EU SEMPRE SEREI FIEL

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Haverá profecia mais escalafobética do que predizer que alguém de ateu se tornará cristão? [In: Zanoni, de autoria de Edward George Bulwer-Lytton.]

 

É absolutamente necessário que a superstição e o fanatismo cedam seus lugares à Filosofia. Os reis perseguem as pessoas, os sacerdotes perseguem as opiniões. Quando não houver mais reis, os homens estarão seguros; quando não houver mais sacerdotes, o pensamento será livre. [E quando não houver mais quartelismo e armas destruição em massa, a Humanidade estará livre do perigo de ser destruída.] Então, começará a Idade da Razão! Igualdade de instrução! Igualdade de instituições! Igualdade de fortunas! A exorbitante riqueza de um lado e a degradante miséria do outro chegarão ao fim. [Marie Jean Antoine Nicolas de Caritat, Marquês de Condorcet (Ribemont, Aisne, 17 de setembro de 1743 – Bourg-la-Reine, 28 de março de 1794)]. [Ibidem.]

 

Tudo o que a crueldade inventou para aumentar as angústias da morte parece ainda mais horrível com o gosto apaixonado e a força plena de veracidade com que se expressam os bons pintores. [Ibidem.]

 

 

Disparate do Medo
(Francisco José de Goya y Lucientes)

 

Oh! Tive medo de nascer!
E vivi com medo de viver,
e pior: com medo de morrer!

Sempre tive medo de comunista!
Sempre tive medo de esquerdista!
Sempre tive medo de libertista!

Sempre tive medo de ufanista!
Sempre tive medo de bolsonarista!
Sempre tive medo de lulista!

Sempre tive medo de nazista!
Sempre tive medo de fascista!
Sempre tive medo de fidelista!

Sempre tive medo de salteador!
Sempre tive medo de atravessador!
Sempre tive medo de embromador!

Sempre tive medo de traficante!
Sempre tive medo de abracadabrante!
Sempre tive medo de bazofiante!

 

 

Os Abracadabrantes de Barcelona

 

Sempre tive medo de macumba!
Sempre tive medo de grandumba!
Sempre tive medo de boi-de-zabumba!

Sempre tive medo de galharufa!
Sempre tive medo de lufa-lufa!
Sempre tive medo de ópera-bufa!

Sempre tive medo de espingarda!
Sempre tive medo de alabarda!
Sempre tive medo de homem de farda!

Sempre tive medo de gavelo!
Sempre tive medo de
dor-de-cotovelo!
Sempre tive medo de albatroz-de-nariz-amarelo!

 

 

Albatroz-de-nariz-amarelo

 

 

Sempre tive medo de perereca!
Sempre tive medo de
gente furreca!
Sempre tive medo de ficar careca!


Telly Kojak Savalas
(Nova Iorque, 21 de janeiro de 1922 – Califórnia, 22 de janeiro de 1994)
(Em sua lápide, está inscrita uma conhecida citação de Platão:
A hora da partida chegou, e cada um de nós seguirá seu caminho:
eu, para morrer, e você, para viver. Só Deus sabe
o que é melhor.
)

 

 

Sempre tive medo do apocalipse!
Sempre tive medo de eclipse!
Sempre tive medo de paralipse!

Sempre tive medo do fim do mundo!
Sempre tive medo de gemebundo!
Sempre tive medo de ir fundo!

 

 

 

 

Sempre tive medo de ser excluído!
Sempre tive medo de ser preterido!
Sempre tive medo de ser esquecido!

Sempre tive medo de passar fome!
Sempre tive medo de codinome!
Sempre tive medo de epítome!

Sempre tive medo do outro lado!
Sempre tive medo do uadrado!
Sempre tive medo de Iniciado!

Sempre tive medo de malogro!
Sempre tive medo de um ogro!
Sempre tive medo do meu sogro!

Sempre tive medo de tenesmo!
Sempre tive medo de viver a esmo!
Sempre tive medo de mim mesmo!

E, com medo, não avancei!
E também não me libertei!
Apenas ajoelhei e rezei!

Os demônios me tentaram!
As miragens me abolorentaram!
As ilusões me abargantaram!

A covardia me impediu!
A prostração me ressequiu!
A inércia me protraiu!

Com cilício, me flagelei!
Em um deserto, eremitei!
Todos os dias, jejuei!

 

 

The Da Vinci Code
Paul Bettany como Silas
(A autoflagelação é uma doença mental.)

 

 

Oh! Meu Deus! Perdoai-me!
Oh! Meu Deus! Consolai-me!
Oh! Meu Deus! Salvai-me!

Oh! Livrai-me do inferno!
Oh! Mitigai o meu inverno!
Oh! Tornai-me brando e terno!

Tantos! Tantos minimizei!
Tantos! Tantos apocopei!
Tantos! Tantos separei!

 

 

 

 

De tantos! De tantos afanei!
De tantos! De tantos me locupletei!
De tantos! De tantos vantajei!

 

 

 

 

Tantos! Tantos desrespeitei!
Tantos! Tantos prejudiquei!
Tantos! Tantos preconceituei!

 

 

Pitágoras eu sempre chamejei!
Platão eu sempre asperejei!
Aristóteles eu sempre bostejei!

De Gandhi eu sempre discordei!
O Satyagraha eu sempre rejeitei!
O Ahimsa eu sempre desaprovei!

 

 

 

 

O crudelíssimo Putin: adorei!
A destruição da Ucrânia: festejei!
Do genocídio dos ucranianos: gargalhei!

Voltaire eu sempre odiei!
Condorcet eu sempre detestei!
Montesquieu eu sempre desprezei!

Nunca pude aceitar a Liberté!
Nunca pude tolerar a Égalité!
Nunca pude suportar a
Fraternité!

 

 

 

 

O 8 de janeiro de 2023: aprovei!
A demolição de Brasília: aprovei!
A tentativa de golpe: aprovei!

O fechamento do Congresso: apoiei!
O impedimento do Supremo: apoiei!
A reinstalação da ditadura: apoiei!

 

 

 

 

Eu, pecador, sou um abcesso!
Eu, pecador, vivo opresso!
Eu, pecador, me confesso!

Deus! Livrai-me da caverna!
Deus! Mondai minha bozerna!
Deus! Dai-me a Vida Eterna!

O dízimo sempre darei!
Prometo: não mais pecarei!
A Vós fiel sempre serei!

Confiteor Deo Benevolente!
Confiteor Deo Indulgente!
Confiteor Deo Condescendente!

 

 

 

 

Música de fundo:

La Marseillaise
Composição: Claude Joseph Rouget de Lisle
Interpretação: Mireille Mathieu

Fonte:

https://www.youtube.com/watch?v=R3IvXo0W1YI&t=3s

Observação:

Mireille Mathieu (Avignon, 22 de julho de 1946) é uma cantora francesa com uma carreira nacional e internacional de mais de cinqüenta anos, condecorada com a Légion d'Honneur. La Marseillaise (A Marselhesa) é o Hino Nacional da França. Foi composto pelo oficial Claude Joseph Rouget de Lisle, da Divisão de Estrasburgo, em 1792, como canção revolucionária. A canção adquiriu grande popularidade durante a Revolução Francesa (entre 1789 e 1799), especialmente entre as unidades do exército de Marselha. Napoleão Bonaparte baniu a Marselhesa durante o império, assim como Luís XVIII, na Segunda Restauração, devido ao seu caráter revolucionário. A Revolução de 1830 restabeleceu o seu status de Hino Nacional, sendo, inclusive, reorquestrada pelo compositor romântico francês Hector Berlioz, na década de 1830. Entretanto, Napoleão III tornaria a banir a canção até que, em 1879, com a instauração da III República, a canção, definitivamente, foi confirmada como o Hino Nacional Francês, ato este reafirmado nas Constituições de 1946 e 1958. Admite-se que La Marseillaise esteja associada ao 2º Raio (Illuminação).

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.wikiaves.com.br/wiki/albatroz-de-nariz-amarelo

https://www.elperiodico.com/es/barcelona/20170105
/el-portal-mas-abracadabrante-de-barcelona-5726968

https://gifer.com/en/9tVW

https://forum.affinity.serif.com/

https://www.pensador.com/autor/mahatma_gandhi/

https://www.newgrounds.com/art/view/yogajie/gandhi

https://pt.dreamstime.com/

https://pixabay.com/pt/illustrations/search/wig/

https://sillykhan.com/

https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/karl-marx.htm

https://www.flocabulary.com/unit/what-is-race/

https://gifer.com/en/2ulY

https://tenor.com/pt-BR/

https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/jiboia.htm

https://jornal.usp.br/cultura/tortura-praticada
-na-ditadura-militar-e-tema-de-seminario/

http://www.bbmgif.com/gallery/item.
php?id=5069#.ZBd2wnbMJRY

https://bestanimations.com/Flags/
Europe/Western/France/France.html

https://vejasp.abril.com.br/atracao/francisco-goya/

 

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