EU GOSTARIA DE
ESCREVER UM LIVRO
Rodolfo Domenico
Pizzinga
— Eu
gostaria de escrever um livro
–
sem prefácio e sem posfácio,
sem tergiversações
e sem omissões,
sem mistérios
e sem salvatérios,
sem simulacros
e sem sacros –
um rascunho
simples e inteligível,
só
com linhas, sem entrelinhas,
que fosse
ofertado gratuitamente
e que ensinasse
a todos os entes-aí
que a Primeira
Lei Universal é o Amor,
e que inexistindo
Amor só haverá dor.
Que uma
relativa Paz só será possível,
se rejeitarmos
a idéia de impossível.
Que só
conheceremos o Sumo Bem,
se incluirmos
o chibalé também.
Que só
poderemos entrever a LLuz,
se anti-horariarmos
a nossa Cruz.
—
Que
só perceberemos a Beleza,
se alegrarmos
a nossa tristeza.
Que só
divisaremos a Santa Vida,
se morrermos
para esta vida.
Que não
há 'salvação'
só para um,
uma vez
que, nós somos todos UM.
Que não
existe um 'povo eleito',
pois, cada
um de nós tem o seu malfeito.
— Neste
esboço, eu demonstraria
E eu ensinaria
a todos os entes-aí
a não
maltratarem os animais
nem devastarem
os vegetais.
A não
se sentirem os maiorais
nem escravizarem
os hominais.
A não
ovacionarem o Neonazismo
nem aclamarem
o Neofascismo.
A não
se prostrarem ajoelhadas
nem se deixarem
ser dogmatizadas.
A não
degolarem em nome de Deus
nem estigmatizarem
os ateus.
A não
se considerarem preferidos,
e, muito
menos, a priori, escolhidos.
A não
se submeterem a normas
nem se acomodarem
em formas.
A não
defenderem o nacionalismo
nem apoiarem
o exclusivismo.
A não
escurecerem mais ainda os escuros
nem construírem
foguetões nem muros.
A
misericordiarem dos refugiados
e
se compadecerem dos deslocados.
Nós
somos os responsáveis por isto!
—
Eu
quero
que eu ocorra!
Eu quero que pobre morra!
Eu quero que negro corra!
Eu quero que judeu escorra!
Eu quero que muslim recorra!
Eu quero que gay vire borra!
—
A
não comercializarem ilusões
nem impingirem
medo de dragões.
A não
crerem em perdão de pecados
nem acharem
que serão arrebatados.
A não
dependerem de gurus carismáticos
nem, por
uma quimera, virarem fanáticos.
A não
requestarem absurdidades
nem esperarem
extraordinariedades.
A não
desejarem favoritismo
nem sonharem
com afilhadismo.
A não
buscarem riquezas no mundo
nem ficarem
no raso, sem ir fundo.
A não
serem babaquaras úteis
nem acumularem
coisas fúteis.
A não
admitirem o azar ou a sorte
nem a inexistência
depois da morte.
A não
se encagaçarem com a morte,
(O inexistente
nada, não pode gerar absolutamente nada.
Logo, evidentemente, nada poderá se converter em nada.)
A não
duvidarem de suas capacidades
nem alimentarem
suas várias saudades.
A não
se aprisionarem ao que passou
nem darem
mole para o não-sou.
A não
se iludirem com o devenir
nem se turbarem
com o porvir.
A não
se associarem com malignos
nem com
vis, infames e indignos.
A não
nutrirem uma vã esperança
nem dormirem,
por zerar a confiança.
A não
ficarem descansando de touca
nem se afligindo
por coisa pouca.
A não
aprovarem extremismos
nem patrocinarem
terrorismos.
A não
afanarem no mensalão
nem se locupletarem
com o petrolão.
A não
malversarem a coisa pública
nem comprometerem
a República.
A não
votarem sem ideologia
nem obstaculizarem
a alforria.
A não
propagarem a xenofobia
nem estimularem
a homofobia.
—
A
não reiterarem a islamofobia
nem espalharem
a judeofobia.
Judeofobia
Nazista
—
A
não validarem a ofensividade
nem permitirem
a separatividade.
A não
morrerem sem MORRER
nem viverem
sem VIVER.
A não
reencarnarem para repetir
nem seguirem
sem VER nem OUVIR.