ROBERT  FLUDD

(Pensamentos)

 

 

 

Robert Fludd

 

 

Meu desejo é provar e manter a verdadeira e essencial 'Philosophia', com as virtuosas propriedades da Sabedoria Eterna que constitui a base, a pedra fundamental em que Ela assenta. (Robert Fludd).

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Robert Fludd, filósofo elizabetano e acadêmico, mais conhecido pelos ocultistas como Robertus de Flactibus ou ainda O Maior Inglês Rosa-CruzO Alquimista do Svmmvm Bonvm nasceu em Milgate House, paróquia de Bearstead, Condado de Kent, Inglaterra, em 1574, onde ainda hoje podem ser vistas as armas (brasão) e os monumentos da família. Amou as ciências exatas e demonstrou possuir raro espírito de observação, sendo ao mesmo tempo filósofo, físico, químico, matemático, engenheiro, anatomista, médico, e, como Paracelso, esforçou-se por formar um sistema de Filosofia fundado na identidade da verdade espiritual e física. Aos dezessete anos ingressou no Saint John College, em Oxford. Graduou-se bacharel em 1597 e alcançou o mestrado em 1598. Durante seis anos, viajou pela França, Espanha, Itália e Alemanha; mais tarde, percorreu as terras da Arábia e do Egito.

 

Fludd era um cientista experimentador e realizava curas maravilhosas, particularmente com água magnetizada. De volta à Inglaterra, entrou para o Christ Church College (Oxford). Em Londres, exerceu a Medicina na Fenchurch Street, além de manter um estúdio de pesquisa em sua residência, na Coleman Street. Segundo as teorias de Fludd, as funções vitais básicas do organismo são desencadeadas por um 'Sal Volátil' astral, que penetra no organismo através da respiração e mantém a centelha da vida (e da Vida) no coração (sístole = Enxofre; diástole = Mercúrio) e no cérebro. Toda a função motora, incluindo a circulação do sangue, depende deste 'Sal Volátil'. Segundo Fludd, o coração é Sol do Microcosmo, a fonte da vida (e da Vida).

 

Em suas obras, escritas em latim – como Utriusque Cosmi Metaphisica Atque Technica Historica (1617); Tracttatus Theologiæ Philosophica (1617); Tractatus Apologeticus (1617); Apologia Compendiaria Fraternitatem de Rosea Cruce Suspicionis et Infamiæ Maculis Aspersam Abluens (1617); Clavis Philosophiae et Alchymiæ Fluddano (1633) e De Monochordum Mundi (1623) – estão patentes as antigas Doutrinas Alquímicas, que se consubstanciam no entendimento de que o Universo e todas as coisas procedem de uma mesma Unidade – o Princípio e o Fim de todas as coisas, que a Ela retornarão, em ciclos sucessivos de reconstrução ou expiração (em Teosofia, Mânvântâra) e de destruição ou inspiração (em Teosofia, Prâlâyâ). Entretanto, Fludd considerava o Sol (Alma Universal geradora da Vida) como o centro do Macrocosmo, pois admitia que ele se situa precisamente no ponto de intercessão de duas Pirâmides, a Pirâmide da Luz e a Pirâmide das Trevas, na esfera de equilíbrio da forma e da matéria. E afirmou: Perante o meu Deus, confesso que são tantas as coisas que poderia dizer sobre estas duas Pirâmides que facilmente encheriam um grosso volume. Seja como for, para qualquer Rosacruz, a Unidade de todas as vidas na e com Santa Vida Universal, desde sempre Una e idêntica a Si-mesma, é um fato indiscutível.

 

 

 

 

Fludd entrou para história como o mais representativo dos ingleses praticantes da Medicina Mística (ou Paracélsica) e possuidor da chave da Ciência Universal. Morreu em 8 de setembro de 1637, em sua casa, na paróquia de St. Catherine, na Coleman Street. Seus restos mortais, enterrados na Igreja de Bearsted, repousam sob uma lápide que ele fez com as próprias mãos. Todavia, o interesse que demonstrou pelas Doutrinas Rosa+Cruzes continuam a inspirar e a influenciar os membros das diversas Fraternidades e Ordens da Rosa+Cruz.

 

A Ordo Svmmvm Bonvm, em Documento Oficial, informa: O Mestre Apis — emanação da Perfeita Luz Incriada — está na Vida Eterna, de onde projetou Três Personificações no Plano Terra, as quais não devem ser confundidas com reencarnação. A primeira emanação dirigiu-se ao Antigo Egito, como Ptah, o Arquiteto. A segunda emanação voltou-se para a Época das Belas Artes Ocidentais, como Robert Fludd, o Alquimista. A terceira emanação enfocou-se no Limiar da Nova Era como Iolanda Therezinha Marcier.

 

Encerro esta rápida biografia com as palavras do próprio Robert Fludd, citadas no artigo Doctor Robert Fludd (1574-1637), de autoria de Sharon M. W.:

 

Farewell my freends let playne simplicity
Be stil your guide to lead you in your race
So shal ye neare approch to Vnity
And euermore obtayne from him his grace
For double dealers, false and treacherous men
Wil quickly be entrapt in Errours den.

 

 

 

Svmmvm Bonvm

 

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Neste despretensioso estudo, procurei garimpar no material disponível (pessoal e na Internet) o Summum Bonum do pensamento de Robert Fludd. Entretanto, advirto: ler à letra os fragmentos que selecionei será inútil. É necessário permitir que o autor fale ao Coração do leitor, pois, só assim, o que parece indecifrável e absurdo se tornará claro e compreensível. Não podemos esquecer que a linguagem dos Místicos e dos Alquimistas do passado era crivada de simbolismos, alegorias e metáforas, de tal sorte que pensamentos, idéias e qualidades eram geralmente apresentadas sob forma figurada, e cada elemento funcionava como uma espécie de disfarce ou de encriptação para a idéia concebida e representada. Um exemplo disto é o conceito místico-alquímico de Sol, que, para Fudd, era equivalente ao andrógino Lapis.

 

Em alguns fragmentos, procurei fazer pequenos acréscimos explicativos para auxiliar aqueles que não conhecem os elementos básicos de Alquimia. A referência principal que utilizei nesta pesquisa foi o livro O Museu Hermético (Alquimia e Misticismo), citado na bibliografia. Todas as Páginas da Internet e todos os Websites consultados também estão citados ao final.

 

 

 

 

Pensamentos de Robert Flud

 

 

 

Os franco-maçons e os rosa-cruzes eram um único grupo que, um dia, em tempos distantes, se separou para, por um lado, propagarem idéias filosóficas e filantrópicas, e, por outro, realizarem trabalhos cabalísticos e alquímicos.

 

O Ouro Hermético é a efusão [derramamento] dos raios do Sol.

 

Meu desejo é provar e manter a verdadeira e essencial 'Philosophia', com as virtuosas propriedades da Sabedoria Eterna que constitui a base, a pedra fundamental em que Ela assenta.

 

O Centro Mecânico do Universo é a Terra; o Centro Espiritual do Universo é o Sol... O Sol, iluminando o Universo, prossegue no circuito do Espírito...

 

Deus, no princípio da criação, colocou o seu Tabernáculo no Sol, e através dele anima e ilumina todo o Cosmos.... Mas sem o Enxofre e sem o Mercúrio nada pode ser criado... Deus habita o Céu de antigos Céus... Deus faz das nuvens Sua carruagem... Deus está por toda parte... No Céu, nas regiões infernais, nos mais longínquos mares, na noite e nas trevas... Sabei, então, e considerai isto em vossa alma, que Deus vive no Céu superno e na Terra infernal, e não há qualquer outro.

 

A Ti, Senhor, pertencem a magnificência, o poder, a glória, a imortalidade e a majestade, pois, tudo o que existe no Céu e na Terra é Teu. Teu é o Reino – Ó Senhor – e és exaltado como Aquele que está acima de tudo.

 

A sublimidade e a perfeição do Sol Macroscópico é claramente revelada quando Febos se senta no seu Carro Triunfal, no centro do firmamento, e deixa esvoaçar seus cabelos dourados. Único soberano visível, detém nas suas mãos o Cetro Real e todo o Governo do Universo.

 

 

 

Toda a criação se abre em leque a partir da noite da Fonte Oculta e Divina. Expande-se do anel exterior paterno – o Tetragrammaton – para as três letras hebraicas, a que se dá o nome de Mães: ALeF (Ar), MeM (Água) e ShIN (Fogo). O plano conjunto da criação descreve o seu percurso no sentido dos ponteiros do relógio, tal como o dia, desde a aurora até o anoitecer do Universo. [Fludd representou os quatro estratos espirituais do homem na imagem do Tetragrammaton. IOD = germe informe de todas as coisas assimilado ao Espírito ou Conhecimento Puro. Primeiro HE = Palácio Superior, intelecto. VAV = elo de ligação, Alma ou Espírito Vital. Segundo HE = morada inferior ou esfera sensual e elementar.]

 

 

 

 

O Monocódio é o princípio íntimo que condiciona, a partir do centro do Todo, o acorde de toda a Vida no Cosmos.

 

 

Divino Monocórdio

O Divino Monocórdio1

 

Através da articulação sucessiva do Nome Divino, surgiram os quatro Universos: Mundo das Emanações ou do Arquétipo (Hwolam ATzILUTh), Mundo da Criação (Hwolam BRIAH), Mundo da Formação ou Astral (Hwolam IeTzIRaH) e Mundo da Ação (Hwolam WShIaH). [Em Hwolam WShIaH, o Véu de Mâyâ (ilusão) oculta tudo.]

 

O objetivo principal dos estudos macroscópicos deve ser averiguar qual o papel do Espírito Divino na criação, pois, sem a Luz que emana desse espírito a Vida não é possível.

 

Quando os raios quentes do Sol, ao descerem, encontram os vapores aquosos que se elevam, condensam-se e geram os planetas.

 

O corpo do homem é um vaso que contém todas as coisas.

 

A Luz Divina ilumina todas as coisas de igual modo, mas é assimilada de diferentes maneiras: o coração grosseiro e inferior devora-a como um buraco negro; o Coração subtil e superior absorve-A e irradia-A. [Fludd aludia ao aspecto de Luz e de Trevas em um Deus único ao querer (voluntas) e ao não-querer (noluntas). Todavia, Fludd admite: Deus é bom – quer Ele queira, quer Ele não queira porque em Deus não existe o mal... As Trevas adotaram a Iluminação para se fazerem visíveis.]

 

Diante do abismo da matéria não-criada, a Trindade Divina gera, através do seu Nome Energético e Santo [Sanctum Verbum], os três intervalos consonânticos: a oitava, a quinta e a quarta, que, segundo as Leis contidas na Tetractys pitagórica, produzem todo o espectro de fenômenos do mundo elementar, do mundo celeste e do mundo dos anjos.

 

 

Tetractys

 

 

O Caos tenebroso primordial é o Princípio Centrípeto em Deus, onde seus raios convergem para o próprio centro. Mas, no seu âmago jaz a Pedra Angular da Luz. O Princípio Criador Centrífugo da Luz é encarnado por Apolo. Sete vezes durante o dia, ele recria o homem despedaçado; à noite, pelo seu 'alter ego' Dionísio.

 

 

O plano conjunto da criação
descreve o seu percurso
no sentido dos ponteiros do relógio...

 

 

... O Fogo Espiritual diminui gradualmente à medida que se aproxima da Terra.

 

O Divino Fogo Central – a Alma do Universo – habita o Sol, que dirige seu Raio de Energia Vivificadora para Saturno, o qual, por sua vez, o reenvia para o Vento Norte – os Anjos do Senhor que realizam o Verbo de Deus e trazem consigo o Sal da Vida.

 

O último degrau da Escada é a compreensão direta da Palavra Divina ['Verbum Dimissum et Inenarrabile'] pela meditação... Vosso corpo é o Templo do Espírito Santo que em vós reside e que recebestes de Deus.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Nota:

1. Pitágoras (571 a.C./570 a.C. – 497 a.C./496 a.C.) propôs a noção de Música das Esferas, estabelecendo que o Sol e os planetas, girando nos céus em proporções harmônicas, geram uma melodia que expressa a arquitetura cósmica. O Divino Monocórdio de Fludd – um instrumento de uma só corda – faz a ponte entre o Céu e a Terra, dispndo os astros segundo regras da harmonia musical. Em torno do instrumento, há inúmeros semicírculos, nos quais estão inscritas as várias forças da Natureza. A nota de cada planeta é associada a uma divisão da corda do Monocórdio. De uma nuvem, sai uma mão que aperta a cravelha do instrumento, elevando as freqüências à medida que aperta a corda. O som associado a cada planeta será tão mais agudo quanto mais distante estiver da Terra. Já Johannes Kepler (1571 – 1630) deduziu os intervalos musicais produzidos por cada planeta. Para ele, a melodia produzida por cada planeta não era uma seqüência de notas distintas, mas, sim, um único som eterno, a variar continuamente entre o mais grave e o mais agudo, como o som produzido por um violinista deslocando continuamente o seu dedo, sem o levantar, sobre a corda do seu violino.

Nota editada das fontes:

http://www.portaldoastronomo.org/tema_19_4.php

http://www.scribd.com/doc/2451980/A-musica-das-esferas-
outubro-2007-Marcelo-Gleiser-fisica-astrofisica

http://clubedegeometria.blogspot.com/
2008/05/o-divino-monocrdio.html

 

Bibliografia:

INTRODUÇÃO À SIMBOLOGIA. 1ª edição. Biblioteca Rosacruz. Ordem Rosacruz AMORC. Curitiba: Grande Loja do Brasil, 1982.

ROOB, Alexander. O museu hermético. (Alquimia e misticismo). Tradução de Teresa Curvelo. Itália: Taschen, 1997.

 

Páginas da Internet e Websites consultados:

http://www.saindodamatrix.com.br/
archives/2007/07/emanacoes.html

http://www.monumenta.com/2007/index.php?
option=com_content&task=view&id=93&Itemid=9

http://www.blavatsky.net/magazine/
theosophy/ww/setting/rosicrucians.html

http://www.psychovision.ch/
synw/platinfertilityhermincarnp3.htm

http://www.levity.com/alchemy/fludd1.html

http://svmmvmbonvm.org/fludd/fluddocs.htm

http://svmmvmbonvm.org/fludd/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Tetragrammaton

http://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Fludd

http://antigasabedoria.blogspot.com/
2008/04/robert-fludd.html

http://www.jornalexpress.com.br/noticias/
detalhes.php?id_jornal=6191&id_noticia=206

http://loja.ocidente.eu/?m=200702

http://occultscience.tripod.com/rf_rb.htm

http://www1.folha.uol.com.br/folha/
urania/voce_sabia-2004062305.shtml

http://mahabaratha.vilabol.uol.com.br/
Livros/elevi00apendice.htm

 

Fundo musical:
Rosicrucian Canon Nº 1
Compositor: Michel Maier
Seqüência: Rafael Gómez Senosiain

Fonte:
http://www.classicalmidi.co.uk/maier.htm