Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Sonhos, vão produto de quimeras em um cérebro ocioso, os quais, inconsistentes como o ar, são inconstantes como o próprio vento.

 

Romeu e Julieta, Shakespeare (1564 – 1616).
Palavras de Mercutio.

 

 

 

 

 

Devaneios

 

 

 

 

 

mas precisamos, de fato, mudar por dentro.

Ela se tornará mais ou menos insignificante

se continuarmos a transgredir fora e dentro.

 

 

Não há pódio – e muito menos salvação –

para quem devaneia que basta tão-só se afiliar.

Depois, do lado de lá, a dor dolorida da ilusão

doerá tanto, que não mitigará com o chorar!1

 

 

Aliás, intermediação? Pódio? Salvação?

Estas coisas são histórias da carochinha.

A LLuz da emancipação está no Coração;

isto vale para a sua alma e para a minha.

 

 

Mas, eu não poderei fazer nada por você,

tanto quanto você nada poderá fazer por mim,

ainda que, mística e cosmicamente, eu e você

sejamos coisas imperdíveis Necessário Sim.2

 

 

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Psiquicamente, depois da transição ou morte, a dor e o choro, obviamente, não são físicos nem emocionais; nem mesmo são sequer semelhantes ao que entendemos por choro e por dor. São uma espécie de atormentamento moral educativo e tendente à compreensão que poderá supliciar devachanicamente o ente desencarnado por milênios. Portanto, a Lei dos 144 anos é relativa.

2. A contingência – tanto quanto, por exemplo, as idéias de intermediação e de importância – é outra história da carochinha. Não há relação presumida entre atributos; não há eventualidades ou circunstancialidades; não há maneiras diferentes. Nesta matéria, no cósmico, prevalecem inconsciência da coisa e incontingência da coisa. Tudo é necessário e independe de uma suposta vontade superior para que algo aconteça ou possa acontecer. Isto equivale ao fato de que um grão de areia é, cosmicamente, tão importante quanto uma galáxia. Assim, mutatis mutandis, basta que haja uma espécie de CNTP para que a coisa possa acontecer! Logo, não há criação no sentido religioso geralmente emprestado a este vocábulo; há, sim, efetivamente, perpétua transformação e perpétuo movimento. Para o Ser nunca houve começo – explica o Mestre Alden (Dr. Harvey Spencer Lewis , Ph. D., FRC) – porque o Nada não pode dar origem a alguma coisa. Todavia, esta afirmação, conforme refleti no trabalho Kâla Hamsa, per se, continua a não resolver e a não explicar as três principais dúvidas metafísicas que amarguram as consciências. Primeira: se sou, quem sou? Segunda: se vim, de onde vim? Terceira: se irei, para onde irei? Mas há uma saída! Se aprendermos a consultar a Voz Silenciosa que fala em nossos Corações, compreenderemos tudo isto de uma forma que não poderá jamais ser expressa por palavras. In Corde loquitur nostro Vox Dei. Em nosso Coração fala a Voz de Deus. E as dúvidas do talvez e do não se transformarão concertadamente em um Necessário Sim.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fundo musical:
Dream (When You're Feeling Blue)
Compositor: Johnny Mercer
Intérprete: Michael Bublé

Fonte:
http://www.anameloart.com/midis.htm