Johann
Wolfgang von Goethe (Frankfurt am Main, 28 de agosto de 1749 – Weimar,
22 de março de 1832) foi um escritor pensador alemão que também
incursionou pelo campo da ciência. Como escritor, Goethe (pronuncia-se
GUÊTe, com o primeiro E arredondado,
com o T quase imperceptível e com o segundo e
final de forma muito curta) foi uma das mais importantes figuras da literatura
alemã e do Romantismo europeu, nos finais do século XVIII
e inícios do século XIX. Juntamente com Johann Christoph Friedrich
von Schiller (10 de novembro de 1759 em Marbach am Neckar – 9 de maio
de 1805 em Weimar), foi um dos líderes do movimento literário
romântico alemão Sturm und Drang.1
Um
fato particularmente interessante da vida de Goethe, foi que, em 1780, juntamente
com Herder, tornou-se membro de uma sociedade secreta, Illuminati
(conhecida como Maçonaria Iluminada, extinta pelo Governo da Baviera
em 1787), alcançando grande prestígio entre as elites européias.
Em
1794, o Iniciado esclarecido travou amizade com Friedrich von Schiller,
que passa também a residir em Weimar. A amizade entre os dois grandes
escritores é celebrada como um dos maiores momentos da literatura
alemã. A contribuição entre ambos era intensa e estimulante.
Foi Schiller quem insistiu que Goethe continuasse a escrever sua peça
Fausto (a qual, a primeira parte, havia sido publicada em 1790).
Goethe, por sua vez, contribuíra com vários textos para o
periódico Die Horen, editado por Schiller, além de
escreverem algumas obras em conjunto.
Em
1806, Weimar é invadida pelos franceses e Goethe casa-se com Christiane
Vulpius. Em 1808, Napoleão condecora Goethe, no Congresso de Erfurt,
com a grande cruz da Legião da Honra. De acordo com sua correspondência,
sobretudo os registros Eckermann, seu amigo, Goethe ficou bastante aturdido
com a Revolução Francesa. Prova disso, foi a segunda parte
de Fausto, a qual foi publicada postumamente, conforme carta ao
amigo o qual dizia para que só se abrisse o pacote após sua
morte, prevendo que sua literatura seria deixada no esquecimento.
No
campo científico, Goethe passou alguns anos de sua vida debruçado
em uma obra Da Teoria das Cores, na qual propunha uma nova teoria
das cores em oposição à teoria de Isaac Newton (Woolsthorpe,
4 de janeiro de 1643 – Londres, 31 de março de 1727). Esta
obra por muito tempo foi deixada de lado, em boa parte devido à maneira
violenta pela qual Goethe pretende provar que Newton estava errado. Goethe
fez diversas observações corretas sobre a natureza das cores,
especialmente sobre o aspecto da percepção emocional e psicológica,
que serão retomadas anos mais tarde pela escola da Gestalt2
e não ferem nem um pouco a teoria de Newton, porém tentou
justificá-las com argumentos falhos. Esses argumentos falhos fizeram-no
cair em descrença na comunidade científica.
Goethe
faleceu em Weimar, em 22 de março de 1832, aos 82 anos. Suas últimas
palavras antes de morrer foram: — Deixem
entrar a luz.
Principais
Obras
Götz
von Berlichingen - 1773
Prometheus (poesia) - 1774
Os Sofrimentos do Jovem Werther - 1774
Egmont - 1775
Iphigenie auf Tauris - 1779
Torquato Tasso - 1780
Reineke Raposo - 1794
Xenien (escrito com Friedrich Schiller) - 1796
Hermann e Dorothea - 1798
Fausto - 1806
Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister - 1807
Fausto II - 1833
Objetivo
do Estudo
Este
é mais um trabalho fragmentário que nada tem de original.
Mas, como estou convencido de que uma palavra, uma frase, uma afirmação
ou uma reflexão poderão promover mudanças profundas,
estou divulgando mais esta coletânea de pensamentos de Johann Wolfgang
von Goethe. A coisa é assim: eu estudo e reparto com vocês.
Então, espero, sinceramente, que o que se seguirá tenha alguma
utilidade. Quem sabe um dos fragmentos abaixo não funcione como uma
espécie de catalisador? Goethe, como um grande pensador; escreveu
coisas excelentes.
Reflexões
e Fragmentos
do Pensamento Goethiano
Quando
alguém olha para o meu livro, tenho sempre a impressão de
que me cortam em dois.
Como
o fora a princípio, ó sacra Onipotência, teu Sol é
hoje ainda enigma, assombro, encanto.
Não
basta dar os passos que nos devem levar um dia ao objetivo. Cada passo deve
ser ele próprio um objetivo em si mesmo, ao mesmo em tempo que nos
leva para diante.
Onde
há cobiças é natural o errar.
Ah!,
que diferença entre o juízo que fazemos de nós e o
juízo que fazemos dos outros!
Sus!
Sus! Fausto, longe daqui! Torna-te ao ar, à Luz!
Onde
eu me sentia liberto e aliviado, porque havia transformado a realidade em
poesia, meus amigos se enganaram acreditando que se devia transformar a
poesia em realidade.
Neste
debuxo morto avisto claramente a vivaz natureza, universal nascente, estar-se
em criações contínuas prorrompendo.
Nunca
estive tão perto de minha verdadeira felicidade quanto na época
daquele amor por Lili. Os obstáculos que nos separavam não
eram no fundo insuperáveis, e, no entanto, eu a perdi. Ela foi a
primeira por quem experimentei um amor profundo e verdadeiro. Posso dizer
também que foi a última, porque todas as paixões que
tive no decorrer de minha vida, comparadas a essa primeira, não passaram
de atrações ligeiras e superficiais.
O
mundo espiritual a ninguém é vedado. O porque o julgas tal
é por teres o senso obtuso e o coração defunto. Rompe
a inércia!
Cada
dia compreendo mais claramente que verdadeiramente nasci para a poesia,
e que deverei cultivar esse talento e fazer ainda alguma coisa de bom.
Ouso
ao mundo lançar-me: aos bens e aos males. Arcar com temporais; sentir
sem medo o estrondo de um naufrágio.
A
idade não nos torna adultos. Não! Faz de nós crianças
de verdade.
Pago
bem caro o orgulho. Trovejou-me tremenda voz: — És nada.
Os
jovens e as mulheres querem a exceção; os velhos querem a
regra.
Trememos
com receios quiméricos; choramos perdas sonhadas, ilusórias,
nulas.
Todas
as coisas são metáforas.
E,
na realidade, que é senão pó tudo isto que me cerca,
em tanta prateleira acumulado?
O
dever: gostar daquilo que prescrevemos a nós próprios.
O
que homem herda só o pode chamar seu quando o utiliza. Haver que
nos não presta é simples ônus. Só no uso consiste
a propriedade.
Coloquei
a minha casa sobre o nada; por isto, todo o mundo é meu.
Por
um ato só pendente da minha própria vontade, provarei que
a Humanidade é também onipotente; que não passam de
delírios, abortos da mente insana esses infernos-martírios
com que a morte à vida engana. Almejo ir com ledo rosto devassar
o passo estreito, onde o humano preconceito tão vivos fogos tem posto.
Partamos! É vinda a hora!
A
igualdade nos faz repousar. A contradição é que nos
torna produtivos.
Os
que amam de verdade cumprem a caridade...
De
que adianta você ter essa alma colada aos ossos dessa carne errada?
Sem o risco a vida não vale a pena.
É
só esse desdém, esse ar de soberbia, que não
lhe fica bem. Sorria! Isso que tem? Sorria! Vá... Sorria! Assim.
Ora inda bem.
A
alegria não está nas coisas: está em nós.
Por
toda a parte desabrolham vidas. Que folgazão que é o Sol!
Como se alegra de entrajar de matiz a Natureza!
As
pessoas simples não sabem o tempo que leva e quanto custa aprender
a ler. Empenhei-me nisso durante oitenta anos, e não posso dizer
que o tenha conseguido.
Com
o ressurgir do Cristo, é clara mostra de outra ressurreição
em todos eles.
Para
compreender por que o céu é azul em qualquer parte, não
é preciso dar a volta ao mundo.
É
muito mais fácil reconhecer o erro do que encontrar a verdade. Aquele
está na superfície, e, por isto, é fácil erradicá-lo;
esta repousa no fundo, e não é qualquer um que pode investigá-la.
A
natureza do amor tem sempre algo de impertinente.
Para
mim, o maior dos suplícios seria estar sozinho no Paraíso.
Não
nos tornamos livres por nos negarmos a aceitar algo superior a nós,
mas por aceitarmos aquilo que está realmente por cima de nós.
Ninguém
é mais escravo do que aquele que se considera livre sem o ser.
Para
ser um viajante neste mundo, necessita saber como Morrer e como retornar
à Vida.
Todo
o nosso saber se reduz a isto: renunciar à nossa existência
para podermos existir.
Redimi-me
das paixões, que no âmago consomem o melhor dos meus dois eus.
Só respiro afeto ao homem; só respiro afeto a Deus.
O
que cantamos em companhia vai de cada Coração aos demais Corações.
No
princípio, era o Verbo. O Verbo! Mas o Verbo é coisa inacessível....
No princípio era o Senso... Pois o Senso faz tudo, e tudo cria e
ordena... No princípio era a Potência... Contra isto que pus
interna voz me brada... Agora é que atinei: No princípio era
a ação.
Um
homem de valor nunca é ingrato.
É
uma lei de espectros e demônios: sai-se por onde se entra!
O
homem deseja tantas coisas, e, no entanto, precisa de tão pouco.
Se
estás na rede, foi por teu alvedrio.
Sonha,
Fausto! Sonha!
O
mais tolo de todos os erros ocorre quando jovens inteligentes acreditam
perder a originalidade ao reconhecer a verdade já reconhecida por
outros.
Pena
que a Natureza fez ti um só homem, pois havia matéria para
um homem digno e um patife.
Maldita
a presunção, que ilude ao homem. Malditas as miragens, que
nos cegam. Maldita a glória vã. Maldito o sonho dos póstumos
lauréis. Maldito o gozo do possuir... Maldito o esperar sempre. A
fé maldita.
A
juventude é a embriaguez sem vinho.
Em
troca do mundo – que já destruíste – extrai de
ti outro, melhor, menos triste! Profere o teu 'Fiat', e logo é criado!
Só
é merecedor da Liberdade e da Vida quem a conquista de novo todos
os dias.
Aproveite
a lição! Torne-se ao mundo! Fuja do viver só, que estagna
a mente, os sentidos embota, e mole-mole chucha os sucos vitais.
Devemos
ouvir pelo menos uma pequena canção todos os dias, ler um
bom poema, ver uma pintura de qualidade e, se possível, dizer algumas
palavras sensatas.
O
que eu preciso... são frutos a pender da copa sempre frondosa, e
que, antes de apanhados, não tenham já por dentro o podre
e os vermes.
Posso
prometer ser sincero, mas não imparcial.
Há
muito que de todo o saber vivo enjoado... Estou curado das sedes do saber;
de ora em diante, às dores todas escancaro est’alma. As sensações
da espécie humana, em peso, quero-as eu dentro em mim; seus bens,
seus males mais atrozes, mais íntimos, se entranhem aqui onde à
vontade a mente minha os abrace, os tateie; assim me torno eu próprio
a Humanidade. E, se ela ao cabo perdida for, me perderei com ela.
Não
se possui o que não se compreende.
O
mau é que a Arte é longa e a vida é breve.
Quem
é firme em seus propósitos molda o mundo a seu gosto.
Quanta
ciência em mente de homem cabe toda em um balde. Juntei. Por mais
que eu explore, força nenhuma se criou cá dentro; não
cresci a grossura de um cabelo, e em nada do infinito
estou mais perto.
O
talento educa-se na calma; o caráter no tumulto da vida.
Um
palerma que esperdiça o tempo em perpétuo hesitar, é
como besta levada pela beiça à roda por mão de um trasgo
em árida charneca insulada entre flóridos pastios.
A
Beleza Ideal está na simplicidade calma e serena.
Na
Teologia há mil caminhos falsos difíceis de evitar; há
mil peçonhas tão ruins, que estremá-las de remédios
é quantas vezes foro de impossíveis.
O
palavrório é tudo. Com palavras se esgrime, contra ou pró,
nas magnas teses. Com palavras arranja-se um sistema.
Toda
a teoria é névoa; auriverde só a árvore da vida.
Enquanto
a cabeça lhes regula e o locandeiro fia... Adeus cuidados! E estão
divertidíssimos.
Tal
é o mundo!
Rolar, correr,
subir, descer.
Vidro rotundo
sonoro e ouço,
a pouco e pouco
fendas a abrir.
Aqui brilhante;
lá coruscante;
Sempre cambiante,
sempre a fugir.
Fala-te um ente,
qual tu vivente,
qual tu mortal.
Evita, amigo,
esse inimigo
mundo fatal.
Crê-lo maciço,
e é quebradiço
como cristal.
Tudo
na vida é suportável, com exceção de muitos
dias de felicidade contínua.
Ih!
Quebrou-se a coroa sagrada! Viva a turba! Acabou-se o temor.
Nos
mortais, em geral, dá-se um pendor inato para absorverem crenças.
Todas
as idéias inteligentes já foram pensadas; é preciso
apenas tentar repensá-las.3
Qual
é o melhor Governo? Aquele que nos ensina a governar-nos.
Quem
se vence é que vence.
A
maior necessidade de um Estado é a de governantes corajosos.
A
conduta é um espelho no qual todos exibem sua imagem.
Bastas
vezes no mundo, a ciência é c’roa da vaidade e véu
da insipiência.
Nem
todos os caminhos são para todos os caminhantes.
Que
vida! Angústias sempre! Ora a almejar por gozo, ora inquieto na posse
e do almejar saudoso!
O
direito de expressão é o princípio e o fim de toda
a arte.
O
homem mais feliz – seja ele um rei ou um camponês
– é o que encontrou a paz em seu lar.4
Em
relação a todos os atos de iniciativa e de criação,
existe uma verdade fundamental cujo desconhecimento mata inúmeras
idéias e planos esplêndidos: é que no momento em que
nos comprometemos definitivamente a Providência se move também.
Deus
meu! Deus meu! Já não posso com esta guerra interior! Pelo
infinito afeto vosso, valei-me – ó Deus! – em tanta dor!
Toda
uma corrente de acontecimentos brota da decisão, fazendo surgir a
nosso favor toda a sorte de incidentes, encontros e assistência material
que nenhum homem sonharia que viesse em sua direção. Qualquer
coisa que possa fazer ou que sonhe que possa fazer, comece a fazê-la
agora. A ousadia tem em si genialidade, força e magia.
Quem
não viajar agora, quando viajará?
O
maior consolo da mediocridade é não ser o
gênio imortal.
Matem
aquele cão. É um crítico!
Não
há nada mais terrível5
do que uma ignorância ativa!
Idéias
genéricas e uma grande presunção estão sempre
em via de causar uma terrível desgraça.
A
Ciência e a Arte pertencem ao mundo inteiro, e diante delas desaparecem
as barreiras da nacionalidade.6
Não
há arte patriótica nem ciência patriótica. As
duas – tal como tudo o que é bom e elevado – pertencem
ao mundo inteiro e não podem progredir a não ser pela livre
ação recíproca de todos os contemporâneos, e
tendo sempre em contra aquilo que nos resta e aquilo que conhecemos do passado.
Não
chegamos a conhecer as pessoas quando elas vêm a nossa casa; devemos
ir a casa delas para ver como são.
Comparar
não é, para um ignorante, senão um meio cómodo
de se eximir de julgar.
Coloca
na cabeça perucas com cem mil cachos, coloca nos pés coturnos
de um braço de altura, continuarás sempre a ser o que és.
Precisamos
sempre mudar, renovarmo-nos, rejuvenescer; caso contrário, endurecemos.
Uma
vida ociosa é uma morte antecipada.
Onde
me devo abster da moral, deixo de ter poder.
Legisladores
ou revolucionários que prometem simultaneamente a igualdade e a liberdade
ou são sonhadores ou são charlatães.
Nada
descreve melhor o caráter dos homens do que aquilo que eles acham
ridículo.
Que
o homem seja nobre, prestativo e bom, pois só isso o distingue de
todos os outros seres.
Dê-me
o benefício das suas convicções, se as tiver; mas,
guarde para si suas dúvidas. Bastam-me as que tenho.
Só
sabemos com exatidão quando sabemos pouco. À medida que vamos
adquirindo conhecimentos, instala-se a dúvida.
A
fidelidade é o esforço de uma alma nobre para igualar-se a
outra maior do que ela.
O
amor não se deve somente queimar, mas também aquecer.
A
alma humana é como a água: ela vem do Céu
e volta para o Céu, e depois retorna à Terra, em um eterno
ir-e-vir.
Não
basta saber; é preferível saber aplicar. Não é
o bastante querer; é preciso saber querer.
O
homem não é só o inato; mas, também, o adquirido.
Nada
é mais repugnante do que a maioria, pois ela se compõe de
uns poucos antecessores enérgicos, de velhacos que se acomodam, de
fracos que se assimilam e da massa que vai atrás de rastros, sem
nem de longe saber o que quer.
O
que é universal? O caso singular. O que é
particular? Milhões de casos.
Se
os macacos soubessem se aborrecer, poderiam tornar-se homens.
A
amizade é como os títulos honoríficos:
quanto mais velha, mais preciosa.
Trata
um homem como ele é e ele remanescerá como é. Trata
um homem como ele pode e deve ser e ele tornar-se-á como pode e deve
ser.
Todas
as idéias são cinzentas. Verde e frondosa é a Árvore
da Vida.
A
mais nobre alegria dos homens que pensam é haverem
explorado o concebível e reverenciarem em paz o incognoscível.
Tudo
nos falta quando faltamos a nós mesmos!
Gosto
daquele que sonha o impossível.
A
Democracia não corre, mas chega segura ao objetivo.
Idéias
ousadas são como as peças de xadrez que se movem para frente;
podem ser comidas, mas podem começar um jogo vitorioso.
Juro
a você que, por mais de uma vez, desejei ser um simples trabalhador
do campo; assim, ao despertar, teria uma perspectiva para a jornada que
começa, uma necessidade que me impelisse e uma esperança.
A
morte é de certa maneira uma impossibilidade, que de repente se torna
realidade.
Devemos
pagar caro pelos nossos erros se quisermos ver-nos livres deles, e depois
poderemos até dizer que temos sorte.
A
felicidade mais elevada é aquela que corrige os nossos defeitos e
equilibra as nossas debilidades.
Não
digas que darás, mas dá! Nunca satisfarás a esperança!
O
belo é uma manifestação de leis secretas da Natureza,
que, se não se revelassem a nós por meio do belo, permaneceriam
eternamente ocultas.
Muitos
são orgulhosos por causa daquilo que sabem; face ao que não
sabem, são arrogantes.
O
ser humano tem muito mais desejos que necessidades.
Uma
boa coleção de anedotas e de máximas é o maior
tesouro para o homem experiente, se ele souber entremear as primeiras em
lugares convenientes na conversação e se lembrar das segundas
no momento oportuno.
Quando
o homem ama a mulher, fala muito com ela, e sobre ela; quando deixa de a
amar, fala com ela sobre ele.
Devemos
cultivar as nossas qualidades, e não as nossas particularidades.
Prega-se
muito contra os vícios, mas nunca ouvi ninguém condenar do
púlpito o mau humor.
As
nossas paixões são verdadeiras fênices. Quando a mais
antiga arde renasce uma nova das cinzas da primeira.
A
Natureza reservou para si tanta liberdade que não a podemos nunca
penetrar completamente com o nosso saber e a nossa ciência.
Um
grande sacrifício é fácil, os pequenos sacrifícios
contínuos é que custam.
Se
tomardes a vida com excessiva severidade, que atração poderá
ter? Se a manhã não vos convidar a novas alegrias e se à
noite não esperardes nenhum prazer, valerá a pena vestir-se
e despir-se?
As
coisas que são realmente essenciais nunca devem estar à mercê
das coisas que são acessórias.
Estou
de uma vez por todas perdido para estas cerimônias religiosas. Todos
estes esforços para tornar verdadeira uma mentira parecem-me do mais
insípido. Não há nada maior do que a verdade e a menor
verdade já é grande.
Creio
que o homem sonha unicamente para não deixar de ver. Pode acontecer
que um dia jorre a Luz Interior em nós e nenhuma outra nos será
mais necessária.
Quem
tem bastante no seu interior, pouco precisa de fora.
No
fundo, só se sabe que sabemos pouco; com o saber cresce a dúvida.7
Penso;
logo não tenho medo de mudar.
Se
estamos no alto, Deus é tudo. Se estamos em baixo, Deus é
uma compensação para a nossa miséria.8
O
que de mais alto recebemos de Deus e da Natureza é a vida, o movimento
de rotação em torno de si mesmo, o qual não conhece
descanso, nem repouso.
Refrigério
eficaz para tais sedes só em ti9
o acharás.
Sobras
dos ricos são bodos10
e trégua a mil agonias.
As
pessoas felizes não acreditam em milagres.
Quem
não beija é como um morto.
Eritis
sicut Deus, scientes bonum et malum.11
Fausto12
e Mefistófeles13
Realizando o Pacto
(Biblioteca
Nacional, Madrid)
Duas
Quadras Finais
a
Título de Conclusão
Oh!,
quão bela pode ser a palavra!
Palavra
que rutila beleza;
beleza
nascida da Beleza.
Oh!,
Beleza! Filha da Santa Palavra!
Quem
não viajar agora, quando viajará?
Oh!,
Viajar! Sim, é preciso!
Oh!,
Viver! Sim, é preciso!
Quem
não Viver agora, quando viverá?
______
Notas:
1. Sturm
und Drang (tempestade e ímpeto) foi um movimento literário
romântico alemão, situado no período entre 1760 a 1780.
O movimento animava-se por uma reação ao Racionalismo que
o Iluminismo do século XVIII postulara, bem como ao Classicismo francês
que, como forma estética, tinha grande influência na cultura
européia, principalmente na Alemanha daquele tempo. Os autores desse
movimento postulavam uma poesia mística, selvagem, espontânea,
em última instância quase primitiva, onde o que realmente tinha
valor era o Empfindung, o efeito da emoção, imediato
e poderoso, ou seja, o sentimento acima da fria razão. Os stürmer
eram contra a literatura e a sociedade do Ancien Régime –
estilo de governo que marcou a Europa na Idade Moderna, e que, na esfera
política, era caracterizado pelo absolutismo, ou seja, o poder ficava
concentrado nas mãos do rei; na economia, vigorava o mercantilismo,
marcado pelo acúmulo de capital realizado pelas nações.
2. A
Psicologia da Forma, Psicologia da Gestalt, Gestaltismo ou simplesmente
Gestalt é uma teoria da Psicologia que considera os fenômenos
psicológicos como um conjunto autônomo, indivisível
e articulado na sua configuração, organização
e lei interna. A teoria foi criada pelos psicólogos alemães
Max Wertheimer (1880 – 1943), Wolfgang Köhler (1887 – 1967)
e Kurt Koffka (1886 – 1940), nos princípios do século
XX. Funda-se na idéia de que o todo é mais do que a simples
soma de suas partes.
3. Esta
reflexão é equivalente a: 1º) Nihil
novi sub Luna
(Não há nada de novo sob a Lua); 2º) Nihil
novum sub Sole
(Não há nada de novo sob o Sol); e 3º) Nihil
novum super Terram
(Não há nada de novo sobre a Terra).
4. Mas
para que haja paz no lar ou em qualquer lugar, primeiro é necessário
que seja alcançada a Liberdade interior. E a paz, no lar ou em qualquer
lugar, não é nada mais nada menos do que um reflexo da paz
pessoal, interior, que, em última instância, deriva da conquista
da Liberdade.
5. Terrível e perigoso!
6.
Não sou de Atenas nem
da Grécia, mas do mundo.
(Sócrates, 470 - 399 a.C).
7.
A dúvida metódica – Dubito,
ergo cogito, ergo sum
(Eu duvido, logo penso, logo existo) – é o método com
que o filósofo francês René Descartes (31 de março
de 1596, La Haye en Touraine, França – 11 de fevereiro de 1650,
Estocolmo, Suécia) procurou chegar à prova da existência
de verdades absolutas, logicamente necessárias e de reconhecimento
universal, tal como exige a defesa do Dogmatismo por ele preconizada e defendida,
na questão da possibilidade do conhecimento.
8.
Aqui, não custa lembrar um fragmento de uma rubai de Omar
Khayyam: O que vale mais? Meditar
em uma taberna ou, prosternado em uma mesquita, implorar o Céu?
9.
Como explica Goethe: Nascente
milagrosa em que de um sorvo se fartem para sempre as sedes da alma.
10.
Partilha de alimentos aos pobres em dia festivo, por vezes acompanhada da
doação de roupas e dinheiro.
11.
Sereis
como deuses, conhecendo o bem e o mal. (Vulgata,
Gênesis III, 5).
12.
Fausto é o protagonista de uma popular lenda alemã de um pacto
com o demônio, baseada no médico, mágico e alquimista
alemão Dr. Johannes Georg Faust (1480 - 1540). O nome Fausto tem
sido usado como base de diversos romances de ficção, o mais
famoso deles do autor Goethe, produzido em duas partes, tendo sido escrito
e reescrito ao longo de quase sessenta anos. No afã de superar os
conhecimentos de sua época, evoca Fausto espíritos e, por
fim, Mefistófeles, com o qual negocia viver por vinte e quatro anos
sem envelhecer. Durante este tempo, conforme o contrato assinado com seu
próprio sangue, serviria o diabo a Fausto, em troca da sua alma.
Entregue aos prazeres durante este tempo, é finalmente ao termo deles
levado para o Inferno. Tendo, porém, encontrado o amor de Margarida,
dela tenta obter a salvação, mas foi inevitável o destino
a que se comprometera.
13.
O nome Mefistófeles, desde a Idade Média, se refere a uma
das muitas entidades demoníacas. A figura de Mefistófeles
se tornou mais conhecida como importante personagem na obra Fausto,
de Goethe. Escreveu Eliphas Lévi, cujo nome de batismo é Alphonse
Louis Constant (8 de fevereiro de 1810 – 31 de maio de 1875): O
diabo – se é permitido em um livro de ciência empregar
esta palavra desacreditada e vulgar – se dá ao Mago e o feiticeiro
se dá ao diabo.
Bibliografia:
GOETHE,
Johann W. Fausto. Tradução, introdução
e glossário de João Barrento. 2ª edição.
Lisboa: Relógio D'Água Editora, 1999, 590 p. il.
Páginas
da Internet consultadas:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fausto
http://www.kalipedia.com/fotos/grabado-muestra-
fausto-mefistofeles.html?x=20080401klplylliu_4.Ies
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/faustogoethe.html
http://www2.dlc.ua.pt/castilho/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cogito_ergo_sum
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo_da_d%C3%BAvida
http://www.pensador.info/autor/Johann_Goethe/
http://pt.wikiquote.org/wiki/Johann_Wolfgang_von_Goethe
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gestalt
http://pt.wikipedia.org/wiki/Antigo_Regime
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sturm_und_Drang
http://pt.wikipedia.org/wiki/Goethe
Fundo
musical:
Grande
Valsa Brilhante (Chopin)
Fonte:
http://www.eadcentral.com/
go/1/1/0/http://www.abcmusical.com.br/midi.html