FINALMENTE!

 

 

 

Eu desejo isto para todos.

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Através das idades, o ser-humano-aí-no-mundo vem buscando uma certa Coisa além de si próprio, além do bem-estar material uma Coisa que se pode chamar Verdade, Deus ou Realidade, um estado atemporal algo que não possa ser perturbado pelas circunstâncias, pelo pensamento ou pela corrupção humana. Mas, não podendo encontrar essa Coisa sem nome e de mil nomes que sempre buscou, o ser-humano-aí-no-mundo cultivou a fé fé em um salvador ou em um ideal, fé que, invariavelmente, sempre gerou a violência. [In: Liberte-se do Passado (título do original: Freedom From The Known), de autoria de Jiddu Krishnamurti].

 

De maneira geral, vivemos de palavras, e nossas vidas são superficiais e vazias. Não somos originais. Temos vivido das coisas que nos têm dito ou guiados por nossas inclinações, nossas tendências ou, ainda, impelidos a aceitar os blablablás pelas circunstâncias e pelo ambiente. Somos o resultado de toda espécie de influências, e em nós, como regra, nada existe de novo, nada descoberto por nós mesmos, nada original, inédito, claro. Consoante a história teológica, nos garantem os guias religiosos que, se observarmos determinados rituais, recitarmos certas preces e versos sagrados, obedecermos a alguns padrões, refrearmos nossos desejos, controlarmos nossos pensamentos, sublimarmos nossas paixões e se nos abstivermos dos prazeres sexuais, então, após torturar suficientemente o corpo e o Espírito, encontraremos uma certa Coisa além desta vida desprezível. É isto o que têm feito, no decurso das idades, milhões de indivíduos ditos religiosos, quer pelo isolamento, nos desertos, nas montanhas ou em uma caverna, quer peregrinando de aldeia em aldeia a esmolar, quer em grupos, ingressando em mosteiros e forçando a mente a se ajustar a padrões preestabelecidos. Mas, a mente que foi torturada e subjugada, a mente que deseja fugir a toda agitação, a mente que renunciou ao mundo exterior e se tornou embotada pela disciplina e pelo ajustamento, por mais longamente que busque, o que achar será e estará em conformidade com sua própria deformação. [Ibidem.]

 

 

 

 

A causa primária da desordem em nós existente é estarmos buscando a realidade prometida por outrem; mecanicamente seguimos todo aquele [e tudo aquilo] que nos promete e nos garante uma vida espiritual confortável. [Ibidem.]

 

 

 

 

Disseram-me para me ajoelhar,

e eu me ajoelhei.

Disseram-me para meus pecados confessar,

e eu meus pecados confessei.

Disseram-me para de pé ficar,

e eu de pé fiquei.

Disseram-me para não me sentar,

e eu não me sentei.

Disseram-me para mesurar,

e eu mesurei.

Disseram-me para a mão beijar,

e eu a mão beijei.

Disseram-me para, com H2O benta, me persignar,

e eu, com H2O benta, me persignei.

Disseram-me para o perdão implorar,

e eu o perdão implorei.

Disseram-me para o céu desejar,

e eu o céu desejei.

Disseram-me para a Deus idolatrar,

e eu a Deus idolatrei.

Disseram-me para minha fé incrementar,

e eu minha fé incrementei.

Disseram-me para só a Bíblia estudar,

e eu só a Bíblia estudei.

Disseram-me para só na Bíblia acreditar,

e eu só na Bíblia acreditei.

Disseram-me para o Te Deum cantar,

e eu o Te Deum cantei.

Disseram-me para São Longuinho invocar,

e eu São Longuinho invoquei.

Disseram-me para a Santo António requestar,

e eu a Santo António requestei.

Disseram-me para a Santa Bernadette venerar,

e eu a Santa Bernadette venerei.

Disseram-me para, no 26 de setembro, festejar,

e eu, no 26 de setembro, festejei.

Disseram-me para, no 8 de dezembro, comemorar,

e eu, no 8 de dezembro, comemorei.

Disseram-me para o diabo adversar,

e eu o diabo adversei.

Disseram-me para procissionar,

e eu procissionei.

Disseram-me para o rosário rezar,

e eu o rosário rezei.

Disseram-me para aos santos rogar,

e eu aos santos roguei.

Disseram-me para ao Onipotente vindicar,

e eu ao Onipotente vindiquei.

Disseram-me para Deus arrecear,

e eu Deus arreceei.

Disseram-me para jejuar,

e eu jejuei.
(E eu jejuei até virar faquir!)

Disseram-me para muito dizimar,

e eu muito dizimei.
(E eu dizimei até cair durinho!)

Disseram-me para ofertar,
(E eu ofertei até ficar a neném!)

e eu ofertei.

Disseram-me para renunciar,

e eu renunciei.

Disseram-me para não duvidar,

e eu não duvidei.

Disseram-me para não questionar,

e eu não questionei.

Disseram-me para acatar,

e eu acatei.

Disseram-me para não me insubordinar,

e eu não me insubordinei.

Disseram-me para me sacrificar,

e eu me sacrifiquei.
(E eu me sacrifiquei até adoentar!)

Disseram-me para me autoflagelar,

e eu me autoflagelei.
(E eu me autoflagelei até sangrar!)

Disseram-me para não namorar,

e eu não namorei.

Disseram-me para não bailar,

e eu não bailei.

Disseram-me para, no carnaval, não brincar,

e eu, no carnaval, não brinquei.

Disseram-me para, na 6ª-feira santa, carne não papar,

e eu, na 6ª-feira santa, carne não papei.

Disseram-me para os gays homofobiar,

e eu os gays homofobiei.

Disseram-me para das putas me distanciar,

e eu das putas me distanciei.

Disseram-me para os pecadores segregar,

e eu os pecadores segreguei.

Disseram-me para dos infiéis me apartar,

e eu dos infiéis me apartei.

Disseram-me para outras religiões não freqüentar,

e eu outras religiões não freqüentei.

Disseram-me para celibatarizar,

e eu celibatarizei.

Disseram-me para eremitizar,

e eu eremitizei.

Disseram-me para no deserto ir morar,

e eu no deserto morei.

Disseram-me para uma montanha escalar,

e eu uma montanha escalei.

Disseram-me para em uma caverna me enfiar,

e eu em uma caverna me enfiei.

Disseram-me mil blablebliblobludades,

e eu necas de pitibiribas encontrei.

O tempo foi passando,

e, como sempre estive, fiquei.

A velhice foi chegando,

e eu me desesperei.

Um dia, já velho, em Silêncio,

finalmente, eu encontrei.

Então, pude Compreender,

e, aí, eu me Libertei.

Até quando, meu irmão,

você desfilará no bloco dos não-sei?

No Coração de todos nós há um Deus;

Ele é o nosso Verdadeiro Amigo-Rei!

 

 

 

Silêncio

No Coração de todos nós há um Deus!

 

 

 

Música de fundo:

The Sound of Silence
Composição: Paul Simon & Art Garfunkel
Interpretação: Gregorian

Fonte:

https://ilont.org/song/1991768/Gregorian_-_
The_Sound_of_Silence_Simon_Garfunkel_cover/

 

Páginas da Internet consultadas:

https://gifer.com/en/8vls

http://buddhavgorode.com/heart-practice/

https://www.123rf.com/

https://www.presentermedia.com/

https://krishnamurtibox.wordpress.com/downloads/livros/

http://diaconosonhador.blogspot.com/

 

Direitos autorais:

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