ENQUANTO O FINGIMENTO
DURAR
Rodolfo Domenico
Pizzinga
ão
se finge impunemente.
O fingidor finge apenasmente
enquanto o fingimento
durar.
Coisas
há que se não falam,
temas há que, sim,
se calam,
pois, só fariam
desmelhorar.
Por
isto, contar o incontável
é tresloucado e
irresponsável
– causa que efeito
irá gerar.
Blefar
é equivalente a fingir,
e é uma expertise
em iludir,
para uma vantagem abichar.
Assim,
se festam portentos,
em que urram algazarrentos,
porque vivem para ajoelhar.
Mas,
ai do fingidor fingido
que se aproveita do afligido!
Muito haverá de
compensar!
Sobe-e-desce,
vai-e-vem,
hoje, velho, depois, neném!
E o samsara
a acorrentar!
Hoje-tem,
depois, não-tem,
rico, já, um dia,
sem-vintém!
E não pára
de (re)encarnar!
Agora-finge,
depois, chora!
— Ai, tá doendo essa espora!
E... Toma de choramingar!
Os
quereres são delusões,
e constrangem retribuições.
Causa –› Efeito
–› Equilibrar!
Abóbora
não vira carruagem.
Não é uma
boa a picaretagem.
Sortinha
na sacanagem é azar!
Salagadoola
menchicka boola...
Nem boola...
Nem salagadoola...
Boa malandragem é
se mancar!
O
Pai Nosso, em nosso véu,
se condói ao ver
tanto labéu.
E o três-com-goma
a aprontar!
E
o tempo vai encolhendo...
E a sucuri vai espremendo...
Logo, vou iterar para
gravar:
Não
se finge impunemente.
O fingidor finge tão-somente
enquanto o fingimento
durar.
Mas,
o fingimento só dura
enquanto a cabeça
for dura,
com vesânia de embromar!