FRANZ KAFKA
(Pensamentos)

 

 

 

Franz Kafka

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Hoje, proponho para reflexão alguns pensamentos de Franz Kafka, que, para alguns especialistas, desrealizava o real e realizava o irreal, e que, Claude Mauriac (1914 – 1996) preferia considerá-lo como a fonte de toda a Literatura contemporânea. Mas, para ler Kafka, como adverte Renato Roschel, são necessários alguns cuidados especiais. Entre eles, contar com uma certa atenção à maneira com que toda obra se constrói, principalmente seus períodos; estar sempre consciente de que toda a criação literária de Kafka foi dolorida, feita com o intuito de não parecer bonita, de ser, principalmente, uma obra baseada na dor; ficar atento a todos os detalhes do texto, pois em Kafka, até as imperfeições são propositais, ou seja, segundo Theodor Adorno, até 'as deformações em Kafka são precisas'.

 

Bem, deformações precisas ou conformações imprecisas, tenho certas [des]concordâncias com Kafka. Algumas delas estão apresentadas nas notas, ao final do estudo.

 

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Franz Kafka nasceu em Praga em 3 de julho de 1883, cidade que durante todos os 40 anos da vida do escritor pertenceu à monarquia austro-húngara.

 

Filho de um abastado comerciante judeu, Kafka cresceu sob as influências de quatro culturas: judaica, cristã, alemã e checa, pois ele nasceu de família judia, na cidade de Praga, de tradição fundamentalmente católica. Sua portentosa ficção literária acusa a influência destas vertentes, bem como de sua educação familiar e de suas atividades profissionais. Isto pode ser verificado através de uma breve análise das quatro narrativas mais importantes de Kafka, consideradas suas obras-primas: O Processo (que conta a história de um certo Josef K., julgado e condenado por um crime que ele mesmo ignora), O Castelo (neste livro, o agrimensor K. não consegue ter acesso aos senhores que o contrataram), A Metamorfose (que narra o caso de um homem que acorda transformado em um gigantesco inseto) e A Colônia Penal (que fala sobre uma máquina que tem o poder de torturar e matar pessoas, sem que estas sequer saibam o porquê de sua morte; o livro é uma crítica aos sistemas despóticos de poder).

 

Formado em Direito, Kafka fez parte, junto com outros escritores da época, da chamada Escola de Praga (ou Círculo Lingüístico de Praga) – grupo de críticos literários e lingüistas estabelecidos na cidade de Praga, parte do múltiplo movimento chamado Formalismo Russo, também conhecido por Crítica Formalista, uma influente escola de crítica literária que existiu na Rússia de 1910 até 1930. A Escola de Praga era basicamente uma maneira de criação artística alicerçada em uma grande atração pelo Realismo, uma inclinação à Metafísica e uma síntese entre uma racional lucidez e um forte traço irônico. Este híbrido de ironia e lucidez aparece na maioria dos textos de Kafka.

 

Suas obras também conseguem formalizar e abrigar leituras totalmente relacionadas com a condição do ser humano moderno. O olhar kafkiano é direcionado para coisas como a opressão burocrática das instituições, a 'justiça' e a fragilidade do homem comum frente a problemas cotidianos.

 

Durante sua vida, Kafka nunca conseguiu atingir grande fama com seus livros, porém, algum tempo depois de sua morte, no dia 3 de junho de 1924, em Kierling, em um sanatório perto de Viena, onde se internara por causa de sua tuberculose, sua obra literária atingiria enorme influência sobre as pessoas, passando a ser cultuada por leitores de quase todo o Planeta.

 

Antes de morrer (a causa oficial da sua morte foi insuficiência cardíaca, apesar de sofrer de tuberculose desde 1917), aos 41 anos, Franz Kafka ordenou que todos os seus manuscritos fossem queimados. Literalmente, Kafka solicitou a Max Brod: Querido Max, meu último pedido: tudo que deixei para trás (quer dizer, nas estantes, cômoda, escrivaninha, tanto em casa quanto no escritório, ou aonde quer as coisas tenham ido parar, o que quer que você encontre) sob a forma de cadernos, manuscritos, cartas, minhas e de outras pessoas, rascunhos e assim por diante, deve ser queimado até a última página sem ser lido, assim como escritos ou anotações minhas que você possa ter ou outras pessoas, a quem deverá implorar em meu nome. Cartas que não forem entregues a você devem, pelo menos, ser lealmente queimadas por aqueles que as têm.

 

Max Brod (Praga, 7 de maio de 1884 – Tel Aviv-Yafo, 20 de dezembro de 1968) foi um escritor em língua alemã de origem judaica, compositor e jornalista. Foi amigo, biógrafo e testamenteiro de Franz Kafka, mas não cumpriu as ordens deixadas pelo escritor. As obras kafkianas postumamente publicadas devem muito ao trabalho dele, já que Kafka finalizou poucos dos seus trabalhos literários. Antes da invasão dos nazistas à cidade de Praga, em 1939, Brod colocou os manuscritos em duas malas e fugiu para a Palestina.

 

Enfim, como disse Lucas Deschain, não há finais felizes em Kafka. A fatalidade que se mostra no final de cada pesadelo literário talvez fosse sua tentativa de acordar, tarefa que, ao que parece, ele não conseguiu cumprir. Todavia, sua obra teve profunda influência sobre movimentos artísticos como o Surrealismo, o Existencialismo e o Teatro do Absurdo. Seja como for, Kafka foi mesmo um inspirado, e continua sendo um inspirador.

 

 

 

 

Pensamentos Kafkianos

 

 

 

Os acidentes existem somente para nossas mentes, percepção e saber limitados.

 

 

 

 

Existe uma meta, mas não há caminho; o que chamamos caminho não passa de hesitação.1

 

O que é a riqueza? Para um, uma velha camisa já é riqueza. Outro é pobre com dez milhões. A riqueza é algo completamente relativo e insatisfatório. No fundo, não passa de uma situação peculiar.

 

Todos os erros humanos são decorrentes da impaciência – uma interrupção prematura de um trabalho metódico.

 

Existem dois principais pecados humanos, a partir dos quais derivam todos os outros: impaciência e indiferença. Por causa da impaciência fomos expulsos do Paraíso; por causa da indiferença não podemos voltar.

 

Desde que alberguemos uma única vez o mal, este não volta a se dar ao trabalho de pedir que lhe concedamos a nossa confiança.

 

Crer-se no progresso não significa que já tenha tido lugar qualquer progresso.2

 

... não os faziam esquecer, mas os lembrar da obrigação de continuar buscando...

 

 

 

 

 

Só o cansaço os acalmava e os tornava mutuamente gratos.

 

... depois de muitos anos, talvez já ancião, ele fica sabendo da rejeição, fica sabendo que está tudo perdido e que sua vida foi inútil...

 

Quando, certa manhã, Gregor Samsa acordou de sonhos intranqüilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado em um inseto monstruoso. Estava deitado sobre suas costas duras como couraça e, ao levantar um pouco a cabeça, viu seu ventre abaulado, marrom, dividido por nervuras arqueadas, no topo do qual a coberta, prestes a deslizar de vez, ainda mal se sustinha. Suas inúmeras pernas, lastimavelmente finas em comparação com o volume do resto do corpo, tremulavam desamparadas diante de seus olhos.

 

 

 

 

Reflexões calmas, inclusive as mais calmas, ainda são melhores do que as decisões desesperadas.

 

Toda a educação assenta nestes dois princípios: primeiro, repelir o assalto fogoso das crianças ignorantes à verdade, e, depois, iniciar as crianças humilhadas na mentira, de modo insensível e progressivo.

 

É como se alguém tivesse de subir cinco degraus de escada, e uma segunda pessoa apenas um degrau, mas que, pelo menos para ela, é tão alto quanto aqueles cinco degraus juntos. O primeiro vai vencer não só os cinco degraus, mas, também, centenas e milhares de outros. Terá levado uma vida ampla e muito fatigante, porém, nenhum dos degraus que subiu terá sido para ele tão importante como, para o segundo, aquele degrau único, que não só pôde subir, como passar por cima.

 

Entre muitas outras coisas, tu eras, para mim, uma janela através da qual podia ver as ruas. Sozinho não o podia fazer.

 

Em última análise, parece-me que deveríamos ler apenas livros que nos mordam e firam. Se o livro que estamos a ler não nos desperta violentamente, como uma pancada na cabeça, para que nós haveremos de nos dar o trabalho de o ler? Um livro tem que ser como a picareta para o mar gelado dentro de nós. É isto que penso.

 

 

O Pensador

O Pensador – Franz Kafka

 

Só podia encontrar a felicidade, se conseguisse subverter o mundo, para o fazer entrar no verdadeiro, no puro, no imutável.

 

E, como levava uma existência divina, Deus o tomou para Si; ninguém o viu mais.

 

Para um peixe em um aquário: Agora, posso olhar para ti em paz; não te como mais.

 

De um certo ponto adiante não há mais retorno. Este é o ponto que deve ser alcançado.

 

Quem possui a faculdade de ver a Beleza não envelhece.

 

O tempo é teu capital; tens de o saber utilizar. Perder tempo é estragar a vida.

 

A única coisa que temos de respeitar, porque ela nos une, é a língua.3

 

Não é necessário sair de casa. Permaneça em sua mesa e ouça. Não apenas ouça, mas espere. Não apenas espere, mas fique sozinho em silêncio. Então, o mundo se apresentará desmascarado. Em êxtase, se dobrará sobre os seus pés.

 

As sereias, porém, possuem uma arma ainda mais terrível do que seu canto: seu silêncio.

 

Você não sabe a energia que reside no silêncio!

 

Tudo acontece como se meu combate espiritual se passasse em uma clareira. Penetro na floresta, nada encontro; e a fraqueza logo me força a sair de lá. Freqüentemente, quando deixo a floresta, ouço, ou creio ouvir, os cliques de armas usadas em uma guerra.

 

Se estou condenado, não estou somente condenado à morte, mas, também, a me defender até a morte.4

 

Quando eu começava a fazer alguma coisa que não te agradava e tu me ameaçavas com o fracasso, então, o respeito pela tua opinião era tão grande, que, com ele, o fracasso se tornava inevitável.

 

É bom quando nossa consciência sofre grandes ferimentos, pois isto a torna mais sensível a cada estímulo.

 

Os bons vão ao passo certo; os outros, ignorando-os inteiramente, dançam à volta deles a coreografia da hora que passa.

 

Deixem dormir o futuro como merece. Se o acordarem antes do tempo, teremos um presente sonolento.5

 

A verdade é tudo aquilo que o homem precisa para viver; não pode ganhar nem comprar dos outros.

 

A verdade é aquilo que todo o homem precisa para viver e que ele não pode obter nem adquirir de ninguém. Todo o homem deve extraí-la sempre nova do seu próprio íntimo, caso contrário ele se arruína. Viver sem verdade é impossível. A verdade é talvez a própria vida.

 

Todo homem deve produzir a verdade sempre no seu íntimo, se não ele se arruína.

 

São sedutoras as vozes da noite...

 

 

 

 

Viver sem a verdade é impossível; mas não exagere o culto da verdade.

 

Não há um único homem no mundo que não tenha mentido muitas vezes e com razão.

 

Estou aqui. Mais do que isto não sei.

 

Deve-se ler para fazer perguntas.

 

O espírito só se liberará quando deixar de ser um suporte.

 

A incitação à guerra é um dos meios de sedução mais eficazes do mal.

 

A história dos homens é um instante entre dois passos de um caminhante.

 

Os pontos de vista da arte e da vida são diferentes, ainda que no mesmo artista.

 

A dor é o elemento positivo deste mundo, e também o único vínculo entre este mundo e o positivo em si.6

 

Quem procura não acha; mas quem não procura é achado.

 

O mal conhece o bem; mas o bem não conhece o mal.

 

O gesto de amargura do homem é, com freqüência, só o petrificado assoreamento de um menino.

 

A Literatura é sempre uma expedição à verdade.

 

Todo o conhecimento – a totalidade de perguntas e respostas – se encontra no cachorro.

 

Não desesperes, nem sequer pelo fato de que não desesperas. Quando tudo parece findo, surgem novas forças. Isto significa que vives.

 

Há esperanças, só não para nós.

 

 

Franz Kafka

Desenho de Franz Kafka
(Será, por acaso, desesperança?)

 

Na luta entre alguém e o mundo, há que fazer parte do mundo.

 

A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana.

 

Em sua luta contra o resto do mundo, aconselho que você se coloque ao lado do resto do mundo.

 

Os homens se tornam maus e culpados porque falam e agem sem antever os resultados de suas palavras e atos.7

 

Todas as revoluções se evaporam, deixando para trás apenas a lama de uma nova burocracia.

 

O possuir não existe. Existe somente o ser: esse ser que aspira, até o último alento, até à asfixia.

 

O caminho verdadeiro passa por uma corda que não está estendida no alto, mas, sim, sobre o chão. Parece disposta mais para fazer tropeçar do que para que cada um siga o seu rumo.

 

Nossas autoridades, até onde as conheço, e só conheço seus níveis mais baixos, não buscam a culpa na população; mas, conforme consta na lei, são atraídas pela culpa. Esta é a lei.

 

... culpada é a organização, culpados são os altos funcionários. Não me deixo subornar. Fui empregado para espancar; por isto, espanco.

 

Mostre-me o caminho. Eu vou errá-lo. Aqui, há tantos caminhos!

 

K: – Mas eu não sou culpado. É um equívoco. Como é que um ser humano pode ser culpado? Aqui somos todos seres humanos, tanto uns como outros.

O sacerdote: – É verdade. Mas é assim que os culpados costumam falar.

 

A lógica, na verdade, é inabalável; mas ela não resiste a uma pessoa que quer viver.

 

Na luta entre você e o mundo, aposte no mundo.8

 

A vida é espantosamente curta.9

 

 

 

 

A fraqueza fundamental do homem não é nada que ele não possa vencer, desde que não possa aproveitar a vitória. A juventude vence tudo – a impostura, a astúcia mais dissimulada – mas não há ninguém que possa deter, no vôo, a vitória, torná-la viva, porque, então, a juventude terá deixado de existir. A velhice não ousa tocar na vitória, e a nova juventude, atormentada pelo novo ataque que se desencadeia imediatamente, deseja a sua própria vitória. É assim que o diabo sem ser vencido, nunca é aniquilado.

 

As forças do homem não são concebidas como uma orquestra. No homem, é necessário que todos os instrumentos toquem constantemente com toda a sua força. Não foram destinados a ouvidos humanos, e não dispõem da duração de uma noite de concerto, durante a qual cada instrumento pode esperar para se fazer valer. Por vezes, parece que as coisas serão assim: tu tens tal tarefa a cumprir, dispões de tantas forças quantas são necessárias para a levar a bom termo (nem muito, nem muito pouco; sem dúvida, é necessário te concentrares, mas não tens que estar ansioso), com bastante tempo teu e boa vontade para o trabalho, onde está o obstáculo ao êxito da imensa tarefa? Não percas tempo em procurá-lo; talvez não exista.

 

Ninguém pode exigir o que no fundo lhe é prejudicial. Se tal é na verdade a aparência, pelo menos do homem tomado isoladamente – e é, talvez esta a aparência que oferece sempre – isto se explica por alguém no homem procurar qualquer coisa que, sem dúvida, é útil a alguém, mas que lesa gravemente um segundo alguém, mais ou menos chamado a julgar o caso. Se o homem se tivesse colocado desde o princípio – e não somente desde o julgamento – ao lado do segundo alguém, o primeiro alguém teria se extinguido, e com ele a exigência.

 

Se não cessas de correr, marulhando no ar tépido com as tuas mãos como natatórios, olhando furtivamente tudo diante de que passas no meio-sono apressado, acontecer-te-á, também, um dia, deixar passar diante de ti o carro. Se te mantiveres firme, pelo contrário, com o poder do teu olhar fazendo crescer as raízes em profundidade e em comprimento, nada, então, te poderá eliminar, em virtude não das raízes, mas da força do teu olhar que escruta. Será, então, que verás o longínquo imutavelmente obscuro de onde nada pode surgir, a não ser precisamente uma vez este carro que rola para ti, que se aproxima, cada vez maior, e que, no próprio instante em que entras em tua casa, enche o mundo enquanto mergulhas nele como uma criança no banco acolchoado de uma diligência que corre através da tempestade e da noite.

 

Teoricamente, só há uma possibilidade perfeita de felicidade: acreditar no indestrutível em si sem a ele aspirar. O indestrutível é um; cada indivíduo o é ao mesmo tempo que é comum a todos; daí este laço indissolúvel entre os homens, que é sem exemplo.

 

É necessário sofrer igualmente todos os sofrimentos que nos cercam. Todos nós, não temos um corpo, mas um crescimento, e este nos conduz através de todas as dores, seja sob que forma for. Do mesmo modo que a criança, através de todos os estádios da vida, se desenvolve até à velhice e até à morte (e cada estádio parece, no fundo, inacessível ao precedente, quer seja desejado ou receado), do mesmo modo nos desenvolvemos (não menos solidários da Humanidade do que de nós próprios) através de todos os sofrimentos deste mundo. Para a justiça não há, nesta ordem de coisas, lugar algum, não mais do que para o receio dos sofrimentos ou para a interpretação do sofrimento como um mérito.

 

Ninguém, aqui, gera mais do que a sua possibilidade espiritual de viver. Pouco importa que dê a aparência de trabalhar para se alimentar, para se vestir etc.; com cada bocada visível uma invisível lhe é estendida, com cada vestimenta visível, uma invisível vestimenta. Está nisto a justificação de cada homem. Parece fundamentar a sua existência com justificações ulteriores, mas esta é apenas a imagem invertida que oferece o espelho da Psicologia; de fato erige a sua vida sobre as suas justificações. É verdade que cada homem deve poder justificar a sua vida (ou a sua morte, o que vem dar no mesmo); e não pode se furtar a esta tarefa.

 

Se me diverte — disse K. — é só porque me dá oportunidade de ver o caos ridículo que decide, quem sabe, a existência de um homem.

 

As minhas interrogações servem apenas de aguilhão para mim mesmo. Só quero ser estimulado pelo silêncio que se ergue à minha volta como resposta derradeira. «Até quando conseguirás suportar o fato de que o mundo dos cães, tal como demonstram cada vez com mais evidência as tuas pesquisas, está para sempre votado ao silêncio? Até quando conseguirás suportar esta idéia?» Esta, esta é que é a verdadeira grande interrogação da minha vida, uma interrogação perante a qual as outras interrogações se tornam totalmente insignificantes. Uma interrogação que diz respeito apenas a nós próprios e a mais ninguém. Infelizmente, posso responder a esta interrogação com mais facilidade do que às interrogações específicas: agüentarei, provavelmente, até o meu fim natural. A serenidade da velhice irá formando uma resistência cada vez maior a todas as interrogações inquietantes. Tudo indica que hei de morrer em silêncio e rodeado de silêncio, na verdade até de forma específica, e antevejo isto com uma certa tranqüilidade. Um coração admiravelmente resistente, pulmões que é impossível ficarem fracos prematuramente, foram-nos dados a nós, cães, como que por ironia. Assim, sobrevivemos a todas as interrogações, inclusive àquelas que colocamos a nós próprios, como autênticas fortalezas de silêncio que somos.

 

Se caminhasses em um terreno plano, se tivesses a boa vontade de caminhar, e destes, apesar disto, passos à retaguarda, então, tratar-se-ia de um caso desesperado; mas, como sobes um pendor tão escarpado, como tu próprio visto de baixo, os passos para trás só podem ser provocados pela natureza do terreno, e não tens que desesperar.

 

Eu luto mais do que os outros. A maior parte luta com sonhos...

 

A submissão tem medo de modificações, dos que querem ‘continuar’...

 

Sou um criado, mas não há trabalho para mim. Sou medroso e não me ponho em evidência. Nem sequer me coloco em fila com os outros, mas isto é apenas uma das causas de minha falta de ocupação. Também é possível que minha falta de ocupação nada tenha a ver com isso; o mais importante é, em todo caso, que não sou chamado a prestar serviço. Outros foram chamados e não fizeram mais gestões que eu; e, talvez, nem mesmo tenham tido alguma vez o desejo de serem chamados, enquanto que eu o senti, às vezes, muito intensamente. Assim permaneço, pois, no catre, no quarto de criados, o olhar fixo nas vigas do teto. Durmo, desperto e, em seguida, torno a adormecer.

 

Todas essas alegorias apenas querem significar que o inexeqüível é inexeqüível...

 

Diante da Lei está um guarda. Vem um homem do campo e pede para entrar na Lei. Mas o guarda diz-lhe que, por enquanto, não pode lhe autorizar a entrada. O homem considera, e pergunta se poderá entrar mais tarde.

— 'É possível' – diz o guarda. — 'Mas não agora!'. Então, o guarda se afasta da porta da Lei, aberta como sempre, e o homem curva-se para olhar lá dentro.

Ao ver tal, o guarda ri-se e diz: — 'Se tanto te atrai, experimenta entrar, apesar da minha proibição. Contudo, repara: sou forte. E ainda assim sou o último dos guardas. De sala para sala estão guardas cada vez mais fortes, de tal modo que não posso sequer suportar o olhar do terceiro depois de mim'.

O homem do campo não esperava tantas dificuldades. A Lei havia de ser acessível a toda a gente e sempre, pensa ele. Mas, ao olhar o guarda envolvido no seu casaco forrado de peles, o nariz agudo, a barba à tártaro, longa, delgada e negra, prefere esperar até que lhe seja concedida licença para entrar. O guarda dá-lhe uma banqueta e manda-o sentar ao pé da porta, um pouco desviado. Ali fica, dias e anos. Faz diversas diligências para entrar, e com as suas súplicas acaba por cansar o guarda. Este faz-lhe, de vez em quando, pequenos interrogatórios, perguntando-lhe pela pátria e por muitas outras coisas, mas são perguntas lançadas com indiferença, à semelhança dos grandes senhores. No fim, acaba sempre por dizer que não pode ainda deixá-lo entrar.

O homem, que se provera bem para a viagem, emprega todos os meios custosos para subornar o guarda. Este aceita tudo mas diz sempre: — 'Aceito apenas para que te convenças que nada omitiste'.

Durante anos seguidos, quase ininterruptamente, o homem observa o guarda. Esquece os outros, e aquele afigura ser-lhe o único obstáculo à entrada na Lei. Nos primeiros anos diz mal da sua sorte, em alto e bom som, e, depois, ao envelhecer, limita-se a resmungar entre dentes. Torna-se infantil, e como, ao fim de tanto examinar o guarda durante anos, conhece até as pulgas das peles que ele veste, e pede também às pulgas que o ajudem a demover o guarda.

Por fim, enfraquece-lhe a vista e acaba por não saber se está escuro em seu redor ou se os olhos o enganam. Mas ainda percebe, no meio da escuridão, um clarão que eternamente cintila por sobre a porta da Lei. Agora a morte está próxima. Antes de morrer, acumularam-se na sua cabeça as experiências de tantos anos, que vão todas culminar numa pergunta que ainda não fez ao guarda. Faz lhe um pequeno sinal, pois não pode mover o seu corpo já enfraquecido. O guarda da porta tem de se inclinar até muito baixo porque a diferença de alturas se acentuou ainda mais em detrimento do homem do campo.

— 'Que queres tu saber ainda?' — pergunta o guarda. — 'És insaciável'.

— 'Se todos aspiram a Lei' — disse o homem. — 'como é que, durante todos estes anos, ninguém mais, senão eu, pediu para entrar.

O guarda da porta, percebendo que o homem estava no fim, grita-lhe ao ouvido quase inerte: — 'Aqui ninguém mais, senão tu, podia entrar, porque só para ti era feita esta porta. Agora, vou-me embora, e fecho-a'.

 

'Ai de mim!' — disse o rato — 'o mundo vai ficando dia a dia mais estreito. Outrora, tão grande era que ganhei medo e corri. Corri até que, finalmente, fiquei contente por ver aparecerem muros de ambos os lados do horizonte. Mas estes altos muros correm tão rapidamente um ao encontro do outro, que eis-me já no fim do percurso, vendo ao fundo a ratoeira em que irei cair'.

— 'Mas o que tens a fazer é mudar de direção' — disse o gato, devorando o rato.

 

Era muito cedo, pela manhã. As ruas estavam limpas e vazias, eu ia à estação. Ao verificar a hora em meu relógio com a do relógio de uma torre, vi que era muito mais tarde do que eu acreditara; tinha que me apressar bastante. O susto que me produziu esta descoberta me fez perder a tranqüilidade; não me orientava ainda muito bem naquela cidade. Felizmente, havia um policial nas proximidades. Fui até ele e perguntei-lhe, sem fôlego, qual era o caminho.

O policial sorriu e disse: — 'Por mim queres conhecer o caminho?'

— 'Sim' — disse eu — 'já que não posso encontrá-lo por mim mesmo.'

— 'Renuncia, renuncia' — disse o policial, e voltou-se com grande ímpeto, como as pessoas que querem ficar a sós com o seu riso.

 

O momento decisivo da evolução humana é permanente. Por isto, estão certos os movimentos revolucionários do espírito que declaram nulo tudo o que veio antes, pois nada aconteceu.

 

Uma gaiola saiu à procura de um pássaro!

 

 

 

 

Neste lugar eu ainda nunca estive: a respiração é diferente e, mais ofuscante que o Sol, brilha ao seu lado uma estrela.

 

Leopardos irrompem no templo e bebem até o fim os jarros do sacrifício. Isto se repete sempre, sem interrupção. Finalmente, pode-se contar de antemão com este ato, e ele se transforma em parte da cerimônia.

 

Com tanta firmeza quanto a mão segura a pedra, ela a segura firmemente, porém, só para atirá-la mais longe. Mas, o caminho também leva àquelas distâncias.

 

Você é a lição de casa. Por todos os lados, nenhum aluno.

 

Do adversário de verdade flui uma coragem sem limites para você.

 

Os esconderijos são inumeráveis, a salvação apenas uma. Mas as possibilidades de salvação, por sua vez, são tantas quanto os esconderijos.

 

Antes, eu não entendia porque não recebia nenhuma resposta à minha pergunta. Hoje, não entendo como podia acreditar que era capaz de perguntar. Mas, realmente, não acreditava; só perguntava.

 

Alguém se espantava com o fato de andar com facilidade pelo caminho da eternidade. Na verdade, ele o percorria para baixo.

 

O caminho é infinito; não há nada a subtrair ou acrescentar, e, no entanto, todos insistem na própria medida infantil. 'Certamente você precisa percorrer mais esse côvado de caminho; isso não lhe será negado'.

 

Só a nossa concepção de tempo nos faz nomear o Juízo Final com essas palavras; na realidade, ele é um tribunal permanente.

 

É ridículo como você coloca arreios em si mesmo para este mundo.

 

Foi-lhes apresentada a opção de se tornarem reis ou mensageiros dos reis. À maneira das crianças, todos quiseram ser mensageiros. É por isto que existe um bando de mensageiros que correm pelo mundo e, uma vez que não há mais reis, bradam uns para os outros mensagens que perderam o sentido. Gostariam de pôr um fim à sua vida miserável, mas não ousam fazê-lo por causa do juramento do ofício.

 

Quem, dentro do mundo, ama o próximo, não está nem mais nem menos certo do que quem, dentro do mundo, ama a si mesmo. Resta só a pergunta sobre se o primeiro deles é possível.

 

O fato de que não existe nada senão um mundo do espírito nos tira a esperança e nos dá a certeza.

 

 

 

 

Teoricamente, existe uma chance de felicidade plena: acreditar no que há de indestrutível em si próprio e não ter que lutar para alcançá-lo.

 

O quotidiano, em si mesmo, já é maravilhoso. Eu não faço mais do que expô-lo.

 

Por que nos queixamos do Pecado Original? Não foi por sua causa que fomos expulsos do paraíso; mas por causa da Árvore da Vida.

 

Já tentei, uma vez, apontar-lhe o melhor caminho para pôr um fim a esse dissabor permanente; mas, com isso, levei-a a uma comoção tamanha que não repetirei mais a tentativa.

 

Sobre Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso (Málaga, 25 de outubro de 1881 – Mougins, 8 de abril de 1973): Ele apenas registra as deformidades que ainda não penetraram em nossa consciência. A arte é um espelho que adianta, como um relógio. Picasso reflete não as nossas formas, mas as nossas deformidades.

 

Alguns livros funcionam como uma chave para as salas desconhecidas do nosso próprio castelo.

 

Mas ainda que seja assim, a cada erro, que não pode faltar, tudo – o fácil e o difícil – vai ficar paralisado, e eu precisarei girar e voltar ao ponto de partida. Por isto, o mais aconselhável de fato é aceitar tudo, comportar-se como massa inerte, e no caso de se sentir atirado longe por um sopro, não se deixar seduzir por nenhum passo desnecessário, fitar o outro com olhos de animal, não sentir remorso. Em suma: esmagar com a própria mão tudo o que na vida ainda resta de espectro, ou seja, aumentar a última calma sepulcral e não permitir que mais nada exista fora dela. Um movimento característico deste estado é passar o dedo mínimo por cima das sobrancelhas.

 

Quando se está de novo na rua com membros que respondem com uma mobilidade especial a essa liberdade já inesperada que lhes foi conseguida, quando se sente, através dessa decisão, concentrada em si mesmo toda a capacidade de decidir, quando se reconhece com um senso maior que o comum que se tem mais energia do que necessidade de produzir e suportar a mais rápida das mudanças, e quando, assim, se vai às pressas pelas longas ruas – então, por essa noite, está-se totalmente desligado da família.

 

Os cavalos deles também comem carne. Muitas vezes, um cavaleiro fica ao lado do seu cavalo, e os dois se alimentam da mesma posta de carne, cada qual por uma extremidade.

 

Fiquei bem uma hora estendido no fundo da oficina... para não ouvir os mugidos do boi que os nômades atacavam de todos os lados para arrancar com os dentes pedaços de sua carne quente.

 

Posso imaginar um outro Abraão, que não chegaria evidentemente à condição de Patriarca, nem sequer à de negociante de roupas usadas, que se disporia a cumprir a exigência do sacrifício, obsequioso como um garçom, mas que não consumaria este sacrifício, porque não pode sair de casa, onde é indispensável, porque seus negócios lhe impõem obrigações, porque há sempre alguma coisa a arrumar, porque a casa não esta pronta, e sem que ela esteja pronta não pode sair, como a própria Bíblia admite, quando diz: 'ele pôs em ordem sua casa.'

 

Sancho Panza, que disto, aliás, nunca se gabou, através de uma porção de romances de cavalaria e aventuras lidos em horas da tarde e da noite, com o correr dos anos chegou a se desviar do seu Diabo — a quem mais tarde deu o nome de Dom Quixote — a tal ponto que este, completamente solto, meteu-se nas mais alucinadas proezas... as quais, todavia, por falta de objetivo predeterminado (que poderia ter sido Sancho Panza em pessoa) não fizeram mal a ninguém. Sancho Panza, homem livre, talvez por um sabido senso de responsabilidade, impassível, acompanhava Dom Quixote em suas saídas, tendo com elas farto e proveitoso divertimento até o fim da vida.

 

Um homem é dotado de livre-arbítrio e de três maneiras. Em primeiro lugar, era livre quando quis esta vida;10 agora não pode evidentemente rescindi-la, pois ele não é o que a queria outrora, exceto na medida em que completa a sua vontade de outrora, vivendo. Em segundo lugar, é livre pelo fato de poder escolher o caminho desta vida e a maneira de o percorrer. Em terceiro lugar, é livre pelo fato de, na qualidade daquele que vier a ser de novo um dia, ter a vontade de se deixar ir, custe o que custar, através da vida, e de chegar, assim, a ele próprio, e isto por um caminho que pode, sem dúvida, escolher, mas que, em todo o caso, forma um labirinto tão complicado que toca nos menores recantos desta vida. São estes os três aspectos do livre-arbítrio que, por se oferecerem todos ao mesmo tempo, formam apenas um, e de tal modo que não há lugar para um arbítrio, quer seja livre ou servo.

 

As forças do homem não são concebidas como uma orquestra. No homem é necessário que todos os instrumentos toquem constantemente com toda a sua força. Não foram destinados a ouvidos humanos e não dispõem da duração de uma noite de concerto, durante a qual cada instrumento pode esperar para se fazer valer. Por vezes, parece que as coisas serão assim: tu tens tal tarefa a cumprir, dispões de tantas forças quantas são necessárias para a levar a bom termo (nem muito, nem muito pouco, sem dúvida, é necessário te concentrares, mas não tens que estar ansioso), com bastante tempo teu e boa vontade para o trabalho, onde está o obstáculo ao êxito da imensa tarefa? Não percas tempo a procurá-lo; talvez não exista.

 

 

 

 

Será que foi assim?
Será assim? Não sei!

 

 

 

Quem sabe? Pode mesmo ser

que eu aqui já tenha aparecido

como reptante barata-caseira!

Vai ver, eu já fui até uma poeira!

Mas, por que estou esquecido?

Mas – quem sabe? – pode ser!

 

Só sei que eu não comecei

como este ser–aí–homem,

que ainda ignora o Eu-sou!

Sem talvez, pode ser ou flou,

um dia, serei Super-homem...

Então, eu direi: — Agora sei!

 

 

 

 

 

______

Notas:

1. Eu penso assim: Existe uma Meta e existe um Caminho; o descaminho (que acabará por se transmutar em Caminho) deriva de nossa ignorância. Enquanto isso, a coisa se passa mais ou menos como diz a letra da música de fundo deste trabalho: What do you do when your heart's in pain?

2. Se o Universo é o que sempre foi e é o que sempre será, o progresso só pode ser entendido como uma percepção do que antes não havia sido percebido. Logo, em realidade, o progresso não existe como progresso em si.

3. Penso que devamos respeitar tudo. E o primeiro respeito deve ser para conosco.

4. Principalmente de si próprio.

5. Esta é a explicação para o fragmento kafkiano ... repelir o assalto fogoso das crianças ignorantes à verdade...

6. Só Kafka, extremamente pessimista, poderia escrever uma frase como esta.

7. Mas, antes das palavras e dos atos, há o pensamento. E não há nada mais difícil de ser dominado do que o pensamento. Você já reparou que, às vezes, algo ou alguém desconhecidos parecem pensar em-nós-por-nós, sem que consigamos dominar os pensamentos que fluem pela nossa mente? Bem, na verdade, não existe este algo ou este alguém desconhecidos; é tão-só nosso Corpo de Desejos que, temporariamente, por nosso descuido, dá as ordens. E o Eu Interno, ainda mais fraco (por ser mais jovem) do que o Corpo de Desejos, fica caladinho. Mas não é para ser assim! E se agora ainda é, no futuro não será.

8. Quem pode concordar com isto?

9. Mas, se durasse um século ou um milênio, a vida continuaria espantosamente curta frente ao inexistente começo e ao impossível fim da Eterna Vida. A baratinha francesinha (Blatta germanica) vive, em média, nove meses, tempo que, geralmente, não computamos em nossa idade, pois desconsideramos a vida no ventre. Já o tempo de vida de uma pulga (Pulex irritans) adulta é de cerca de seis semanas, mas poderá viver por até um ano, sob certas circunstâncias. Sei lá, mas para estes insetos-irmãos vai ver que suas vidas – no tempo deles – dura uma eternidade! Mas deve ser muito triste uma baratinha ou uma pulguinha, já velhinhas, trôpegas, de bengala, esclerosadas e com Mal de Alzheimer! Já pensou uma baratinha achando que é pulguinha ou uma pulguinha imaginando que é baratinha?

10. Nem sempre o homem quer e gosta da vida que tem, pois, muitas vezes, encarna para cumprir um carma doloroso. Bem-aventurados os poucos que já podem escolher, que, por mérito (parcialmente) se libertaram.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.animationgold.com/animal2.htm

http://www.math.tamu.edu/~boas/
courses/math696/birdcage.html

http://www.citador.pt/textos/a/franz-kafka

http://www.dinkumaussies.com/
FAUNA%2FFruit%20Bat.htm

http://abstract.desktopnexus.com/
wallpaper/461238/

http://www.bocaberta.blogger.com.br/

http://peress2.skyrock.com/
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http://www.flickr.com/photos/
93226150@N00/3154714106/

http://thesimpsonsbr.wordpress.com/2008/09/
20/superman-return/superman-superman-returns/

http://www.gargantadaserpente.com/
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http://www.uff.br/periodicoshumanas/
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http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/
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http://sala.clacso.org.ar/

http://mesquita.blog.br/
franz-kafka-versos-na-tarde-blog-do-mesquit

http://dedos.info/blog/tag/franz-kafka/

http://www.digestivocultural.com/blog/post.asp?
codigo=1708&titulo=Franz_Kafka_a_Max_Brod

http://www.dihitt.com.br/barra/
franz-kafka-e-a-desesperanca

http://blog.meiapalavra.com.br/
2011/05/26/na-colonia-penal-franz-kafka/

http://www.estadao.com.br/noticias/

http://pt.wikisource.org/wiki/Pensar_%C3%A9_
preciso/XI/Franz_Kafka:_o_absurdo_existencial

http://ler-e-escrever.blogspot.com/2008/06/
franz-kafka-por-otto-maria-carpeaux-ii.html

http://almanaque.folha.uol.com.br/
kafka.htm

http://www.e-text.org/text/
Kafka,%20Franz%20-%20contos.pdf

http://blog.meiapalavra.com.br/
2011/06/09/franz-kafka-essencial/

http://www.espacoacademico.com.br/
007/07trag_kafka.htm

http://letrasinversoreverso.blogspot.com/
2011/07/os-desenhos-de-kafka.html

http://www.citador.pt/textos/
o-obstaculo-invisivel-franz-kafka

http://www.conteudo.org.br/
index.php/conteudo/article/viewFile/6/6

http://www.frazz.com.br/autor.html/Franz_Kafka

http://mosaico.blogs.ie/2007/11/23/o-processo/

http://entreaspas.org/autores/franz-kafka

http://www.quemdisse.com.br/
especial.asp?especial=93

http://www.ronaud.com/
frases-pensamentos-citacoes-de/franz-kafka

http://frases.netsaber.com.br/busca_up
.php?l=&buscapor=Franz%20Kafka

http://www.frasesfamosas.com.br/
de/franz-kafka/pag/3.html

http://www.frasesfamosas.com.br/
de/franz-kafka/pag/2.html

http://pensador.uol.com.br/autor/franz_kafka/

http://pt.wikiquote.org/wiki/Franz_Kafka

 

Música de fundo:

Where Do You Go
Composição: Arnold Sundgaard & Alec Wilder
Intérprete: Frank Sinatra

Fonte:

http://beemp3.com/