A FILOSOFIA DA LIBERDADE

 

 

 

Rudolf Steiner

Rudolf Steiner

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

Liberdade que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.

Miguel Torga

 

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo tem por objetivo apresentar para reflexão alguns excertos da obra A Filosofia da Liberdade (Fundamentos para uma Filosofia Moderna), de autoria do filósofo, educador, artista, esoterista e fundador da Antroposofia, da Pedagogia Waldorf, da Agricultura Biodinâmica, da Medicina Antroposófica e da Euritimia Rudolf Steiner (Kraljevec, fronteira austro-húngara, 27 de fevereiro de 1861 – Dornach, Suíça, 30 de março de 1925).

 

 

 

Excertos da Obra

 

 

 

Haverá no homem a possibilidade de encontrar um firme ponto de apoio para tudo o que chega ao seu conhecimento através das vivências cotidianas e da ciência? Isto poderá ser abalado por dúvidas e juízos críticos, levando-o, assim, à incerteza e à falta de segurança?

 

O homem, como ser dotado de vontade, poderá se atribuir a liberdade ou será que esta é apenas uma ilusão que nele surge, porque ele não considera os condicionamentos e os mecanismos dos quais dependem a sua vontade como um acontecimento natural qualquer?

 

 

 

 

O homem deixaria de ser o que poderá ser, caso nunca se defrontasse, com a maior serenidade, com estas duas possibilidades: liberdade e determinação da vontade.

 

Insistimos em nos atribuir a liberdade apenas pelo fato de querermos algumas coisas menos do que outras, e por alguns apetites poderem ser facilmente reprimidos pela lembrança de outros.

 

A criança não é livre quando exige o leite, e tampouco o bêbado ao pronunciar coisas das quais mais tarde se arrepende. Ambos não sabem nada das causas que atuam nas profundezas de seus organismos e da coerção irresistível que elas exercem sobre eles.

 

A falta de discernimento-já costuma produzir confusões sem-fim.

 

'O querer humano depende de dois fatores principais: das causas motoras e do caráter.' (Karl Robert Eduard von Hartmann, apud Rudolf Steiner).

 

Se, em virtude de meu caráter e das circunstâncias do meu ambiente, é-me imposto um motivo que se revela como insensato diante da minha reflexão, então, eu deveria até ficar feliz em não dever fazer o que gostaria de fazer.

 

Uma ação não pode ser livre, se o agente não sabe o porquê de a executar.

 

Sem chegarmos à compreensão da atividade pensante, não será possível conhecer qualquer outra coisa, e, portanto, tampouco o agir humano. Se compreendermos o significado do pensar em geral, ser-nos-á fácil esclarecer também o seu papel no agir humano. 'O pensar transforma a alma, da qual também é dotado o animal, em espírito', diz Hegel com propriedade, e, assim sendo, será também o pensar que proporcionará ao agir humano o seu cunho peculiar.

 

Quanto mais idealistas e profundas forem as imagens que formamos do ente amado, tanto mais substancial e profundo será o amor. O pensamento é o pai do sentimento.

 

Centenas de pessoas não sentem amor porque lhes falta a representação mental adequada.

 

O ser humano parece ter nascido para o seu próprio descontentamento. A sua constante busca pelo conhecimento pode ser vista apenas como um caso particular desse seu descontentamento geral.

 

O excedente que procuramos nas coisas, em virtude de nosso descontentamento com o que é oferecido imediatamente aos sentidos, divide o nosso ser em duas partes. E assim, nos tornamos conscientes da diferença entre nós e o mundo, posicionando-nos como um ente distinto diante do mundo.

 

Consciência desperta —› Faz surgir um muro divisório entre o Eu e o mundo. Mas, sempre permanece o sentimento de que o homem pertence ao mundo, de que existe um nexo que une o eu e o mundo e de que não somos um ente fora, mas, sim, integrados ao Universo.

 

A História e a aspiração cultural da Humanidade é o resultado da incessante busca pela unidade entre o Eu e o mundo.

 

 

 

 

Somente quando conseguimos fazer do conteúdo do mundo o conteúdo do nosso próprio pensar reencontramos a unidade da qual nós mesmos nos desligamos.

 

O dualista se fixa na divisão entre o Eu e o mundo, cuja causa se encontra na consciência do homem. Todo o seu empenho é uma luta constante, mas, impotente, para conciliar os opostos, ora denominados de espírito e matéria, ora de sujeito e objeto, ora de pensamento e fenômeno.

 

O dualista considera o espírito (Eu) e a matéria (mundo) como entidades fundamentalmente diferentes, e não consegue, por conseguinte, entender como ambas estão interligadas. Como o espírito poderia saber o que acontece na matéria, se a natureza peculiar desta lhe é totalmente estranha? E como poderia ele, nestas circunstâncias, atuar sobre ela, de sorte que suas intenções se convertessem em ações?

 

O materialista jamais poderá oferecer uma explicação satisfatória do mundo, pois, qualquer tentativa de explicação tem que começar com a formação de pensamentos sobre os fenômenos. O materialista começa, portanto, com o pensamento acerca da matéria ou dos processos materiais. Assim, já de início, tem dois diferentes fatos diante de si: o mundo material e os pensamentos sobre ele. Procura compreender os últimos, concebendo-os como processos puramente materiais. Acredita que o pensar surge no cérebro, bem como o metabolismo nos órgãos vitais. Assim como atribui à matéria efeitos mecânicos e orgânicos, confere-lhe também a capacidade de pensar sob certas condições. Ele esquece, porém, que assim apenas deslocou o problema. Ao invés de atribuir a si próprio a capacidade de pensar, ele a atribui à matéria. Destarte, voltou de novo ao seu ponto de partida. Como a matéria consegue pensar sobre a sua própria essência? Por que esta não está contente consigo mesma e aceita a sua existência tal qual é? O materialista desviou o olhar do sujeito nítido, do nosso próprio Eu, para admitir uma instância indeterminada e nebulosa. E aqui se defronta de novo com o mesmo enigma. A concepção materialista do mundo não consegue solucionar o problema, visto que apenas o transfere.

 

O espiritualista1 puro nega a matéria em sua existência autônoma, e a concebe como produto do espírito. Quando se utiliza desta concepção para solucionar o enigma da própria entidade humana, incorre em um dilema. O Eu, que pertence ao âmbito do espírito, se defronta, subitamente, com o mundo dos sentidos. Para este não existe aparentemente um acesso espiritual direto, pois, deve ser percebido pelo Eu através de processos materiais. Tais processos materiais, contudo, o Eu não encontra em si, ao se contemplar apenas como entidade espiritual. Não se encontra o conteúdo do mundo dos sentidos naquilo que o Eu elabora para si de forma espiritual. O Eu é, pois, obrigado a admitir que o mundo lhe seria inacessível, se não se relacionasse com ele de uma maneira não-espiritual. Ademais, precisamos, quando agimos, recorrer às forças materiais para converter nossas intenções em realidade. Dependemos, portanto, do mundo externo. O espiritualista mais extremado, ou, para quem preferir, o pensador que através do idealismo absoluto se articulou como espiritualista extremado foi o filósofo alemão Johann Gottlieb Fichte (Rammenau, Saxônia, 19 de maio de 1762 – Berlim, 27 de janeiro de 1814). Ele tentou deduzir o mundo como um todo do Eu. O que, no entanto, ele realmente conseguiu fazer, foi construir uma imagem conceitual do mundo sem qualquer conteúdo de experiência. Assim como o materialista não consegue anular o espírito, tampouco o espiritualista consegue aniquilar o mundo externo da matéria.

 

Espiritualismo identificado com o Mundo das Idéias e exclusivamente empenhado no desdobramento do Mundo das Idéias Idealismo extremado.

 

'Os homens estão todos em a Natureza, e ela em todos. Vivemos dentro Dela, mas, lhe somos estranhos. Ela fala constantemente conosco sem nos revelar o seu segredo.' (Johann Wolfgang von Göethe, apud Rudolf Steiner).

 

Nexo entre o Eu e o mundo Vestígio da Natureza em nós. Somente poderemos achar a Natureza externa conhecendo-a em nós. O que é igual a ela em nosso interior nos guiará. Neste ponto, não seremos mais apenas Eu, pois, aqui, existe algo que transcende o Eu.

 

Há uma diferença fundamental entre a maneira como as partes de um processo se relacionam entre si antes e após encontrarmos os conceitos correspondentes. A mera observação pode acompanhar a sucessão das fases de um processo; a relação entre elas, no entanto, permanecerá oculta, enquanto não recorrermos ao auxílio dos conceitos. Vejo a primeira bola de bilhar se mover em determinado rumo e com determinada velocidade em direção à segunda; o que acontecerá após o impacto terei de aguardar, e, então, poderei acompanhar somente com os olhos. Suponhamos que no momento do impacto alguém me encubra o campo de visão no qual o processo se desenrola; então, ficarei – como mero observador – sem conhecimento do que ocorrerá depois. Diferente seria a situação, se eu tivesse formado, antes de encobrirem minha visão, os conceitos correspondentes das circunstâncias. Neste caso, poderia dizer o que aconteceria mesmo não tendo a oportunidade da observação. Um processo apenas observado, portanto, nada nos revela per se sobre sua conexão com outros processos e objetos. Essa conexão só se mostra quando o pensar se junta à observação.

 

 

 

Observação e pensar são os dois pontos de partida de toda busca cognitiva consciente do ser humano. É possível que o pensar não tenha qualquer importância na manifestação do Universo, porém, na formação de um parecer sobre esta questão, cabe-lhe, sem dúvida, o papel principal. Por outro lado, os conteúdos de sensações, perceptos ['anschauungen'2], sentimentos, atos de vontade, imagens oníricas e fantásticas, representações mentais, conceitos, idéias e todas as ilusões e alucinações nos são dados por meio da observação. Enquanto a observação de objetos e de processos e o pensar sobre eles constituem estados normais da vida, a observação do pensar é um estado de exceção.

 

O enunciado mais simples que posso emitir sobre uma coisa que exista é que ela existe.

 

Antíteses primordiais: idéia e realidade, sujeito e objeto, aparência e coisa-em-si, eu e não-eu, idéia e vontade, conceito e matéria, força e matéria, consciente e inconsciente [sic et non]...

 

'Compreender a Natureza significa criar a Natureza.' (Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling, apud Rudolf Steiner).

 

A razão pela qual as coisas se apresentam diante de nós de maneira tão enigmática é que não participamos de seu vir-a-ser.

 

Não existe um ponto de partida mais fundamental para a compreensão do mundo do que o pensar.

 

Antes de se poder compreender qualquer outra coisa, precisa-se compreender o pensar.

 

Ao perceber o sentimento despertado em mim por um determinado processo, entendo algo sobre o meu mundo interior.

 

Eis a natureza peculiar do pensar: o ser pensante se esquece do pensar enquanto pensa. Não é o pensar que o interessa, mas, sim, o objeto que está observando. O [ato de] pensar constitui o elemento inobservado de nossa vida mental comum. Enquanto pensamos, não olhamos para o pensar que produzimos, mas, sim, para o objeto que não produzimos.

 

 

 

 

Vivenciar passivamente imagens conceituais Elaborar ativamente idéias. O verdadeiro pensar sempre é um ato de vontade.

 

Primeiro, nós nos sentimos como entes existentes, e, somente no decorrer de uma evolução gradativa, chegamos, através de esforço interno, ao ponto onde a sensação vaga de nossa própria existência se transforma em conceito claro do nosso Eu.

 

O Filósofo do Sentimento [Filosofia do Sentimento] converte em princípio ontológico algo que somente possui validade no âmbito de sua personalidade. Aquilo que o Monismo procura compreender através do conceito, o Filósofo do Sentimento tenciona alcançar com o sentimento, considerando essa comunhão com os objetos como a mais autêntica.

 

O querer só é processo universal do mundo quando relacionado com os outros aspectos do mundo através das idéias.

 

É realmente absurdo rebaixar o pensar (cujas riqueza e plenitude interna aparecem mortas e abstratas na consciência comum) diante do sentir e do querer.

 

Ao observarmos o pensar, vivemos, durante a observação, em uma realidade numênica que sustenta a si mesma. E mais: poder-se-ia dizer que, observando o pensar, podemos chegar à compreensão dos aspectos espirituais da realidade como estes inicialmente se apresentam ao homem.

 

A percepção é apenas um lado da realidade. Seu lado complementar se encontra no aprofundamento pensante das percepções.

 

Intuição é a experiência consciente de um conteúdo puramente espiritual, que transcorre na esfera puramente numênica. Somente através de uma intuição é possível entender a essência do pensar.3

 

Precisamos aprender a distinguir, primeiro, as possíveis disposições subjetivas, capazes de converter determinadas representações e determinados conceitos em motivos; e, segundo, as possíveis representações e os possíveis conceitos capazes de influenciar minha disposição caracterológica, de tal forma que disto resulte um ato de vontade. No primeiro caso, trata-se das forças motrizes; no segundo, das metas da moralidade.

 

Egoísmo Radical Aspiração ao bem-estar próprio sem o menor respeito pelo outro ou até contando com o prejuízo alheio.

 

Oportunismo ou moralidade por motivos de prudência Apoiar outra pessoa esperando recompensa ou proteger outros por temer prejuízo para si mesmo.

 

Princípio Moral Interno (Consciência Moral) Autonomia Moral.

 

Ao se desejar e buscar entender a razão pela qual isto ou aquilo deva ser feito, tem início o progresso ascensional da moral autoritária para a moral baseada em um entendimento ético, que se resume na realização de fins morais com base em intuições puras, conducentes ao bem-estar, ao progresso cultural, ao desenvolvimento moral, ao crescimento individual e coletivo e ao aprimoramento global da Humanidade.

 

O Supremo Princípio Moral é aquele que não possui de antemão qualquer relação com as percepções dos sentidos, mas, se origina na intuição pura e desenvolve a relação com a vida apenas posteriormente.

 

Quem carece da faculdade intuitivo-moral não alcançará um agir verdadeiramente individual.

 

'Aja de tal forma que possas querer que os princípios de tuas ações valham para todos.' (Immanuel Kant, apud Rudolf Steiner).

 

Quem apenas age porque reconhece como válidos certos princípios morais, age em virtude de um código moral, e assim, é apenas um executor ou um autômato.

 

Uma ação será boa se a intuição estiver mergulhada em amor e devidamente contextualizada no ambiente a ser entendido intuitivamente; má, se não for o caso.

 

A meta deve ser a realização de objetivos morais intuitivos.

 

Por meus instintos e impulsos, sou um homem igual aos outros; pela força ideativa, que me capacita a ser um Eu no meio dos outros, sou uma individualidade. Pela minha força pensante, isto é, pela elaboração ativa de idéias que se expressam no meu organismo, eu me distingo dos outros.

 

O homem é livre se consegue seguir em todos os momentos de sua vida apenas a si mesmo.4

 

O conceito de dever não permite a liberdade, pois, não reconhece a individualidade e exige apenas submissão a normas gerais. A liberdade do agir só é pensável do ponto de vista do individualismo ético.

 

O Mundo das Idéias que está em mim é o mesmo que está nas outras pessoas.

 

A diferença entre uma pessoa A e uma pessoa B reside tão-somente no fato de receberem intuições distintas do Mundo das Idéias, ainda que às duas ele seja comum.

 

Um ser é livre quando segue apenas a si-mesmo; não-livre quando se submete [ao que quer que seja].5

 

Quem pode dizer que é livre em todas as suas ações? Mas, em cada um existe uma essência profunda na qual se expressa o homem livre.

 

Apenas seremos verdadeiramente homens se formos seres livres.

 

O processo cognitivo supera a duplicidade pelo conhecimento; a vida moral, pela realização do espírito livre.

 

Em qualquer momento da vida, o aspecto perceptual muda. Estas mudanças podem indicar a manifestação do homem-padrão ou podem ser a expressão do espírito livre. O agente, enquanto objeto de percepção, está sujeito a estas modificações.

 

 

 

 

A Natureza faz do homem um mero ser natural; a sociedade, um ser que age conforme leis; um ser livre somente ele pode fazer de si mesmo. A Natureza abandona o homem em determinado estado de sua evolução; a sociedade o conduz alguns passos adiante; o último aperfeiçoamento somente ele pode dar a si mesmo.

 

Quem acredita ter intuições melhores, tenta substituir as velhas. Se as reconhece como válidas, age em conformidade com elas, como se fossem as suas próprias.

 

Aceitar o lema de que o homem existe para cumprir uma ordem moral independente dele é a mesma coisa que admitir que o touro tem chifres para dar chifradas.

 

 

 

 

O homem ético age porque tem uma idéia ética, mas, ele não age para que a moralidade exista.

 

Voz Interna Potência Autônoma Interior Consciência Moral.

 

No âmbito do realismo metafísico, que supõe a existência de entidades extra-humanas não-vivenciadas como verdadeira realidade, é impossível admitir e existir liberdade, pois, o homem é considerado como mero executor de princípios compulsivos. O realista ingênuo destrói a liberdade pela submissão à autoridade de um ser perceptível ou concebido em analogia ao mundo perceptível ou mesmo à abstrata voz interna, que interpreta como consciência moral. O metafísico, que pressupõe hipoteticamente uma realidade extra-humana, não pode aceitar a liberdade, porque o homem, para ele, se torna uma decorrência do ser-em-si que o condiciona mecânica ou moralmente.

 

 

 

 

Enquanto o homem precisar receber os seus princípios morais de uma instância externa, ele, de fato, não será livre.

 

Para poder agir livremente, o homem deve obedecer apenas a si-mesmo. Qualquer tipo de coação é incompatível com a idéia de liberdade.6

 

O homem não tem de realizar a vontade de um ser [seja ele qual for] que se encontre fora de si-mesmo, mas, exclusivamente a sua própria vontade. Ele não tem de cumprir as decisões e as intenções de outro ser, mas, tão-somente as suas próprias. Definitivamente, não há decisões cósmicas estranhas e escalafobéticas que determinem os entes segundo um tipo particular de vontade, que necessariamente deva ser acatado.

 

Um ente que age sob uma pressão física ou moral não pode ser verdadeiramente ético.

 

A liberdade é a forma humana de ser ético.

 

O indivíduo humano particular não é realmente separado do mundo. Ele é uma parte do mundo. Existe uma conexão dele com o todo do cosmo, interrompida só para a percepção dos sentidos e não na realidade.

 

O homem encontra a sua inclusão total no Universo somente pela vivência intuitiva do pensar. O pensar destrói a ilusão da separação e reintegra o nosso ser na totalidade do Universo.

 

Diferença entre moral normativa e Ética da Liberdade: Liberdade! Nome querido e humano! Liberdade que abarcas tudo o que é bom para a Humanidade, e que me conferes plena dignidade. Tu não admites que eu seja escravo de ninguém. Tu não estabeleces simplesmente uma norma; tu esperas o que meu amor à ação descobrirá como eticamente correto, protegendo, assim, minha autonomia.

 

Viver em amor com as próprias ações e deixar viver em plena compreensão da vontade alheia é a máxima dos homens livres.

 

Força que impulsiona a ação diretamente a partir da intuição conceitual —› a priori prático.

 

O supremo grau da vida individual é a capacidade de pensar conceitos universais livres da influência do mundo dos sentidos.

 

Todos nós temos a vocação para sermos espíritos livres, como cada semente de rosa tem a vocação de vir a se tornar uma rosa.

 

 

 

De Marré, Marré, Marré...

 

 

 

Até quando nesta jaula?
De marré eu já enchi!

 

 

Um pirulito me prendeu,

de marré, marré, marré...

E tolheu, ardeu, doeu,

de marré plangi.

 

Sou escrava, fava, cava,

de marré, marré, marré...

Não sou livre, leina, linda,

de marré desci.

 

Tento tudo, tudo tento,

de marré, marré, marré...

Dá em nica, neca, nada,

de marré perdi.

 

Sofro muito, é demais,

de marré, marré, marré...

É só menos, quero mais,

de marré sofri.

 

Você pode. Lute. Faça.

De marré, marré, marré...

Saiba. Queira. Ouse. Cale.

De marré aqui.

 

Eu não sei como fazer,

de marré, marré, marré...

Eu não sei como querer,

de marré pendi.

 

Rompa elos, corte nós,

de marré, marré, marré...

Entre dentro, ouça a Voz,

de marré Rubi.

 

Fiz assim, e consegui,

de marré, marré, marré...

AHIH ASheR AHIH,7

de marré senti.

 

De repente, fim da cica,

de marré, marré, marré...

E, de pobre fiquei Rica,

de marré venci.

 

Lá se foi minha tristeza,

de marré, marré, marré...

Sumo Bem, Sacra Beleza,

de marré sorri.

 

Como eu, ouça a Voz,

de marré, marré, marré...

Em Silêncio Virtuoso,

de marré IN-RI.

 

Nas estrelas, passeando...

De marré, marré, marré...

Já, agora – não é quando –

 

Seja já um Übermensch,8

de marré, marré, marré...

Vença já o velho mensch,

de marré Gandhi.9

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. É importante ressaltar que espiritualista não tem, neste contexto, nada em comum com a doutrina espiritista de Hippolyte Léon Denizard Rivail (Lyon, 3 de outubro de 1804 – Paris, 31 de março de 1869), conhecido sob o pseudônimo de Allan Kardec, o codificador do Espiritismo. O espiritualismo é uma concepção filosófica que considera o espírito como única e exclusiva realidade.

2. Percepto = o que foi percebido, observado; o conteúdo de uma percepção; a experiência pessoal de um objeto.

3. Mas, há um ponto mais elevado, mais sutil: a transintuição – que está relacionada com transnoesis ou transrazão, temas que já abordei em trabalhos anteriores.

4. Ora, isto é muito pouco. A verdadeira e plena Liberdade só advirá pela Compreensão. Quem não compreende é escravo. Haverei de martelar o teclado do meu computador com esta idéia até ele sangrar.

5. É claro que esta regra não é absoluta (como nada, em lugar nenhum, em princípio, é absolutamente absoluto). Um exemplo elementar (e até meio bobo) é o de uma pessoa que sofra de hipertensão arterial, de diabetes mellitus ou de hipotireoidismo, por exemplo. Ela terá que se submeter a tomar os remédios recomendados por seu médico ou, se não se submeter e não tomar, irá para o beleléu, com todas as complicações e colateralidades decorrentes destas doenças. Precisamos ter em mente que a liberdade de ou para agir não é um elástico que se deforma, estica ou pode ser comprimido ilimitadamente. Tudo tem um limite de elasticidade sem que se produzam deformações permanentes, inclusive nossa liberdade pessoal, objetiva, vivencial, que pode tudo, mas, até um certo horizonte. Mas, a Liberdade Espiritual ou Mística não tem limites. O limite da Liberdade Espiritual ou Mística é estabelecido pela nossa menor ou maior capacidade de intuicionar as coisas do Mundo das Idéias. É por isto que a decantada, celebrada, elogiada, enaltecida e festejada igualdade é uma falácia de marca maior. Como já comentei isto diversas vezes, vou ficar por aqui. A animação abaixo dá mais ou menos uma idéia disto que acabei de comentar, mas, ela não está rigorosamente correta, pois, se a bola for mais pesada e corda elástica agüentar, o limite elástico será maior. Por outro lado, a resiliência da corda elástica não é eterna, digamos assim; se a bola ficar subindo e descendo sem parar, o elástico acabará, primeiro, se deformando, depois, se rompendo. Nem o ouro é ouro para sempre. Para sempre, mas, em permanente mudança e movimento, só o Universo.

 

 

 

 

6. Neste ponto, gostaria de comentar o seguinte, e, desde já, peço deculpas pelo que direi: muitas pessoas lêem um texto como este, admitem que está bem fundamentado, admitem também que metafísica e dialeticamente está correto – pois, é compatível com a idéia de Bem e de Beleza – mas, na hora de agir segundo o que leram e concordaram, fazem exatamente o contrário. Por quê? Simplesmente porque o massacre sistemático dogmático-religioso imposto, quando eram crianças – verdadeira lavagem cerebral em uma personalidade ainda não formada ou estabelecida – impede que a intuição racional (ou a transintuição noética) prevaleça sobre a fé cega, sobre o medo e sobre a covardia de deixar tudo como está para ver como é que haverá de ficar. Esta, geralmente, é a atitude: por via das dúvidas, pelo sim, pelo não, vou deixar tudo ficar igualzinho do mesmo jeitinho. Desde sempre, houve centenas, milhares, de deuses e de religiões para todos os gostos e para todas as inclinações religiosas. Raros são aqueles que conseguem se livrar deste tipo de prisão. Só irão mesmo constatar a (mais ou menos perdida) encarnação depois da morte – quando chegar a hora de o leopardo-das-neves beber água. Seja como for, isto não é uma crítica; é apenas uma triste constatação. É por isto também que, quando (re)nascemos, esquecemos o passado. Mas, dependendo de onde nasçamos, a coisa toda volta com força total. A Estrada é longa, muito longa, e, às vezes, um mânvântâra só não dá para limparmos a nossa cuca! Fiat LLux in Corde nostro!

7. A frase Místico-gnóstica AHIH ASheR AHIH significa Eu-Sou o que Eu-Sou.

8. O conceito de Übermensch, descrito no livro Assim Falou Zaratustra, do filólogo, filósofo, crítico cultural, poeta e compositor alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche (Röcken, 15 de outubro de 1844 – Weimar, 25 de agosto de 1900), explica os passos através dos quais o homem poderá se tornar um 'Além-homem', ou seja, 'Além-do-humano', que, resumidamente, são: 1º) transvaloração de todos os valores; 2º) superação do nihilismo – desvalorização e morte do sentido, ausência de finalidade e inexistência de resposta ao por quê – (reavaliação de ideais velhos e, concomitantemente, estabelecimento de novos ideais); e 3º) processo contínuo de auto-superação (compreensão). Tudo se resume ao seguinte: se e quando um homem se tornar um 'Além-homem, não precisará mais crer ou depender de dogmas e deuses criados pelo próprio homem. E assim, somente se romper com as normas preestabelecidas, o homem poderá se tornar um Übermensch. A Iniciação poderá mudar tudo isto, mas, se os preconceitos, as crendices e as superstições permanecerem, coisa nenhuma mudará. Pense nisto: o mal é real (fabricado pelo homem), não atual (existente per se no Universo).

9. Resolvi concluir este poeminha homenageando o inesquecível Mahatma Gandhi (Porbandar, 2 de outubro de 1869 – Nova Déli, 30 de janeiro de 1948), fundador do moderno Estado Indiano e o maior defensor do Satyagraha (Filosofia de não-violência) – um verdadeiro Übermensch, que deu sua vida por um ideal.

 

Música de fundo:

Eu sou pobre, pobre, pobre
Pirulito que bate-bate

Fonte:

http://conexaomp3.com/search.html?q=sou-Pobre

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.heathersanimations.com/flying1.html

http://blogs.vmware.com/vcloud/tag/private-cloud

http://inpursuitofthebuddha.tumblr.com/
post/26285273332/prostration

http://photobucket.com/

http://caccioppoli.com/

http://gallery.cabri.com/en/hyperCube.html

http://bravob.com/pool-table-1280x823-dessislava-
terzieva-billiard-table/images/full-size-78182/feed/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Al%C3%A9m-Homem

http://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Nietzsche

http://www.femalefirst.co.uk/board/
viewtopic.php?f=40&t=473919&start=30

http://www.jillology.com/blog.html

http://www.clipartillustration.com/category/
free-robot-gif-animations-ao-maru/

http://bvespirita.com/A%20Filosofia%20da
%20Liberdade%20(Rudolf%20Steiner).pdf

 

Direitos autorais:

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