MEUS AMIGOS NÃO TÊM COR
— O LADO MÍSTICO DE


FRANK SINATRA

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

Música de fundo: How Do You Keep The Music Playing?
Com Quincy Jones e Orquestra

Espere carregar. A música é lindíssima!
A letra está apresentada no final deste texto.

 

 

Francis  Albert  Sinatra

Francis Albert Sinatra

 

INTRODUÇÃO

 

       Este artigo-reflexão é mais do que uma homenagem a Francis Albert Sinatra (12/12/1915 - 14/5/1998). Eu tinha doze para treze anos quando o ouvi cantar pela primeira vez. A música: All The Way. O lugar: Petrópolis. Não entendi nada da letra, mas meu coração foi impregnado de júbilo extremo e de profunda emoção. Então, senti que naveguei; porque navegar foi a conseqüência, em mim, dos mantrans produzidos por S. Cahn e J. Van Heusen (arranjo de Nelson Riddle) e vocalizados por Francis. Interessante! O Frater Vicente Velado, Abade da Ordo Svmmvm Bonvm

http://www.svmmvmbonvm.org

em recente artigo divulgado em uma página da Internet, disponibilizado em

http://svmmvmbonvm.org/timesare.htm,

(Os Tempos Estão Mudando - Sob a Sombra da Lua), afirma que naves interestelares podem ser movidas por mantrans, usando a música cósmica como 'combustível'. Isso não deve causar espanto a ninguém, particularmente aos musicoterapeutas, pois a linguagem universal é a MÚSICA, Propriedade Mestra do Uno Continuum que perpassa todos os seres de todos os mundos. Parafraseando Velado, a música é o Milagre por detrás de todos os milagres, porque é a vibração que une todos os mundos e todos os seres. Quanto a Sinatra, nem sequer sabia que ele tinha olhos azuis. São quarenta e cinco anos que nutro uma amizade invisível e uma admiração pela Voz que não se calou em meu coração. A vida é como as estações: depois do Inverno vem a Primavera. Mânvântâra: Prâlâya.

       Eu sou daqueles que não se importam nem julgam os atos alheios. Se Sinatra transou com as mais lindas mulheres, foi porque tinha classe e elas quiseram dar um pouquinho pra ele. Tony Curtis contou que Sinatra não era um paquerador. Ele é quem era paquerado. Com as mulheres, sua Regra de Ouro era: Quando se procura uma mulher, é sempre bom encontrar uma que também esteja procurando. Faça com que ela se sinta apreciada, linda. Se você praticar o bastante, vai ficar sabendo quando tiver encontrado. E, a propósito: procure, mas não encoste. Não há como arranjar confusão quando só se olha uma vitrine. E, na presença de uma mulher, nunca boceje. E, quando ela chorar, chore com ela. Quando eu era rapazola, Tio Pedro (Pedro pedroca, nariz de taboca, vendeu a 'muié' por dez réis de pipoca) — um boêmio-sacanocrata da melhor qualidade — me deu uma sábia lição: Para conquistar uma garota é preciso que coincidam o momento psicológico e o ponto nevrálgico. Senão, nada feito. Ele foi para o Céu sem me ensinar o que era o tal ponto nevrálgico. Disse, na época, que eu aprenderia por experiência própria. Já Sinatra, se entornou litros e mais litros de Jack Daniel's, não foi o meu fígado que pagou o preço, nem fui eu que tive que curtir as ressacas. Aliás, ele próprio tinha a solução para curar uma ressaca: Não beber, para começar. Se teve vinculações com alguma Famiglia, não me cabe criticar: nos Estados Unidos, o pessoal do show business, para ter um lugar ao Sol, muitas vezes, ou senta na boneca da máfia, ou morre pagão. Se não sentar, quando muito, arruma um bico de show girl. Lá, é toma-lá-dá-cá. Mas, não é assim, infelizmente, no mundo inteiro? Eu duvido que alguém, ou uma empresa qualquer, em qualquer país, implemente um projeto, principalmente no âmbito estatal, sem pagar um overhead a quem está sentado na cadeira quente. Em Maracutsil a coisa está alcançando as raias do absurdo. Uma parte ponderável da inflação e da miséria do mundo advém da corrupção. Há, contudo, países melhores e países piores. Agora, comparar a Finlândia com Maracutsil não é possível. Finlândia é Finlândia; Maracutsil é Maracutsil.

       Enfim, se Sinatra cometeu erros (muitos ou poucos), quem sou eu para emitir um veredicto de culpado? Os erros que eu próprio perpetrei não foram julgados por ele, nem eu estou preocupado com a opinião de ninguém. Só devo satisfações à minha consciência e ao D' US do meu coração. Agora, embaralhar o comportamento impulsivo, às vezes não recomendável, com grandeza de caráter, generosidade, fidalguia e magnanimidade, isso é coisa de gente inculta, preconceituosa e mesquinha. E ninguém foi mais amigo de seus amigos do que Sinatra. Possuía uma regra de conduta inviolável: Nunca delate nem um delator. Há algo de muito místico nessa aparente frase banal! No fundo, Francis era muito parecido com o nosso Tio Pedro: um boêmio-sacanocrata, mas, espiritualmente, um puro. Meras travessuras! Nos dois eram permanentes as atitudes jocosas, brejeiras e graciosas com certo ar desenvolto e malicioso. Não eram hipócritas de salão.

       A inveja é uma verdadeira bosta. Temperamento audacioso, às vezes violento, tem cura no inexistente tempo. Todos nós temos a ficcional eviternidade para aprender e debelar todos os equívocos. Tudo pode (e deve) ser transmutado. Uma vida, ainda que fatalmente importante, é apenas uma vida. Não se aprende tudo em uma vida. Isso não significa que, arbitrariamente, podemos jogar no lixo nossa vida só porque teremos outras no futuro. E, perante a CONSCIÊNCIA CÓSMICA, somos todos irmãos. Ninguém, absolutamente ninguém, pode se arvorar de defensor da moral, nem emitir juízo de valor sobre quem quer que seja. De passagem: qualquer valor é relativo, assim como são relativas as verdades que admitimos como definitivas. Quem encasqueta uma idéia e não admite a possibilidade de estar enganado vive na miséria mental da estagnação. A montanha que vemos todos os dias no mesmo lugar um dia poderá não estar mais ali. E quando ela se for, e irá, é bem provável de não nos darmos conta. Por outro lado, todos nós temos rabos presos ante nossas consciências; porque, em diversos momentos de nossas vidas, agimos sob o apisto de imperativos hipotéticos, quando deveríamos ter agido sempre sob o Manto Sagrado dos IMPERATIVOS CATEGÓRICOS. Um escorregãozinho permitido aqui, um faz-de-continha ali, um panamazinho acolá! Uma omissãozinha aqui, uma patifariazinha ali, uma fraudezinha acolá! É preciso ser muito desumano, meão e cara-de-pau para pensar ou dizer: E o cara! Agora deu pra cheirar direto. Quando não tá cheirando, tá comendo meleca. Ou: Você viu só. Descobriram que ela era amante do chefe há mais de vinte anos! Ou, ainda: Aquele buzugo fede a podre. Vai ver que só toma banho aos domingos. E: Não sei como é que a mulher dele agüenta! É um porre um dia sim e outro também. E, ainda: Como é que pode! Aquela loura maravilhosa saindo com aquele crioulo 'horrético'! E, mais: Judeus e ciganos não prestam mesmo. Deviam ter matado todos eles na Segunda Guerra. E por aí vai a mediocridade humana. Mas, em meio a toda essa maledicência há coisas engraçadas. Outro dia alguém me contou a seguinte piada: A velha senhora perguntou à neta: ? Julieta Antonia, meu bem. Qual é mesmo o nome daquele alemão gostoso que me deixa doidinha? A neta de doze anos, cheia de safadeza na cabeça respondeu: Alzheimer, vó.

       Sei lá. Fico consternado em ver como as pessoas se (pre)ocupam mais com a vida alheia, do que com suas próprias mazelas. Se cada um fizesse diariamente um exame de consciência, à noite antes de dormir, repassando o que pensou, falou e praticou durante o dia, provavelmente, morreria de vergonha e, certamente, pararia de tricar e futricar a troco de nada. Entretanto, psicologicamente... Aliás, isso não é privilégio de profano; há místicos(?!) que têm o mau costume de escarafunchar e de esquadrinhar a vida de seus confrades. Qual é o seu grau, meu irmão? Esta é a pergunta mais corriqueira que se ouve nas Lojas. E isto não é apanágio desta ou daquela confraria. Desta ou daquela religião. É uma praga mundial. Padre é padre; Monsenhor é monsenhor; Cardeal é cardeal; e Papa é o Santo Padre. Nas Igrejas Evangélicas, Pastor é pastor: Mas Bispo é um pouco mais. Agora, Missionário e Apóstolo são um pouquinho mais. Nas academias, só é realmente valorizado quem possui o grau de Doutor; nem os Mestres são devidamente respeitados. Professor sem titulação é o cocô do cavalo do bandido. Retornando ao âmbito dos Colégios Iniciáticos, desde quando o grau em se encontra um estudante de uma fraternidade mística mensura ou revela alguma coisa? É obvio que não deixa ver nada, nem indica absolutamente nada. Mas, quem pergunta, fica feliz ou infeliz com a resposta. Toleima! Se o inquirido está em um grau inferior ao perguntador, sensação ilusória de superioridade. Se, ao contrário, tristeza: não raras vezes, um desgostozinho passageiro. O que dá pra rir dá pra chorar. Quando Jesus começou seus estudos iniciáticos, era um neófito(?!). Por acaso Ele era menos do que seus Irmãos? Ou era mais? Ou era muito, muito mais? Acho que já fui longe demais nesse desabafo contra o diz-que-me-diz-que, a maldizência e a intriga. Cada um que trate de cuidar de seu eu interior, porque o outro não pode cuidar do um, nem o um do outro. Ol' Blue Eyes... Where or When?

 

* * * * * * *

 

MEUS AMIGOS NÃO TÊM COR


       O texto abaixo, publicado no Jornal Folha de São Paulo, Edição Especial, SINATRA, página 12, Sábado, 16 de Maio de 1998, cujo título da primeira página é O Mundo Perde a Voz, foi escrito na década de 80 por Frank Sinatra para uma liga antipreconceito americana, e foi editado por várias publicações norte-americanas. Na época, sacudiu as consciências conservadoras, preconceituosas e ignorantes dos Estados Unidos. Nesse artigo, Sinatra, com tristeza, recordou o preconceito étnico que padeceu por ser descendente de italianos, bem como o sofrido por negros amigos seus. Conclui, indicando meios de como o cidadão comum pode lutar contra a discriminação.

 

O POLÊMICO TEXTO (Grifei algumas passagens)


       Meus amigos, que são muitos, vivem espalhados pelo mundo. São de muitas cores e religiões, ricos e pobres, intelectuais e analfabetos. Um amigo, para mim, não tem raça nem classe social e não faz parte de nenhuma minoria.

 

The  Rat  Pack

The Rat Pack

 

       Minhas amizades são formadas a partir do afeto, do respeito e do sentimento de que temos algo marcante em comum. São valores eternos que não se enquadram em nenhuma classificação racial.

       Algumas de minhas amizades deram lugar a idéias distorcidas a meu respeito. Devido ao fato de alguns de meus bons amigos serem negros, há quem tenha dito que eu teria uma preferência por negros.

 

Frank  e  Amigos

Frank e Amigos (Jo Ann's personal collection)

 

       A verdade é que eu não 'gosto' de negros mais do que de judeus, muçulmanos, italianos ou outro grupo. Não 'gosto' segundo a cor da pele ou o lugar onde um homem faz suas orações. E nunca escolhi um amigo em função de sua nacionalidade.

       Em Hoboken, New Jersey, onde fui criado, a comunidade era dividida em compartimentos estanques: raciais e religiosos. Havia ítalo-americanos, americanos de origem irlandesa, judeus e negros. Cada grupo ocupava seu setor. Se alguém penetrasse em território 'estrangeiro', irrompiam atos de violência. Havia brigas sangrentas com punhos e pedras entre meninos de diferentes quarteirões. Minha principal recordação dessa fase da vida é de que foi amarga, violenta, dura e carente de amor e de segurança afetiva.

       Mas, sobrevivi e aprendi uma lição: não é possível manter ódio no coração e, ao mesmo tempo, viver uma vida saudável. PRECONCEITO NÃO COMBINA COM CIDADANIA.

       Tenho opiniões bem definidas sobre os problemas que hoje dividem as nações e freqüentemente sinto necessidade de falar sobre questões com as quais os 'entertainers' normalmente não se preocupam. Quando, numa crise, um 'entertainer' evita cumprir seu dever de cidadão, merece ser criticado tanto quanto qualquer outra pessoa. E, quando enfrenta uma questão que, devido à sua importância nacional, o afeta diretamente, merece ser aplaudido.

       Louis Armstrong, que sempre admirei como artista, resolveu encarar um grande problema nacional e expressou seu ponto de vista de maneira inequívoca a um jornalista. Louis estava indignado com o fato de nove estudantes negros em Little Rock não terem tido seus direitos respeitados. Muitas pessoas apoiaram-no. Outras, disseram que ele se excedeu ao falar sobre assuntos que não a música. Embora eu, na época, tenha sentido que Pops poderia ter deixado de fora algumas das palavras ásperas sobre o Presidente e sobre o Governo, sua indignação contra a injustiça era correta e apropriada.

 

Satchmo, Frank, Peggy & Bing

Satchmo, Frank, Peggy & Bing

 

       Quando Nat Cole foi agredido em um palco de teatro por vândalos preconceituosos em Birmingham, Alabama, a classe dos artistas, como um todo, reagiu. Fiquei furioso quando soube do incidente, e, imediatamente, tentei falar com Nat pelo telefone para lhe transmitir minha própria indignação. Finalmente, consegui localizá-lo em um hotel de beira-de-estrada, às 3 horas do dia seguinte, e lhe expus minha preocupação e lhe apresentei minha solidariedade, dizendo que estava chocado, triste e irado. Além de um grande artista, Nat era um cidadão de primeira categoria.

 

Nat  King  Cole

Nat King Cole

 

       Sammy Davis Jr. é um dos mais talentosos e bem-sucedidos 'entertainers' do mundo. Eu o conheço intimamente desde que ele era criança, quando se apresentava no circuito dos clubes e dos teatros de variedades, com seu tio e seu pai, vivendo com o pé-na-estrada. O afeto que tenho por Sammy e May Britt ultrapassa o grande talento de Sammy, e é motivado por qualidades humanas que me comoveriam independentemente de quem as possuísse.

 

Sammy  Davis  Jr. Sammy  Davis  Jr.

  Sammy Davis Jr.

 

       Eu já disse e repito: não me apresentaria depois desse homem em qualquer clube ou teatro em parte alguma, nem por todo o ouro de Las Vegas. Tenho orgulho de seu sucesso fabuloso. Aplaudo os artistas de grande talento que apóiam boas causas, e Sammy é exatamente esse tipo de homem. Há alguns anos, ele fez uma apresentação solo, de três horas, na Chicago Civic Opera House, em benefício da Liga Urbana da Cidade, uma Organização que se dedica à promoção de oportunidades econômicas para negros americanos. O show rendeu Us$ 20 mil para a Liga Urbana, e, para Sammy, a noite foi uma diversão.

       Tenho outros amigos de longa data, como o grande Joe Louis e o incomparável Sugar Ray Robinson, cujos triunfos e derrotas venho compartilhando há muitos anos. Minha paixão pelo boxe me aproximou de pugilistas que viraram meus ídolos, e que, mais tarde, aprendi a admirar como amigos.

 

Sugar  Ray  Robinson

Sugar Ray Robinson

 

       Um deles é Jersey Joe Walcott. Grande e corajoso, fora do ringue Walcott é gentil e sensível. A doçura é uma qualidade raramente encontrada hoje em dia, mas Joe a possui de sobra. Eu não me atreveria a identificar meu boxeador predileto, pois já conheci e admirei muitos, mas Joe Louis sempre será uma de minhas pessoas favoritas.

 

Jersey  Joe  Walcott

Jersey Joe Walcott

 

       Venho acompanhando os altos e baixos de sua carreira desde a noite de 1938, em que derrubou Max Schmeling no primeiro round e recuperou para os EUA o título dos pesos-pesados. Com ou sem título de campeão, rico ou falido, Joe sempre simbolizou a dignidade humana. Em sua presença, sinto-me humilde. Joe Louis tornou-se uma lenda ainda em vida, porque possuía o talento de um verdadeiro artista, a força de um demônio e o coração de um leão. Sempre amei Jimmy Cannon por ter criado aquela frase maravilhosa: 'Louis é motivo de honra para sua raça – a raça humana'.

 

Joe  Louis

Joe Louis nocauteia Max Schmeling

 

       Em termos profissionais e musicais, não posso nem começar a avaliar a tremenda importância dos cantores e músicos negros. A dívida para com eles é imensa demais para ser paga. Venho recebendo inspiração de uma sucessão de grandes cantores e jazzistas negros, que vem desde Louis Armstrong e Duke Ellington.

 

Duke  Ellington

Duke Ellington (The Smithsonian Duke, Oil on Canvas)

 

       Em termos de meu canto, já me perguntaram, algumas vezes, como tudo começou, e normalmente acho difícil apresentar a história em forma de narrativa contínua. Desde minha infância, venho ouvindo sons e cantores, negros e brancos, absorvendo um pouquinho aqui e um pouquinho ali. Inúmeros músicos de talento me ajudaram. Mas é Billie Holliday, que eu ouvi pela primeira vez em clubes na Rua 52, no início dos anos 30, que foi e continua sendo minha maior influência isolada.

Billie  Holliday

Billie Holliday

 

       Lady Day foi, inquestionavelmente, a mais importante influência do canto popular americano dos últimos 20 anos. Com poucas exceções, todos os grandes cantores populares americanos de sua geração foram influenciados pelo gênio dela. A profundidade do canto de Lady Day sempre me emocionou profundamente. Quando eu a ouvi pela primeira vez debaixo de um spot em uma casa de jazz da Rua 52, movendo o corpo para acompanhar o ritmo, fiquei maravilhado com sua beleza suave e arrebatadora. Era o tipo de rosto que fazia um homem sentir vontade de acariciá-lo com ternura. Quando eu era um cantor jovem, ouvia Ethel Waters com freqüência. Seus sentimentos pelos blues e seu calor me tocaram profundamente. Nunca vou esquecê-la. A arte de Ella Fitzgerald cresceu com o passar dos anos – e me carregou junto. Na minha opinião, Ella é a maior cantora contemporânea de jazz.

 

Ethel  Waters

Ethel Waters

 

Ella  Fitzgerald

Ella Fitzgerald

 

       Minhas experiências, na música, me ensinaram que o talento é cego no tocante à cor da pele. O jazz se tornou uma força internacional porque as habilidades e os talentos criativos de músicos de muitas cores e de muitas nações se reuniram para fazer dele o que hoje é. Nossa América é um grande caldeirão que mistura pessoas de todas as cores e crenças. Essa mistura vem acontecendo desde o início dos tempos e nada pode interrompê-la.

       O casamento entre pessoas de raças e de religiões diferentes nunca é um problema para seres humanos civilizados. E, quando falo nisso, estou pensando, não apenas em casamentos de brancos e negros, mas também entre judeus e não-judeus, entre católicos e protestantes. Sempre me ensinaram que o matrimônio nasceu no céu e que essa união sagrada de dois corações possui integridade própria.

       Na minha própria profissão — o show business — sempre nos orgulhamos de nossa tradição de avaliar e de aceitar os artistas com base em seu mérito, e nada mais. O entretenimento tem, de modo geral, estado à frente do resto do País, no que diz a respeito à democracia real.

       Ainda restam algumas poucas áreas em que falta fazer muita coisa. A música, por exemplo: ainda é fato — trágico — que várias cidades têm subsedes racialmente segregadas do sindicato dos músicos. Mas, bandas de rádio e de gravação estão ficando cada vez mais racialmente integradas.

       Na minha vida, já senti o preconceito. Muitas pessoas têm preconceito. Muitas pessoas têm preconceito contra italianos. Não muito tempo atrás, uma mulher levemente bêbada sentou-se à minha mesa, num nightclub na Califórnia, e me disse: 'Sabe como te chamamos na minha casa? Chamamos você de o cantor wop'. Não foi a primeira vez que me chamaram de 'wop' (termo pejorativo para designar um italiano) e, provavelmente, não será a última.

       Uma maneira pela qual o cidadão médio pode ajudar, é manifestando-se contra o uso de epítetos pejorativos de cunho racial, sempre que os ouvir. Já faz tempo que adotei o hábito de interromper qualquer conversa na qual estou envolvido quando surgem termos como 'nigger' (crioulo), 'wop', 'kike' (judeu) ou 'hunky' (imigrante do Leste Europeu).

       Em 1945, quando alguns estudantes do colégio Froebel High School, em Gary, Indiana, fizeram greve para impedir a admissão de alunos negros, sua iniciativa fez manchetes no País inteiro e até no exterior. Fui até Gary para tentar fazer alguma coisa e descobri que agitadores de fora da Cidade tinham incitado os alunos. Fiz um discurso no auditório da escola e cantei 'The House I Live in'.


What is America to me?
A name, a map, or a flag I see?
A certain word, DEMOCRACY?
What is America to me?

The house I live in, a plot of earth, a street
The grocer and the butcher, and the people that I meet
The children in the playground, the faces that I see
All races and religions, that's America to me.

The place I work in, the worker by my side
The little town or city where my people lived and died
The "howdy" and the handshake, the air of feeling free
And the right to speak my mind out, that's America to me.

The things I see about me, the big things and the small
The little corner newsstand and the house a mile tall
The wedding in the churchyard, the laughter and the tears
The dream that's been a-growin' for a hundred and fifty years.

The town I live in, the street, the house, the room
The pavement of the city, or a garden all in bloom
The church, the school, the clubhouse,
The millions lights I see,
But especially the people
That's America to me to me?


FRANCIS
 

       Algumas pessoas acharam que eu estava me arriscando ao me intrometer naquela situação explosiva, mas meu único intuito era acalmar aqueles adolescentes e derrubar os muros do ódio, erguidos artificialmente. De certo modo, foi a apresentação mais importante da minha vida. Começou ao som de vaias. Pouco a pouco, os alunos foram silenciando e começaram a me ouvir. Acho que consegui transmitir o que queria. Dias depois, eles voltaram às aulas. [Foi para evitar horrores como o que se pode ver na fotografia abaixo que Francis lutou toda a sua vida].

 

Rubin Stacy, linchado em Fort Lauderdale

Rubin Stacy, linchado em Fort Lauderdale em 19 de Julho 1935


       Tenho fé ilimitada na decência e no bom senso da juventude. Não acredito que ela vá se deixar enganar por muito tempo por pais preconceituosos e por agitadores de inspiração política. O mais importante é unir pessoas de todos os tipos, criar um contato saudável entre elas. Isso feito, o medo e a desconfiança vão desaparecer, e as pessoas vão deixar de enxergar umas às outras como integrantes de minorias, começando a se verem e a se aceitarem como seres humanos.

 

 


FRASES FAMOSAS DE FRANK SINATRA

 

I planned each charted course...

I planned each charted course;
Each careful step along the byway,
But more, much more than this,
I did it my way.


Vamos dar início à ação.

Sozinho, pra onde se vai em meio à noite de trevas da alma?

Cara, estou flutuando. Como se tivesse dois metros de altura.

Um amigo jamais é uma imposição.

Acredito na Natureza; e se tudo isso é Deus, acredito Nele. Só não acredito em religiões. Elas autorizaram os piores massacres e encorajam os preconceitos.

Há momentos em que fica tudo tranqüilo demais. É aí que se sabe que falta algo na vida. Você fica sabendo. Só isso.

Seja sincero consigo e mantenha afastados os pensamentos sombrios.

Não se desespere. Você tem de chegar ao fundo do poço para apreciar a vida e começar a viver outra vez. [Eu pergunto: terá de ser mesmo assim?].

Nunca aceite nada sem questionar. Nunca ignore uma VOZ INTERNA a lhe dizer que algo poderia ser melhor, mesmo quando os outros lhe dizem que está bom.

Viva cada dia como se fosse o último.

Acho que minha verdadeira ambição é passar para os outros aquilo que sei. Levei muito, muito tempo para aprender o que sei agora, e não quero que isso morra comigo. [Nem eu, Francis, nem eu.].

 

* * * * * * *

 

WHERE OR WHEN
(Rogers and Hart)


It seems we stood and talked like this, before.
We looked at each other in the same way then,
But I can't remember where or when.

The clothes you're wearing are the clothes you wore,
The smile you are smiling you were smiling then,
But I can't remember where or when.

Some things that happened for the first time,
Seem to be happening again.
And, so it seems that we have met before,
And that we laughed before, also loved before,
But who knows where or when!

 

* * * * * * *

 

ALGUNS MOMENTOS DE FRANCIS

 


DADOS SOBRE O AUTOR


Mestre em Educação, UFRJ, 1980. Doutor em Filosofia, UGF, 1988. Professor Adjunto IV (aposentado) do CEFET-RJ. Consultor em Administração Escolar. Presidente do Comitê Editorial da Revista Tecnologia & Cultura do CEFET-RJ. Professor de Metodologia da Ciência e da Pesquisa Científica e Coordenador Acadêmico do Instituto de Desenvolvimento Humano - IDHGE.

 

FONTES DE CONSULTA

PÁGINAS DA INTERNET

 

http://www.sinatrafamily.com

http://www.celebritywonder.com
/photos/10006998.html

http://www.paulcacia.com

http://www.brunijazzart.com

http://tok2.com

http://www.roxyrama.com
/lyrics/lyrics_whereorwhen.html

http://mosaicgallery.com
/images/fullview/leo01.jpg

http://www.joannpflug.com
/frank-sinatra.jpg

http://www.jimbrittphoto.com
/legends/sinatra.jpg

http://images.amazon.com
/images/P/B00006IJWZ.01.LZZZZZZZ.jpg

http://www.coutant.org
/ratpack.jpg

http://www.jazzsingers.com
/natcole4.jpg

http://shots.oxo.li
/hot/OXO-World/Louis_Armstrong.jpg

http://indigo.ie/~jazzirl/images/duke.jpg

http://www.ramblingrose.com
/images/ella2.gif

http://www.shushans.com/softgangster.jpg

http://www.einsiders.com
/reviews/videorisks/images/us7.jpg

http://www.sinatrafamily.com

http://www.blue-eyes.com

http://www.sinatraarchive.com

http://www.sinatraclub.com

http://www.spiritofsinatra.com

http://www.franksinatra.com

http://www.amazon.com

http://www.sinatra-main-event.de

http://www.mckuen.com
/news/sinatra/feather.htm

http://www.sinatra-ms.com/Sinatra.html

http://svmmvmbonvm.org/timesare.htm

http://www.svmmvmbonvm.org

www.uic.edu/depts/ wsweb/WSweb.html

news.bbc.co.uk/.../lewis_v_tua/ slideshow/5.stm

http://www.cbsnews.com
/stories/2003/09/22/60II/main574580.shtml

http://www.antekprizering.com
/robinson20.jpeg

http://www.freddywarren.pwp.blueyonder.co.uk
/ music01.htm

http://www.beautyinmusic.com
/assets/artists_large_pics/billie_holliday_mic.jpg

 


OL' BLUE EYES... WHERE ARE YOU?

 

Por tudo que você representou
e representa para mim, peguei
emprestado na WEB
este presente para você.

 

FLOWERS  FOR  YOU


Fonte: http://www.ba.infn.it/~zito/project/gallery103.html

 

How Do You Keep The Music Playing (Lyrics)

(Michel LeGrand~Alan Bergman~Marilyn Bergman
)

 

How do you keep the music playing?
How do you make it last?
How do you keep the song from fading too fast?
How do you lose yourself to someone?
And never lose your way.
How do you not run out of new things to say?

And since we're always changing,
How can it be the same?
And tell me how year after year
You're sure your heart will fall apart,
Each time you hear his name.

I know the way I feel for you
It's now or never.
The more I love the more that I'm afraid.
That in your eyes I may not see forever...
Forever...

If we can be the best of lovers,
Yet be the best of friends.
If we can try with everyday to make it better, as it grows,
With any luck, then I suppose,
The music it never ends.

I know the way I feel for you
It's now or never!
The more I love the more that I'm afraid.
That in your eyes I may not see forever...
Forever...

If we can be the best of lovers,
Yet be the best... the best of friends.
If we can try with everyday to make it better as it grows,
With any luck, then I suppose,
The music never ends.

 

MORE  FLOWERS

 

 

FRANCIS

THANK YOU!