auto-explicáveis. O próprio Comte
perguntou: Quem de nós não recorda, refletindo em sua
própria história, que foi sucessivamente, com respeito às
noções mais importantes, 'teólogo' na infância,
'metafísico' na juventude e 'físico' na idade adulta?
Bem, não posso deixar de concordar-discordar de Comte quanto a este
exemplo. Ora, há uma imensa massa de pessoas que alcançam
a idade adulta (e até provecta), cientistas inclusive, que continuam
a viver naquilo que o filósofo categorizou de estado teológico.
Misturam, enfim, teologia com ciência de uma forma inverossímil,
bizarra, estapafúrdia e caricata. Alguns chegam até a matar
(e/ou mandar matar) em nome de um presumido e suposto deus, na esperança
de serem recompensados, de alguma forma, por esses atos. E quanto ao estado
metafísico, é preciso que se faça uma substantiva distinção.
Há dois tipos básicos de Metafísica: um de cariz eminentemente
religioso e teológico; outro estritamente Místico e Iniciático
superior à própria ciência, pois é a própria
Ciência. Se assim é, os estados teológico e metafísico-teológico
são variações de um mesmo estado caracterizado pela
ignorância e pelos sentimentos desfavoráveis formados a
priori, isto é, pelo preconceito obliterante. A Metafísica
Iniciática não pode ser inserida nesse saco de gatos, e o
pensamento de Saint-Yves, por exemplo, é de outra cepa e está
estruturado e ancorado em outras fontes.
Voltando a Saint-Yves, curiosamente,
a Missão dos Soberanos apresentou-se como uma obra anônima.
A crítica virulenta ao papado e a feroz análise do reino de
Napoleão fizeram com que a obra fosse atribuída aos soberanos
protestantes da Europa do Norte. Julgaram-na até de autoria do Rei
da Suécia.
A Missão dos Operários,
publicada quase ao mesmo tempo, vinha assinada por Saint-Yves, o que esclareceu
os especuladores. Esta nova Missão teve um sucesso imediato
e foi editada quatro vezes e ainda hoje pode ser lida com interesse. Em
suas críticas, denuncia o Estado enquanto oligarquia incompetente
em matéria econômica enquanto, simultaneamente, é despótico
e impotente. Acreditava Saint-Yves que a política da época
não era uma ciência, mas, sim, um empirismo colocado simplesmente
a serviço dos próprios interesses dos políticos. Para
isso combater, preconizava a solução sinárquica
através de conselhos e de câmaras ternárias.
A Missão dos Judeus,
publicada em 1884, é considerada a obra-prima de Saint-Yves. Nela
ele exibe maior erudição, e põe em evidência
aquilo que levou à usurpação da Autoridade pelo poder,
isto é, a um tipo de cesarismo (sistema de governo em que uma só
pessoa controla o poder e que exalta a autoridade de um chefe). Dedicou-se
aos sábios talmudistas, aos cabalistas e aos essênios. Nesta
Missão, trata do período da Antigüidade até
a dispersão dos judeus no século II da nossa Era. Também
faz incursões na história moderna e considerações
de ordem geral, constatando e explicando historicamente o divórcio
da Autoridade e do poder, e conclui, como era de esperar, com o advento
da Sinarquia, vinte vezes tentada, sempre traída, mas impondo-se
finalmente. Nesta obra, Saint-Yves quis abarcar tudo: explica os mistérios
das quatro ordens da ciência: Fisiogonia, Cosmogonia, Androgonia e
Teogonia. Defende a teoria de que os antigos já possuíam os
conhecimentos que temos hoje: eletricidade, fotografia, ótica, mineralogia,
química, magnetismo, telegrafia, fisiologia, astronomia e outros.
Disserta sobre a diversidade das raças humanas, dos druidas, do Ciclo
de Ram, de Moisés, de Zaratustra, do Faraó Amon, de Jesus,
de Nabucodonosor, das instituições do Império Romano
e até da Ordem dos Templários, que julgava ser um dos únicos
centros cristãos que se dedicou a uma reflexão profunda sobre
a organização do mundo. Esta obra volumosa é a melhor
exposição da Sinarquia histórica e assinala
também a passagem de Saint-Yves para o Iluminismo, o que será
concretizado nas suas obras seguintes. A Missão dos Judeus
falava também do Oriente e do Extremo Oriente, da China, da Índia,
do Japão e, essencialmente, de territórios referidos na Bíblia.
La France Vraie, escrita
em 1887, em 22 volumes, era baseada nos Arcanos maiores do Tarô,
que completaram a sua teoria. Ele foi também um continuador de Fabre
d´Olivet, reescrevendo, como ele, a história humana a partir
dos mitos e das etimologias.
Saint-Yves
conheceu, em 1887, um sábio indiano, o Príncipe Hardjij Scharriff,
de Bombaim, que foi à Paris para visitá-lo. Nada transpirou
acerca desse misterioso personagem e do encontro em si, além daquilo
que conta o próprio Saint-Yves. Segundo este, o Príncipe fora
mandado pelo Governo Mundial Oculto e tinha por missão revelar-lhe
a existência de um mundo desconhecido: AGaRTha, que seria
uma Cidade Iniciática subterrânea onde estaria a Igreja Primitiva
conservada e intacta, e um centro científico moderno possuidor de
todas as ciências espirituais, uma vez que lá estariam armazenados,
há séculos, todos conhecimentos universais. Sua situação
geográfica era um segredo que Saint-Yves não revelou. Deserto
de Gobi ao norte da China e ao sul da Mongólia? Talvez fosse uma
alegoria ou um simbolismo. Talvez! Após este acontecimento, Saint-Yves
iniciou, no mesmo ano, a redação da sua Missão
da Índia na Europa, que tinha a seguinte dedicatória:
Ao Soberano Pontífice que porta a Tiara de Sete Coroas, ao 'Brâhatmah'
atual da antiga Paradesa metropolitana do Ciclo do Cordeiro e do Carneiro.
Na
Missão da Índia, pede à AGaRTha (Governo
constituído de uma Sinarquia Universal, segundo o Sacerdócio
de Melki-Tsedek, inatingível pela violência e inacessível
à anarquia) que se revele. Saint-Yves foi o primeiro místico
a mencionar a Cidade Agarthiana, cuja capital ou sede é
Shamballah (denominada Shangri-La por algumas tradições
orientais), tendo sido, também, o primeiro a falar nos arquivos ocultos
desse lugar extraordinário – cujo hierograma sânscrito
é AGaRTha – com toda a história da Humanidade,
como admite e recordou recentemente Mário Willmersdorf Jr., Grão-Comendador
para o Brasil da Ordem Soberana do Templo Iniciático – OSTI.
A obra é também de caráter profético, e nela
diz aos europeus: Se não realizardes a Sinarquia, vejo a vossa
civilização judaico-cristã eclipsada dentro de um século,
a vossa supremacia brutal para sempre aniquilada por um renascimento incrível
da Ásia inteira, ressuscitada, de pé, sábia e armada
dos pés a cabeça. Em um certo sentido essa profecia está
se cumprindo (2006). Esclarece, ainda, que esta Ásia, a quem não
soubemos dar a mão, teria projetos de justiça, e que os cumpriria
sem nós e contra a nossa vontade as promessas sociais dos abrâmidas,
de Moisés, de Cristo e de todos os cabalistas cristãos. O
remédio que ele propunha era a Sinarquia, lei histórica
da Humanidade e já demonstrada nas Missões precedentes.
Conforme
foi mencionado no início do parágrafo anterior, a Sinarquia
representa e simboliza um Governo baseado na Unidade, e, obviamente, pela
Unidade e para a Unidade. Por isso, ao longo do tempo, os regimes
republicanos – democráticos ou autoritários –
monárquicos, teocráticos, totalitários, de centro,
de esquerda, de direita etc. que, de uma forma ou de outra, se inspiraram
canhestramente no modelo sinárquico, nunca deram certo e jamais poderão
dar certo, simplesmente porque nunca foram e continuam não sendo
estruturados no amor impessoal, na eqüidade, na fraternidade e na justiça
– no Somos Todos Um; o que esses regimes mais abominam é a
idéia de Unidade mesma.
Como
professor, sublinho o fato de que, primordialmente, tudo depende da educação
dos povos. Um ser humano deseducado é, acima de tudo, um ser humano
preconceituoso. Isso significa que um povo desescolarizado tenderá
para o barbarismo. Isso não impõe, absolutamente, que uma
pessoa culta seja sempre, em todas as questões, imparcial; aliás,
há uma multidão de pessoas instruídas e preparadas
que são abominavelmente preconceituosas e bárbaras. Mas, sem
dúvida, o processo de ensino-aprendizagem (que pode ser efetivado
de maneira presencial, não-presencial ou mista) diminui muito as
opiniões e os sentimentos formados a priori – quer
favoráveis, quer desfavoráveis – e concebidos sem um
exame crítico, que geralmente sacrificam a busca da verdade em função
de considerações particulares, fideístas ou presumidamente
racionais, mas, principalmente, ancorados no egoísmo e em falsos
valores. Um Governo Sinárquico não poderá prevalecer
enquanto essas coisas preponderarem.
Saint-Yves, à certa altura,
confessou que talvez viessem a tomá-lo por louco ou por mistificador;
mas para além da letra, todos os seus textos encerram uma mensagem
que veio a ser confirmada em muitos pontos, escrita que foi há mais
de cem anos. Como avaliei um pouco mais acima, em um certo sentido, suas
profecias estão se cumprindo à risca. Mas, como também
escrevi na introdução, a Humanidade não está
só nem desacompanhada, e as forças das trevas não prevalecerão
sobre ela. Só se ela deixar; só se ela quiser.
Contudo, ignora-se
efetivamente porque Saint-Yves mandou destruir a sua Missão na
Índia logo após sua publicação. Apresentou
como justificativa o fato de as autoridades superiores lhe haverem ordenado
que não divulgasse certos segredos, por serem muito perigosos. Outros
admitem que foi ameaçado. Porém, escapou um exemplar que ficou
com Alexandre Keller, um filho do primeiro casamento de sua esposa –
a condessa Keller. Logo após a morte de Saint-Yves esse exemplar
foi entregue ao editor Dorbon Ainé, que, em 1910, publicou-o novamente.
Entretanto, durante a ocupação alemã na França,
na Segunda Guerra Mundial, os nazistas mandaram procurar todos os exemplares
e os destruíram. Isto foi incompreensível, uma vez que a obra
não era ameaça para ninguém. Teria a determinação
para destruir a Missão na Índia vindo diretamente
da Ordem de Thule? Acho que isso não se saberá tão
cedo.
De
qualquer forma, Saint-Yves propugnou: Tudo pela Sinarquia; nada pela
anarquia. Agartha! Em certas regiões do Himalaia [querendo
os Irmãos das Sombras ou não], entre 22 Templos que representam
os 22 Arcanos de Hermes e as 22 Letras de certos Alfabetos Sagrados, Agartha
forma o Zero Místico, o impossível de encontrar. O território
sagrado de Agartha é independente, sinarquicamente organizado e composto
de uma população que se eleva e um número perto de
vinte milhões de almas. Em Agartha, os direitos universitários
e sociais da mulher são os mesmos dos homens; não se pratica
o ascetismo; todos se abstêm de carne e de licores fermentados; o
Sacerdócio não é hereditário, mas conquistado
pela Lei comum do Exame; não há prisões; a pena de
morte não é aplicada; o policiamento é feito pelos
pais de família; os delitos são deferidos aos Iniciados; e
a reparação voluntária segue imediatamente o dano.
Em Agartha, é rejeitada toda e qualquer impureza intelectual e/ou moral;
é rejeitada toda e qualquer intolerância; é rejeitada toda e qualquer
política; é rejeitada toda e qualquer superstição;
é rejeitada toda e qualquer idolatria; é rejeitada toda e qualquer magia
negra; é rejeitado todo e qualquer dogma; é rejeitado todo e qualquer pensamento
arbitrário; e é rejeitada toda e qualquer vontade arbitrária.
Em Agartha ciência e religião são uma coisa só,
e a oração – como escreveu Saint-Yves –
une em um mesmo Amor e em uma mesma Sabedoria todos os cultos
que preparam na Humanidade as condições para seu retorno cíclico
à Lei Divina de sua organização. Em ilhas que
já não mais existem, a Astronomia Sagrada era o estudo de
predileção; havia sete caracteres de escrita, cada um com
quatro posições, o que elevava suas letras a vinte e oito;
a escrita era no sentido vertical; viviam por aproximadamente um século
e meio, e passavam consciente e voluntariamente pelo trespasse; nenhuma
tradição e nenhuma verdade eram dogmaticamente expostas aos
Dwijas. Agartha, como um todo, é uma imagem fiel do Verbo Eterno
através de toda a criação. Em Agartha, centro
sagrado da antiga Paradesa, há um Triunvirato ou Triângulo
Supremo que a governa: o Soberano Pontífice, o Brâhatmah,
sustento das almas no Espírito de Deus; o Mahâtmâ,
representante da Alma Universal; e o Mahanga, símbolo
de toda organização material do Cosmos. Segundo Ossendowski,
o Mahâtmâ conhece todos os acontecimentos futuros e
o Mahanga dirige as causas desses mesmos acontecimentos. Já
o Brâhatmah pode falar com a Divindade face a face. O
Mahanga ofereceu ouro ao Menino-Deus e o saudou como Rei; o Mahâtmâ
ofereceu-Lhe incenso e o saudou como Sacerdote; e o Brâhatmah ofereceu-Lhe
mirra – o bálsamo da incorruptibilidade.
Por último, segundo
consta, foi a alma da mulher de Saint-Yves
– a condessa Keller – que lhe inspirou a idéia de escrever
o Arqueômetro, o instrumento de precisão das altas
ciências e das artes correspondentes, o seu transferidor cosmométrico,
a sua bitola cosmológica, o seu regulador e o seu revelador homológico.
O Arqueômetro deveria assegurar a arquitecnia — síntese
das possibilidades religiosas, científicas e estéticas do
homem. Este instrumento é um círculo dividido em zonas concêntricas
e em triângulos, onde letras do hebraico, do sânscrito e do
vattan, números, notas musicais, cores e sinais astrológicos
formam combinações que permitiriam aos músicos, pintores,
arquitetos e poetas fazer criações exprimindo o ideal perfeito
de uma Humanidade perfeita. (O homem é um espírito cosmogônico,
o mais poderoso do Universo; ele é o reflexo vivo da Divindade.).
Nele – o Arqueômetro – Saint-Yves explicou a
forma de realizar a estrutura musical de uma catedral ou a arquitetura falante
de um canto. Esta obra, que o consagrou, era precedida de uma androgonia,
a história da formação do homem. Foi originariamente
publicada em 1911. Saint-Yves obteve a patente de invenção
do Arqueômetro em 26 de junho de 1903. Por fim, de maneira
inovadora, o Arqueômetro ressalta a dupla influência
céltico-druida e judaico-cristã na civilização
européia, apresentando a chave de todas as religiões e
de todas as ciências da Antigüidade e sugerindo uma reforma
sintética de todas as artes contemporâneas. É interessante
recordar que Saint-Yves D'Aveydre, no seu Arqueômetro (ARKA
= Sol, revelação dos Mistérios Cósmicos pelo
Verbum Dimissum et Inenarrabile; MAeTRA = Medida-Mãe
Vivente no Verbum, Sinal do Dom Divino — AThMa +
AMaTh + ThaMA), ensinou que a Letra M (MeM)
é uma vogal interna, improferível, porém, que pode
ser percebida no interior do corpo, como o ruído do mar ouvido em
uma concha marinha, se se fechar hermeticamente a boca, as narinas e os
ouvidos sem respirar. Este exercício bramânico, segundo o Autor
do Arqueômetro, produz um empuxo (influxo) vital regenerador
da Glândula Pineal para todas as extremidades do corpo.
|
Saint-Yves
(1890)
Arqueômetro |
Enfim,
Saint-Yves em sua última Missão informou que, na
época em que a obra foi escrita, a autoridade pacífica do
Agartha – que une Ciência e fá – já durava
55.647 anos, e continuava abençoando todos os cultos e todos os credos,
todas as universidades e todas as nações, abraçando
a Humanidade e o céu inteiro em uma mesma inteligência e em
um mesmo amor impessoal e universal. Mas, como isso foi e continua sendo
possível? Simplesmente porque as instituições sinárquicas
do AGaRTha-Shamballah estão estruturadas com base
em três poderes sociais: 1º - Autoridade educadora segundo
a Ordem de Deus; 2º - Poder de Justiça segundo a Ordem de Melki-Tsedeq;
e 3º - Poder econômico segundo a Ordem dos Antigos. Logo,
guerra é anarquia; paz é Sinarquia.
Resumo
do Pensamento de
Annie
Besant
Toda
antipatia nasce da ignorância, e quanto menos se conhece um povo mais
temos preconceitos contra ele quando entramos em contato...
Toda a inquietação e dificuldade do mundo atual são
sinais do período de transição que estamos passando,
onde uma civilização está começando a decair,
e outra está prestes a nascer... A Grande Obra não pode parar...
(Annie Besant).
Annie
Wood Besant (Londres, Inglaterra, 1º de outubro de 1847 – Adyar,
Madras, Índia, 30 de setembro de 1933) foi uma militante socialista
e defendedora dos direitos das mulheres, influente Teosofista e autora de
inúmeros livros sobre Teosofia. Em 1889, foi solicitada a escrever
uma crítica literária sobre a Doutrina Secreta, de
Helena Petrovna Blavatsky, o que acabou por levá-la a ser iniciada
na Sociedade Teosófica. Algum
tempo depois do falecimento de Madame Blavatsky, Besant acusou William Quan
Judge (1851–1896), líder da Seção Americana da
Sociedade Teosófica, de falsificar cartas dos Mahatmas.
Tal conflito causou, na época, uma cisão em uma grande parte
das Lojas nos Estados Unidos da Sociedade Teosófica. Annie Besant,
em 1903, mudou-se para Índia, e em 1908 foi eleita presidenta internacional
da Sociedade Teosófica, posição que ocupou até
falecer em 1933. Na Índia, adotou como filho o jovem filósofo
e místico indiano Jiddu Krishnamurti (Madanapalle, Índia,
11 de maio de 1895 – Ojai, California, 17 de fevereiro 1986), que
era considerado pela Sociedade Teosófica um dos grandes Mestres do
mundo. Na Índia, dedicou-se não somente à Sociedade
Teosófica, mas também ao progresso e à liberdade do
povo indiano. Foi a primeira mulher a ser eleita Presidenta do Congresso
Nacional da Índia.
Mas,
não posso prosseguir sem fazer uma breve referência Jiddu Krishnamurti.
Jiddu, sistematicamente, recusou qualquer autoridade, nunca aceitou discípulos
e falou sempre como se fosse de pessoa a pessoa. Para ele, a mudança
fundamental da sociedade só poderá acontecer através
da transformação da consciência individual. Concordo
com Krishnamurti neste ponto. Só se pode dar o que se tem realmente
e só se pode ensinar o que efetivamente se sabe; não se pode
dar o que não se tem e muito menos se pode transmitir o que apenas
se pensa que se sabe com o medonho interesse que os outros pensem que passaram
a saber alguma coisa para que possam ser dominados. Isso é manobrar
sordidamente as consciências. É exatamente por isso que o Comunismo,
como filosofia política, não poderá jamais ser
inaugurado em mundos da Terceira Dimensão, e a Regra de São
Bento é para pouquíssimos abnegados. Por quê? Em duas
palavras: inomogeneidade e ambição. Como o Comunismo poderia
ser implantado em países, como por exemplo o Brasil, nos quais o
Congresso Nacional, para ficar apenas no âmbito do Congresso, está
coalhado de mensaleiros, ambulanceiros, corruptos e corruptores?
Como o Comunismo poderia ser implantado em países, como por exemplo
os Estados Unidos, onde muitos hipotecam a própria casa para meter
o dinheiro da hipoteca em aplicações de alto risco? Como o
Comunismo poderia ser implantado se parte do mundo é basicamente
racional e parte maiormente emocional? Como pretender que a Regra de São
Bento seja seguida se ainda se mata em nome de deuses de papel? Como pretender
que a Regra de São Bento seja seguida se muitas religiões
esfolam seus confrades (levando-os à míngua) para abarrotar
as contas bancárias de seus líderes? Quem não sabe
que, por exemplo, o Banco do Vaticano é um dos mais ricos e poderosos
do mundo, e que os gerentes dessas igrejas eletrônicas que pululam
na televisão estão podres de ricos? Quantos estão dispostos
a não mais querer absolutamente nada? Quantos realmente não
precisam mais de absolutamente nada? Quantos estão preparados para
ser um com tudo e com todos? Enfim, certa vez disse Krishnamurti: Afirmo
que a Verdade é uma terra sem caminho. O homem não pode atingi-La
por intermédio de nenhuma organização, de nenhum credo...
Tem de encontrá-La através do espelho do relacionamento, através
da compreensão dos conteúdos da sua própria mente,
através da observação. A Verdade é
uma terra sem caminho porque jamais poderá ser integralmente
conhecida. É percebida e admitida como Verdade apenas enquanto verdade
relativa, ainda que a maioria das pessoas não se dê conta disso;
portanto, todas as verdades são temporárias. Se a Verdade
Absoluta, ou uma presumida Verdade Absoluta, fosse passível de ser
alcançada e possível de ser conhecida definitivamente, cessariam
o devenir e o próprio movimento, ainda que o Universo seja hoje o
que sempre foi no passado e o que será indefinidamente no futuro.
O que caracteriza a Verdade é um processo incessante e permanente
de substituição de uma verdade que se torna obsoleta por outra
mais atualizada. A própria sucessão das sub-raças e
das Raças-raízes mostra isso. E assim ad infinitum...
Ad semper... Por isso, são quiméricas as idéias
de uma religião definitiva, de um deus onipotente exclusivo e de
um sistema político único em planetas da Terceira Dimensão.
Particularmente quanto a impossibilidade de uma religião universal,
que tantos desejam, Annie Besant tem a seguinte explicação:
não há uma única religião para todos por
causa da grande variedade de tipos humanos, por causa das diferenças
fundamentais entre os homens, porque na evolução da Humanidade
temos de fazer evoluírem juntas as naturezas física, emocional
e mental do homem, correspondendo – e largamente dependendo –
da evolução espiritual de cada Raça... ainda que o
Hinduísmo possa muito bem ser considerado uma religião que
abraça todas, embora ela tenha, devido aos seus métodos, se
confinado praticamente só aos indianos. Portanto, minha própria
idéia de Teocientificismo, já apresentada em trabalhos anteriores,
não poderá ser cumprida ainda, por causa dessas diferenças
existentes na faixa vibratória em que, por enquanto, se manifesta
o conjunto heterogêneo da nossa Humanidade. Mas, quem sabe, depois
de 2034 tudo possa ser diferente. A seguir darei início a uma despretensiosa
e sintética recensão do pensamento de Annie Besant, porque
se eu não sossegar acabo só escrevendo o que eu penso.
Nas
grandes Escrituras do mundo está declarado que todas as formas, inclusive
a matéria, são emanações de um Grande Ser, que
entre os Hindus recebe o nome de Ishvara. Somos, portanto, segundo
essa concepção, partes desse Ser; e se, de fato, este Ser
existe, Ele não poderá ser encontrado ou percebido fora de
nós mesmos, pois Ele está tanto fora quanto dentro de nós,
ainda que fora seja inacessível pelos sentidos objetivos. Aliás,
repetindo o óbvio, as grandes descobertas místicas que possam
ser feitas, só poderão mesmo acontecer e ser validadas em
nosso interior. O próprio conceito de que tudo é um conduz
ao entendimento, como disse Annie Besant, que tudo em nosso redor, todas
as coisas visíveis e invisíveis, são formas animadas
pela Vida Única... e o Sol é a manifestação,
o corpo, do Ishvara deste sistema. Logo, há muitos Ishvaras
em Planos Vibratórios distintos em hierarquias de Ishvaras
ascendendo umas sobre outras, todos (e tudo) partes do Eterno Um. Pelo
menos, no que concerne ao planeta Terra, somos todos muito semelhantes,
ainda que diferentes, diferindo em grau, mas não em essência.
Por isso somos diferentes, inclusive porque não viemos todos
de um mesmo ponto ou local do Universo. Isso, em um sentido mais profundo,
inclui os Reinos mineral, vegetal, animal e particularmente a água.
Em um futuro ainda muito distante, o homem, quando tiver se diplomado
e completado sua Peregrinação em Vulcano, deixará atrás
de si e conterá em si seis (mais um) Reinos distintos, seis (mais
uma) experiências pretéritas, ainda que todos irmanados, unos
e partes integrantes dessa mesma e eterna Vida Única –
uma só Vida pulsando em cada forma, uma só vida por trás
de todos os objetos. Contudo, isso não significa o final da
Jornada. Quando muito, pode-se pensar em um novo início de uma nova
Jornada, no tempo que não é tempo, no espaço que não
é espaço.
Fazendo
um parêntesis, em sua obra-mestra – Conceito Rosacruz do
Cosmos, publicação de 1909 – Max Heindel (1865-1919)
deixou escrito: A Ciência Oculta diz que há 777 encarnações,
significando que a vida evolucionante faz 7 Revoluções em
torno dos 7 Globos dos 7 Períodos Mundiais. É interessante
observar que 777 está intimamente relacionado com 343, que é
73, ou seja , é o produto de 7 x 7 x
7. Por outro lado, a soma teosófica dos algarismos de 343 (3 + 4
+ 3) é igual a 10, que se reduz a 1 (1 + 0). Já
a soma teosófica dos algarismos de 777 (7 + 7 + 7) é igual
a 21, que por redução (2 + 1) é igual a 3. Isto é:
1. A própria primeira letra do alfabeto hebraico,
filho do sânscrito, ALeF, tem Valor Pleno igual a 111 (1
+ 30 + 80), que se reduz a 3 (1 + 1 + 1). E o Valor AThBSh1
de ALeF é 400, enquanto o Valor AThBSh de TAV
(última letra do alfabeto hebraico) é 1. Por outro lado, voltando
a Max Heindel, fato que é também aceito pelos teosofistas,
antroposofistas e outras Escolas de Misticismo, mais ou menos a metade dessa
Peregrinação (mais ou menos a metade das 777 encarnações
às quais se referiu Heindel) já foi praticamente cumprida,
pois hoje já estamos na segunda metade Período Terrestre.
Em resumo, segundo Heindel, a nossa caminhada já se deu, está
se dando e se dará segundo esta linha de desenvolvimento: Período
de Saturno: inconsciência correspondente ao transe profundo (já
ultrapassado); Período Solar: inconsciência equivalente
ao sono sem sonhos (já ultrapassado); Período Lunar:
consciência pictória similar ao sono com sonhos (já
ultrapassado); Período Terrestre: consciência de vigília
ou objetiva (em curso); Período de Júpiter; consciência
própria e de imagens conscientes (ainda a ser realizado);
Período de Vênus: consciência objetiva auto-consciente
e criadora (ainda a ser realizado); e Período de Vulcano:
a mais elevada Consciência Espiritual (último estágio
a ser alcançado).
Retomando
as reflexões de Annie Besant – que aborda esse tema do Governo
Oculto ou Interno do Mundo em um plano inteiramente diferente de Saint-Yves
A'Alveydre e de Raymond Bernard – diz a pensadora: no mais alto
sentido do termo, a Hierarquia Oculta do Cosmo significa Ishvara e os Construtores
de todo o sistema, os grandes Seres que governam, guiam, sustentam e dirigem
todo nosso Sistema Solar... A Hierarquia Oculta do nosso próprio
mundo é composta de Governantes, de Instrutores e de Forças.
Essa Hierarquia, segundo Besant, veio de Shukra, Vênus,
e estabeleceu em o nosso mundo o início daquilo que pode ser denominado
de Hierarquia Oculta. Esses Seres se deslocaram para a Terra no ponto médio
da Terceira Raça-raiz (Lemúria2) porque ela estava
pronta e em um estágio de evolução em que uma parte
ponderável da Humanidade estava capacitada a receber aquela grande
onda de Vida que tornou possível o intelecto humano.
Como
afirmei acima, Annie
Besant refletiu sobre o tema do Governo Oculto ou Interno do Mundo em um
plano inteiramente diferente de Saint-Yves A'Alveydre e de Raymond Bernard,
que será revisitado em seguida. Para Saint-Yves, em
Agartha-Shamballah,
centro sagrado da antiga Paradesa, há um Triunvirato ou Triângulo
Supremo que a governa: o Soberano Pontífice, o Brâhatmah,
sustento das almas no Espírito de Deus; o Mahâtmâ,
representante da Alma Universal; e o Mahanga,
símbolo de toda organização material do Cosmos.
Já Raymond Bernard denomina este Sagrado Colegiado (Alto Conselho)
como A, que é composto de doze integrantes.
Para Annie, esse Governo é composto de quatro Membros. Triângulo
para Saint-Yves,
quadrado para Annie e dodecágono para Raymond. Isso
será visto mais abaixo. Todavia, essa
discrepância, a meu ver, é irrelevante, pois os três
afirmam que, sejam Três, sejam Quatro, sejam Doze, todos são
Um. Isso, sim, é relevante. De
qualquer forma, entre muitas concordâncias entre Annie Besant
e Saint-Yves, Annie afirma que a Cidade Sagrada
de Shamballa, a imperecível, encontra-se ao norte do Himalaia.
Já para Raymond Bernard, o Alto Conselho, o A...,
não se encontra mais onde antes estava
localizado. Raymond Bernard justifica essa mudança de localização
pelo seguinte motivo: Há fatos verídicos do passado que,
como tudo em nosso mundo, estão em perpétuo movimento e transformação.
Os fatos evoluem e seu conteúdo muda. O que, algumas décadas
atrás, era verdade, está hoje ultrapassado. Porém,
essa idéia de unidade, no âmbito da Terra, vem sendo tentada
com a Organização das Nações Unidas (ONU), mas
ainda está longe de ser alcançada. Penso que as discordâncias,
interpessoais e entre Estados, deveriam dar ensejo ao debate e à
reflexão, não ao mau humor e à brigalhada ou à
guerra e à matança. Geralmente, uma diferença de opinião
costuma funcionar como uma chave; é um catalisador para uma dialética
mais concertada. Não é necessário ceder até
ficar de quatro; é preciso, sim, examinar uma idéia discordante
para, se for o caso, se poder levantar vôo. Logo, esse conceito do
todos-um não implica em perda de personalidade; antes, a
personalidade é mantida no seio da totalidade. É assim que
penso que funcionem esses Sagrados Colegiados, como, por exemplo, o Governo
Oculto ou Interno do Mundo. Cada um é
um, mas todos são Um. É assim que deveriam funcionar as Fraternidades
Místicas. Mas, este é um planeta da Terceira Dimensão,
e, sendo assim, isso não é totalmente possível.
Hoje, segundo a Teosofia, estamos
na Quinta Raça-raiz. Raças-raízes, segundo a Teosofia,
são as Raças que evoluem em uma Ronda de um determinado Globo.
Em cada Ronda evoluem sete Raças-raízes, e cada Raça-raiz
produz sete sub-raças, que são ramos derivados da Raça-raiz.
Mas só há um Manu para cada Raça, que é
o Pai da Sua Raça e está especialmente relacionado com a evolução
dessa Raça específica; e o Manu desta Quinta Raça-raiz
é o Manu Vaivasvata. Segundo Annie Besant, Ele escolheu
seu povo dentre a quinta sub-raça da Quarta Raça-Raiz. Ele
os conduziu pelo Saara, então um mar, para o Egito, e daí
para a Arábia. Depois de uma longa permanência, Ele os levou
através da Mesopotâmia para o norte da Ásia, e depois
novamente desceu com eles e os assentou perto da Ilha Branca. Mais tarde,
depois de muitos problemas e massacres, Ele os estabeleceu na Ilha Branca,
na Cidade da Ponte. Mas todos os Manus atuam sob a direção
dos Grandes Kumaras, os Governantes Supremos do Governo Interno
do Mundo. Na atual Ronda, em nosso Globo, já se desenvolveram as
seguintes cinco Raças-raízes: 1ª) os Nascidos por
Si Mesmo ou Sem Mente; 2ª) os Nascidos do Suor ou Sem Ossos;
3ª) os Nascidos do Ovo ou Raça Lemuriana (que construiu
a forma humana, com um astral inferior e um germe de mental em seu ponto
evolutivo médio); 4ª) a Raça Atlante3;
e 5ª) a Raça Ariana, Raça-raiz atual, que, segundo
a Teosofia, existe há cerca de 1 milhão de anos, tendo como
terra-Mãe a Índia. Diz Annie Besant: A sexta sub-raça
dará à luz no futuro à Sexta Raça-Raiz. Ela
há de desenvolver algumas qualidades de Buddhi, aquela intuição
espiritual que ilumina o intelecto. Esta será a característica
da sub-raça e, em maior desenvolvimento, da Sexta Raça-Raiz,
para a qual se está preparando o continente ao longo dos milênios
ainda por vir. De acordo com a doutrina teosófica, Ronda é
um período de tempo ou ciclo. A Ronda se relaciona com os Globos
(estrelas, planetas, cometas etc.) e com a cadeia planetária. Quando
um Globo passa por sete Raças-raízes ocorreu uma Ronda de
um Globo. Quando a evolução passa por todos os sete Globos
(ou doze se incluirmos os Globos localizados em planos não manifestados,
Rupa-Dathu) de uma cadeia planetária, se diz que ocorreu
uma Ronda planetária. Segundo Blavatsky, sete Rondas planetárias
formam um Kalpa (ou Mânvântâra). 7 x
7 x 7 = 343.
Volltando
às reflexões de Annie Besant, cito um parágrafo de
sua lavra que editei ligeiramente:
...
as três grandes divisões encontradas na Hierarquia são:
primeiro temos o Grupo de Governantes, com os quatro Kumaras à
sua testa, os Governantes do mundo. Eles lidam com as nações,
com as Raças através dos grandes Devas, com a configuração
do mundo no que diz respeito à terra e á água e com
os tremendos cataclismos e catástrofes – terremotos e maremotos
que alteram toda a superfície de nosso mundo na distribuição
de terra e água. Seu desencadeamento é obra Sua. Portanto,
damos a Eles o nome de Governantes. Eles são os verdadeiros Governantes
internos do nosso mundo. A seguir temos o grande Grupo de Instrutores
da Humanidade. Nele encontramos todos os Fundadores das grandes religiões,
os Buddhas da Religião, assim como temos os Manus no primeiro Grupo.
Eles pertencem todos a este grande Grupo. Então vem o terceiro
Grupo: as Forças. O motivo de eu empregar esta denominação
é porque cada um destes Grupos utiliza uma espécie de Força
para seu trabalho. Os Governantes usam um tipo especial de Força,
os Instrutores usam uma outra Força específica e os outros
empregam todos os outros tipos restantes de Forças que levam a
cabo as atividades do mundo. O primeiro grande Grupo de Governantes atua
através da Vontade-Poder... A Vontade ou Poder é a característica
natural dos Governantes. É através desta Força –
a Força da Vontade – que atuam os Governantes Ocultos do
Mundo. O grande Grupo de Instrutores atua através de Jnanam, Conhecimento.
Eles, como Instrutores, possuem um conhecimento detalhado sobre nosso
mundo, de modo que antes de uma nova religião ser fundada vemos
que apareceu um novo tipo de homem. Quando esse novo tipo é formado
pelos Governantes, entram em cena os Instrutores para orientar esse novo
tipo e ajudá-lo a evoluir. O terceiro grande Grupo, o Grupo de
Kriya, Atividade, que chamarei aqui simplesmente de Forças –
talvez por falta de uma palavra melhor – leva a cabo todas
as atividades de nosso mundo, e também eles são dirigidos
por um Grupo de grandes Seres, de forma que podemos imaginar este Governo
Oculto do Mundo dividido em três Grupos de acordo com as qualidades,
ou aspectos, do próprio Ishvara... Assim temos os Governantes,
caracterizados pela Vontade, os Instrutores, caracterizados pela Sabedoria,
e as Forças, caracterizadas pela Atividade - tudo em perfeita ordem
seqüencial.
A
Hierarquia Oculta do nosso mundo, ou seja, o Governo Interno do Mundo, atua,
portanto, segundo a Autora, de acordo com o Poder, a Sabedoria e a Atividade,
tendo, os quatro Kumaras à sua testa (os Quatro, ou o Um e os
Três), que não devem, contudo, ser considerados como
deuses, mesmo que sejam tão poderosos. O mais velho dos Kumaras
é nomeado de Sanat Kumara – o Eterno (Aquele
que está além do tempo e que às vezes é denominado
de o Eterno Agora) ou o Antigo – que em dias posteriores foi intitulado
de o Ancião. O Ancião Sanat Kumara é o Líder
do Governo Interno de nosso Mundo (é o 1
do 1 + 3). Contudo, a divisão tríplice
deste Governo é o reflexo do próprio Ishvara nos
três aspectos em que Ele Se revela. Verifica-se, outrossim, essa mesma
triplicidade em todas as trindades de todas as religiões, nas quais
a deidade antropomorfizada apresenta três aspectos em um. Mas isso
não poderia mesmo ser diferente, pois a Lei Cósmica básica
que regula o funcionamento do Universo é a Lei do Triângulo,
que é tríplice, porém una em essência. (Volte
a examinar a animação que está apresentada ao final
da nota 1.)
Portanto,
parece haver uma concordância entre os autores de que há um
Governo Oculto velando pelo destino da Humanidade. Considerando que o processo
de evolução da espécie humana é ininterrupto
e ascensional, é bem possível que alguns (ou muitos) de nós,
um dia, venhamos a fazer parte dessa Sagrada Hierarquia Oculta e prestar
serviço em dimensões que já tenhamos vivido. Isso não
é impossível; aliás, é assim que é. A
seguir examinarei o pensamento de Raymond Bernard a respeito dessa matéria.
Resumo
do Pensamento de
Raymond
Bernard
Atribuir
a uma Lei Cósmica aquilo de que se é imediatamente responsável
é uma demonstração de fraqueza e de inconseqüência...
Não exijam no outro suas próprias qualidades; vocês
não exigiram nele seus próprios defeitos... Na Via Iniciática
prestigiosa que seguimos, as tentações são numerosas,
as quedas ocasionais e a dúvida periódica.
Raymond
Bernard, formado em Direito pela Faculdade de Grenoble, nasceu em 19 de
maio de 1923, em Bourg d'Oisans, Isère, na França, e teve
o seu primeiro Mestre na discreta figura de Edith Lynn, uma cidadã
britânica e sua professora de inglês no período da adolescência.
Foi por meio de sua amizade com Edith Lynn que recebeu os primeiros ensinamentos
da Ordem Rosacruz, sem imaginar que, no futuro, viria a ser um dos principais
dirigentes da Organização. A partir de 1955 fez contato com
algumas das mais significativas correntes da tradição cavaleiresca
e templária recebendo delas Iniciação e autoridade.
Em 1956, passou a se dedicar integralmente à reorganização
do ramo francês da Antiga
e Mística Ordem Rosæ Crucis, AMORC,
substituindo Jeanne Guesdon, falecida anos antes, e assumindo funções
sucessivas e cumulativas de nível internacional como Grande Mestre,
Legado Supremo e Membro do Conselho Supremo da Ordem. Restabeleceu os trabalhos
da Ordem Martinista Tradicional (no Brasil Tradicional Ordem Martinista),
onde assumiu as mesmas funções para as quais fora investido
na Ordem Rosacruz. Participou também dos trabalhos maçônicos
da Grande Loja de França. Em 1988 fundou o CIRCES – então
Círculo Internacional de Pesquisas Culturais e Espirituais –
cujo objetivo foi, desde o início, essencialmente humanitário
e caritativo. Paralelamente a este movimento, restituiu força e vigor
a uma tradição templária secreta que não havia
sido jamais interrompida ao longo dos tempos – ainda que sem atividades
públicas desde o início do século XX – estabelecendo
assim a OSTI (Ordem Soberana do Templo Iniciático). Em 25 de setembro,
no Palácio dos Papas, em Avignon, sul da França, Raymond Bernard
foi eleito Grão-Mestre da OSTI, função que exerceu
até 1997. Porém, foi em 21 de maio de 1964, no Aeroporto de
Orly, França, que começou a série de cinco encontros
insólitos (designação dada por Raymond para esses
encontros), encontros que o poriam a par da existência do
Alto Conselho, que representa na Terra aquilo que sempre foi conhecido como
Governo
Oculto ou Interno do Mundo. Na verdade, são
muitas as designações desse Sagrado Colegiado, e penso
que os encontros insólitos relatados por Raymond com os
integrantes deste Conselho não tenham se restringido a apenas cinco.
Mas isso é pura especulação pessoal, e eu, para dar
início ao exame do que foi relatado pelo Autor, não posso
especular de nenhuma forma. Devo ficar restrito ao que foi divulgado, ainda
que aqui ou ali interponha algumas poucas interpretações pessoais
do que compreendi desses encontros
insólitos. Finalmente, problemas de saúde,
que já vinham se manifestando havia algum tempo, levaram Raymond
Bernard a hospitalizar-se para tratamento especializado. No dia 10 de janeiro
de 2006, ele deixava o seu corpo físico, encerrando assim a parte
encarnada de toda uma obra dedicada às circunstâncias da Iniciação.
Humano que sou, mesmo sem conhecer pessoalmente Raymond, sinto saudades,
ainda que eu esteja convicto de que ele foi recebido na Sagrada LLuz e que
continua seu Trabalho do lado de lá.
Talvez
o primeiro a fazer revelações autorizadas sobre a existência
de um Governo Oculto do Mundo tenha sido Saint-Yves D'alveydre, que como
se expressou Raymond Bernard, levantou uma ponta do véu sobre
Agartha, cuja sede, na época, estava situada no Deserto de Gobi.
Depois de Saint-Yves, alguns pensadores místicos voltaram a
versar sobre o tema, como foi o caso de Annie Besant e outros aos quais
já fiz referência anteriormente, acrescentado fatos e pormenores
que não foram abordados na primeira comunicação feita
por Saint-Yves. Salvo melhor juízo, penso que tenha sido Raymond
Bernard o último desses Místicos a tratar do assunto, apresentando
suas experiências pessoais e divulgando informações
também autorizadas sobre esse Sagrado Colégio, pois teve a
oportunidade de pessoalmente conhecer seus integrantes e de participar de
algumas reuniões desse Colegiado. Teria Raymond Bernard, a partir
de um dado momento em sua vida, passado a fazer parte do Governo Oculto
do Mundo? Ele não afirma isso em nenhuma de suas obras, mas as entrelinhas
de seus livros permitem que se possa admitir essa hipótese. Mérito,
conhecimento e sabedoria mística para isso ele teve.
Quando
apresentou para o mundo essa vivência – resultado de seus encontros
insólitos e das suas visitas às Mansões Secretas da
Rosacruz – Raymond Bernard explicou que o Governo Oculto do Mundo
não é mais o que era na época de Saint-Yves e de Annie
Besant, e também não mais estava localizado no Deserto de
Gobi. Como
disse Raymond Bernard: Os fatos evoluem e seu conteúdo muda.
O que, algumas décadas atrás, era verdade, está hoje
ultrapassado. Mais acima fiz uma afirmação que acho oportuno
repeti-la, pois se adapta perfeitamente a esse pensamento de Raymond. Disse
eu inspirado em Jiddu
Krishnamurti: A
Verdade é uma terra sem caminho porque jamais poderá
ser integralmente conhecida. É percebida e admitida como Verdade
apenas enquanto verdade relativa, ainda que a maioria das pessoas não
se dê conta disso; portanto, todas as verdades são temporárias.
Se a Verdade Absoluta, ou uma presumida Verdade Absoluta, fosse passível
de ser alcançada e possível de ser conhecida definitivamente,
cessariam o devenir e o próprio movimento, ainda que o Universo seja
hoje o que sempre foi no passado e o que será indefinidamente no
futuro. O que caracteriza a Verdade é um processo incessante e permanente
de substituição de uma verdade que se torna obsoleta por outra
mais atualizada. Matematizando essas idéias, a verdade, em sentido
oposto ao carma (que tende para zero, mas que jamais poderá ser zero)
tende para infinito, ainda que esse infinito jamais possa ser realizado
ou alcançado. Portanto, não deve espantar a ninguém
que o Governo Oculto tenha precisado mudar de lugar. Até porque,
e realmente porque, as vibrações planetárias e o magnetismo
terrestre impõem mudanças e adaptações, e o
mundo contemporâneo já não é mais o mesmo de
um século atrás. A Segunda Guerra Mundial foi um marco cármico
na história recente da Humanidade, tanto quanto o 11 de setembro
de 2001, data que não será esquecida, pois dois aviões
derrubaram as torres gêmeas do complexo do World Trade Center, em
Nova Iorque, matando centenas de pessoas e comprometendo seriamente o frágil
equilíbrio político entre o Ocidente e o Oriente.
Mas, efetivamente, foi
o dia 5 de fevereiro de 1962 que determinou o fim da Era de Peixes e o início
da Era de Aquário, já que, nesse dia, todos os planetas
dos antigos se encontrava reunidos no signo zodiacal do Aquário,
como relatou o próprio Raymond.
De
qualquer forma, o verdadeiro nome desse Governo continua desconhecido. O
Oriental alto, forte, de terno marrom e turbante azul-claro de gaze
leve (um hindu, um homem no meio de outros) que manteve o
primeiro contato (de uma série de contatos insólitos que se
sucederam nas diversas Mansões desse Governo) com Raymond em uma
viagem de avião Orly-Londres, em 21 de maio de 1964 – para
dar início às informações que deveriam ser disponibilizadas
para a Humanidade – referiu-se ao Alto Conselho e os Doze que O constituem
simplesmente como A... Seria A
de Agartha? Raymond silencia. Portanto, daqui para frente, neste item específico
em que será examinado o pensamento de Raymond Bernard sobre essa
matéria, farei referência, preferencial e reverentemente, a
este Augusto Colegiado – que representa o Governo Oculto do Mundo
– apenas como A.
O
A – braço terreno validado e oculto de Seres
de uma Hierarquia mais elevada – é eterno, mas seus Membros
são mortais e substituíveis, de tal sorte que tanto
a Obra quanto a Transmissão não são interrompidas.
Mas, mortais, bem entendido, tão-somente em termos de desencarnação
deste Plano. O A, que se reúne em colégio
quatro vezes por ano, conhece todas as etapas da evolução
da Terra, e seu papel principal é cuidar para que cada etapa
esteja concluída no tempo determinado e apressar ou retardar
isso, segundo seja o caso; mas, na maioria das vezes, o A
trabalha para acelerar o essencial ritmo dos eventos, a intervenção
se dando, quando necessária, de acordo com o grau de intensidade
indispensável. Muitos são os exemplos e muitas têm
sido as manifestações indiretas de Integrantes desse Sagrado
Colégio; indiretas, contudo, pois suas identidades são desconhecidas
para a Humanidade, ainda que seu mais elevado Membro não seja totalmente
desconhecido dos dirigentes mundiais 'estáveis', isto é,
daqueles cujas personalidades apresentem a garantia de que, por sua
ação, manterão o 'ritmo' de seu país e, principalmente,
a de que serão firmes tanto quanto discretos. Mas, os que o
conheceram, com uma única exceção na época em
que o livro foi divulgado, não sabiam de sua responsabilidade real
e que ele era o mais elevado dirigente desse Conselho.
Os
diversos movimentos Místico-Esotérico-Iniciáticos,
particularmente os que embalam as Fraternidades Rosacruzes há muitos
séculos, são confirmações desse entendimento,
de que a existência desse Colégio não é uma fantasia
criada por esquizofrênicos. Como já afirmei, nas esferas científica,
literária, artística, política, religiosa e Iniciática
também se pode notar o dedo dessas Santas Presenças. As obras
de Leonardo Da Vinci (1452-1519) e de Francis Bacon (1561-1626), as profundas
mudanças que aconteceram na Física com o advento da Teoria
da Relatividade (junho de 1905) de Albert Einstein (1879-1955) e os efeitos
do Concílio Vaticano II (convocado no dia 11 de outubro de 1962,
pelo Papa Iniciado João XXIII – il Papa Buono)
– que, segundo João Paulo II, quis ser um momento de reflexão
global da Igreja sobre si mesma e sobre as suas relações com
o mundo – Igreja mesma cujo maior autoritarismo recente talvez
tenha sido no âmbito da infalibilidade papal imposta no transcurso
do manipulado Concílio Vaticano I (instalado por Pio IX em 8 de dezembro
de 1869), no qual foi reformado (para pior) o Direito Canônico e admitido
o primado e a infalibilidade do papa (votados na Congregação
em 13 de julho de 1870) quando este se pronuncia ex-cathedra (em
decorrência da autoridade de quem detém título) em assuntos
de fé e de moral (e que transformou a Igreja Católica em uma
monarquia teocrático-absolutista e infalível) são apenas
quatro exemplos mais ou menos recentes do dedo invisível do A
na história da caminhada humana. O fato inconteste é que,
no que pese, e pesa muito, o nosso livre-arbítrio, não estamos
desacompanhados nem sós. Por isso , os Irmãos das Sombras
podem uma parte, mas não podem tudo. E mais: penso que possam apenas
aquilo possam poder, pois seria um absurdo que pudessem poder mais do que
Aqueles que realmente podem. De uma certa forma, admito francamente, esses
Irmãos funcionam mais ou menos como agentes para o cumprimento do
carma, individual e coletivo. Um dia, na eternidade do tempo que não
é tempo, todos atravessarão a ponte. Isso eu também
tenho certeza absoluta, ainda que um mahamânvântâra
(311.040.000.000.000 anos) talvez não seja suficiente para alguns.
Mas quem sou eu para calcular essas coisas? Mal sei somar e subtrair! Tenho
mesmo pouquíssimas certezas, e todas são inferiores aos dedos
das minhas mãos. Uma dessas certezas é que somos, individual
e coletivamente, os únicos responsáveis por todo o bem e por
todo o mal que nos acontece, ainda que o bem e o mal sejam coisas relativas.
Em sentido figurado, se Deus existe, Ele não faz escolhas; e o demônio
só poderá agir se permitirmos.
O
A é composto de doze Membros e o chefe
ou presidente do Alto Conselho – seu mais elevado Membro – é
Maha. O segundo na hierarquia do Conselho funciona como uma espécie
de secretário-geral e acompanha o presidente em todos os lugares.
Os outros dez, individualmente, mas sob a supervisão de Maha, cuidam
de um grande número das atividades humanas, como, por exemplo, a
economia, a educação, a justiça, a religião,
a política (com interesse particular no trabalho desenvolvido pela
Organização das Nações Unidas) etc., sem
intervir diretamente nos negócios interiores dos Estados, pois,
para o A, só há o mundo como planeta
e sua progressão uniforme através dos ciclos. A ação
do A, de acordo com o que aprendeu Raymond em
Copenhague em seu segundo encontro insólito, é exclusivamente
no sentido de proporcionar aos homens o ambiente das experiências
e dos conhecimentos, que são a trama de sua progressão individual
e coletiva.
A
compreensão de que mesmo e outro são um, que
conformam uma unidade, é difícil de ser aceita, e não
pode mesmo ser aceita se não for compreendida. Mas, mais do que compreendida,
essa Lei cósmica precisa ser realizada in Corde. Nada no
Universo pode prosperar isoladamente. Tudo depende de tudo. E mesmo o que
se apresenta, em termos objetivos, presumidamente como inservível,
sem utilidade ou imprestável é insumo para novas manifestações
do Todo-Um. O melhor exemplo desse conceito esotérico-iniciático,
na ambitude industrial e tecnológica, é a reciclagem, vocábulo-conceito
que surgiu nos anos 70 do século passado, no momento em que as aflições
ambientais passaram a ser tratadas com maior austeridade e responsabilidade,
particularmente depois do primeiro choque do petróleo, quando o tratamento
para reutilização ganhou importância estratégica
e conservacionista. Reciclagem, por definição, é
um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os detritos
e reutilizá-los no ciclo de produção de que saíram.
É o resultado de uma série de atividades, pela qual materiais
que se tornariam lixo, ou estão no lixo, são desviados, coletados,
separados e processados para serem usados como matéria-prima na manufatura
de novos produtos. Voltando à questão da unidade cósmica,
o Governo Oculto do Mundo é um exemplo de tudo isso. Cada um é
cada um e todos são Um; e são substituídos quando passam
pela transição. Tanto quanto no Universo, no A
não prevalecem laivos autoritários e não há
solução de continuidade. A Reciclagem,
neste caso, é de natureza mística, concertada e prevista com
antecedência. A Lei é a Lei, qualquer que seja a circunstância;
e uma formiga é tão importante hoje quanto foram os répteis
diapsidas, hoje extintos, bípedes ou quadrúpedes, pertencentes
às ordens dos saurisquianos e ornitisquianos que habitaram a Terra
durante o Período Mesozóico, e que se distinguiam dos demais
répteis do seu tempo especialmente pelo deslocamento dos membros
para baixo do corpo. Em uma palavra (no plural): dinossauros. O acaso não
existe, e nada é mais importante do que nada. (Essa última
frase ficou horrível, mais vai ficar assim mesmo.)
O
terceiro encontro insólito de Raymond aconteceu em Atenas na semana
anterior à Páscoa de 1965. A primeira informação
de peso e inusitada que recebeu de seu Instrutor para aquele encontro foi
de que o A é, de certa forma, o primeiro elo
visível do conjunto hierárquico cósmico. O A
não é, contudo, como lhe foi explicado, o Alto Conclave dos
Mestres Cósmicos, e sua missão também não é
a mesma desses Illuminati ascensionados. O A,
complementando o que já se aprendeu sobre Ele, é o elo
fundamental que tem por missão cuidar do desenvolvimento harmonioso
da Humanidade como sociedade organizada, ao longo dos diferentes ciclos...
Esses ciclos são em número de doze... e se estendem por mais
ou menos 24.000 anos.4 Logo, cada
ministro do A apresenta um relevo particular de
acordo com o ciclo em curso (cada um é o símbolo do
ciclo sob sua autoridade e orientação, todavia, tudo funciona
sob a responsabilidade e a impulsão de Maha), já
que são doze os seus integrantes. Doze que são Um.
Um
fato relevante concernente aos Doze do A é que dentre
os poderes de que dispõem, há, em alto grau, o conhecimento
preciso da data de sua morte. Eles sabem, porque confirmaram, que a
Vida é eterna, ainda que a vida seja sempre transitiva. Deixar este
Plano da Terceira Dimensão, no caso específico dos Membros
do Alto Conselho do A, já representa uma forma de
preparação para retornar ao Trabalho que se impuseram. Por
isso, no cumprimento da Missão que aceitaram, empregam todas as suas
energias, sem se preocuparem em saber se seus esforços abreviarão
o tempo de uma encarnação. Neste ponto, não posso
deixar de fazer um comentário ligeiro; mas por ser ligeiro não
significa que seja desimportante. Exatamente assim sucedeu com Harvey Spencer
Lewis (Sar Alden), fundador do Segundo Ciclo Iniciático da Ordem
Rosacruz AMORC
e seu primeiro Imperator. Penso que Sar Alden tenha vivenciado sua Grande
Iniciação aos 56 anos incompletos, de certa forma prematuramente,
por se ter dedicado à AMORC sem cuidar da sua saúde de forma
adequada, ainda que, tanto quanto os Membos do A,
fosse capaz de determinar o grau de desgaste de seu corpo,
e se fosse necessário ou conveniente poderia prolongar sua existência
até o momento desejado. Mas, quem sou eu para falar de adequação
ou de inadequação? E também, longe de mim censurar
o comportamento de Sar Alden. Se alguém, neste mundo, sabia o que
estava fazendo, esse alguém era ele. O que eu posso falar com absoluta
segurança é que todos nós, Rosacruzes da AMORC, somos
misticamente devedores do sacrifício de Sar Alden. Dizer apenas obrigado
é muito pouco para o homem que não se importava quando o ofendiam
ou o caluniavam, mas que se transfigurava se alguém tentasse macular
a Ordem.
Todas
as funções no A, em termos cósmicos,
são hereditárias. No Alto Comando do A, uma
função passará daquele que a tenha ocupado para um
sucessor previamente preparado para assumi-la; isto vale para os Onze tanto
quanto para o Maha. É nessa situação que poderá
ocorrer a deliberação mística de adiar a transição,
pois se o sucessor ainda não estiver adequadamente preparado para
assumi-la, o titular pode retardar sua partida deste Plano. Voltando a Sar
Alden, pode-se especular que ele não se importou com o desgaste de
seu corpo físico porque sabia que tinha um sucessor à altura
e inteiramente preparado. Estou me referindo a Ralph Maxwell Lewis –
Sar Validivar – segundo Imperator deste Segundo Ciclo Iniciático.
O atual Imperator da AMORC é o frater Christian Bernard,
filho de Raymond Bernard – o pensador místico ora estudado.
No
trabalho em prol da Humanidade desenvolvido pelos integrantes do A,
todos os poderes que possuem são utilizados permanentemente, contudo
sem jamais interferir nas escolhas que são feitas pelos homens como
seres individuais e pela Humanidade como ser coletivo. Mas quando a Humanidade,
por sua ignorância, coloca em risco sua própria existência,
aí, sim, a interferência é direta e na medida necessária.
Quando o problema é por demais complicado e escabroso, é solicitada
ajuda e assistência para um grau mais elevado. Nesse Trabalho
consciente, diuturno, vigilante, refletido, amadurecido, inteiramente fraterno
e altruísta – que respeita as liberdades, desde
que não entravem a marcha para a frente deste Planeta –
uma das Leis Cósmicas utilizadas pelo Governo Oculto do Mundo, quando
necessário, é a Lei da Assunção. Mas
Eles não devem e não podem intervir no processo incessante
de desintegração [entropia] e de reconstrução
[entropia negativa] ao qual a Humanidade, no seu conjunto, está
sujeita. Eles não podem restringir o livre-alvedrio humano,
nem impedir que catástrofes localizadas sejam produzidas como decorrência
do mau uso desse mesmo livre-alvedrio. O que Eles fazem, penso que tenha
ficado claro, é não permitir que os erros humanos interfiram,
de modo algum, no ritmo cíclico propriamente dito. Quando podem
e devem, interferem, sim, no sentido de reduzir a duração
de fatos trágicos, mas a Humanidade deverá sempre primeiro
aprender suficientemente a lição que ela se impôs. O
mundo é um cadinho de experiências de onde sai a própria
evolução, tanto no plano individual, quanto no coletivo. Desta
forma, o carma, tão mal compreendido, não é punitivo;
antes e puramente, é educativo. Ele tem sua origem no homem singular
e na Humanidade como ser coletivo, e tanto no homem quanto nela encontra
seu resultado. A guerra é uma manifestação de carma
coletivo, e só acaba quando uma substantiva parte do aprendizado
oferecido e provocado pela sua explosão foi incorporada à
consciência daqueles que deveriam passar por aquele sofrimento. Por
isso, tenho dito e insistido que a via mais fácil para se minimizar
o carma é pela educação. Convencional e mística.
De qualquer maneira, temos a superlativa obrigação cósmica
de envidar todos os nossos esforços para evitar todas as guerras,
até porque ainda que o carma não possa, em princípio,
ser anulado, ele pode ser efetivado de diversas formas, como, por exemplo,
o voluntariado. A guerra, coletivamente, é a pior forma de cumprimento
do carma. Entretanto, no dia em que o indivíduo, assim como a
Humanidade, se conformarem com as leis universais, todos os problemas estarão
resolvidos e a história deste planeta se concluirá.
O maior pecado do homem é o egoísmo. Enquanto ele
não for extirpado, a Humanidade enfrentará graves problemas...
Este
terceiro encontro insólito de Raymond Bernard com um integrante do
A foi concluído com uma mensagem otimista proferida
pelo seu Instrutor: Tudo, neste Universo organizado, é previsto,
e a Humanidade não está só nem abandonada. Porém,
ainda que tudo, neste Universo organizado, seja previsto, não se
deve pensar em beco sem saída, isto é, problema irremovível
ou predeterminismo irredutível. Isso realmente não existe.
Se isso fosse possível a afirmação que fiz um pouco
mais acima de que o carma pode ser efetivado de diversas formas, como, por
exemplo, o voluntariado, não teria qualquer cabimento. Enfim, eu
só tenho um pensamento para o prometedor fato de que a Humanidade
não está só nem abandonada: Assim Seja.
O
quarto encontro ocorreu em Lisboa em novembro de 1966. E foi precisamente
com o ápice da pirâmide, o próprio Maha, em um local
difícil de se acreditar que possa ter acontecido. Considerando que
os encontros anteriores se deram em mansões do A,
excluindo o primeiro que ocorreu em um avião, este aconteceu em um
dos salões da sobreloja do Hotel Ritz e durou aproximadamente duas
horas. Duas horas com o presidente do Governo Oculto do Mundo e que alguns
chamariam de o rei do mundo! Essas duas horas Raymond resumiu em
seis páginas de seu livro Rencontres Avec L'insolite (Encontros
Com O Insólito). Eu apresentarei o resumo do resumo. Todavia,
farei aqui, antes, uma pequena pausa para, com a mais sincera reverência
e o mais profundo agradecimento, afirmar – como Rosacruz e Membro
da Hierarquia da AMORC – que o Governo Oculto do Mundo é uma
realidade e que o próprio Maha existe de fato. Não me sinto
confortável e nem autorizado a explicar o como e o porquê do
Privilégio dessa minha convicção,
mas esse convencimento inabalável diz respeito, curiosamente, às
minhas deficiências, e, particularmente, à vaidade espiritual
que eu possuía até uma determinada data, mas que foi zerada
nessa mesma data. Isso é que era de lascar! Mas minha vida mudou
inteiramente a partir de uma certa madrugada, há mais ou menos dez
anos, em um quarto de um apart-hotel, no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro.
O que aconteceu simplesmente é inesquecível! E tudo se passou
em um espaço de tempo de mais ou menos meia hora, apesar de eu jamais
ter visto, de qualquer forma, o Maha. Mas Ele existe. Isso eu não
tenho a menor dúvida. É só isso que posso declarar,
declaração inteiramente sincera de alguém que não
merece, que sequer é digno de digitar o acabou de ser digitado. Obrigado,
obrigado, obrigado. Ego non eram dignus... e continuo não
sendo. Mas tenho certeza também que meu nome não apareceu
e jamais aparecerá no Barco do Príncipe. Talvez tenha sido
por isso. Pelo menos que tenha sido por isso, senão...
A
primeira informação que Maha deu a Raymond é que o
A dispõe de poder, mas deixa-o na reserva e
nunca o utilizou. Esse poder é a possibilidade de fazer agir todas
as forças cósmicas e naturais, se for necessário, para
impedir a Terra de ir a extremos tais que o Universo, do qual ela faz parte,
tenha perturbado o seu equilíbrio fundamental.
Explicou
o Maha que Saint-Yves fez uma obra útil e esclarecedora, mas
reuniu em um só corpo o que era separado. O Alto Conselho –
expôs Maha – é um poder teocrático,
civil, em comparação com a missão cósmica do
Sagrado Colégio. O A tem a responsabilidade do mundo;
o Sagrado Colégio tem a responsabilidade das almas. Isto é:
o domínio do A é o mundo e sua missão
não se restringe a um território particular. Por isso, atualmente,
as reuniões do A não acontecem mais em um
lugar fixo, como antigamente, ocorrendo e sendo estabelecidas de acordo
com os acontecimentos que estão em curso, para que os Doze possam
pôr em movimento as intervenções 'eficazes' desejadas.
Mas é preciso que se tenha em mente que essas intervenções
só se dão em último caso e quando são extremamente
necessárias e inadiáveis. O bem do Planeta é o único
catalisador para o modus operandi que norteia as atividades do
Alto Conselho. Logo, presumidas canalizações oriundas do A
não acontecem; orientações pessoais são
tão raras que se pode admitir que sejam inexistentes; interferências
em assuntos pessoais jamais sucedem; e modificações ou anulações
cármicas são impossíveis. De repente, não sei
porquê, me lembrei da frase derradeira de Quincas Quincas Berro D'água,
segundo Quitéria do Olho Arregalado (que o chamava de Berrito nos
momentos de ternura), que estava a seu lado: Cada qual
cuide de seu enterro, impossível
não há. O que essa frase tem a ver com o tema que estou
estudando, eu não sei com clareza; mas como ela me veio à
cabeça, agora, registrei-a aqui.
Sempre
me espantou o fato de o mundo ter, por assim dizer, dormido por dezenove
séculos, e, de repente, a partir praticamente do início do
século XX, progressivamente, exponencialmente, tudo tenha começado
a acontecer muito rapidamente. Nos últimos trinta anos, em especial,
o avanço científico e tecnológico foi de tal ordem,
que se tornou (quase) impossível a uma pessoa acompanhar de perto
as mudanças e estar up-to-date com as informações
mais recentes em relação àquilo que é denominado
de tecnologia de ponta. Os próprios filmes apresentam cenas e passagens
muitas vezes tão complicadas, que a imensa maioria das pessoas não
entende o que está acontecendo, e acaba não compreendendo
o próprio enredo ou a trama do filme. Em outra direção,
que dizer da Medicina Nuclear que se ocupa das técnicas de imagem,
diagnóstico e terapêutica utilizando nuclídeos radioativos
(radioisótopos), que permitem, por exemplo, observar o estado fisiológico
dos órgãos e dos tecidos de forma não-invasiva –
através da marcação de moléculas participantes
nesses processos fisiológicos como marcadores radioativos –
assinalando sua localização com a emissão de radiação
gama? Porém, o tenebroso em tudo isso é que há um grupelho
de umbrosos que se apossaram desses conhecimentos e os aplicam para o mal,
ainda que se possa misticamente entender o mal como a ausência do
bem, ou ainda, melhormente, como se expressou o Maha, manifestação
do carma. E assim, quem quiser construir uma bomba ou se deliciar com
todos os tipos de aberrações sexuais, basta consultar a Internet.
Alguns fedorentos fazem dessa biblioteca virtual o lixão a céu
aberto de suas perplexidades. Isso é que é mesmo de lascar.
Mas, por que, ligeira e circunstancialmente, comentei essas coisas? Penso
que tenha sido por causa das explicações que se seguirão.
Voltarei rapidamente ao Maha.
Disse
o Maha: nós constatamos que um atraso importante tinha sido acumulado
no passado e que o novo ciclo necessitava que esse atraso fosse superado.
Ele o foi rapidamente por um conhecimento científico. O mundo se
ajustou, assim, às novas condições... e a estabilização
está em marcha, mais exatamente a 'síntese', em vista de novos
progressos, já que, por definição, o ciclo é
movimento... E, no campo da política, particularmente, o
Alto Conselho teve de intervir com freqüência, usando todos os
meios de que dispõe... para evitar, no mundo, experiências
cruéis e inúteis. Aqui, involuntária e desordenadamente,
como se fosse um pesadelo sem pé nem cabeça, voltei a pensar
no complexo do World Trade Center, em
Slobodan Milosevic, na dissolução da Iugoslávia, na
invasão do Afeganistão, no Líbano recentemente destruído,
na Palestina que não se entende com Israel, e vice-versa, na invasão
do Tibete em em 1950, nos suicídios coletivos comandados por fanáticos,
na pedofilia que grassa em certas religiões, na jogatina internacional,
nas mentiradas dos políticos, nos assassinatos seletivos, nas terras
arrasadas, nas 'legítimas' defesas preventivas, nas limpezas
étnicas, nos monopólios, duopólios e oligopólios,
nas sobrevalias, na AIDS e nas doenças sexualmente transmissíveis,
nos pais, nas mães e nos filhos, nos doentes e nos escorraçados,
na vivissecção e nos vivisseccionistas, nas queimadas e calcinações
deletérias, no que está acontecendo no Iraque, nos serviços
secretos, na militarização do mundo, nas armas de destruição
em massa, na miséria da maioria dos países africanos, na República
do Haiti, nos massacres dos animais, no filho de George Bush e Barbara Bush,
em Usamah bin Muhammad bin Awad bin Laden, no horrorismo, no terrorismo,
em Nick Berg e em outros degolados, no isolamento de alguns países
do cenário internacional (particularmente de Cuba), nas egoísticas
recusas em formar alianças, em assumir compromissos econômicos
externos e em assinar acordos bilaterais, no desrespeito às decisões
da ONU, nas políticas de genocídio, em poluir para não
deixar de ganhar, nos tsunamis, vulcões, terremotos, incêndios,
enchentes e desabamentos, nos sem-nome, sem-justiça, sem-lar, sem-luz,
sem-pão, sem-terra, sem-trabalho, sem-ventura e sem-nada-de-nada,
nos com-frio, com-fome, com-tristeza e com-doenças, nos corruptos
e nos corruptores, nos com-esperança,
nos com-boa-vontade et cetera, et
cetera, et
cetera. Também pensei nos traidores
das Ordens Iniciáticas, nos estigmatizados e nos difamadores dos
Illuminati. Pensei em tudo isso, e tudo isso passou pela minha
cabeça em um relâmpago. Tive mesmo que frear meus pensamentos,
senão a lista ia daqui ao Inferno de Dante. Lasciate
ogni esperanza voi ch'entrate! Fico mesmo elucubrando, que se não
fosse a intervenção silenciosa Desses que (quase) tudo podem,
as coisas seriam mesmo muito pior. Mas o carma não pode ser anulado;
ele deve ser cumprido. Se as escolhas são para que seja cumprido
pela dor, ele será cumprido pela dor. Lamentavelmente,
mas será. Acabei de me sentir muito
mal digitando este pedaço. Tudo isso, para mim, é muito triste
e doloroso. Mas fazer o quê? Então, nós místicos,
particularmente nós que somos Rosacruzes,
precisamos estar alertas, vigiar, orar e trabalhar muito, porque, certamente,
somos a infantaria do A. Voltarei a tratar desse assunto
nas considerações finais.
Esse
foi o resumo do resumo do quarto encontro insólito de Raymond com
o presidente, digamos assim, do A, no qual me intrometi
porque achei que deveria me intrometer. Penso que não
tenha agido mal. Mas, as instruções privadas que ocorreram
em um dos salões da sobreloja do Hotel Ritz terminaram com uma meditação
e uma bênção iluminante, tendo o Maha avisado a Raymond
que o quinto (e último?) encontro seria em Istambul (cidade em
todo mundo grita, mas todos estão satisfeitos, como a definiu
bem-humoradamente Raymond), entre 23 de dezembro de 1966 e 2 de janeiro
de 1977. E assim, o início desta última etapa do aprendizado
de nosso ex-Legado ocorreu no dia 28 de dezembro, às 15 horas, mais
ou menos um mês depois do quarto encontro.
No
dia e na hora aprazados, dois mensageiros (exatamente os mesmos dois que
acompanharam Maha no encontro de Lisboa) foram buscar Raymond para seu derradeiro
encontro daquela série. Mensageiros? Sim, mensageiros; mas ambos
dois dos Doze Membros do A.
Este
quinto encontro foi especial, como que uma espécie de coroamento
dos quatro anteriores. Raymond Bernard foi convidado pelo Maha para assistir
a uma reunião do Alto Conselho. Ainda bem que o convite não
foi endereçado a mim, porque se eu fosse convidado para uma reunião
dessa natureza, eu desmaiaria. No mínimo. Melhor mesmo teria sido
que eu tivesse digitado Reunião. Eu
desconfio, mais ou menos e muito ao longe, o que possa ser o nível
vibratório de uma convocação do Alto Conselho, ou algo
que se lhe assemelhe. Fiz essa seriíssima brincadeira porque alguém
pode imaginar o que se passa em uma reunião do A?
O padrão vibratório deve ser de tal magnitude que
se a pessoa não estiver muito bem preparada e harmonizada... Bem
eu nem imagino o que possa acontecer, mas se o Raymond foi convidado e participou
dessa reunião é porque merecia e estava apto. E o A
não convidaria ou permitiria que alguém participasse
de um Conclave do Alto Conselho se não estivesse habilitado e por
um motivo específico e elevado. Se conforme afirmei muito sinteticamente,
presumidas canalizações oriundas do A não
acontecem, orientações pessoais são tão raras
que se pode admitir que sejam inexistentes, interferências em assuntos
pessoais jamais sucedem e modificações ou anulações
cármicas são impossíveis, imaginar que se possa participar
de um encontro sagrado (sagrado pelos motivos sagrados de sua própria
sagrada existência) do A é a infantilidade
das infantilidades e a impossibilidade das impossibilidades. Por algum motivo
que não adianta investigar e não interessa especular Raymond
Bernard pôde ali ser recebido. Nossa herança são seus
livros e seus ensinamentos, senão ainda estaríamos pensando
que tudo continuava a acontecer no Deserto de Gobi. De minha parte, com
o Coração em júbilo, digo: obrigado, obrigado, obrigado.
De qualquer sorte, raríssimos foram os que receberam o favor especial
de participar de uma reunião do A, ainda que, geralmente,
só tenham podido compartilhar de uma parte dela, pois não
poderiam estar presentes ao conjunto das deliberações.
Raymond
Bernard foi conduzido por Maha à sala onde aconteceria a reunião.
Para entrarem na sala tiveram que descer três degraus. Depois
de algum tempo, durante o qual foi instruído pelo Maha em diversos
assuntos, a reunião começou com Raymond sentado confortavelmente
no canto à direita da sala. Ao ter início a reunião
– que ocorreu nesta sala abobadada no centro da qual havia uma
mesa retangular, maciça e gravada com magníficos símbolos
– Raymond percebeu, e relata isso em seu livro, que todos os Membros
do A têm, por assim dizer, uma nota semelhante
que estabelece entre eles uma surpreendente ligação de 'parentesco'.
Tudo começa com Maha entoando três vezes um som –
uma estranha mistura de vogais, nenhuma consoante. Logo que Maha acaba
sua última entonação, os onze outros retomam o fim
do som e fazem a mesma coisa igualmente três vezes. Raymond Bernard
relata que, a partir desse instante, entrou em um estado físico
e mental indescritível... Como um livro aberto, o mundo parecia estar
lá, diante da Augusta Assembléia... Nenhum dos Membros do
Alto Conselho pronuncia uma só palavra e, entretanto, todos se comunicam...
A sala está como que carregada de azul... Não há mais
tempo, espaço ou separação. Tudo vibra, tudo comunica...
Tudo vibra e tudo comunica por nós. Fico aqui matutando: até
quando seremos indignos desse Trabalho? Muito especialmente, fico mastigando:
até quando certos místicos trairão a Causa e a Obra?
Na
noite de 19 para 20 de janeiro de 1977 Raymond foi autorizado a divulgar
seus Encontros Insólitos. Para quem teve a pachorra de ler
este texto até aqui, recomendo a leitura dos Encontros Com o
Insólito e As Mansões Secretas da Rosacruz,
ambos de autoria de Raymond Bernard. Essas obras não podem faltar
na biblioteca particular de um Rosacruz.