_____
Notas:
1.
Epokhé
= suspensão temporária do juízo.
2.
Nythamar Fernandes de Oliveira, no texto Psyche, Polis, Dikaiosyn: A
Dimensão Utópica do Político em Platão,
comenta:
Tanto
Platão quanto Aristóteles compartilham uma cosmovisão
agonística da moral, e as suas respectivas formulações
de filosofia prática não poderiam deixar de merecer tal caracterização
na medida em que nos remetem ao espírito helênico de luta ('agon')
– o grego 'agônistikos', pelo latim 'agonisticu', relativo à
luta, nos remetendo à luta pela vida. A dificuldade inerente à
própria vida humana é contemplada por tais concepções
agonísticas da Ética. Sem dúvida, em Aristóteles
esta dimensão sobressai de maneira explícita e deliberadamente
articulada com sua concepção do viver bem, identificada na
'eudaimonia' ou florecer humano. Lembremos que, segundo o oráculo
délfico, o 'conhece-te a ti mesmo' era correlato ao 'nada em excesso',
de forma que o 'ser de uma mente sã' caracterizava uma 'askesis'
bioética, em corpo e espírito. Entre os gregos antigos, a
'agônistiké' era, com efeito, a parte da ginástica que
tratava da luta dos atletas. Em Platão, tendemos a separar de tal
forma alma e corpo que perdemos de vista a importante dimensão da
participação na própria separação operada
pela Dialética. Interessantemente, Platão menciona o 'agônistikos'
como o que ama a luta e a contestação, como o 'eristikos'.
Um século antes, Heráclito já havia tematizado o 'conflito'
('eris') como princípio de justiça cósmica, como uma
tensão natural que permite a própria manifestação
e vir-a-ser de todos os entes enquanto opostos (por exemplo, calor e frio,
luz e trevas, guerra e paz, morte e vida etc). O que fora tematizado em
filosofia já fazia parte, outrossim, da cultura grega antiga, justamente
caracterizada pelo seu espírito coletivo de 'competição
agressiva e de auto-afirmação' – 'agôn'. O 'agôn',
como a 'agora', era uma assembléia, em particular, uma reunião
pública para assistir aos jogos, um lugar de disputas, uma arena,
um estádio. A palavra era usada tanto para práticas esportivas
como os Jogos Olímpicos como para disputas jurídicas, bélicas
e dramáticas. Não seria questão aqui de discorrer sobre
a vida social dos gregos, seus jogos de linguagem e sua cultura agonística,
sua agonizante democracia de minorias – afinal, crianças, mulheres,
metecos e escravos não tinham direitos de cidadania. A prática
social em questão, a agonística enquanto 'praxis', por outro
lado, definia um estilo de vida, um 'modus vivendi', um 'ethos', um caráter
comum a cidadãos e, em menor proporção, a mulheres,
crianças, metecos, escravos e a excluídos em geral que viviam
em Atenas. Esta desproporcionalidade é precisamente o que caracteriza
o espírito agonístico da Grécia Antiga, na sua visível
distinção entre nobres e escravos, entre os mais fortes e
os mais fracos. Distinção que, como mostrou o grande filólogo
Nietzsche, é 'inocente' com relação aos juízos
morais das religiões judaico-cristãs e com relação
aos ideais de liberdade, igualdade e universalidade da modernidade pós-revolucionária.
Sem incorrermos em um historicismo ou em um esteticismo que privilegie o
espírito agonístico grego para criticar os valores democráticos
de uma modernidade decadente, é mister que mantenhamos os quase vinte
e cinco séculos que nos separam de autores como Platão e Aristóteles,
que muitas vezes têm sido apropriados hoje de maneira um tanto descuidada.
Somente assim poderíamos aproximar esses pensadores clássicos
das suas respectivas apropriações em autores modernos, como
por exemplo, em Kant e Hegel, na contraposição de um modelo
universalista a um modelo particularista de ética e filosofia política.
Fonte:
http://www.geocities.com/nythamar/plato2.html
3.
Mas, para isto, para que isto se torne efetivo, é necessário
um esforço dialético, ou seja, experimentar corajosamente
a arte do diálogo, da contraposição útil e da
contradição elevada de idéias, que levam a outras idéias.
Em duas palavras: tolerância mística. Ou, como disse Gandhi:
A
lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já
que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos,
senão, uma parte da verdade e sob ângulos diversos. Ou,
ainda, como ensinou Paramahansa Yogananda (5 de janeiro de 1893 –
7 de março de 1952): O
ego humano – ou seu sentido de 'Eudade', a imagem distorcida da alma
imortal –
apreende a consciência
de forma direta e a matéria (o corpo humano e todas as demais formas
da criação) de forma indireta, através de processos
mentais e de percepções sensoriais. O ego está, pois,
sempre consciente de sua própria consciência mas não
o está da matéria –
nem mesmo do corpo que ele mesmo habita –
a não ser quando fixa sua atenção nela. É
assim, que um homem que se encontra profundamente concentrado em um determinado
tema, está consciente de sua mente mas não o está de
seu corpo. Logo, a 'Eudade'
é útil e necessária
até um certo limite; a partir deste limite manifesta-se como egoísmo.
Todavia, a partir de um determinado ponto da Caminhada a 'Eudade'
se transmuta em Unidade.
Fundo
musical:
We
Gather Together
Fonte:
http://www.ilovewavs.com/Holidays/Thanks/Thanks.htm