Nesta
noite, 200 milhões de crianças dormem nas ruas do mundo. Nenhuma
delas é Cubana.
Bem,
creio que, na história humana, não há nenhum povo que
não tenha uma religiosidade difusa.
Esta
Revolução pode ser destruída. Nós poderemos
destruí-la se não formos capazes de corrigir nossos erros.
Se não conseguirmos pôr fim a muitos vícios: muito roubo,
muitos desvios e muitas fontes de abastecimento de dinheiro dos novos-ricos.
Em vez de nos agredirem como nos
agridem, por que não fazem simplesmente uma pergunta: Como é
possível que Cuba em trinta anos tenha feito o que a América
Latina não fez em 200 anos?
Isso já não é
somente uma questão de princípios ou uma questão de
ética, mas é, inclusive, de certo modo, uma questão
de estética. Estética em que sentido? Penso que a Revolução
é uma obra que deve ser aperfeiçoada; em suma, é uma
obra de arte.
Podem me condenar. Não importa.
A História me absolverá.
Com
a Revolução, o povo começou a ser soldado, funcionário,
administrador, parte da ordem social, do Estado e da autoridade. De modo
que, se em princípios do século 18 um rei absolutista da França
pôde dizer, 'O Estado sou eu',2
em 1959, quando triunfou a Revolução e o povo chegou ao poder,
se armou e defendeu o País, então o cidadão comum pôde
dizer: 'O Estado sou eu'.
Viver acorrentado é viver
na vergonha.
A
nossa Revolução é um exemplo do que significa acreditar
nos homens, porque nossa Revolução começou do nada.
Não tínhamos uma única arma, não tínhamos
um único tostão. Os que iniciaram a luta eram completamente
desconhecidos e, ainda assim, enfrentaram aquele poderio.
A Humanidade conheceu, há
apenas dois terços de século, a amarga experiência do
Nazismo. Hitler teve como aliado inseparável o medo que foi capaz
de impor a seus adversários. [...]
Já possuidor de uma temível força militar, deflagrou
uma guerra que incendiou o mundo. A falta de visão e a covardia dos
estadistas das mais fortes potências européias daquela época
deram lugar a uma grande tragédia.
A hipocrisia da política ocidental
e de um numeroso grupo de líderes medíocres é tão
grande, que não caberia no fundo do Oceano Atlântico. Qualquer
medida que Cuba adote em sua legítima defesa é publicada entre
as primeiras notícias de quase todos os meios de difusão de
massa. Sem dúvida, quando denunciamos que, sob o mandato de um chefe
do governo espanhol, dezenas de militantes do ETA3
foram executados extrajudicialmente, sem que ninguém protestasse
nem o denunciasse diante da Comissão de Direitos Humanos das Nações
Unidas, e outro chefe de governo, num momento difícil da guerra de
Kosovo, aconselhou ao Presidente dos Estados Unidos da América intensificar
a guerra, multiplicar os bombardeios e atacar os objetivos civis, causando
a morte de centenas de inocentes, e imenso sacrifício a milhões
de pessoas, a imprensa diz apenas: 'Castro arremeteu contra Felipe4
e Aznar'5.
Do conteúdo real, nem uma palavra.
O
Socialismo não chegou aqui por clonagem nem por inseminação
artificial. Eu não conhecia, em janeiro de 1959, um único
soviético.
Em
certo ponto, chegamos à conclusão de que, se fôssemos
diretamente atacados pelos EUA, os soviéticos jamais lutariam por
nós.
Homens como Camilo6
surgirão do povo e viverão para o povo. Nossa
única compensação ante a perda de um companheiro tão
querido é saber que o povo de Cuba produz homens como ele. Camilo
vive e viverá no povo.
Não creio que possa se instaurar,
nos Estados Unidos da América, um regime fascista. Dentro de seu
sistema político foram cometidos graves erros e injustiças
– muitas das quais ainda perduram – mas o povo norte-americano
conta com determinadas instituições, tradições,
valores educativos, culturais e éticos que praticamente o impossibilitam.
O risco está na esfera internacional. São tais as faculdades
e prerrogativas de um presidente, e tão imensa a rede de poder militar,
econômico e tecnológico desse Estado, que, de fato, em virtude
de circunstâncias completamente alheias à vontade do povo norte-americano,
o mundo está começando a ser regido por métodos e concepções
nazistas. [Penso que Fidel,
ao fazer esta afirmação, tenha particularmente se referido
à Guantanamo Bay.]
O próprio povo norte-americano,
os milhões de pessoas com elevada cultura que ali raciocinam e pensam,
seus princípios éticos básicos, dezenas de milhões
de computadores para se comunicar, centenas de vezes mais do que ao final
da Guerra do Vietnã, demonstrarão que não se pode enganar
a todo o povo, e talvez nem sequer a uma parte do povo, durante todo o tempo.
E, um dia, [o povo]
porá uma camisa-de-força a quem for necessário,
antes que possam pôr fim à vida no Planeta.
Os miseráveis insetos que
habitam 60 ou mais nações do mundo, selecionadas por ele,
seus colaboradores íntimos e, no caso de Cuba, por seus amigos de
Miami, não interessam em nada. Constituem os ‘obscuros rincões
do mundo’, que podem ser objeto de seus ataques ‘preventivos
e de surpresa’. Dentre eles, está Cuba, que, ademais, foi incluída
entre os países que patrocinam o terrorismo.
Respeitamos totalmente as opiniões
dos que, por razões religiosas, filosóficas ou humanitárias,
opõem à pena capital, que os revolucionários cubanos
também abominamos, por razões mais profundas do que as que
foram abordadas pelas ciências sociais sobre o delito, hoje em processo
de estudo em nosso País. Chegará o dia em que possamos aceder
aos desejos tão nobremente exprimidos no seu brilhante discurso pelo
Pastor Lucius Walker7
de acabar com esta pena. Compreende-se a especial preocupação
sobre o tema, quando se sabe que a maioria das pessoas executadas nos Estados
Unidos da América é de afro-norte-americanos e de latinos,
não poucas vezes inocentes, especialmente no Texas, campeão
da pena capital, onde foi governador o presidente Bush e onde nunca se perdoou
uma única vida.
Se
houve holocausto do povo judeu há apenas 60 anos, hoje se trata de
impedir o holocausto de dezenas de povos ameaçados de serem atacados
e, inclusive, exterminados, já que, segundo se anuncia, todas as
armas podem ser utilizadas para atacar, preventivamente e de surpresa, em
qualquer obscuro rincão do Planeta. O denominado mundo ocidental
e cristão deveria tomar consciência desta realidade, antes
que seja demasiado tarde, como parece que está ocorrendo, diante
do gigantesco holocausto provocado pela pobreza, pela fome, pelo subdesenvolvimento,
pela falta de educação e de saúde, pela globalização
neoliberal e pela atual ordem econômica e social imposta à
Humanidade, que, a cada ano, mata dezenas de milhões de pessoas,
nos países do Terceiro Mundo.
Um
revolucionário pode perder tudo: a família, a liberdade, até
a vida. Menos a moral.
As
próximas gerações nos verão como vemos o homem
primitivo. Tenho esta convicção. Talvez se recordem de uma
etapa histórica em que a Humanidade quase desapareceu, em que ocorreram
coisas terríveis, de quando éramos bárbaros incivilizados.
Na
URSS houve fenômenos históricos que não ocorreram aqui.
O fenômeno do stalinismo não se deu aqui; não se conheceu
nunca no nosso País um fenômeno dessa natureza, de abuso do
poder, de autoridade, de culto à personalidade. Aqui, desde o início
da Revolução, foi feita uma lei que proibia pôr o nome
de dirigentes em uma rua, em uma obra, em uma estátua. Aqui não
há retratos oficiais nas repartições públicas.
Eu digo que se alguém não
faz, o tempo todo, tudo aquilo que pode – e até mais do que
pode – é exatamente como se não fizesse absolutamente
nada.
É preferível morrer
pelo fogo, em combate, a morrer em casa, pela fome.
Quem
teme o pensamento livre não educa os povos, não os ajuda,
não se esforça para que adquiram o máximo de cultura,
de conhecimentos históricos e políticos os mais diversos e
para que apreciem as coisas pelo valor em si, e que as coisas saiam de suas
próprias cabeças.
Quem discorda do Socialismo só
pode ser louco!
É
o que queremos ser: comunistas! É o que queremos continuar sendo:
comunistas! Essa é a nossa vanguarda, uma vanguarda de comunistas!
Esse é o nosso Congresso: o Congresso dos comunistas e de um povo
que o apoiou, um povo de comunistas. Não existiu, não existe
e nem existirá força no mundo capaz de impedi-lo.
Peço perdão por ter
caído. (Depois de
levar um tombo que lhe valeu uma fratura no joelho e uma fissura no braço,
em uma cerimônia com estudantes na cidade de Santa Clara, em Cuba.)
Jesus foi o primeiro comunista. Repartiu
o pão e transformou a água em vinho.
Fomos
muito violentos, mas devo dizer que alguns métodos usados hoje em
lutas politicamente justas na Chechênia, no Iraque, na Palestina,
como o atentado suicida contra civis, o rapto, a decapitação
de não-combatentes e bombas em escolas nós jamais utilizamos.
Em todos os lugares, em todas as
épocas, os atos daqueles que agiram contra seu país a serviço
de uma potência estrangeira sempre foram considerados terrivelmente
graves. Ninguém pode mencionar [em
Cuba] um único caso de tortura, de assassinato, de 'desaparecimento',
algo tão comum e corrente na América Latina.
Acredito
que não haja um país com histórico mais limpo em matéria
de direitos humanos do que Cuba. No terreno da educação e
da saúde não há nenhum país no Terceiro Mundo,
e até no mundo capitalista desenvolvido, que tenha feito o que nós
fizemos. A mendicância e o desemprego foram erradicados. Os vícios,
o consumo de droga, o jogo, também desapareceram. Você não
encontrará aqui crianças pedindo esmolas, dormindo na rua,
descalças ou desnutridas.
Hoje,
o País se concentra nas batalhas, lá em Genebra, na Comissão
de Direitos Humanos da ONU, onde todo mundo sabe o 'show' que é promovido,
ano após ano, as mentiras e as calúnias que dizem ali contra
nós. O mundo não fica sabendo que 80% das medidas em defesa
dos direitos humanos que essa Comissão aprova são propostas
de Cuba.
O
que é um ditador? É alguém que toma
decisões arbitrárias, unipessoais, por cima das leis, que
não obedece a nada além de seus próprios caprichos
ou sua vontade. Eu não tomo decisões unipessoais. Este não
é sequer um governo presidencialista. Nós temos um Conselho
de Estado. Minhas funções de dirigente fazem parte de um coletivo.
As decisões importantes são analisadas, discutidas e sempre
tomadas coletivamente. Não posso nomear nem o mais humilde funcionário
público.
Sou
contrário a tudo que possa parecer um culto à personalidade,
e você pode constatar, eu já falei disso, que neste País
não há uma única escola, fábrica, hospital ou
edifício que tenha meu nome. Não há estátuas
minhas e praticamente nenhum retrato meu.
Eu
acredito em Lula.
Fracassado
o 'milagre brasileiro', evidenciado o papel nefasto das empresas multinacionais
e do capital estrangeiro que introduziram deformações perigosas
na economia brasileira, resta, entretanto, o fato de que o crescimento econômico
– desigual, porém notável – do Brasil introduz
interesses que se chocam com os do imperialismo norte-americano. A inevitável
tendência econômica converte o Brasil em um contraditor em potencial
dos Estados Unidos da América.
A sociedade de consumo é uma
das mais tenebrosas invenções do Capitalismo desenvolvido.
Tento imaginar 1,3 bilhão de chineses com o nível de motores
e automóveis dos EUA. Não posso imaginar a Índia, com
1 bilhão de habitantes, vivendo em uma sociedade de consumo. Essa
ordem é incompatível com os recursos essenciais, limitados
e não-renováveis do Planeta e com as leis que regem a Natureza
e a vida.
Desde o primeiro momento, o Governo
Norte-americano tratou de criar uma imagem desfavorável da Revolução
Cubana. Fizeram grandes campanhas publicitárias contra nós,
grandes tentativas de isolar Cuba. Para frear a influência das idéias
revolucionárias. Romperam as relações diplomáticas
em 1960 e adotaram medidas de bloqueio econômico.
Que
me cortem a mão se alguém encontrar uma única frase
dita com o propósito de rebaixar o povo americano. Seríamos
fanáticos ignorantes se puséssemos a culpa no povo americano
pelas diferenças entre os governos.
Meio
século de bloqueio parecia pouco aos prediletos. — Mudança,
mudança, mudança! — gritavam em uníssono. Estou
de acordo – mudança! – mas nos Estados Unidos da América.
Cuba mudou há muito tempo e seguirá seu rumo dialético.
— Não regressar jamais ao passado! — exclama nosso povo.
— Anexação, anexação, anexação
— responde o adversário; é o que no fundo pensa quando
fala de mudança.
Realmente,
o processo que está ocorrendo na Europa Oriental é um processo
de desmantelamento do Socialismo.
No
Iraque e no Afeganistão, seguem morrendo homens de carne e osso com
uniformes dos Estados Unidos da América e da OTAN. A lembrança
da URSS, desintegrada em parte pela aventura intervencionista no segundo
dos dois países, persegue os europeus como uma sombra.
Bush
pai postula McCain8
como seu candidato, enquanto Bush filho, em um país da África
– ontem, origem do homem; hoje, continente mártir – onde
ninguém conhece o que faz ali, disse que minha mensagem era o início
do caminho da liberdade de Cuba, isto é, a anexação
decretada por seu Governo em volumoso e enorme texto.
Fragmento
de uma carta enviada por Fidel a participantes do Congresso do MST agradecendo
a solidariedade do movimento ao processo revolucionário do seu País:
É uma satisfação enviar esta mensagem a vocês,
que são a genuína expressão da justa luta por um mundo
melhor, sem exclusão nem exploração. O Movimento Sem-Terra
é um dos mais destacados e combativos movimentos sociais que lutam
por este mundo melhor. É também um dos mais organizados em
suas ações e profundo em suas concepções, como
parte integrante de um estilo de trabalho no qual se aprecia a discussão
coletiva e a austeridade como características relevantes.
É
a educação que transforma um animalzinho em homem. Ele nasce
com todos os instintos: egoísmo, mil coisas. São instintos;
mas ele vai lutando contra os instintos.
Como falar em liberdade de expressão
em países que têm 20% ou 30% de analfabetos e 80% entre analfabetos
plenos e funcionais? Com que critério, com que elementos podem opinar?
Somos
o único País do mundo com atletas amadores, e não com
mercenários.
Sobre
Ernesto Rafael Guevara de la Serna: Faço
uma pausa na luta diária para inclinar o semblante, com respeito
e gratidão, ante o excepcional combatente morto em um 9 de outubro
há 40 anos... Cumpridor de honrosas missões políticas
no exterior, mensageiro do internacionalismo militante no leste do Congo
e na Bolívia, ele despertou consciências na América
e no mundo... Ele nos deixou seu estilo inconfundível de escrever,
com elegância, brevidade e veracidade, cada detalhe do que passava
em sua mente. Ele era um predestinado, mas não sabia disso. Ele combateu
conosco, e por nós. No
artigo intitulado 'Che', que foi publicado pelo jornal oficial
do Partido Comunista cubano Granma, Fidel agradeceu
pelo que Che tentou fazer e não pôde em seu País de
nascimento, pois foi como uma flor arrancada prematuramente do caule.
A
gente pensa que o dinheiro é decisivo. Errado. O nível de
conhecimento e de educação que as classes têm é
que é decisivo.
Hoje
recebo por via oral tudo o que é necessário para a minha recuperação.
Nenhum perigo é maior do que os relacionados com a idade e uma saúde
da qual abusei nos tempos perigosos que me coube viver.
Que
os vizinhos do norte não se preocupem: não pretendo exercer
o meu cargo até os cem anos.
A posição que eu tenho
em relação aos meus erros do Socialismo é de que esses
erros têm que ser superados. Eu não me oponho a nada que seja
para aperfeiçoar o Socialismo. Nem na URSS, nem em nenhuma parte.
Se
a Revolução não tivesse o apoio absolutamente majoritário
do povo, não conseguiria se manter por mais de 30 anos, frente ao
País mais poderoso da Terra, que representa uma ideologia, que tem
os meios de comunicação mais sofisticados que pode ter um
país, que tem um poderio econômico enorme, que nos bloqueou
por todos os lados, que nos ameaçou... E o povo resistiu.
Se você chama de liberdade
de imprensa o direito de os inimigos de Cuba de falar e de escrever contra
a Revolução cubana, eu diria que não estamos a favor
desta liberdade.
Os
mexicanos e os argentinos que saem de seus países são chamados
de imigrantes. Todos os que saem de Cuba são exilados.
Meu
dever elementar não é me agarrar a cargos, e muito menos obstruir
o caminho de pessoas mais jovens, e, sim, aportar experiências e idéias
cujo modesto valor procede da época excepcional que me coube viver.
Penso como o arquiteto brasileiro
Oscar Niemeyer que se deva ser conseqüente até o final.
O
caminho sempre será difícil e vai requerer o esforço
inteligente de todos. Desconfio das trilhas aparentemente fáceis
da apologia ou da autoflagelação como antítese. Preparar-se
sempre para a pior das variáveis; ser tão prudente no êxito
quanto firme nas adversidades é um princípio de que não
se pode esquecer. O adversário a derrotar é sumamente forte,
mas o havemos mantido distante por quase meio século.
Dediquei
toda minha vida a lutar contra a injustiça, contra todo tipo de opressão,
a servir os outros, a praticar e difundir a solidariedade.
Nunca
lutei para isso [para estar
no poder]. Lutarei sim, por toda a minha vida, até
o último segundo, enquanto tiver uso da razão, para fazer
algo de bom, fazer algo de útil.
Ao
longo dos anos, a influência, o poder, em vez de irem me transformando
negativamente, a cada dia sou menos vaidoso, menos pretensioso, menos auto-suficiente.
A
meus queridos compatriotas, que me deram a imensa honra de me eleger recentemente
como membro do Parlamento, em cujo seio devem ser adotados acordos importantes
para nossa Revolução, comunico que não aspirarei e
nem aceitarei – repito – não aspirarei e nem aceitarei
o cargo de Presidente do Conselho de Estado e de Comandante-chefe. Não
me despeço de vocês, desejo apenas combater como soldado [no
campo] das idéias.
Bom,
creio que se depois de Fidel, Cuba não fosse nada, que se depois
de Fidel a Revolução não pudesse ir adiante, o trabalho
de nosso povo durante trinta anos teria sido inútil. Primeiro, isto
me tiraria o sono, se não confiasse no povo, se não confiasse
nas gerações de milhares e dezenas de milhares e de centenas
de milhões de jovens que se educaram, que receberam um nível
educacional, cultural, científico, político... Porque o importante
é que os homens compartilhem idéias, um pensamento, um estilo
de governo, uma tradição. Eu tenho uma confiança plena
e absoluta, porque o que fizemos foi promover muitos novos quadros e também
distribuir funções. Eu não sou um indivíduo
que gosta de centralizar tudo. Em toda a minha vida distribuí o máximo
possível as funções da direção e administração
do Estado e da direção política do País. E há
um nível de atribuições muito grande. Eu coordeno,
ajudo, estimulo, inspiro, falo... Mas em nosso País há muita
gente que aprendeu qual é o seu ofício e as suas funções.
Estamos organizados e preparados para isto. Assim, se eu, por enfermidade,
não puder exercer as funções, não seria nenhum
problema. Se eu morro, não seria nenhum problema. Porque não
creio no providencialismo. Sei que os homens têm um papel na História.
Mas creio que o papel na História quem tem são os povos. E
um homem não é nada sem o povo. Não há nada
sem a colaboração de centenas de milhares, de milhões
de pessoas. Nós temos instituições. Teria sido talvez
pior no meio da guerra, ou nos primeiros tempos, ou em certos momentos muitos
difíceis. Mas, na medida em que passa o tempo, é extraordinária
a quantidade de valores que sobem e que nós promovemos. E nossa esperança,
inclusive, é nos que virão depois de nós... Como aconteceu
em muitos outros países. Tivemos, por exemplo, Juarez9,
grandes dirigentes na Revolução Mexicana. Depois, a Revolução
Mexicana se institucionalizou e manteve a continuidade de Governo durante
mais de cinqüenta anos. Mudaram os homens, mas não mudou o Partido.
Por isso, as instituições são mais importantes. Há
um ditado que diz: o rei morreu, viva o rei. É possível que
os homens... e, como regra, os homens são de si tudo o que são
capazes quando assumem uma responsabilidade. Não há nada melhor
do que dar responsabilidade aos homens. Então, os homens demonstram
do que são capazes. Eu nunca acreditei que possa haver um homem superior
aos demais. Ao contrário, eu creio na capacidade mais ou menos igual
de todos os homens... E é a oportunidade que faz os homens exercerem
seu papel. Talvez venha um dia aqui a São Paulo, espero que assim
seja, que venham homens que tenham... bom... não tanta experiência,
mas que sejam mais capazes do que eu para representar o meu País
e para fazer o trabalho que eu estou fazendo agora.
Uma
Palavra Final
Escolher
uma frase, um pensamento, um ensinamento, de Fidel é uma futilidade.
Se pudermos nos abstrair dos grandes equívocos que cometeu (e ele
mesmo reconheceu: fomos muito
violentos), se pudermos apreciar com isenção,
independência e imparcialidade seu esforço persuasório
e sua sincera dialética caribenho-comunista, então, talvez,
possamos não julgar e esquecer um pouquinho o revolucionário
que teve, por opção, que abdicar de alguns conhecimentos místicos
que pôde ter acesso. Mas eu não me incomodo, para concluir
este trabalho, de ser um tiquinho fútil, e vou redigitar três
excertos que considerei os mais místicos de todos.
______
Notas:
1.
Isidore Auguste Marie François Xavier Comte (1798-1857), o fundador
do Positivismo, estabeleceu três regras essenciais para a definitiva
reorganização social: 1ª - O Governo deve ser republicano
e não monárquico e caracterizado pela incorporação
do povo à sociedade. Daí, a ditadura com a república
e não com a realeza; 2ª - A República deve ser ditatorial
e não parlamentar. (É bom lembrar que democracias como o Brasil,
nas quais até recentemente foram usados expedientes autoritários
como o Decreto-Lei, não correspondem ao ideário e aos pressupostos
dos regimes verdadeiramente democráticos. Decretos-Leis, confiscos,
desapropriações indébitas etc. são parte de
um grande entulho autoritário-messiânico, cujo berço
– nomeadamente no Brasil – foi a doutrina comtiana ainda marcantemente
instalada no Brasil. Se por um lado o culto e o aspecto puramente doutrinal
desvaneceram, por outro, a vertente política manteve raízes
profundas e contraditórias entre muitos que se dizem liberais e defensores
da economia de mercado; e 3ª - A Ditadura deve ser temporal e não
espiritual. O Brasil foi o primeiro país a observar esta regra segundo
a Constituição de 24 de fevereiro de 1891.
2.
L'État c'est moi. Frase atribuída a Luís XIV
de Bourbon (5 de setembro de 1638, Saint-Germain-en-Laye, França
- 1º de setembro de 1715, Versailles), conhecido como Rei Sol,
o maior monarca absolutista da França. Reinou de 1643 à 1715.
3.
A organização Euskadi Ta Askatasuna (em basco, Pátria
Basca e Liberdade), mais conhecida pela sigla ETA, é um grupo que
pratica a luta armada como meio de alcançar a independência
da região do País Basco (Euskadi), que se encontra
atualmente sob domínio espanhol e francês. A ETA possui ideologia
separatista/independentista marxista-leninista e revolucionária.
O seu lema é Bietan Jarrai, que significa seguir nas duas,
ou seja, na luta política e militar.
4. Felipe
González Márquez (Sevilha, 5 de março de 1942) é
um político espanhol. Foi Secretário-geral do Partido Socialista
Operário Espanhol (PSOE) de 1974 a 1997 e Primeiro-ministro de 1982
a 1996.
5. José
María Alfredo Aznar López (Madrid, 25 de fevereiro de 1953)
é um político espanhol. Foi Presidente do Governo de seu País
entre 1996 e 2004.
6. Camilo
Cienfuegos Gorriarán (6 de fevereiro de 1932 - 28 de outubro de 1959)
foi um revolucionário cubano. Participou de atividades clandestinas
contra o Presidente de Cuba Fulgencio Batista e foi um importante protagonista
da Revolução Cubana. Ao lado de Fidel Castro, Che Guevara
e Raúl Castro, Camilo era um dos principais líderes da Revolução
cubana. Morreu vítima de um acidente de avião. Durante um
vôo de Camaguey à Havana, o avião de Camilo desapareceu
no oceano, o que causou grande impacto em toda a população,
que durante vários dias procurou algum vestígio do líder
revolucionário, sem obter sucesso. Rapidamente, Cienfuegos se tornou
um dos mártires da Revolução cubana. No dia 28 de outubro,
as crianças cubanas jogam flores ao mar, em sua homenagem.
7. Lucius
Walker é o presidente da organização Pastores para
a Paz.
8.
John Sidney McCain III (Zona do canal do Panamá, 29 de agosto de
1936) é um político estadunidense, membro do Partido Republicano.
É, desde 1987, senador pelo Estado do Arizona. Foi candidato às
primárias do Partido Republicano a Presidente na corrida presidencial
do ano 2000, mas perdeu a nomeação para o atual Presidente
George Walker Bush. Nascido em uma família de militares, lutou na
Guerra do Vietnã, onde foi mantido prisioneiro. Atualmente é
pré-candidato à presidência dos Estados Unidos, disputamdo
a vaga republicana com Mike Huckabee, após a desistência de
Rudolph Giuliani e de Mitt Romney.
9. Benito
Juarez foi presidente do México entre 1864-1872. Seu Governo foi
caracterizado pela promulgação das Leis de Reforma.
Páginas
da Internet consultadas:
http://pt.wikipedia.org/
wiki/John_McCain
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Camilo_Cienfuegos
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&m=02&d=25&uid=&id=250609&sid=52088
http://www.cartamaior.com.br/templates/
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http://www.gabeira.com.br/
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http://www.acessa.com/
gramsci/?page=visualizar&id=564
http://www.abc.gov.br/
lerNoticia.asp?id_Noticia=427
http://www.ruvr.ru/main.php?lng=
prt&q=2801&cid=86&p=19.02.2008
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eo/blue/2008/02/412420.shtml
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voltaire/artigos/cuba_fidel_religiao.htm
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ultnot/especial/2008/cuba/
http://www.estadao.com.br/
internacional/not_int126945,0.htm
http://www.rivalcir.com.br/
frases/fidel.html
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Fidel_Castro
http://pt.wikiquote.org/
wiki/Fidel_Castro
Música
de fundo:
Guantanamera
(Guajira Guantanamera)
(Jose Martí & Jose Fernandez Diaz)