Giordano Bruno

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo revisita alguns pensamentos do teólogo/filósofo Giordano Bruno, que, ao morrer queimado pela inquisição, escarneceu: — Teme mais a Força em pronunciar esta sentença do que eu em escutá-la. Eu não sei, se fosse comigo, se eu teria estômago e imaginação para dizer isto, mas para um homem que disse somente uma coisa me fascina: aquela em virtude da qual me sinto livre na sujeição, contente no sofrimento, rico na indigência e vivo na morte. Aquela em virtude da qual não invejo os que são servos na liberdade, sofrem no prazer, são pobres nas riquezas e mortos em vida, porque trazem no próprio corpo os grilhões que os prendem, no espírito o inferno que os oprime, na alma o erro que os debilita, na mente o letargo que os mata, ainda que extremamente verdadeiro, mas muito sofrido, não deve ter sido tão difícil assim.

 

 

 

 

Breve Biografia de Bruno

 

 

 

Giordano Bruno

Giordano Bruno

 

 

 

Giordano Bruno (Nola, janeiro de 1548 – Roma, Campo de Fiori, 17 de fevereiro de 1600) foi um teólogo, filósofo, escritor e frade dominicano italiano, condenado à morte na fogueira, pela Inquisição romana (Congregação da Sacra, Romana e Universal Inquisição do Santo Ofício), por heresia. É também referido como Bruno de Nola ou Nolano.

 

Ao contrário do que se pensa comumente, Giordano Bruno não foi queimado na fogueira por defender o heliocentrismo de Copérnico. Um dos pontos chaves de sua teoria é a cosmologia, segundo a qual o Universo seria infinito, povoado por uma infinidade de estrelas como o Sol com outros planetas como a Terra contendo igualmente vida inteligente. Para esta perspectiva bebeu na fonte de Nicolau da Cusa, Copérnico e também de Giovanni Della Porta.

 

O cientista e escritor britânico John Gribbin, em seu livro Science: A History 1543 - 2001, explica que Bruno participava de um movimento chamado Hermetismo, que se baseava em escrituras que, de acordo com o que era dito, teriam se originado no Egito na época de Moisés. Entre outras referências, esse movimento utilizava os ensinamentos do deus egípcio Thoth, cujo equivalente grego era Hermes (daí hermetismo) – conhecido pelos seguidores como Hermes Trismegistus. Especulativamente, pode-se pensar que Bruno teria abraçado a teoria de Copérnico porque ela se encaixava bem na idéia egípcia de um Universo centrado no Sol.

 

O nobre veneziano chamado Giovanni Mocenigo, membro de um das mais ilustres famílias de Veneza, encontrou Bruno em Frankfurt em 1590, e convidou-o para ir a Veneza, sob o pretexto de ensinar a mnemotécnica, a arte de desenvolver a memória, em que Bruno era perito. Bruno fora, há muitos anos, posto fora da lei pela inquisição, ansiosa por prendê-lo por suas doutrinas subversivas, mas Veneza gozava da fama de proteger tais foragidos, e o filósofo sentiu-se encorajado a cruzar os Alpes e regressar. Como Mocenigo quisesse usar as artes da memória com fins comerciais, segundo alguns, ou para prejudicar seus concorrentes e inimigos conforme outros, Bruno negou-se a lhe ensinar. Por outro lado, Mocenigo, católico piedoso, assustava-se com as heresias que o loquaz e incauto filósofo lhe expunha, e perguntou a seu confessor se devia denunciar Bruno à inquisição. O sacedote recomendou-lhe esperar e reunir provas, no que Mocenigo assentiu; mas quando Bruno anunciou seu desejo de regressar a Frankfurt, o nobre denunciou-o ao Santo Ofício. Mocenigo trancou Bruno num quarto e chamou os agentes da inquisição para levarem-no preso sob a acusando de heresia. Bruno foi preso no dia 23 de maio de 1592.

 

Bruno acabou condenado pela Inquisição, tendo passado seus últimos oito anos sofrendo torturas e maus tratos de todos os tipos. No último interrogatório não se submete; ao contrário, mostra força e coragem. Por não abjurar, é condenado à morte na fogueira, mas antes de morrer queimado no Campo de Fiori, ele afronta ainda mais uma vez seus inquisidores. É dito que cuspiu no crucifixo dos que estavam prestes a matá-lo. Todavia, alguns consideram que este relato tenha sido inventado para tentar depreciar ainda mais sua imagem. Bruno morreu na fogueira com tábua e pregos na língua, para parar de blasfemar.

 

Antes, ao ser anunciada a sentença de que seria executado piamente, sem profusão de sangue (que em verdade significava a morte pela fogueira), disse corajosamente: — Teme mais a Força em pronunciar esta sentença do que eu em escutá-la.

 

 

 

 

Principais Obras de Giordano Bruno

 

 

 

1582 - O Candeeiro

1582 - De Umbris Idearum

1584 - A Ceia das Cinzas

1584 - Sobre a Causa, Princípio e Uno

1584 - Sobre o Infinito, Universo e Mundos

1584 - O Despacho da Fera Triunfante

1585 - Sobre os Heróicos Furores

1591 - De Minimo

1591 - De Monade

1591 - De Immenso et Innumerabilibus

 

 

 

Pensamentos Bruninos

 

 

 

O Ser é um.

 

O ser é uno, infinito, imóvel, sujeito, matéria, vida, alma, verdade e bondade.

 

 

 

 

O Summum Bonum, o supremamente desejável, a perfeição e a beatitude supremas consistem na unidade que informa1 o todo… Possam os deuses ser louvados e todos os seres vivos louvarem o infinito, o simplíssimo, o muito uno, o altíssimo, a absolutíssima causa, começo e um.

 

O tempo tudo tira e tudo dá; tudo se transforma, nada se destrói.

 

Deus é a força criadora perfeita que forma o mundo e imanente a ele.

 

Deus é glorificado não em um, mas em incontáveis sóis; não em uma Terra única, mas em uma infinidade de mundos.

 

Apesar de quão obscura a noite possa ser, eu espero o nascer do dia.

 

Oh!, que ingenuidade pedir a quem tem poder para mudar o poder!

 

Todo amor deriva do ato de ver: o amor inteligível do ato de ver inteligivelmente; o sensível do ato de ver sensivelmente.

 

Não existe deleite sem um misto de tristeza.

 

Não há posição absoluta no espaço (como dissera Aristóteles), mas a posição de um corpo é relativa à dos outros corpos. Em toda parte, ocorrem mudanças relativas incessantes de posição por todo o Universo, e o observador está sempre no centro das coisas.

 

Todas as coisas estão no Universo e o Universo está em todas as coisas. Nós estamos nele e ele em nós, de modo que tudo caminha em direção à perfeição e à unidade. Esta unidade é eterna, e os filósofos que descobriram essa unidade encontraram a sua amiga Sabedoria.

 

Feliz na tristeza, triste na alegria.

 

Só os espíritos fracos pensam com a multidão, por ser ela multidão. A verdade não é modificada pelas opiniões do vulgo nem pela confirmação da maioria.

 

Há a religião dos ignorantes e a religião dos doutos. A primeira é um meio para instruir e governar o povo ignorante. É um conjunto de superstições contrárias à razão e a natureza, útil para governar os povos incultos, que é válida enquanto a Humanidade não atingir um grau superior de evolução. A religião dos doutos ou dos teólogos, que o processo histórico enriquece, é esclarecida, na qual se integra a Filosofia como a disciplina dos eleitos que estão aptos a se controlar e governar os outros.

 

Ignorância e arrogância são duas irmãs inseparáveis, com um só corpo e uma só alma.

 

A poesia não nasce das regras, a não ser em parte mínima e insignificante. Mas as regras derivam das poesias, e, no entanto, são tantos os gêneros e as espécies de verdadeiras regras, quanto são os gêneros e as espécies de verdadeiros poetas.

 

O asno pode ser encontrado em toda parte, não apenas na Igreja, mas nas cortes de justiça e mesmo nas universidades.

 

Com o espírito, é preciso escalar e ultrapassar montanhas abruptas para conseguir penetrar nas alturas inacessíveis e encontrar a Luz Eterna.

 

Os quatro graus da Teoria do Conhecimento de Bruno são: 1º) os sentidos, cujo objeto é o sensível, e a verdade que manifesta é mera aparência; 2º) a razão, mediante a qual a verdade é atingida por processo dialético, discursivo e sucessivo; 3º) o intelecto, que tem a intuição imediata da verdade; e 4º) a mente, que atinge a verdade na sua unidade e simplicidade absolutas.

 

O Universo é infinito2 e uno. Todos somos cada um. Cada coisa é tudo o resto.

 

Como poderia o espaço vazio deixar de ser uniforme ou vice-versa? Como poderia o vazio uniforme deixar de ser ilimitado e infinito?

 

Assim como existe à nossa volta um espaço infinito, também a potencialidade, a capacidade, a receptividade, a maleabilidade e a matéria são infinitas.

 

Aquele que deseje filosofar deve antes de mais duvidar de todas as coisas. Não pode tomar parte em um debate antes de ter escutado as diversas opiniões, nem antes de avaliar e de comparar as diversas opiniões, nem antes de avaliar e comparar as razões contrárias e a favor. Jamais deve julgar ou censurar um enunciado apenas pelo que ouviu, pela opinião da maioria, pela idade, pelo mérito ou pelo prestígio do orador, devendo, por conseqüência, agir de acordo com uma doutrina orgânica que se mantém fiel ao real e uma verdade que pode ser entendida à luz da razão.

 

O Universo contém um número infinito de mundos habitados por seres inteligentes.

 

Se na nossa parte do espaço infinito existe um mundo, um astro-sol cercado por planetas, o mesmo aconteceria em todo o Universo.

 

Movimento e mutação são sinais de perfeição e não de ausência de perfeição. Um Universo imutável seria um Universo morto. Um Universo vivo tem de ser capaz de se mover e de se modificar.

 

Uma nova visão do Cosmos deve necessariamente corresponder a uma nova concepção do homem. Se é a Terra que gira em volta do Sol, bem como os outros planetas giram em volta do Sol, se existem outros sóis, outros sistemas solares dispersos pelo Universo, se isto é verdadeiro – e é verdadeiro – então Deus não está no alto, acima de nós, fora do mundo, mas em toda parte, em cada partícula de matéria, tanto viva como inerte.

 

Desejo que o mundo usufrua os gloriosos frutos do meu trabalho. Desejo despertar a alma e abrir o espírito dos que vivem privados dessa luz que, seguramente, não é invenção minha. Se estiver errado, não creio que o faça deliberadamente. E, ao falar e escrever deste modo, não sou impelido pelo desejo de sair vitorioso, pois que reconheço qualquer tipo de fama e conquista como inimigos de Deus, vãs e sem qualquer honra, se não forem verdadeiras; mas, por amor à sabedoria autêntica e em um esforço para refletir com justeza, fatigo-me, sofro, atormento-me.

 

Deve-se aprender a respirar para redescobrir que as árvores, as pedras, os animais e toda a máquina da Terra têm uma respiração interior, como nós. Têm ossos, veias e carne. Como nós.

 

Muito me debati. Julguei poder ganhar... Mas o destino e a Natureza reprimiram os meus estudos e o meu vigor. Mas já é alguma coisa ter estado no campo de batalha, pois vejo que conseguir ganhar depende muito da sorte. Todavia, fiz tudo o que podia e não creio que nenhuma geração vindoura o possa negar. Não tive medo da morte; jamais cedi perante os meus iguais. Com firmeza de caráter, escolhi uma morte corajosa a uma vida de covardia sem combate.

 

A Natureza é uma imagem viva de Deus, se assim quiserem, e os padres não têm nada com isso.

 

Não se pode ser mais do que físico porque não é possível dar razão às coisas sobrenaturais senão na medida em que elas se refletem nas coisas naturais.

 

Da Primeira Causa, temos apenas o traço... Mas, se não podemos conhecer a Primeira Causa, podemos conhecer os princípios próprios da Natureza.

 

A Unidade do Todo no Um é mui sólido fundamento para as verdades e os segredos da Natureza. Deveis, pois, saber que é por uma e a mesma escada que a Natureza desce à produção das coisas, e que o intelecto ascende ao conhecimento delas; e que um e outra procedem da Unidade e à Unidade retornam, atravessando uma multiplicidade de coisas.

 

 

 

O Um tem de existir eternamente… Ele é eterno e contém todos os tempos. Ele conhece profundamente todos os eventos, e Ele, em Si mesmo, é todas as coisas. Ele cria todas as coisas para além do início do tempo e para além do limite do espaço e do tempo. Ele não está sujeito a qualquer lei. Ele mesmo é a própria Lei.

 

Existe apenas uma Divindade, a qual pode ser encontrada em todas as coisas – a Mãe sustentadora do universo. A Divindade revela-se a Si mesma em todas as coisas… Tudo tem a Divindade latente no seu interior. Sem a Sua presença, nada poderia existir, pois Ela é, do primeiro ao último ser, a essência da existência.

 

Em suma, eu creio em um Universo infinito, isto é, no efeito de um poder infinito, porque estimei que seria indigno da bondade e do poder divinos que, sendo eles capazes de produzir além deste mundo outros e infinitos mundos, pudessem produzir um mundo finito. Assim, eu declarei que há mundos particulares infinitos semelhantes ao da Terra que, com Pitágoras, creio ser um astro de natureza semelhante à da Lua, à de outros planetas e à de outros astros, que [em número] são infinitos; e creio que todos esses corpos são mundos, que eles são inumeráveis, e que isto constitui a universalidade infinita em um espaço infinito, e se chama Universo infinito – no qual existem mundos inumeráveis, de maneira que há uma dupla espécie de grandeza infinita do Universo e de multidão de mundos. Indiretamente, pode-se considerar que isto repugne à verdade de acordo com a verdadeira fé. Além do mais, coloco nesse Universo uma Providência Universal, em virtude da qual tudo vive, vegeta e se move e atinge a sua perfeição. E eu a compreendo de duas maneiras: uma, no modo como a alma inteira está presente em todo o corpo e em cada uma das suas partes, e a isto eu chamo Natureza, a sombra e a pegada da Divindade; a outra, o modo inefável pelo qual Deus – por essência, presença e poder – está em tudo e acima de tudo, não como uma parte, não como uma alma, mas de uma maneira inefável. Além disso, considero que todos os atributos da Divindade são uma e a mesma coisa. Junto com os teólogos e os grandes filósofos, reconheço três atributos: poder, sabedoria e bondade, ou antes, mente, intelecto e amor, com os quais as coisas têm primeiramente, através da mente, um ser; depois, um ser ordenado e distinto, através do intelecto; e, em terceiro, concordância e simetria, através do amor. Neste sentido, considero o Ser em tudo e acima de tudo, porque não há nada sem participação do Ser, e não há Ser sem essência, assim como não há nada que seja belo sem que a beleza não esteja presente; assim, nada está isento da Presença Divina. E assim, pelo raciocínio e não por meio de uma verdade substancial, considero eu a distinção na Divindade. Admitindo, então, o mundo causado e produzido, considero que, de acordo com todo o seu Ser, ele depende da Causa Primeira, de modo que não rejeitei o nome da criação, que considero ter sido expresso por Aristóteles quando disse: ‘Deus é aquilo de que dependem o mundo e toda a Natureza’; de maneira que, de acordo com a elucidação de São Tomás, seja eterno ou temporário, Ele é, de acordo com todo o Seu Ser, dependente da Causa Primeira, e nada Nele é independente. Depois, em relação àquilo que pertence à verdadeira fé, não falando filosoficamente, haveria que chegar à individualidade das Pessoas Divinas, à sabedoria e ao Filho da mente, chamado pelos filósofos de intelecto, e pelos teólogos de Palavra, que se deve crer ter-se revestido de carne humana. Mas eu, atendendo-me às frases da Filosofia, não a compreendi assim, antes duvidei e não fui, nesse sentido, constante em minha fé. Não que eu me lembre de tê-lo deixado transparecer em meus escritos nem em minhas palavras, exceto indiretamente por outras coisas; algo pode ser colhido como que por ingenuidade ou por profissão de fé em relação àquilo que pode ser provado pela razão e deduzido segundo a nossa luz natural. Assim, no que diz respeito ao Espírito Santo como terceira pessoa, não fui capaz de compreender aquilo em que se deve acreditar, mas, à maneira pitagórica, em conformidade com a interpretação de Salomão, considerei-a como a Alma do Universo, ou como adjunto do Universo, de acordo com a máxima de Salomão: ‘O Espírito de Deus preenche toda a Terra, e contém todas as coisas’, que está igualmente conforme com a doutrina pitagórica, explicada por Virgílio no texto da Eneida: ... 'Mens agitat molem'.3 Assim, deste Espírito – que é chamado a Vida do Universo – eu considero, na minha filosofia, que procedem a vida e a alma de tudo o que possua vida e alma; que, além disso, considero ser [Ele] imortal, como também os corpos, que, quanto à sua substância, são todos imortais, não existindo outra morte senão a desagregação, segundo parece inferir-se da sentença do Eclesiastes, que diz: ‘Não há nada de novo debaixo do Sol'. O que é, será.

 

Uma pessoa, quer esteja dentro ou fora do corpo, nunca está completa.

 

A Alma do Mundo é a forma universal do mundo. O entendimento universal é a faculdade íntima mais real e própria; é a parte mais potente da Alma do Mundo iluminando o Universo e dirigindo a Natureza convenientemente.

 

Princípio é aquilo que intrinsecamente concorre para a constituição da coisa e que permanece no efeito. Causa é aquilo que concorre, a partir do exterior, para a produção da coisa, e cujo ser acha-se fora da composição.

 

A Causa Universal é a Alma do Mundo, a inteligência universal, que é extrínseca e intrínseca. Extrínseca porque, como Causa Eficiente, não parte dos compostos nem das coisas produzidas; intrínseca quanto ao ato de sua operação.

 

O Universo é uno, infinito, imóvel. Una, afirmo eu, é a possibilidade absoluta; uno o ato; una a forma ou alma; una a matéria ou corpo; una a coisa; uno o Ser; uno o máximo e o supremo, que não podem ser compreendidos. Por isto, ele é indefinível e indeterminável e, portanto, não tem limite nem termo e, conseqüentemente, é imóvel. Não se corrompe porque nenhuma outra coisa há em que ele possa se transformar.

 

O mundo é tudo o que existe de pleno e consta de corpo sólido; o Universo não é somente o mundo, mas também o vácuo, o inane e o espaço fora dele.

 

Nem os habitantes de outros mundos devem procurar a Divindade perto de nós quando a têm perto e dentro de si, visto que a Lua não é mais céu para nós que nós para a Lua.

 

Quando considerarmos mais profundamente o ser e a substância daquilo em que somos imutáveis, ficaremos cientes de que não existe a morte, não só para nós mas também para qualquer substância, enquanto nada diminui substancialmente, mas tudo, deslizando pelo espaço infinito, muda de aparência.

 

 

 

 

Se eu, ilustríssimo Cavaleiro, manejasse um arado, apascentasse um rebanho, cultivasse uma horta, remendasse uma veste, ninguém me daria atenção, poucos me observariam, raras pessoas me censurariam e eu poderia facilmente agradar a todos. Mas, por ser eu delineador do campo da Natureza, por estar preocupado com o alimento da alma, interessado pela cultura do espírito e dedicado à atividade do intelecto, eis que os visados me ameaçam, os observados me assaltam, os atingidos me mordem, os desmascarados me devoram. E não é só um, não são poucos, são muitos, são quase todos. Se quiserdes saber por que isto acontece, digo-vos que o motivo é que tudo me desagrada, detesto o vulgo, a multidão não me contenta. Somente uma coisa me fascina: aquela em virtude da qual me sinto livre na sujeição, contente no sofrimento, rico na indigência e vivo na morte. Aquela em virtude da qual não invejo os que são servos na liberdade, sofrem no prazer, são pobres nas riquezas e mortos em vida, porque trazem no próprio corpo os grilhões que os prendem, no espírito o inferno que os oprime, na alma o erro que os debilita, na mente o letargo que os mata. Não há, por isso, magnanimidade que os liberte nem longanimidade que os eleve, nem esplendor que os abrilhante, nem ciência que os avive.4

 

Sou um cidadão servo do mundo; um filho do Pai Sol e da Mãe Terra.

 

 

 


 

 

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Notas:

1. Na Escolástica, informar significava dar forma a (uma matéria).

2. Aqui tenho outro entendimento: o Universo (global) é finito, ilimitado e uno, composto de universos limitados e também finitos, vibrando em planos dimensionais distintos. É mais ou menos – manvantárica, pralayca e pitorescamente – como mostra a animação em flash aí embaixo.

 

 

 

 

3. A mente move a matéria.

4. Quem se ergue às alturas e sem desejos, enche de Silêncio o Coração. E ainda que todas as turbas ruidosas assaltem o homem isento de desejos, ele habita em profundo silêncio, contemplando, sereno, o louco vaivém, porquanto, tudo que existe, é um incessante vir e voltar, um nascer e um morrer. O que retorna volta ao Imperecível. Quem isto compreende é sábio. Quem não o compreende é autor de males. Quem é empolgado pela Alma do Universo alarga o seu Coração. E o homem de Coração largo é tolerante, e o tolerante é nobre. O homem nobre cumpre a Ordem Cósmica. E quem cumpre esta Ordem se identifica com o Tao – o Infinito. É imortal como Tao e não subjaz a destino algum. (Tao Te Ching).

 

Páginas da Internet consultadas:

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Giordano_Bruno

http://www.ponteiro.com.br/
vf.php?p4=8937

http://www.library.com.br/
cosmologia/pg009.htm

http://www.alertatotal.net/2010/01
/vida-extraterrestre.html

http://64.233.163.132/

http://www.paradigmas.com.br/
parad10/p10.5.htm

http://www.espirito.org.br/portal/artigos/
diversos/reencarne/reencarnacao-albino.html

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http://www.principios.cchla.ufrn.br/
22P-205-219.pdf

http://www.citador.pt/citacoes.php?
cit=1&op=7&author=742&firstrec=0

http://www.pco.org.br/conoticias/
ler_materia.php?mat=7920

http://64.233.163.132/

http://www.arscientia.com.br/
materia/ver_materia.php?id_materia=454

http://www.on.br/site_edu_dist_2006/
pdf/modulo1/giordano-bruno.pdf

http://dererummundi.blogspot.com/
2008/03/citaes-de-giordano-bruno.html

http://nautilus.fis.uc.pt/

http://www.pensador.info/
autor/Giordano_Bruno/

http://www.mundodosfilosofos.com.br/
giordano.htm

http://pt.wikiquote.org/
wiki/Giordano_Bruno

 

Fundo musical:

Mood Indigo
Música: Duke Ellington & Barney Bigard
Letra: Irving Mills

Fonte:

http://www.dougmckenzie.nl/