FRA – ENSINAMENTOS GNÓSTICOS XXVIII

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução e Objetivo do Estudo

 

 

 

Esta é a 28ª parte da divulgação que estou fazendo de uma pequena coletânea de fragmentos sobre a Gnose Iniciática, disponibilizados on-line na revista Gnose, sob os auspícios da Fraternitas Rosicruciana Antiqua. A consulta direta à estas publicações poderá ser feita no endereço:

http://www.fra.org.br/gnose.php

 

 

 

Ensinamentos Gnósticos

 

 

 

Todos os rituais, como uma espécie de representação teatral, são hinos à Mãe Natura, simbólicos da própria Natureza.

 

A fé só tem cabimento quando deriva de uma percepção íntima, de uma Verdade experiencialmente intuicionada. Portanto, a fé não leva à percepção, mas, ao contrário, a percepção (experiência pessoal) conduz à fé.

 

 

 

 

Faze o que quiseres (Lei do Livre-arbítrio) – é a totalidade da Lei – mas, terás de prestar contas de todos os teus atos (Lei do Carma). O fato iniludível, desde 'in illo tempore', é que a cada ato inadequado praticado a Lei do Carma restringe, cada vez mais, novas possibilidades de se fazer o que se quer na vida diária.1

 

 

 

Deveres dos Rosa-Cruzes
(Franz Hartmann)

 

 

1 – Aliviar os sofrimentos e curar as enfermidades sem aceitar qualquer remuneração.2 A Medicina que os Rosacruzes dão vale mais do que o ouro. Além disso, é invisível e não se compra com dinheiro.3

2 – Vestir-se de acordo com os costumes dos países em que habita temporariamente, devendo ser adaptável às condições do país em que reside.4

3 – Reunir-se uma vez por ano em lugar determinado.

4 – Todo membro deverá procurar uma pessoa adequada para seu sucessor. Todo homem é o criador do ser cuja personalidade adota no degrau seguinte da escala evolutiva.

5 – As letras R. C. (Rosa+Cruz) são o emblema da Ordem. Os que verdadeiramente tenham entrado na Ordem terão no corpo os sinais, como reconhecerá facilmente quem for capaz disso.

6 – A existência da Fraternidade deve se manter em segredo durante cem anos, contados a partir da época de sua primeira fundação. Os cem anos não terão transcorrido até que o homem tenha despertado a consciência de sua Divina Natureza.5

 

 

 

Todo o nosso mundo artificioso, todo o nosso saber material, é uma casca de ignorância e de egoísmos que nos envolve, e, conquanto a divisa seja 'Per áspera ad Astra',6 é mister que nos chegue o verdadeiro calor para que possamos romper o envoltório.

 

Sem o martírio da Cruz a Rosa não florescerá; sem crucificação não haverá Ascensão.7

 

O pensamento deverá se habituar a fixar, por si mesmo, a direção a seguir e a finalidade a atingir. Firmeza e determinação intensa de se aplicar exclusivamente a um dado objetivo são as qualidades que o pensamento tem necessariamente que adquirir. Para isto, exercícios adequados deverão ser praticados, referentes não a assuntos complicados e estranhos, mas, ao contrário, às coisas mais simples e vulgares. Todo aquele que for capaz de fixar seu pensamento, durante cinco minutos por dia, em um simples objeto, por exemplo em um lápis, em um alfinete ou em uma rosa, e que durante os cinco minutos conseguir excluir todos os pensamentos estranhos ao objeto escolhido, já conseguiu muito. Aplicar o pensamento durante certo tempo sobre um objeto perfeitamente familiar é adquirir a certeza de que se pensa objetivamente.8

 

A primeira coisa que precisamos aprender não é refletir sobre este ou aquele assunto, mas, sim, meditar por intermédio de uma virtude íntima, isto é, saber acomodar o pensamento à realidade da coisa.

 

 

Albert Einstein9

 

 

Precisamos adquirir o hábito de não deixar o pensamento errar sob a ação de uma fantasia subjetiva.10

 

A alma deve se tornar soberana, não apenas no domínio do pensamento, mas também no da vontade. A vida cria no homem diferentes necessidades no mundo físico, e a vontade é solicitada a satisfazê-las. Pela disciplina oculta, o homem deve se habituar a obedecer estritamente às suas próprias ordens. Assim agindo, achará cada vez menos prazer nas coisas efêmeras, pois o que há de instável e de insaciável em nossas veleidades provém do desejo que nos impele para os objetos, cuja posse não é capaz de despertar em nós qualquer conceito definido.

 

 

 

 

Viver idealmente é encarar o impossível como se fosse possível, ou seja, todo aquele que sabe desejar o possível, desenvolve seu poder interior a tal ponto, que, por sua vontade forte, consegue transformar o impossível em possível.11

 

Não é a dor legítima que se deve dominar, mas, sim, as lágrimas irreprimíveis. Não é o horror de uma ação má, mas, sim, o surto cego da cólera. Não é a precaução do perigo que se deve extirpar, mas, sim, o terror estéril.

 

É preciso ter sempre presente que, em ocultismo, o essencial não é o que se acredita já possuir, mas, sim, o que se pode adquirir por um exercício metódico. Tão contraditório quanto possa parecer, há um princípio que é exato: quaisquer que sejam as qualidades que a vida nos faça adquirir, as únicas que servem no ocultismo são as que por nós mesmos são assimiladas.

 

Se não é possível fazer com que o mal pareça ser um bem ou que o erro pareça ser uma verdade, pode-se, no entanto, conseguir que o mal não nos impeça de ver o bem e que erro não nos obste de ver a verdade.

 

Não devemos, de forma alguma, em certa idade, esquecer a experiência adquirida, mas, sim, nos servirmos das experiências passadas para melhor julgar as que se nos apresentam em cada momento de nossa peregrinação.

 

O estudante de ocultismo, paulatinamente, deve desenvolver, praticar e conjugar harmoniosamente cinco qualidades: 1ª) domínio do pensamento; 1ª) poder sobre os desejos; 3ª) igualdade ante o prazer e a dor; 4ª) positividade nos julgamentos; e 5ª) ausência de prevenção na concepção da existência. Se isto for concertadamente desenvolvido, praticado e conjugado, será consolidada a inteligência, serão aprimorados os sentimentos e será aperfeiçoado o caráter. E, depois que tais qualidades tenham sido adquiridas ou buriladas, deverão ser, sem cessar, melhoradas e sempre exercitadas.

 

Uma excelente preparação para o desenvolvimento espiritual é encarar com o mesmo olhar as suas alegrias e os seus desgostos como os dos outros. É conveniente, para atingir tal grau, fazer desfilar diante de seu espírito, ao fim de cada dia, todas as experiências da vida quotidiana; de se contemplar a si próprio em relação aos seus deveres diários, como se fosse um mero espectador. Para se conseguir praticar com facilidade este exercício, deve-se iniciá-lo por frações mínimas. Pouco a pouco, se adquirirá a habilidade suficiente para poder executar, em pouco tempo, este trabalho de retrospecção em toda a sua integralidade. O ideal é manter uma segurança e uma calma perfeitas à medida que os fatos vão se apresentando, e apreciá-los seguindo a importância real e o valor objetivo dos próprios fatos.

 

 

 

 

A vida supra-sensível depende das qualidades desenvolvidas na vida normal. Se não se tem o cuidado de antecipadamente basear toda a disciplina espiritual em um juízo são e sólido, as percepções superiores serão falsas e imprecisas. Os órgãos espirituais se desenvolverão, por assim dizer, de revés. E da mesma forma que um olho doente e defeituoso não poderia ver de um modo correto e perfeito o mundo físico, assim não se deverão esperar percepções justas e precisas de órgãos desenvolvidas sobre a base de um falso julgamento. De outra parte, se está em jogo uma moralidade duvidosa, a vida espiritual, por ocasião da entrada nos Mundos Superiores, se apresentará como que invocada. É como se o mundo sensível fosse observado em um estado de torpor.

 

Para se realizar algo de natureza espiritual, é necessário ter o domínio absoluto dos desejos inferiores, e, só depois, em meditação, entrar no silêncio, sem sofrer qualquer influência externa.

 

A Alma Cósmica é o grande armazém universal; daí se distribui tudo, como por reflexo. A vida individual é só uma parte da Vida Universal, como o amor particular é uma chispa do grande Amor Universal.

 

Precisamos ter cuidado: nos tornamos naquilo em que meditamos.

 

Precisamos ter assente: o homem é um Deus em evolução.

 

 

Homem ‹—› Cinco

 

 

 

 

 

 

______

Notas:

1. Primeiro simples exemplo: Bebeu –› Dirigiu –› Atropelou –› Perdeu. Segundo simples exemplo: Malversou o erário –› xilindró. Terceiro simples exemplo: Não usou antivírus –› perdeu todos os dados.

2. Evidentemente que isto não é válido para um Rosacruz que tenha por profissão a Medicina. O que não é possível, entretanto, é que seja cobrada por uma consulta de meia hora R$ 400,00, R$ 500,00, R$ 600,00... Por outro lado, seria interessante que um médico oferecesse um turno por semana, por exemplo uma tarde, uma manhã ou mais, se for o caso, para clinicar, em caráter gracioso, para os necessitados. Agora, usar os Ensinamentos Rosacruzes para curar, e cobrar pela cura, se ela acontecer, isto de um mau-caratismo ordinaríssimo sem paralelo. Valha-me são buphunphinha dos necessitados!

3. Aqui, entre outras possibilidades, duas são fundamentais: 1ª) aplicar a Lei da Assunção, quando for útil e necessária; e 2ª) todas as noites, antes de dormir, disponibilizar seu conhecimento e sua força pessoal para os Mestres da Grande Loja Branca e da Ordem Rosacruz Eterna, Verdadeira e Invisível para que se faça, em todo o Universo, o Bem, a Beleza, a Paz, o Amor, a Compreensão – Mãe da Libertação – etc.

4. Um Rosacruz jamais deve ser identificado por suas vestimentas ou por quaisquer adereços. Essa coisa fútil e desútil de chamar a atenção com trajes ou quimbembeques identificadores de uma determinada religião ou confraria só causa inquietação, mal-estar, desconfiança e animosidade.

5. A Força de um Iniciado está no Silêncio. Isto não quer dizer que você, eventualmente, não possa dizer que é um Rosacruz. Todavia, é absolutamente inaceitável que seja usada a filiação à uma Irmandade Rosacruz para fins espúrios. E mais: os traidores de seus juramentos sentirão um abatimento da consciência por milênios. A traição é uma perda quase irremediável. Agora, você, se quiser, poderá desistir de ser um Rosacruz; isto não gera qualquer carma. O que você não deve é trair. Nunca! E, por último, não admita estupidamente que a sua Irmandade é melhor ou mais importante do que as outras; não é. Somos todos irmãos. E assim, se, de alguma forma, você tiver acesso a um segredo de uma (outra) Irmandade, está moral e cosmicamente impedido de divulgá-lo. Se divulgar, irá dançar!

6. Per aspera ad astra ou Ad Astra per Aspera é uma expressão latina que significa rumo às estrelas, embora com dificuldades; através de dificuldades, para as estrelas; a estrada áspera conduz às estrelas; para as estrelas, através de dificuldades; até às estrelas, por caminhos difíceis; sobre espinhos, até as estrelas ou não há vitória sem sacrifício. Também existe a sentença Per ardua ad astra (Através da adversidade, para as estrelas), que é o lema da Força Aérea Real e de outras Forças Aéreas da Commonwealth of Nations (Comunidade das Nações), normalmente referida como Commonwealth e anteriormente conhecida como Commonwealth Britânica. E, mais uma vez, com prazer, lembro as palavras de Raymond Bernard (19 de maio de 1923 – 10 de janeiro de 2006): Na Via Iniciática prestigiosa que seguimos, as tentações são numerosas, as quedas ocasionais e a dúvida periódica. Hoje, acrescentarei: benditas tentações, benditas quedas e benditas dúvidas, pois, sem elas, poderíamos ficar satisfeitos com o que alcançamos ou com o que conquistamos, e não há nada pior para um espiritualista do que ficar satisfeito consigo mesmo. Para ler um breve resumo da vida de Raymond Bernard, por favor, dirija-se a:

http://www.ostibr.org.br/Sobre%20RB.htm

 

 

Raymond Bernard

Raymond Bernard

 

7. Não há nada de fantasmagórico nem de supliciante nem de tenebroso nem de impossível nestas duas sentenças. Há, sim, de dificultoso, muito dificultoso, pois dificultosa, muito dificultosa, é a vitória sobre a ignorância. Mas, ela é possível; só depende de cada um de nós. E, se formos sinceros e pertinazes laboreiros, alguma ajudinha sempre aparecerá no Caminho.

8. ... de se aplicar exclusivamente a um dado objetivo... isto quer dizer se aplicar a um objetivo de cada vez. Aprenda isto: dividir é diluir. Quem faz não sei quantas coisas ao mesmo tempo não faz nenhuma com exação; acabará por se tornar um remendeiro lambão.

9. Em uma carta a Lincoln Barnet (1909 – 1979), Albert Einstein (1879 – 1955) observou o seguinte: Não é bom introduzir o conceito de massa de um corpo em movimento, para o qual não há uma definição clara que possa ser dada. É melhor introduzir um conceito de massa diferente do de massa de repouso, m. É melhor mencionar a expressão para o momentum e a energia de um corpo em movimento. Por isto, a massa como função da velocidade não deve ser encarada como um artifício matemático mas, realmente, como uma medida tanto da inércia como do poder de atração gravitacional, que todos os corpos possuem. A experiência comprova plena e satisfatoriamente que a massa depende da velocidade do corpo. Deixando de ser a massa relativística de um corpo uma propriedade intrínseca deste e passando a depender também do referencial de onde é observada, convém caracterizar uma partícula pela massa de repouso, que é a massa quando observada de um referencial em relação ao qual a partícula está em repouso. Por isto, quem afirma que uma coisa é absolutamente como é, e que continuará sendo absolutamente como sempre foi, em termos relativísticos, está a dizer um despautério, pois, sem saber, está a cometer um julgamento em desacordo com a realidade experiencial observada pelos cientistas. Absolutamente como é, desde sempre, e absolutamente como será, para sempre, é apenas o Universo, e, mesmo assim, ele muda (mânvântâra/prâlâya) e se movimenta (expansão/contração).

Principal fonte de edição desta nota:

http://www.feiradeciencias.com.br/sala23/23_R06.asp

10. Um exemplo disto é a televisão, que, basicamente envenena a cabeça das pessoas com tudo que não presta. Mas, pior do que tudo, são os canais que exibem filminhos com sexo explícito. Evoi! Evoi! Nem nos bacchanalalis da Roma Antiga havia tanta perversão!

11. Mas que ninguém pense que vai tirar o Monte Kilima Njaro da Tanzânia e colocá-lo na Praia de Copacabana ou no Arpoador. Não vai; nem que a porca torça o rabo! Transformar o impossível em possível está mais diretamente ligado a imperfeições e deformidades de caráter, hábitos extravagantes, preconceitos, inclinações esdrúxulas, pensamentos obsessivos, atitudes incongruentes etc., que carregamos de longe no balaio do nosso carma, e que são difíceis de ser dominados, geralmente, por serem difíceis de ser reconhecidos e admitidos. Isto é meio como o chato que fala cuspindo na nossa orelha, e não se dá conta nem que está atenazando nem que está cuspindo.

 

 

 

 

Páginas da Internet consultadas:

http://clubinhoblumenau.blogspot.com.br/
2010/11/o-chato.html

http://www.fra.org.br/gnose/GNOSE-13.pdf

http://www.fra.org.br/gnose/GNOSE-12.pdf

http://www.fra.org.br/gnose/GNOSE-11.pdf

http://www.fra.org.br/gnose/GNOSE-83.pdf

http://thechive.com/2011/04/20/oh-sht-10-gifs/

http://en.wikipedia.org/wiki/File:
Barberpole_illusion_animated.gif

http://nautilus.fis.uc.pt/spf/velharia/
gazeta/93/GF-16_1.93/09.html

http://members.tripod.com/
~pc_ramon/fisica/fisica2.htm

http://www.fra.org.br/gnose/GNOSE-82.pdf

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Comunidade_das_Na%C3%A7%C3%B5es

http://pt.wikiquote.org/wiki/
Prov%C3%A9rbios_latinos

http://br.answers.yahoo.com/question/
index?qid=20090109091152AAkh8mU

http://en.wikipedia.org/wiki/Per_aspera_ad_astra

http://commons.wikimedia.org/wiki/
File:Apollonius_problem_animation_smaller.gif

http://www.fra.org.br/gnose/gnose_107/index.html

http://www.fra.org.br/gnose.php

 

Música de fundo:

Impossible Dream (The Quest)
Composição: Mitch Leigh (música) Joe Darion (letra)
Interpretação ao piano: Roger Williams

Fonte:

http://www.boemio.com.br/instr.php?letra=R

 

Direitos autorais:

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