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Notas:
1. Filosofema
= na lógica aristotélica, o filosofema é uma forma
silogística apodíctica (que se mostra convincente em função
das evidências), ao contrário de outras modalidades como o
epiquerema e o aporema, sendo, em termos, considerada apropriada para a
demonstração de verdades filosóficas. No começo
do soneto está afirmado: Pouquíssimo servem os filosofemas
para demonstrar Leis Iniciáticas ou FiloShÓPhIcas.
A razão é simples. Enquanto :um
filosofema pode ser válido em determinado momento da história
podendo não ser válido em outro, as Leis Universais são
irredutíveis e não podem ser efetiva e integralmente destrinçadas
pela razão (científica ou filosófica). Por isso eu
corrigi a definição de filosofema, e disse que,
em termos, ele pode ser considerado apropriado para a demonstração
de uma verdade filosófica. Em termos, repito.
De qualquer forma, querendo os filósofos ou não, filosofia
é uma coisa; FiloShOPhIa é
outra bem diferente. ShOPhIa = 300 + 6 + 80 +
10 = 396. Estava certo São Bernardo quando afirmou: Multi multa
sapiunt, et seipsos nesciunt. (Muitos homens sabem muita coisa, mas
desconhecem a si mesmos.). Epílogo: conhecer a solução
para um problema é ótimo; melhor é evitar o problema.
Exemplos de cinco filosofemas:
1º
- O ser, que interessa à filosofia da literatura, é o
tempo subjacente – e que por isso pode oferecer certa unidade –
à ficção e à realidade.
2º
- O gradeamento das praças, dos jardins e das residências denota
(um temporário) fracasso da sociedade.
3º
- No tempo que não é tempo, quando o tempo que não
é tempo se fizer tempo que é e não é tempo,
não fazer a guerra conduzirá à Paz Profunda.
4º
- A sobrevalia mede a exploração do povo trabalhador pelos
Capital e é a fonte do lucro dos capitalistas. Na teoria marxista,
a sobrevalia ou mais-valia é lucro retido pelo capitalista, resultante
da diferença entre o que ele paga pela mão-de-obra e o valor
que ele cobra pela mercadoria produzida por essa força de trabalho.
5º
- Mortuus est qui Deo non vivit. Morto está quem não
vive para Deus. (Morto está quem não vive para o Deus do seu
Coração).
2. Epiquerema
= raciocínio silogístico que, embora coerente em seu encadeamento
interno, está fundado em premissas apenas prováveis, pois
são originadas em opiniões do senso comum (no aristotelismo,
na escolástica e no cartesianismo, o senso comum é uma faculdade
cognitiva cuja função é reunir as múltiplas
impressões dos nossos sentidos, com o objetivo de unificar a imagem
de um objeto percebido). O epiquerema é um argumento onde uma ou
ambas as premissas apresentam a prova ou razão de ser do sujeito.
No epiquerema sempre existe, pelo menos, uma proposição composta,
sendo que uma das proposições simples é razão
ou explicação da outra. Geralmente é acompanhada do
termo porque ou algum equivalente. Exemplo:
a) Quem
apresenta dissociação da ação e do pensamento
sofre de esquizofrenia.
b)
Fulano-dos-anzóis-carapuça apresenta dissociação
da ação e do pensamento porque o exame médico revelou
que ele apresenta uma sintomatologia variada, que inclui delírios
persecutórios, alucinações auditivas e labilidade afetiva.
c)
Logo, Fulano-dos-anzóis-carapuça é
esquizofrênco.
3. Aporema
= espécie de silogismo cuja característica principal é
demonstrar a equivalência entre dois raciocínios contraditórios.
No aporema, na defesa de uma tese, nem o defendente pode resolver a objeção
nem o argüente sabe continuar. Em Aristóteles, o aporema é
definido como um raciocínio dialético que conclui com uma
contradição, não permitindo escolher qualquer um dos
dois ramos da própria contradição. Exemplo bolado por
mim:
Todos
os homens são racionais.
Seres
racionais não matam.
Os homens
não matam.
Também
é interessante a reflexão de Epicuro (341-270 a. C.):
Deus
ou quer impedir os males e não pode, ou pode e não quer, ou
não quer nem pode, ou quer e pode.
Se quer e não pode, é impotente; o que é impossível
em Deus.
Se pode e não quer, é invejoso; o que, do mesmo modo, é
contrário a Deus.
Se não quer e nem pode, é invejoso e impotente; portanto nem
sequer é Deus.
Se quer e pode – o que é a única coisa compatível
com Deus – qual é a origem de todos os males? E por que razão
Deus não os impede?
4. O
dilema é um conjunto de proposições onde, a primeira,
é uma disjunção tal que, afirmando qualquer uma das
proposições simples na premissa menor, resulta sempre a mesma
conclusão. Por exemplo:
a)
Se dizes o que é justo, os homens te odiarão.
b)
Se dizes o que é injusto, os deuses te odiarão.
c)
Portanto, de qualquer modo, serás odiado.
5. Um
silogismo é um termo filosófico com o qual Aristóteles
(384 a. C. – 322 a. C.) designou a argumentação lógica
perfeita, constituída de três proposições declarativas
que se conectam, de tal modo que a partir das duas primeiras, chamadas premissas,
é possível deduzir uma conclusão. A teoria do silogismo
foi exposta por Aristóteles em Analíticos Anteriores
e não existem dúvidas acerca da autenticidade da obra. Resumo:
Se A é B e se C é A, então C é B.
6. Exemplo
famoso de silogismo aristotélico no qual Todo
homem é mortal e
Sócrates é homem são premissas, e Sócrates
é mortal é a conclusão.