FILOSOFIA PORTUGUESA (I): CONSIDERAÇÕES SUCINTAS SOBRE A
FILOSOFIA PORTUGUESA
NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XIX*

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

Música de fundo: Nem às Paredes Confesso
Fonte: http://geocities.yahoo.com.br/alegrobr/m.htm

 


ASPECTOS GERAIS

        A Doutrina Pantiteísta (Pantiteísmo) de José Maria da Cunha Seixas (1836-1895) foi pensada, construída e nasceu, em Portugal, em um ambiente profundamente heterogêneo e saturado pelo Positivismo. Entretanto, se a Doutrina Comtiana, sob o controle de um dos seus mais ferrenhos defensores — Joaquim Teófilo Fernandes Braga (1843-1924) — impôs-se em Lisboa, principalmente no Curso Superior de Letras, já em Coimbra, com Vicente Ferrer Neto Paiva (1798-1886) e com Joaquim Maria Rodrigues de Brito (1822-1873), o Krausismo prevaleceu nomeadamente no âmbito da Filosofia do Direito. Estas duas correntes filosóficas são inteiramente antagônicas, quer nas próprias formulações, quer em suas aplicações. Pensa-se que o coerente e bem fundamentado magistério filosófico de Rodrigues de Brito, viria a impressionar de forma consistente, mas não definitiva, portanto, revisionisticamente em diversos aspectos, a trajetória especulativa do Ilustre Pensador Beirão, que se afirmou como escritor e livre-pensador a partir de 1864, ano do lançamento do livro Estréias, quando ainda era estudante do quinto ano jurídico, entretanto, já sócio e freqüentador do Instituto de Coimbra. Cunha Seixas — um dos maiores pensadores portugueses do século XIX — dedicou sua vida basicamente à Filosofia e, particularmente, em demonstrar e tentar provar que Deus está em tudo, mas é distinto.


Cunha Seixas

Cunha Seixas

        Mas, o Portugal dos oitocentos também sofreu outras importantes influências. O que se pretende, neste primeiro documento é, muito rápida e sucintamente, historiar o confronto das principais idéias filosóficas que se contendiavam nos primeiros cinqüenta anos do século XIX, incluindo, mais extensamente, uma reflexão histórica sobre a Doutrina Krausista e sobre o Sistema criado por Augusto Comte (1798-1857). A convicção espiritual, as divergências e a resposta metafísica de Cunha Seixas às diversas correntes filosóficas serão sinteticamente apresentadas no terceiro título desta série.

        Uma primeira observação sobre a atividade filosófica portuguesa daquele tempo era a pouca originalidade que encerrava, o que vale dizer que as idéias no campo da Filosofia eram, em grande medida, importadas. Compêndios propagavam reflexões originárias de pensadores estrangeiros, divergindo apenas na forma em como as doutrinas eram apresentadas. Ressalva-se, minimamente, a figura ímpar de Silvestre Pinheiro Ferreira (1769-1846), a quem será feita referência posteriormente. A afirmação é dura, reconhece-se, mas quem a produziu foi um Doutor em Filosofia e Letras pela Universidade de Lovaina e sócio da então Academia Real das Ciências de Lisboa. O homem foi Manuel António Ferreira-Deusdado (1858-1918).[1] Sustentou Deusdado que, com exceção da História da Filosofia em Portugal, da pena do jurista, professor universitário e historiador da filosofia portuguesa José Joaquim Lopes Praça (1844-1920), a bibliografia filosófica portuguesa estava ainda por ser feita. Cunha Seixas também, em diversas obras, reclamou da falta de cultura e do desinteresse dos portugueses pelo pensamento filosófico.

       No final do século XVIII, a Europa era palco, no campo da Filosofia, de intensa divergência de idéias, e Portugal não ficou alheio a esse movimento. A língua latina passou a ser substituída pela portuguesa, e o Tomismo, que ecoou alguns séculos em Portugal, começou a ser contestado, designadamente pela Congregação do Oratório e os cônegos regrantes, ordens religiosas adversárias dos jesuítas.[2] Os novos ventos que sopravam na terra lusa foram assim narrados por Ferreira-Deusdado:

A philosophia moderna entrou francamente em Portugal com o padre João Baptista, do 0ratório, o arcediago Luiz António Verney e o padre Theodoro de Almeida. O cartesianismo e o sensualismo abriram brecha, como pode ver-se da bibliographia do tempo.

O sistema de Descartes, como muito vasto, dera origem a quatro escolas: a sensualista, representada por Locke e continuada pelo Barão de Holbach e La Mettrie; a pantheista, representada por Spinoza; a racionalista adaptada por Regis e Arnauld; a espiritualista, representada por Bossuet e Leibnitz.[3] (sic).

       Mas, de todos os pensadores portugueses da primeira metade do século XIX, Cabral de Moncada e Ferreira-Deusdado, entre tantos pensadores luso-brasileiros, apontaram, como o mais ilustre, Silvestre Pinheiro Ferreira, que foi Ministro de D. João VI e deputado, tendo acabado por se tornar, no campo do direito internacional, um dos mais respeitados nomes do continente europeu.[4]

      Pinheiro Ferreira, no entendimento de Cabral de Moncada, foi um sensualista confesso e, nesse sentido, um adversário de toda a metafísica idealista e de todo o transcendentalismo especulativo de origem sobretudo alemã. Mas, se por um lado admitiu que todas as idéias do homem provêm das sensações, por outro, creu em um Deus criador, em um direito natural e em um direito da razão, ao qual denominou Direito Filosófico e Universal, o que, para Cabral de Moncada, posiciona-o, aliás, corretamente, como metafísico deísta e jusnaturalista.[5] Essa aparente contradição é explicada pelo pesquisador citado, que ensinou que Pinheiro Ferreira admitiu que nem o direito nem a moral são alcançados pela especulação metafísica, mas pelo caminho da experiência e da observação.

       Já o grande pensador brasileiro Antonio Paim (1927- ), após analisar a obra completa de Pinheiro Ferreira, inferiu que o Filósofo Português constituiu-se no reformador do Empirismo Mitigado e no grande teórico do Liberalismo Político.[6] O esforço de Pinheiro Ferreira, segundo Paim, teria consistido em:

   ... derivar todas as idéias das sensações. Para tanto, estas últimas são ordenadas em classes, que correspondem às qualidades presentes aos objetos. As classes, por sua vez, são divididas em ordens, de acordo com as sensações que entre elas se podem estabelecer. Também, de sua doutrina da 'substância' desaparece a conceituação tradicional de fundamento ou suporte subjacente a algo, que aparece. Enquanto a essência (tradução que dá à 'ousia' aristotélica) compreende o complexo de qualidades atuais e que se conclui serem essenciais, a substância abrange não só as qualidades essenciais como as acidentais, comuns aos estados presente e passado. Quanto à Natureza, abrange não apenas as notas presentes ao conceito de substância, mas as qualidades futuras ou possíveis. Assim, as idéias de essência, de substância e de Natureza passam a corresponder a formas peculiares de agrupamentos das qualidades que nos são dadas pela observação e pela experiência sensível.

   A Cosmologia, para Silvestre Pinheiro Ferreira, não corresponde à introdução normativa das ciências físicas e matemáticas, a exemplo da 'Física' de Verney. Compete-lhe apenas interpretar certas descobertas da ciência experimental em benefício de teses e de hipóteses filosóficas, que, do contrário, não se manteriam. Assim, nas 'Preleções', a ciência experimental é que justifica a interferência filosófica de que todas as partes do universo acham-se ligadas e são solidárias entre si.

   A vinculação do conhecimento à experimentação e à observação estende-se à ação moral, porquanto as idéias de virtude e de vício se identificam com as de gosto (agrado) e de dor. O 'bem' é definido como ‘aquela ação de que se costuma seguir uma maior soma de gostos que de dores’, enquanto a virtude é ‘a ação moral de que se costuma seguir uma maior sorna de gostos que de dores’ (Preleções § 297).[7]

 

       Na Ontologia § 70, sobre a liberdade, Pinheiro Ferreira registrou:


   Os espíritos que, na presença de muitos motivos, obram umas vezes por um, e outras vezes por outro desses motivos, chamam-se 'livres'; a faculdade de assim proceder chama-se 'liberdade'; e cada um desses atos chama-se 'escolha'. À faculdade de escolha também se dá o nome de opção.[8]

 

Silvestre Pinheiro Ferreira

Silvestre Pinheiro Ferreira
(Arquivo Histórico Militar)


       Paim concluiu, portanto, que Silvestre Pinheiro Ferreira, além de ter oferecido uma opção para a superação do Empirismo Mitigado, conduziu a jovem intelectualidade da época a meditar sobre o tema fundamental da liberdade. Por isso, preparou os espíritos para a aceitação das idéias de Maine de Biran (1766-1824) que se formularam na busca da coerência do Empirismo...[9]

         Reproduzirei abaixo um pequeno texto denominado O Esquecimento de Silvestre Pinheiro Ferreira, que foi colhido no site

http://www.iscsp.utl.pt
/~cepp/front800.php3

com o qual encerro esta revisitação sobre eete injustamente esquecido português:

   Diremos, contudo, que a recepção deste modelo organicista estrangeirado impediu que, entre nós, frutificasse a influência de um dos mais originais publicistas do século XIX, o portuguesíssimo Silvestre Pinheiro Ferreira (1769-1846), exilado em Paris de 1826 a 1842, autor do célebre Précis d'un Cours de Droit Public Interne et Externe, Paris, Imp. de Casimir, 1830, considerado como um dos primeiros corpos completos de direito público da Europa, abrangendo tanto o direito interno como o direito constitucional.

   Segue-se, do mesmo autor, o Projecto de Ordenações para o Reino de Portugal, Paris, 1831, em três tomos, no qual se propõe uma reforma das leis fundamentais portuguesas, pela edição de leis orgânicas para a respectiva execução.

   Outras obras de alta densidade política foi editando, nomeadamente Observações sobre a Constituição do Império do Brazil e sobre a Carta Constitucional do Reino de Portugal, Paris, 1831; Manual do Cidadão em um Governo Representativo, ou Princípios de Direito Constitucional, Administrativo e das Gentes, Paris, Rey et Gravier - J. P. Aillaud, 1834, em 3 volumes (Tomo I - Direito Constitucional; Tomo II - Direito Administrativo e das Gentes; Tomo III - Projecto de Código Geral de Leis Fundamentaes e Constitutivas duma Monarquia Representativa); Declaração dos Direitos e Deveres do Homem e do Cidadão, Paris, Rey et Gravier, 1836; Projecto de Código Político para a Nação Portuguesa, Paris, Rey et Gravier, 1838; Projecto de Associação para o Melhoramento da Sorte das Classes Industriosas, Paris, Rey et Gravier - J. P. Aillaud, 1840; Questões de Direito Público e Administrativo, Filosofia e Literatura [1844], Lisboa, Typ. Lusitana, 1844; Précis de Droit Politique, Lisboa, 1845.

   A profundidade e a originalidade de Pinheiro Ferreira revelam-se também em Noções Elementares de Philosophia Geral, e Applicada às Sciencias Moraes e Politicas. Ontologia, Psychologia, Ideologia, Paris, Imp. de Casimir, 1839, em que diz defender as ideias de Aristóteles, Bacon, Leibniz, Locke e Condillac contra o tenebroso barbarismo dos Heraclitos da Alemanha (Kant, Fichte, Schelling, Hegel) e a brilhante phantamasgoria dos ecléticos da França. Já antes editara umas Noções Elementares de Ontologia, Paris, 1836, em que defendia que as sciencias morais e políticas (...) constituem por si sós um corpo de sciencia.

   O mais notável dos publicistas da cultura portuguesa, se deixa marca indelével tanto no direito público francês (basta recordar a invenção estruturada da ideia de poder de sufrágio, mais tarde desenvolvida por Hauriou) como nas próprias concepções políticas (está demonstrada a influência do corporatismo de Ferreira em Proudhon e Blanc), não foi profeta na sua própria terra, onde preponderaram, primeiro, as vulgarizações simplificadoras do Krausismo, a partir de Ahrens, e, depois, os delírios ideologistas do Positivismo comteano.

       Não se pode, todavia, ao considerar, ainda que brevemente, o ensino da Filosofia na primeira metade do século XIX, deixar de observar, como acuradamente pensou Anna Maria Moog Rodrigues, que ele continuava a ser o estabelecido pela reforma pombalina. A Faculdade de Filosofia, como afirmou a pensadora supradita, era, na verdade, uma escola de ciências naturais dentro dos moldes prescritos por Luiz António Verney, em seu Verdadeiro Método de Estudar.[10]

       Só nos primeiros anos da década de cinqüenta é que o Espiritualismo Eclético começaria a se impor. Ferreira-Deusdado citou como exemplo O Curso Elementar de Filosofia, de A. Ribeiro da Costa e Almeida, professor do Liceu da Cidade do Porto, que publicou quatro edições da dita obra, na qual divulgou o seu sistema, que foi também fundamentado no já aludido Espiritualismo Eclético.

       Em Coimbra, Vicente Ferrer Neto Paiva ...que exerceu uma quase hegemonia intelectual na universidade... e a quem foi entregue a reformulação do ensino de Filosofia Jurídica do Curso de Direito, onde praticou o magistério, de 1834 a 1865, trouxe à luz o seu Curso de Direito Natural,[11] e, de sua cátedra, com a autoridade e o respeito que conquistara, divulgava uma síntese pessoal do pensamento de Krause.

       Já em Lisboa, Teófilo Braga, no último quartel do século, depois de confessar publicamente suas simpatias pelo sistema de Comte, fez publicar, em 1877, os seus Traços Gerais da Filosofia Positiva Comprovados pelas Descobertas Científicas Modernas. Sobre Teófilo Braga, Ferreira-Deusdado noticiou:

 

Teófilo Braga

Teófilo Braga - últimos tempos
Os Deputados Republicanos eleitos pelo
Círculo Occidental de Lisboa
Postal ilust., Archivo Republicano,
ca 1910 BN PI. 2662 P.


   Discípulo afervorado de Augusto Comte, abre uma referta em toda a linha, crendo que este systema philosóphico é o remédio salvador da consciência humana, tantos séculos illudida com as explicações tradicionaes, vergando sob a influência de falsas noções. O talento rutilo e a actividade incansável do dr. Theóphilo Braga tem se feito sentir, tendo como principal cyreneu o seu discípulo sr. Teixeira Bastos, que em muitos escriptos conscienciosamente tem affirmado o valor da sua esclarecida inteligência.

   Em 1878 appareceu o 'Positivismo', revista de Philosophia, dirigida por Theóphilo Braga e Júlio de Mattos. Viveu quatro anos. Era collaborada por Alexandre da Conceição, dr. Augusto Rocha, Consiglieri Pedroso, dr. Emygdio Garcia, Vasconcellos Abbreu, Gonçalves Vianna, etc.[12] (sic).

       Em suma, Ferreira-Deusdado observou que os sistemas que encontraram eco na vida filosófica portuguesa foram o Sensualismo, o Ecletismo, o Tomismo e o Positivismo.

       Cunha Seixas, nascido e educado em uma família católica, esmagado entre essas várias correntes de pensamento e sofridamente discordando de sua orientação religiosa original, só pôde encontrar um caminho: estabelecer um sistema próprio. Acabou por presentear o pensamento filosófico com o seu Pantiteísmo.

       Antes, porém, de se meditar sobre sua vasta obra, o que será feito no terceiro documento, abrir-se-ão dois itens para se estudar, no primeiro, rapidamente, alguns aspectos da Doutrina de Comte e, no segundo, para se elaborar uma sucinta recordação do Sistema Panenteísta, de Krause. Acredita-se justificada essa escolha, pois, se quanto ao Krausismo, Cunha Seixas, ainda que dissidente, lhe mostrou afeição e simpatia e dele sofreu reconhecida influência, no que tange ao Positivismo, foi seu mais cáustico e veemente crítico, tendo-o combatido até a morte.

 

POSITIVISMO


       O termo positivismo foi usado pela primeira vez por Claude Henri Saint-Simon (1760-1825), que hospedou as idéias materialistas vigentes na França setecentista, opondo-se ao Deísmo e ao Idealismo e defendendo o estudo da Natureza e o Determinismo. O Positivismo, segundo Marcuse, designa:

a) a validação do pensamento cognitivo pela experiência dos fatos; b) a orientação do pensamento cognitivo para as Ciências Físicas como um modelo de certeza e de exatidão; c) a crença de que o progresso do conhecimento depende dessa orientação.[13]

       Saint-Simon, ao assistir a dissolução da unidade sócio-espiritual moderna, unidade esta estabelecida pelo Cristianismo durante a Idade Média (exemplificada pela Revolução Francesa, pelo fim do feudalismo, pela reforma protestante, pelas lutas entre a Igreja e as monarquias vigentes etc.), propôs como solução para a crise o desenvolvimento industrial e a pesquisa científica. Na nova sociedade proposta por Saint-Simon ...a direção espiritual deve passar do clero para os cientistas, e o cuidado pelos interesses materiais deve passar da nobreza para a indústria e os bancos.[14] Na sociedade saint-simoniana, o papel preponderante e dominante estaria nas mãos dos representantes da ciência e da indústria. Nessa sociedade, entre outras características, como condição de desenvolvimento, seriam obrigatórias a eliminação dos ociosos e a supressão da propriedade privada. Marx (1818-1883), meio século depois, destacaria o pioneirismo de Saint-Simon bem como de Charles Fourier (1772-1837) e de Pierre Joseph Proudhon (1809-1865) como críticos da sociedade burguesa, mas reprovou o 'utopismo' das suas propostas de mudança social.

       Entretanto, historicamente, o fundador e pai do Positivismo foi Auguste Comte (1798-1856), que, entre 1818 e 1824, foi colaborador e secretário de Saint-Simon e de quem recebeu a idéia de que ... os fenômenos sociais, assim como os físicos, podem ser reduzidos a leis, e ainda que a ciência e toda a filosofia devem ter por alvo o melhoramento moral e político da espécie humana.[15] Todavia, Comte acabou por romper com Saint-Simon, não sem a ele se referir, deixando escrito para a posteridade que, durante a fase negativa que precedeu seu desenvolvimento sistemático, tinha se exposto... às seduções passageiras de um charlatão superficial e depravado.[16]

 

Saint-Simon
Auguste Comte
Saint-Simon
Auguste Comte



       Para o Filósofo de Montpellier, o homem tem sua origem na matéria, a mesma matéria que criou o Universo, tudo se passando sob o arrimo das leis da evolução. No estágio humano, a evolução propiciou o começo da história. Ao estudar o desenvolvimento total da inteligência humana, Comte creu ter descoberto uma grande lei fundamental, lei que pensou explicar as concepções principais e cada ramo do conhecimento, evoluindo e transitando por três estados históricos diferentes: estado teológico ou fictício, estado metafísico ou abstrato, estado científico ou positivo.[17] No primeiro estado, os fenômenos têm uma causa sobrenatural e são explicados teologicamente, sob a interveniência e a vontade de alguma divindade como quando os corpos celestes eram tidos como deuses; no segundo estado, as forças abstratas substituem o sobrenatural os corpos celestes, agora, movem-se em círculos, porque o círculo simboliza e representa a perfeição geométrica; no terceiro estado, o estado positivo, todos os fenômenos constatados são explicados cientificamente com base na observação, nas hipóteses e na experimentação. Procurando exemplificar e enfatizar suas convicções, Comte perguntou:

   Ora, cada um de nós, contemplando sua própria história, não se lembra de que foi sucessivamente, no que concerne às noções mais importantes, ‘teólogo’ em sua infância, ‘metafísico’ em sua juventude e ‘físico’em sua virilidade?[18]

       Contudo, admitiu ter dúvidas se um dia a Humanidade alcançaria integralmente o estado positivo; mas foi convicto de que o homem, para passar do degrau fictício para o degrau científico, necessita obrigatoriamente adotar uma filosofia transitória, que, para ele, constituía-se nos métodos e nas doutrinas de cunho abstrato.

       Jose Ferrater Mora ensina que o Sistema de Comte compreende basicamente três fatores, a saber:

 

... em primeiro lugar, uma filosofia da história que há de mostrar por que a filosofia positiva é a que deve imperar em um futuro próximo; em segundo lugar, uma fundamentação e uma classificação das ciências assentadas na filosofia positiva; por último, uma sociologia ou doutrina da sociedade que, ao determinar a estrutura essencial da mesma, permita passar à reforma prática e, finalmente, à reforma religiosa, a Religião da Humanidade.[19]

 

       A Filosofia Comtista não se resume tão-somente na mera organização das ciências. Estas foram classificadas de acordo com suas respectivas complexidades crescentes. Tal organização requer, fundamentalmente, uma ordem hierárquica para poder ser implementada. Partindo da Matemática e passando sucessivamente pela Astronomia, pela Física, pela Química e pela Biologia, o Fundador do Positivismo posicionou a Sociologia no ápice da pirâmide, por entender que os complexos fenômenos que regulam a vida social eram os mais recalcitrantes em se subordinar à disciplina e ao método científico.

 

SOCIOLOGIA
BIOLOGIA
QUÍMICA
FÍSICA
ASTRONOMIA
MATEMÁTICA

 

        Ao apresentar um estudo sistemático da Humanidade, Comte demonstrou um inequívoco dogmatismo intelectual, que, na opinião de Will Durant, talvez tenha sido oriundo do isolamento em que vivia e das desilusões do Filósofo.[20] Alguns princípios estabelecidos pelo Sistema Positivista são o de que a Humanidade é o Grande Ser, e o único meio de redimir o mundo seria pelo estabelecimento de uma nova religião que estimulasse o altruísmo da Natureza humana. A nova religião – a Religião da Humanidade – estabelece o sacerdócio, os sacramentos, as orações e a disciplina, e é para o Grande Ser – a Humanidade – que devem ser dirigidos os atos de adoração. Propôs, inclusive, um calendário positivista, no qual os nomes das deidades pagãs e dos santos católicos eram substituÍdos pelos maiores expoentes da ciência, da política, da filosofia, da religião e da arte. O rito era o mesmo, mas, dessacralizado, descristianizado.

        Junto com o Grande Ser, formando a trindade positivista, Comte propôs a terra e o espaço, o Grande Fetiche e o Grande Meio, respectivamente, como objetos de adoração. Para Comte, a Humanidade encontra-se em progresso contínuo, caminhando decisivamente para o estado positivo, tendendo, inclusive, para uma unidade política sob o governo dos filósofos positivistas, todos guiados pela máxima moral do Positivismo: Viver para outrem. A crítica ao Positivismo de Comte esteve, em Portugal, a cargo, principalmente, de José Maria da Cunha Seixas. Mas, não se poderia encerrar este sintético estudo, sem transcrever o que disse Álvaro Ribeiro no seu livro Os Positivistas, sobre a assimilação da Doutrina Positiva pelos pensadores portugueses:


   Todo o positivismo português devém no plano da superficialidade cultural, exer-cendo, é certo, os seus malefícios na zona própria dos medíocres que tudo aferem pela admiração do estrangeiro. Não chegou, porém, tal doutrina a ser absorvida, apropriada, assimilada pelos verdadeiros pensadores nacionalistas. A leitura dos textos, que é a prova real, constituirá, para muitos estudiosos, surpreendente fonte de desenganos.

   É indispensável, todavia, para chegar a tão certeira conclusão, partir da dúvida sobre o valor das citações de filósofos estrangeiros, incluídas nos textos das obras dos escritores nacionais. A citação é quase sempre motivada por pedantismo, moda ou ortodoxia, e degenera, muitas vezes, em ornato de estilo que não pertence àquela natural seqüência de frases em que o autor se dá ao tema, por assim dizer, de alma e coração. Não passam tais citações de adereços postiços – emprestada vestimenta de erudição que ilude o leitor ingênuo – mas não logram enganar o intérprete que no corpo do discurso analise os elementos lógicos do raciocínio argumentante e os tropos ágeis da imaginação persuasiva.[21]

 

KRAUSISMO

 

       Karl Christian Friedrich Krause 1781-1832), apesar de não ter sido a mais importante, foi, certamente, uma das mais singulares figuras do Idealismo Alemão. Nascido em Eisenberg (Saxônia-Altenburg), estudou na Universidade de Iena, e sua permanente dedicação à Filosofia acabou por recompensá-lo: discípulos fiéis difundiram suas idéias, e o Krausismo esparramou-se pela Holanda, Bélgica e Portugal, florescendo notadamente na Espanha com Julián Sanz del Río (El movimiento krausista conoce en España su auge entre los años que van de la revolución de 1854 a los albores de la Restauración (1875). Con él, la interferencia entre la religión y la ciencia empieza a resquebrajar la ignorancia y la intolerancia circundantes). Suas idéias, que aspiravam a continuar o pensamento de Kant, pretenderam atenuar os conceitos panteístas, estabelecendo o que denominou Panenteísmo (Panentheismus), ... doutrina que sustenta que tudo está em Deus, ou seja, em seu seio.[22]

 

Krause
Sanz del Río
Krause
Sanz del Río

 

  
 Alrededor del año 1840, un grupo de juristas españoles, entre los cuales se encuentra Julián Sanz del Río, buscan apasionadamente una doctrina política que propicie un proceso regenerador del país, dentro del pensamiento liberal, por supuesto, aunque éste aparece entonces bajo la forma del doctrinarismo y no satisfaga las aspiraciones del grupo.

    En 1833, un exiliado alemán, Heinrich Ahrens, ha dado en la Sorbona un Curso de Derecho Natural, o Filosofía del Derecho, que ha sido publicado en París en 1837. Ruperto Navarro Zamorano, miembro del grupo de amigos de Sanz del Río, lo traduce en 1841. El libro de Ahrens tiene una gran repercusión. En definitiva, la Filosofía del Derecho se presenta como una reacción frente al iusnaturalismo racionalista que, alzado como bandera por la burguesía revolucionaria en 1789, ha perdido su capacidad renovadora al llegar al poder y, una vez positivizado, queda reducido a la mera legalización del «status» que otorga el poder a esa burguesía. Este hecho, unido a la pérdida de la noción del Derecho como norma absoluta que propugna la escuela histórica de Savigny, produce un hueco valorativo que la nueva Filosofía del Derecho trata de llenar. Ahrens, discípulo de Krause, sin prescindir de la positivación y relativización de la Ciencia del Derecho, propone guiar ésta hacia un ideal dado por una profunda base moral, previa al desarrollo de la Ciencia del Derecho propiamente dicha, y capaz de conducirla por nuevos caminos. Krause -nos dice- fue quien primero expuso el carácter del Derecho que consiste en la condicionalidad: definir el principio del Derecho como el conjunto de las condiciones exteriores de que depende el destino racional del hombre y la humanidad. Y Giner, años más tarde, añade: Nadie se ha adelantado, no ya a indicar, sino a desenvolver sistemáticamente este principio del Derecho como un orden universal de piedad, abnegación y altruismo, tanto como Krause.

    Este trasfondo moral hace posible el fortalecimiento de asociaciones nacidas por la necesidad de cumplir los fines de la Humanidad; a cada finalidad: religiosa, científica, artística, industrial, moral y jurídica, corresponde una asociación, quedando al Estado un reducido papel en su propia órbita política, sin entrometerse en el desenvolvimiento de las demás. Aunque, eso sí, reservándose un papel mínimo de vigilancia para evitar que las demás asociaciones se interfieran entre sí y obstaculicen el desarrollo de la finalidad para la que fueron creadas.

    Este programa resulta atractivo para los gobernantes liberales, que con diez años en el poder, constatan día a día la ineficacia de los decretos-leyes en una sociedad estructurada de manera tradicional, sin cauces de comunicación entre las diferentes clases sociales y sin una idea clara de comunidad social.

Fonte: http://www.almendron.com


       Explicando o Panenteísmo, Krause ensinou:

...nada é Deus, excepto Deus, mas os seres são essencialmente distinctos de Deus, que não consiste em cousa alguma finita e abraça todo o finito em si. Não dizemos à maneira dos eleatas, que o uno e o todo são identicos, porque a idea de totalidade importa ordinariamente a idea de uma multiplicidade de factos e de uma certa união, entre eles, enquanto que Deus é a unidade pura e simples da essencia: mas, como tudo o que é finito é contido na unidade divina, dizemos que o uno é também tudo em si e por si. A sciencia do ser é, pois, o ‘panentheísmo’.[23] (sic).

       No Krausismo não é excluída a possibilidade de um Deus pessoal, ainda que separado do mundo. Em Deus é realizada a unidade dos opostos manifestados no mundo, sendo Deus, concomitantemente, indiferença e origem de toda a oposição. Nesse sentido, no Panenteísmo de Krause, o pensar procede de duas maneiras: primeira, analítica ou subjetiva; segunda, sintética ou objetiva. O ponto de partida analítico-subjetivo consiste em examinar o primeiro elo na cadeia de verdades - o eu primário ou o proto-eu — que, para Krause, é uma unidade constituída de corpo e de intelecto e se admite a si mesmo como finito por duas razões: a) pela existência de outros eus que o limitam; b) porque todas as suas funções corporais se lhe revelam como limitadas. O corpo e o intelecto são, portanto, essências finitas que, respectivamente, integram a Natureza e o espírito. Natureza e espírito continuam sendo essências finitas e postulam uma essência superior, infinita, fonte de todo o real. Essa essência é um puro Wesen, um Ser Essencial, Infinito, que abarca elementos contrários e diversos, e pode ser traduzida por Ser Absoluto ou Deus.[24]

       O pensar objetivo ou sintético da metafísica krausista percorre o mesmo caminho que a via analítica ou subjetiva, porém em sentido inverso. Na via analítica, de forma indutiva, a investigação percorre do eu primário, através da dualidade corpo-intelecto, até Deus. Na via sintética, a pesquisa inicia no Ser Absoluto e de forma dedutiva, desce através da dualidade Natureza-espírito, até o proto-eu. A base fundamental do Sistema de Krause é:

O mundo é e existe por Deus e em Deus, não separado de Deus e a seu lado, mas n'Ele e sob sua dependência, como a parte está no todo, o efeito na causa, a criatura sob o Criador.[26]

       O sistema pensado por Friedrich Krause, denominado por seus discípulos de Filosofia Novíssima, professou a existência de um estreito liame entre Deus e o mundo e vice-versa. Não admitia, porém, a absorção de um termo em outro. Por isso, o Filósofo de Eisenberg rechaçou o vocábulo Panteísmo para sua doutrina, tendo, inclusive, rompido com seu mestre Friedrich Wilhelm Joseph Schelling (1775-1854) por ser este panteísta. Schelling postulara que a Natureza e o espírito têm seu último fundamento no Absoluto incondicionado, idêntico e único, constituindo-se em completa indiferença entre ambos. Em última instância, o filósofo de Leonberg acreditou que sujeito e objeto, espírito e Natureza encontram sua identidade no Absoluto e, em Sua Presença, não apresentam outra oposição, qual seja, apenas, a de participarem de modo distinto do próprio Absoluto.

       Nesse sentido, o vocábulo Panenteísmo ao invés de identificar mundo e Deus, afirma a realidade existente como Mundo-em-Deus. Em suma, a doutrina do Panenteísmo ou do Tudo-em-Deus aspirou a superar as limitações das doutrinas da transcendência e da imanência e, ao pretender determinar o nexo entre Deus e o mundo, apontou em Deus duas formas de causalidade: Deus-princípio, causalidade eterna, que reconhece a imanência do mundo em Deus; e Deus-causa, causalidade temporal, que admite a transcendência de Deus, livre e Supremo Arquiteto do Universo.[27]


A FILOSOFIA DA HISTÓRIA SEGUNDO KRAUSE

     A essência da Filosofia Krausista da história inicia de uma simples unidade, passa por uma fase intermediária de diferenciação e desemboca em uma unidade superior pela harmonização dos contrários. Este movimento dialético corresponde a três idades: infância, juventude e maturidade, ou, em outros termos, indiferenciação, oposição e harmonia.[28]

       Sobre essa lei geral, transcreve-se a seguir a explicação de López Morillas:


Esta é ... uma lei geral que vigora inexoravelmente em todo o tempo e lugar. Da unidade de Deus, ... que transcende todas as essências finitas e todas as oposições possíveis, se desce ao longo de uma contraposição, até a unidade finita que é o homem. A volta gradual deste à unidade com Deus, aspiração suprema do indivíduo humano, é propriamente o conteúdo da história. A adequada interpretação deste retorno exige que o filósofo-historiador delimite, por cima da confusão dos fatos históricos, os três estados em que se reparte o processo de reintegração do homem com seu Criador.[29]


       Nesses três estados, o homem forja uma noção particular de Deus, do mundo, de si mesmo e de seus congêneres.

       São características do estado de indiferenciação ou infantil: o homem é um ser rudimentar e sua vida transcorre em uma inconsciência placentária. Sua noção de Deus é simples e imediata. Sua mentalidade embrionária o incapacita para a particularização. Vive uma existência pura e inocente que épocas posteriores poetizaram como o paraíso terrenal.[30]

       São características do estado de oposição ou juvenil: lentamente o homem se dá conta das coisas que o cercam e se sente atraído por e para elas. Compassadamente, afasta-se daquela unidade fundamental e passa a se preocupar com as experiências sensíveis que tem no mundo. Depois de haver perdido Deus, busca-O novamente, agora nos fetiches, no culto às forças naturais, dos heróis, dos homens-deuses etc. As faculdades morais apenas começam a despontar.[31]

        São características do estado de harmonia ou madureza: o homem, neste estado, descobre, primariamente, a unidade da própria consciência. Vive, agora, na esfera do entendimento. Há uma atividade interior criativa, uma dignidade e uma integridade pessoais que o conduzem a uma nova avaliação de si mesmo. Refletindo sobre sua própria unidade no meio da multiplicidade e dos seus iguais, começa a observar e a sentir a presença de uma consciência superior, única e infinita no tempo e no espaço, que liga e sustenta todos os seres finitos. Nesse estado, segundo Krause, o homem descobre e alcança a unidade de e com Deus.[32]

       Segundo o Krausismo, e conforme se antecipou mais acima, haverá uma época — época que já começou — em que os homens viverão estreitamente ligados pelo amor, reconhecendo em Deus a causa primeira e final da vida. Sobre esse estado, o formulador do Panenteísmo assim vaticinou:


   O homem e toda Humanidade serão elevados em Deus, viverão mais fiéis a seu destino eterno, mais harmônicos com a vida do mundo em esferas superiores, tanto na Natureza como no espírito. Todos os homens se conhecerão e se amarão como uma família de filhos de Deus e destinados a reunir-se na plenitude da vida divina, e nesta última esperança refarão outra vez sua história como uma construção nova.[33]


       Acrescenta-se, derradeiramente, que as meditações do Filósofo Alemão se estenderam, conforme adverte Mora, aos domínios da Ética e da Filosofia do Direito.


   Recusando decididamente a teoria absolutista do Estado, tal como é sustentada pelo hegelianismo, Krause acentua a importância das associações denominadas de finalidade-universal, como a família ou a nação, frente às associações limitadas, como a Igreja e o Estado. Estas últimas realizam, em verdade, a moral e o direito, porém não constituem mais do que seu instrumento; o verdadeiro fundamento do moralismo encontra-se nas primeiras e por isso o ideal da Humanidade não é o domínio de um Estado sobre os restantes, mas a federação das associações universais sem sacrifício de sua peculiaridade. Deste modo se chega, por uma série de gradações no processo federativo, a uma federação mundial,[34] ao ideal que proporcione a cada um de seus membros a participação na razão suprema e no Bem.[35]


       Segundo Cabral de Moncada, o pensamento de Krause atuou em Portugal da seguinte forma:


1) Foi o Krausismo que, em Portugal, contribuiu para dar maior dignidade doutrinal e maior consistência teórica e filosófica a muitos dos princípios que o Liberalismo tinha de comum com ele, reforçando, por assim dizer, a raiz jusnaturalista e metafísica da idéia da personalidade na base do direito e da moral. 2) Foi também o Krausismo que, pela primeira vez, veio espalhar no ambiente espiritual português do século XIX um conjunto de motivos doutrinários e de princípios que, conquanto não tivessem atuado desde logo sobre as realidades imediatas da vida social, ficaram todavia constituindo, dentro da Universidade, uma atmosfera ou clima especial em suspensão, onde foram, posteriormente, alimentar-se todos esforços e tendências para uma correção do Liberalismo Político Português até o fim do século XIX.[36]

       Portanto, em síntese, o influxo do ideário krausista, em Portugal, fez-se sentir, principalmente, no âmbito da Filosofia do Direito, nomeadamente com Vicente Ferrer. Deve-se, entretanto, referir que suas idéias foram contrapostas por vários discípulos seus, como o próprio Cunha Seixas e Joaquim Maria Rodrigues de Brito, este último tendo substituído o mestre coimbrão na regência da cadeira de Filosofia do Direito entre 1858 e 1861, e, depois, em 1866, sucedendo-o definitivamente, pois o titular se aposentara.[37]

       Informa-se, por último, que, substantivamente, Cunha Seixas bebeu o pensamento de Krause de forma indireta, ou seja, nas obras de Heinrich Ahrens (1808-1874) e de Guillaume Tiberghien (1819-1901).[38]


DADOS SOBRE O AUTOR


Mestre em Educação, UFRJ, 1980. Doutor em Filosofia, UGF, 1988. Professor Adjunto IV (aposentado) do CEFET-RJ. Consultor em Administração Escolar. Presidente do Comitê Editorial da Revista Tecnologia & Cultura do CEFET-RJ. Professor de Metodologia da Ciência e da Pesquisa Científica e Coordenador Acadêmico do Instituto de Desenvolvimento Humano - IDHGE.


NOTAS


* Este trabalho-pensamento, com diversos acréscimos e algumas modificações, constituiu o terceiro capítulo de minha tese de doutorado – A Doutrina Pantiteísta de José Maria da Cunha Seixas.

1. Cs. Esboço Histórico da Philosophia em Portugal no Século XIX, In: Princípios Geraes de Philosphia, por José Maria da CUNHA SEIXAS, p. V. No artigo: A Reação Espiritualista em Portugal: Krausismo e Ecletismo, In: Ciências Humanas (17), p. 32, António BRAZ TEIXEIRA escreveu: Após a morte de Silvestre Pinheiro Ferreira, em 1846, a especulação livre e responsável conhece um longo eclipse durante uma década e meia em que, à parte o exemplo isolado de Vicente Ferrer Neto Paiva, na Faculdade de Direito de Coimbra, praticamente manifestação alguma se registra no pensamento português.

2. Op. cit., p. VII.

3. Ibid.

4. Cs. Esboço Histórico..., p. IX e CABRAL DE MONCADA, Silvestre Pinheiro Ferreira, In: Silvestre Pinheiro Ferreira (1769 -1846): Bibliografia e Estudos Críticos, p. 28.

5. Op. cit., pp. 28 e 29.

6. In: Silvestre Pinheiro Ferreira (1769 -1846):..., p. 54.

7. Op. cit., pp. 57 e 58.

8. Apud Antônio PAIM, op. cit., p. 58.

9. Op. cit., p. 59.

10. Cs. Antero de Quental: Símbolo da Cultura Portuguesa, p. 28.

11. Manuel António FERREIRA-DEUSDADO, op. cit., p. XVI. António BRAZ TEIXEIRA, op. cit., p. 34, informa: Se, no que respeita ao conceito de razão, aos limites do conhecimento e à idéia de Deus e suas relações com o mundo, o pensamento de Ferrer, no seu exigente racionalismo de sinal iluminista, no seu idealismo gnosiológico e no seu Teísmo cristão se distingue com nitidez do intuicionismo racional de Krause, da sua crença na coincidência entre as categorias lógicas e ontológicas e da sua metafísica panenteísta, já quanto à concepção orgânica, hierárquica e teleológica do Universo e à doutrina antropológica vem coincidir em muito com as teses do especulativo alemão, decerto por se tratar de domínios em que este se encontra mais próximo da linha escolástico-leibniziana-wolfiana que orientou o primitivo magistério do nosso jurista-filosófico e à qual sempre continuará ligado.

12. Op. cit., p. XXI.

13. Herbert MARCUSE, Ideologia da Sociedade Industrial, p.165.

14. Batista MONDIN, Curso de Filosofia, v. 3, p. 112. Uma síntese do pensamento de Saint-Simon encontra-se em Oeuvres Choisies de C.-H. de Saint-Simon Précédées d'un Essai sur sa Doctrine.

15. Will DURANT, História da Filosofia, Vida e Idéias dos Grandes Filósofos, pp. 341 e 342.

16. Augusto COMTE, Catecismo Pozitivista, ou Sumaria Expozição da Religião da Humanidade, p. 23.

17. Id. Curso de Filosofia Positiva, p. 10.

18. Op. cit., p. 11.

19. Jose Ferrater MORA, Diccionário de Filosofia, p. 315.

20. Op. cit., p. 342. Acredita-se que tais desilusões, pinçadas em sua biografia, podem ser procedentes de alguns fatos mercantes em sua vida, como a perda da fé no Catolicismo quando jovem, a decepção com Saint-Simon, a infelicidade no casamento, que o submergiu em uma profunda depressão mental, levando-o a tentar o suicídio no Sena, o falecimento precoce de Clotilde de Vaux, que com sua mãe Rozalia e sua filha adotiva Sofia constituíam-se nos seus três anjos inspiradores, a impossibilidade de obter uma nomeação oficial para ensinar Matemática na Escola Politécnica de Paris e, por último, o fato de ter de viver os últimos trinta e quatro anos sob a proteção pecuniária de seus discípulos e seguidores.

21. pp. 8 e 9.

22. Luis Washington VITA, Pequena História de Filosofia, p. 115.

23. Apud José Maria da CUNHA SEIXAS, Ensaios de Crítica Philosophica..., p . 168.

24. Cs. o meu trabalho Introdução ao Rracionalismo Harmônico de Krause. In: Presença Filosófica, Rio de janeiro, 13 (1 a 4): 87-98, jan./dez. 1988, p. 7.

25. Op. cit., pp. 8 e 9.

26. Apud Luis Washington VITA, op. cit., p. 115.

27. Juán LÓPEZ MORILLAS, El Krausismo Español, pp. 17 e 18.

28. Op. cit., p. 40.

29. Op. cit., p. 41.

30. Op. cit., p. 42.

31. Op. cit., pp. 42 e 43.

32. Op. cit., pp. 43 e 44.

33. Apud Juán LÓPEZ MORILLAS, op. cit., p. 47.

34. Encontra-se essa idéia em Kant onde o direito das gentes deveria fundar-se numa Federação de Estados livres (Fædur Pacificum)

35. Jose FERRATER MORA, op. cit., p. 1066.

36. Apud Luis Washington VITA, op. cit., p. 119.

37. Uma síntese do pensamento de Joaquim Maria Rodrigues de Brito encontra-se na obra O Pensamento Filosófo-Jurídico Português, de António BRAZ TEIXEIRA, pp. 85 a 90. Cs. também a obra de RODRIGUES DE BRITO publicada sob o título: Resposta às Breves Reflexões de Excellentíssimo Senhor Dr. Vicente Ferrer Sobre a Philosophia do Direito, Coimbra: Imprensa da Universidade, 1869, 70 p.

38. Sugere-se, para melhores esclarecimentos, a consulta  ao trabalho: A CONSAGRAÇÃO DO KRAUSISMO. Autor:José Adelino Maltez. Fonte: http://www.iscsp.utl.pt/~cepp/procura_da_
ciencia_politica/35_a_consagracao_do_krausismo.htm



SITES CONSULTADOS


http://www.sgmf.pt
/Cultures/pt/SGMF/Internet/Historia/Cronologia/

http://www.instituto-camoes.pt
/cvc/filosofia/rep1.html

http://bnd.bn.pt/ed/eca_queiros/iconografia
/imagens/pi2662p/pi2662p_teofilo_braga.html

http://www.marxists.org/reference
/subject/philosophy/works/fr/st-simon.htm

http://passavarahp.vila.bol.com.br
/trabalhos/FundadoresePioneiros.doc

http://www.marxists.org/reference
/subject/philosophy/works/fr/comte.htm

http://www.portalmundos.com
/mundofilosofia/espanola/krausismo.htm

http://www.filosofiayderecho.com
/biblioteca-e/krause.htm

 

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