Para mim, não há nada de surpreendente no fato de esse surto [de Coronavírus-COVID-19] estar ocorrendo. O que me deixa alarmado é que esta pandemia ocorre em um momento da história em que as parcerias globais, que antes existiam, vêm sendo fragmentadas ou destruídas, pelo crescimento do nacionalismo, tanto no meu país como em outros ao redor do mundo. O que me surpreende nessa pandemia, portanto, é como o mundo está reagindo, não com cooperação entre as nações, mas, um país de cada vez, [cada um por sua conta], todos se esquecendo das parcerias que foram tão centrais em coordenar e enfrentar crises globais no passado. A descoberta alarmante sobre esta atual Pandemia é que um indivíduo infectado tem a habilidade de compartilhar o vírus, contaminando outras pessoas, vários dias antes de ele próprio começar a apresentar sintomas. Portanto, fica muito difícil saber quando uma pessoa está contaminando outras pessoas ou não. Assim, é importante lavar sempre as mãos e manter uma distância social adequada. Não devemos esquecer de que os vírus não se espalham; nós é que espalhamos os vírus. E por sermos nós que espalhamos o vírus, temos a oportunidade de frear sua transmissão ao adotar estes cuidados. Minha preocupação é que ocorra uma grande disseminação do vírus da COVID-19 em países onde o sistema de saúde é frágil ou em populações deslocadas, como aquelas que vivem em campos de refugiados no Iêmen ou ao longo das fronteiras com a Síria. Se este vírus começar a se espalhar de maneira incontrolável por estas regiões, temo que provoque uma mortalidade muito maior do que a que estamos vendo nos países mais desenvolvidos. Como há menos testes diagnósticos disponíveis na África, por exemplo, a quantidade de vírus circulando nos países da região é uma incógnita. Seja como for, o pior de uma pandemia sempre é a desinformação. E mais: enquanto os países afetados não se unirem para enfrentar esta pandemia, o vírus continuará fora de controle, e se espalhará, cada vez mais facilmente, entre a população. Desunião e descrença são o meio de cultura propício para que o vírus se dissemine facilmente. Enquanto uma parcela significativa da população seguir ignorando as ações que precisam ser adotadas, o vírus irá continuar se disseminando. Particularmente, no caso do Brasil, todos precisam agir em conjunto: um país, uma voz, uma ação. No que concerne à Humanidade, como um todo, é preciso ter em mente que, na Terra, há centenas de milhares de outros vírus (em torno de 1.500.000 vírus) potencialmente pandêmicos circulando na fauna selvagem na Ásia, na África e no Continente Americano, dos quais 600.000 têm o potencial de infectar os seres humanos. [Portanto, enquanto houver uma OMS, um Ministro da Saúde e um Presidente da República, cada qual festejando as suas lupercais, como acontece no Brasil corremos o risco de perder completamente o controle da situação. Então, mais do que apenas um país, uma voz, uma ação, é necessário que haja um só mundo, uma só voz, uma só ação.] [Dennis Carroll].