Só
há uma maneira de progredir: vencer as provas que o destino nos reserva.
O caminho espiritual não é entremeado flores, nem de gozos,
mas, sim, de espinhos e de provas. Enfim, de que maneira o aspirante há
de provar qualquer superioridade, senão vencendo as lutas e as experiências
do mundo?1
Cada
aspirante tem uma certa quantidade de provas a vencer, antes de alcançar
um estado de equilíbrio, e estas provas não são determinadas
por nenhum agente externo, mas, sim, sempre, por sua própria situação
interior – suas fraquezas, seus defeitos morais e sua maneira de pensar.
As
palavras francas e sinceras geralmente não são bonitas, mas
são muito úteis, pois edificam e corrigem. Todavia, se somos
incapazes de ouvi-las, se nos sentimos facilmente ofendidos, muito temos
ainda que corrigir o nosso caráter.
Todo
ser existente tem seu céu, sua terra, seu horizonte e seu núcleo
infernal – centros instintivos infernais que obscurecem seu horizonte.2
Aquele
que pronunciar o verdadeiro Nome Divino3
poderá realizar... Foi por ter compreendido os segredos da pronúncia
deste Santo Nome
pronúncia que Jesus, o Cristo...
Aquiete
seu Coração, querido irmão, e deixe que nele penetre
o Santo
Nome,
porque nele está a Chama que Illumina o Caminho para a Perfeição.4
Conhecer
o Nome Divino é saber a chave de todas as ciências humanas,
e as Iniciações antigas eram baseadas unicamente no estudo
deste Santo Nome
e suas adaptações. Entretanto,
somente em um Santuário é que este Nome, que tudo santifica,
pode ser evocado, e o homem deve se esforçar para criar, em si mesmo,
um tal centro de divina evolução. Esta criação
pode ser realizada por um tríplice esforço: santificação
do Corpo Físico, criação de um Santuário Mental
ou Anímico e manutenção deste Santuário pelo
Silêncio.
O
perdão5
e o desprendimento por tudo o que é terreno são os alicerces
fundamentais do primeiro degrau da Iniciação.
No
Universo, tudo é vibração. E nessa vibração,
tudo é Amor [Bem
e Beleza].
No
encadeamento das forças que constituem o Amálgama da Cristificação
existe o gérmen da unificação redentora.
Confie...
Persevere... Realize...6
Se
o homem compreender, conformando-se à Lei, conhecerá e realizará
o Reino do Pai.
Seja como for, é para este conhecimento e para esta realização
que devem tender todos os nossos esforços. Isto significa se contrapor
à imantação do cone de sombra [umbra
e penumbra], vencer a força
luciférica inversiva (que prende o homem a tudo o que é deste
mundo) e preferir a Vontade do Pai [Fiat
Voluntas Tua] do que a nossa própria
vontade [fiat
voluntas mea].
As
dimensões estão exageradas.
O
céu não está nas nuvens terrestres; está dentro
do próprio homem.7
Quem
sabe pensa e diz assim: — Pai, seja feita a Tua Vontade tanto em meu
Corpo quanto em meu Espírito.
A
'varinha mágica' das fadas de lendas folclóricas, desde o
oriente até os ameríndios, é a mais sábia alegoria
dos poderes latentes do ser humano. Quer seja a 'varinha mágica'
das fadas, o cajado do Pontífice, a lança de Parsifal, a vara
milagrosa de Moisés ou o ramo florido de São José,
isto representa apenas o Poder do Iniciado, a despertada autoridade interna
do Mago, o florescimento da Rosa Mística do Rosa+Cruz ou o despertar
do Cristo Interno do Pontífice.
Aquele
que conseguir despertar os seus Poderes Internos se tornará um Mago
– o Senhor da Varinha Mágica, mas nunca será o ser fantástico
e sombrio das imaginações supersticiosas, porém, um
ser muito humano, sereno e simples porque em seu interior vibrará
a Harmonia Universal.
Toda
perseguição, mesmo aparentemente justificada, é contrária
ao ensinamento divino. Perdoe8
sempre e sempre; perdoe sempre as dívidas dos vossos devedores.
Só
há um Caminho seguro: a Iniciação. Aquele que o conhecer
nunca mais o abandonará.
Todas
as imagens perturbadoras se apresentam três vezes diante do centro
de todas as nossas sensações (quarto ventrículo). Uma
imagem determina, a princípio, um impulso ligeiro. Se resistirmos,
ela voltará uma segunda vez, e depois, uma última vez, mais
forte ainda. Se vencermos, a imagem será destruída e não
mais se apresentará. Se sucumbirmos...9
Uma
noite, eu tive um sonho... Sonhei que estava andando na praia
com o Senhor e, através do céu, passavam cenas da
minha vida. Para cada cena que se passava, percebia que eram deixados
dois pares de pegadas na areia; um era o meu e o outro era do
Senhor.
Quando a última
cena da minha vida passou diante de nós, olhei para trás,
para as pegadas na areia, e notei que, muitas vezes no caminho
da minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia. Notei,
também, que isto aconteceu nos momentos mais difíceis
e angustiantes do meu viver. Isto me aborreceu deveras, e perguntei,
então, ao Senhor: —
Senhor, Tu me dissestes que, uma vez que eu resolvi Te seguir,
Tu andarias sempre comigo, todo o caminho, mas, notei que durante
as maiores atribulações do meu viver, havia na areia
dos caminhos da vida, apenas, um par de pegadas. Não compreendo
por que nas horas que eu mais necessitava de Ti, Tu me deixaste.
O Senhor me respondeu:
— Meu precioso filho, Eu jamais te abandonaria nas horas
das tuas provas e dos teus sofrimentos. Quando viste na areia
apenas um par de pagadas, foi exatamente aí que Eu te carreguei
nos braços.10
|
Toda
paixão é, em última análise, uma incitação
cerebral para um caminho elevado ou para um caminho inferior, segundo a
imagem astral. O treino da vontade tem por objetivo recriar este movimento
impulsivo.
Uma
forma esotérica de interpretar o Teorema de Pitágoras é
admitir que o Quadrado do Mal 25 (52)
é equilibrado pelo Quadrado do Número de Deus 9 (32)
e pelo Quadrado do Número do Homem 16 (42).
Teorema
de Pitágoras
Ó
Poderosa e Inefável Presença, Amor Envolvente
de tudo que existe! Nós invocamos Tua Infinita Atividade para impregnar
de Amor, Luz e Paz os Corações dos homens e mantê-los
na verdadeira Fraternidade Universal! Assim seja!
Pai
Celestial: se eu compreendi mal um irmão de outras moradas do Teu
Reino, se eu cri ser o único sábio ou o detentor exclusivo
da Verdade, manifesta tua Força. Mostra-me que, como disse o Verbo
Encarnado, 'há muitas moradas na Casa do Pai', e torna a me dar a
caridade e a humildade – geradoras de todas as virtudes positivas.
Sou
apenas um pecador, não um reflexo dessa Luz Estelar, apo-stelar ou
apostólica, que Illumina todo ser que vem a este mundo.
______
Notas:
1. Na
vida, nada cai no colo de graça, principalmente no campo da Iniciação.
Acho até que aqui a coisa é bem mais dolorida.
2. Céu
e núcleo infernal criados pelo próprio ser existente.
3. Verbum
Dimissum et Inenarrabile.
4. Perfeição
relativa, mas sempre progressiva. Você já deve ter observado
que eu insisto muito nesta questão da relatividade das coisas e do
nosso próprio entendimento. E por quê? Porque, no Caminho Iniciático
(ou em qualquer outro), a maior estupidez que se pode cometer é ficar
gravidamente satisfeito com uma conquista. A satisfação paralisante
equivale mais ou menos a andar para trás. Eu conheci uma pessoa que
só tinha um assunto: projeção do Corpo Astral e demandas
psíquicas. Para ela, era isto o que importava, e nada mais. Certa
vez, cheguei a comentar com ela que tomasse cuidado, pois ela poderia, eventualmente,
encontrar pela frente um osso duro de roer, e acabar quebrando a cara. Precisamos
aprender que não há um que seja o mais sabido e o mais poderoso;
haverá sempre alguém mais sabido e mais poderoso do que o
mais sabido e o mais poderoso. Subestimação, neste campo,
é sinônimo de padecimento infindo. E, no limite, o pataloco
poderá até vestir o pijama de madeira antes da hora.
5. Entretanto,
mais do que perdoar, um dia, precisaremos compreender. Só perdoar
é pouco e, muitas vezes, passageiro, e, em certo sentido, tem bafio
de onipotência. Em um dado momento, no filme verídico Schindler's
List (A Lista de Schindler), Ralph Fiennes, que atua como Amon Göth,
SS-Untersturmführer e comandante do Campo de Extermínio
de Plaszow, na Polônia, durante a Segunda Guerra Mundial, é
persuadido por Liam Neeson (no papel de Oskar Schindler) a perdoar. Na cena
seguinte, esdrúxula e surreal, Amon Göth aparece em frente a
um espelho treinando em como perdoar os judeus. É claro que a generosidade
do nazista não passou de uma todo-poderosice
passageiríssima. Rapidinho, o SS voltou a atormentar, torturar e
trucidar os judeus, inclusive fazendo tiro ao alvo nos prisioneiros do Campo
da varanda de sua casa. Com o fim da guerra, Goth foi preso, julgado e condenado
pela morte de milhares de judeus pelo Tribunal Nacional Militar da Polônia,
em Cracóvia, sendo enforcado em um local perto do antigo Campo da
morte que comandou, em 13 de setembro de 1946, aos 37 anos de idade.
6. Ou
seja: Ora. Lege.
Lege. Lege. Relege. Labora et invenies. Ora. Lê. Lê.
Lê. Relê. Labora e encontrarás. (14ª prancha Mutus
Liber, 1677).
7. Da
mesma forma, o averno.
8. Penso
que já comentei à saciedade esta questão do perdão
e o ato de perdoar. Resumidamente, então, os dois degraus sucessivos
são: primeiro, perdoar; depois, compreender. Mas, enquanto não
conseguirmos compreender, deveremos seguir o sábio conselho: Perdoe
sempre e sempre; perdoe sempre as dívidas dos vossos devedores.
O perdão
é a Chave para a evolução da alma; a oração
é a Chave para
a evolução do espírito.
Aliás, de repente, pensei no seguinte: se tudo é um, se somos
todos um, quem é credor (de quem) e quem é devedor (de quem)?
O fato é que, na realidade, não há credores: todos
nós somos devedores de alguma coisa a alguém. O próprio
Mestre Jesus, em um sentido profundamente Místico e Iniciático,
se tornou devedor daqueles que o flagelaram, porque, se a crucificação
não tivesse acontecido, se o Seu lado não tivesse sido furado
pela lança do pau-mandado, também não teria acontecido
a Eterificação Mística do Seu Sangue, que jorrou no
Golgotha, conseqüentizando a Transmutação de toda a Terra.
E, a partir daí, a Humanidade se tornou devedora desta Sacrossanta
Crucificação. Sei lá; acho que o Sacrifício
da Rosa de Sharon – o Lírio dos Vales – é mais
do que suficiente para todos nós tomarmos vergonha na cara e tentarmos
melhorar só um pouquinho. Ou não?
9. Sucumbir
é grave, mas não é tão grave assim. Somos humanos,
e enquanto formos humanos sucumbiremos aqui e ali. O grave é sucumbir
ininterrupta e aceleradamente, pois disto poderá decorrer a perda
da Chispa Divina (entropização da personalidade-alma). Comigo
é assim: cada ver que eu sucumbo, é como se um cravo se encravasse
em minha alma. Neste mundo, não há dor maior do que esta –
a dor de, por ignorância, sucumbir!
10.
Este conto ensina o seguinte: ninguém fará por nós
o nosso dever de casa. Mas, quando a coisa aperta de tal modo, que chegamos
a não suportar, é tão certo quanto dois e dois são
quatro que alguma ajuda recebemos. Só que, geralmente, não
temos consciência disto, o que é bom, pois poderíamos
incorrer no erro de pedir auxílio para tudo. Em silêncio e
no Silêncio acontecem coisas que desconhecemos. Mas, um Dia, também
tão certo quanto dois e dois são quatro, não precisaremos
mais de qualquer ajuda. A partir deste Dia, já Cristos conscientes,
nós seremos a Ajuda.
Páginas
da Internet consultadas:
http://www.fra.org.br/gnose/
GNOSE-06.pdf
http://web.mat.bham.ac.uk/C.J.Sangwin/
Teaching/CircWaves/waves.html
http://www.fra.org.br/gnose/
GNOSE-05.pdf
http://www.fra.org.br/
gnose/gnose_103/index.html
http://www.fra.org.br/gnose.php
Música
de fundo:
Vivo
ma non troppo
Composição: Fryderyk Franciszek Chopin
Fonte:
http://www.piano-midi.de/chopin.htm
Direitos
autorais:
As animações,
as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo)
neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar
o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright
são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a
quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las,
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