Johann Gottlieb Fichte
(Pensamentos e Reflexões)

 

 

 

Fichte

Fichte

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Pensar em liberdade é pensar em Fichte, que entre outras reflexões, afirmou: O homem não tem o direito de se tornar um ser racional virtuoso, sábio ou feliz, contra a sua vontade. Além de que, tal esforço seria em vão, e que ninguém pode se tornar virtuoso, sábio ou feliz, a não ser pelo seu trabalho e esforço próprio; além de que, igualmente, o homem, nem sequer o pode, e deve querer – ainda que pudesse ou julgasse poder. Com efeito, é ilegítimo, e ele se põe, assim, em contradição consigo próprio. Por isto, eu que considero a Liberdade a Prima Prædicamenta, nesta oportunidade, estou divulgando alguns pensamentos e algumas reflexões do filósofo idealista alemão Johann Gottlieb Fichte, que, possivelmente, tenha sido inicialmente atraído para a Filosofia por influência de Espinosa, mas que acabou estruturando seu Idealismo Absoluto com base no criticismo ético de Kant.

 

Vale a pena, entretanto, como primeira idéia e ponto de partida, saber rapidamente como funciona a dialética fichteana, que admite, segundo Gustavo de Fraga, que enquanto o Eu se põe a si mesmo, põe, também, necessariamente, o não-Eu. Estas duas ações se contradizem, porque o Eu implica a negação do não-Eu, e este a do Eu, resolvendo-se a contradição na síntese, que se deduz das duas primeiras posições, já que o Eu e o não-Eu se limitam mutuamente. Como reflete Abbagnano, para Fichte, o infinito era o Eu, a autoconsciência, o saber reflexo ou filosófico, ou, em uma palavra, o homem na pureza e na absolutidade de sua essência. Nas obras sucessivas, o infinito se torna o Ser, o Absoluto ou Deus, e o Eu, a autoconsciência e o saber se tornam imagens, cópias ou manifestações Dele.

 

Explicando melhor. Segundo J. Q. Fagundes, a coisa se dá da seguinte forma:

Tese: primeiramente, a consciência se contempla a si mesma, em um processo de auto-análise, descobrindo as suas determinações fundamentais, ou seja, o seu 'Eu absoluto'.

Antítese: na segunda etapa, esse 'Eu absoluto' entra em confronto com os pensamentos inconscientes, contrários às suas próprias estipulações, que formam o 'não-Eu'.

Síntese: em um terceiro momento, a partir do surgimento do choque de idéias entre o 'Eu absoluto' e o 'não-Eu', acontece o pretendido conhecimento do objeto, promovendo, então, a unificação entre a realidade: humana (mundo sensível) e seu pensamento (mundo inteligível). Da síntese reinicia-se o movimento ao pensamento (tese-antítese-síntese).

 

Disto, uma conclusão mística, evidente e importante, se torna manifesta: as antíteses são necessárias para que, de teses antigas – ultrapassadas, empoeiradas e bolorentas – novas sínteses mais concertadas possam surgir. Tudo é movimento! De concertamento em concertamento... Portanto, dar às antíteses um valor contraproducente, prejudicial ou negativo é, equivocada e irracionalmente, satanizar a experiência e a reflexão, a vida e a Santa Vida. Sem as antíteses não alcançaríamos as sínteses, pois nem sequer haveria teses para serem antitetizadas, e se existíssemos, existiríamos em uma espécie de limbo indeciso, incerto, indefinido – que não existe. Misticamente, tese, antítese e síntese são uma coisa só e fazem parte da experiência unitária e unificadora do ser. E assim, com prazer, recordo, mais uma vez, as sábias palavras de Mâ Ananda Moyî (1896 – 1982): Jo Ho jâye – o que acontece é desejado e bom. Então, o mal não existe? Existe, sim, claro; mas é instrumental e antiteticamente bom! A Humanidade ainda tem, aproximadamente, cinco bilhões de anos para aprender isto... Até o Sol se apagar!

 

 

 

 

 

Nada é fixo, imóvel, definitivo!


 

 

 

Breve Biografia de Fichte

 

 

 

Fichte

Fichte

 

 

 

Johann Gottlieb Fichte (Rammenau, Saxônia, 19 de maio de 1762 – Berlim, 27 de janeiro de 1814) foi um filósofo idealista alemão, primeiro reitor eleito da Universidade de Berlim e, durante algum tempo, vinculado à Franco-maçonaria.

 

Era um dos dez filhos de um artífice modesto. Desde menino, já se sobressaía por sua capacidade de resumir precisamente o sermão dominical do pastor. Um nobre da região decidiu finalmente cuidar da sua educação, na escola principesca de Pforta, onde passou seis anos muito difíceis, pois, Fichte sofria com a rigidez da hierarquia, tentando por vezes até fugir. Entretanto, neste mesmo período, Fichte começou a atualizar-se nas discussões mais importantes que estavam acontecendo nos meios filosóficos. Ocupou-se principalmente, da controvérsia entre Lessing e o teólogo Goeze, pastor principal de Hamburgo, sobre a relação entre Iluminismo e Teologia. Talvez, não apenas por influência de seus pais, mas também por sua própria vontade, Fichte passa a estudar Teologia, em 1780, em Jena. No embate que existia entre a liberdade e o determinismo, Fichte manifestava-se a favor do determinismo.

 

Devido à necessidade financeira e sem haver concluído seus estudos, Fichte passou a trabalhar como preceptor a partir de 1784, primeiramente em Leipzig, depois em Zurique, onde conheceu Johana Rahn, uma sobrinha do poeta Klopstock (que mais tarde será sua esposa).

 

A partir de um dado momento, Fichte decidiu devotar sua vida à Filosofia, depois de ler as três Críticas1 de Immanuel Kant, publicadas em 1781, 1788 e 1790. Em 1790, ele volta para Leipzig, onde um pupilo seu pede para ter lições sobre a filosofia kantiana. Apesar de mal conhecer as obras de Kant, Fichte aceita o pedido e passa a estudar com afinco as obras de Kant, dando conta das três Críticas em poucas semanas. A leitura das Críticas foi muito importante para que Fichte superasse o determinismo, fazendo com que se evidenciasse que o 'novo mundo' é o mundo da liberdade, que se evidenciava como a chave para entender toda a estrutura da razão. Segundo diz o próprio Fichte em carta a Johana, a vontade humana é livre, e a felicidade não é o fim do nosso ser, mas a dignidade de ser feliz. São, portanto, estas convicções que tornam Fichte um filósofo, aos 28 anos.

 

Sua investigação de uma Crítica de toda a revelação (Tentativa de uma Crítica de Toda Revelação) obteve a aprovação de Kant, que pediu a seu próprio editor para publicar o manuscrito. O livro surgiu em 1792, acidentalmente sem o nome nem o prefácio do autor, e foi saudado amplamente como uma nova obra de Kant. Quando Kant esclareceu o equívoco, Fichte se tornou famoso da noite para o dia, e foi convidado a lecionar na Universidade de Jena.

 

Fichte foi um conferencista popular, mas suas obras teóricas são difíceis. Acusado de ateísmo, perdeu o emprego e mudou-se para Berlim. Exerceu forte influência sobre os representantes do nacionalismo alemão, assim como sobre as teorias filosóficas de Schelling, Hegel e Schopenhauer. Os Discursos à Nação Alemã são sua obra mais conhecida.

 

Enfim, para Fichte, liberdade somente pode ser alcançada a partir do limite, da resistência imposta ao eu; neste sentido, a liberdade constitui o esforço constantemente renovado de auto-superação. A filosofia de Fichte sintetizou de maneira brilhante o ideal romântico característico do século XIX, especialmente através de sua discussão acerca da liberdade humana.

 

 

 

 

Reflexões e Pensamentos Fichteanos

 

 

 

 

Fichte

Fichte

 

 

 

 

O saber não é o Absoluto, mas é absoluto como saber.

 

O homem não tem o direito de se tornar um ser racional virtuoso, sábio ou feliz, contra a sua vontade. Além de que, tal esforço seria em vão, e que ninguém pode se tornar virtuoso, sábio ou feliz, a não ser pelo seu trabalho e esforço próprio; além de que, igualmente, o homem, nem sequer o pode, e deve querer – ainda que pudesse ou julgasse poder. Com efeito, é ilegítimo, e ele se põe, assim, em contradição consigo próprio.

 

O Absoluto não é ser, nem saber, nem identidade, nem indiferença dos dois; mas é mera e exclusivamente o Absoluto.

 

Os teus atos – não os teus conhecimentos – é que determinam o teu valor.

 

Tanto mais feliz me sinto quanto mais atuo.

 

A vontade humana é livre, e a felicidade não é o fim do nosso ser, mas a dignidade de ser feliz.

 

Sou simplesmente porque sou.

 

A verdade é a correspondência entre idéia concebida no sujeito conhecedor e o objeto conhecido. E a idéia conhecida corresponde ao objeto e dele depende.

 

O fundamento do ser não é o ser em si mesmo, mas a atividade em virtude da qual o ser vem a ser fundamentado; e esta atividade não pode ter outra relação senão consigo mesma, e só pode ser uma atividade que retorna a si mesma. Trata-se de uma atividade originária, a qual é, conjuntamente, o seu objeto imediato, isto é, que intui a si mesma. Ela é, portanto, auto-intuição ou autoconsciência. O ser, para nós, só é possível sob a condição da consciência, e esta só é possível sob a condição da autoconsciência. A consciência é o fundamento do ser; a autoconsciência é o fundamento da consciência.

 

Apesar de haver um espírito alemão, ainda não existe uma nação alemã. Construir a nação alemã é o dever do espírito alemão para com a Humanidade, dado que há um destino histórico e tudo se consegue pela educação nacional um caminho pela convicção moral, por dentro, e não pelo poder material, de fora.

 

O espírito concebe a vida terrestre como uma vida eterna e a pátria como a representação terrestre dessa eternidade. Só nós somos o Povo vivo.

 

Nós somos o Povo primitivo, o verdadeiro Povo de Deus.

 

Deus mesmo não é para o pensamento. […] nele o pensamento é aniquilado.

 

Não há nada certo, se a certeza não for certa.

 

A Filosofia tem de se elevar ao grau de ciência evidente.

 

O agir é, como sempre, puramente ideal, por meio da representação.

 

Nenhuma proposição é possível sem conteúdo ou sem forma.

 

O Idealismo explica [...] as determinações da consciência pela atividade da inteligência. Para ele, esta é apenas ativa e é absoluta, não sendo paciente; e não o é porque, de acordo com o postulado do Idealismo, a inteligência é o primeiro e o supremo, não antecedendo a este nada que nos possa fazer vê-lo como passivo. Pelo mesmo motivo, tampouco corresponde a ele a inteligência nem um ser propriamente dito nem subsistência alguma, porque tais coisas são o resultado de uma ação recíproca. A inteligência é, para o Idealismo, um atuar, e absolutamente nada mais; nem sequer deve se chamar um ser ativo, já que por essa expressão se denota algo subsistente dotado de atividade. Mas o Idealismo não tem nenhum fundamento para admitir algo semelhante, dado que ele não se acha em seu princípio e que tudo o mais há de ser unicamente deduzido.

 

A língua de um povo é a sua alma.

 

Cada um deve poder viver de seu trabalho: é o princípio posto. Assim, o poder-viver é determinado pelo trabalho, e não há nenhuma lei onde esta condição não foi realizada.

 

O Estado deve fazer a educação em toda a extensão do território e para todos os jovens, sem exceção.

 

Este é o verdadeiro espírito do Idealismo Transcendental: todo o ser é saber.

 

O amor que é verdadeiro amor e não um mero desejo passageiro, nunca se prende ao transitório, mas desperta, acende-se e repousa apenas no eterno. O homem nem sequer a si próprio se pode amar, a não ser que se considere eterno. Para além disso, ele é incapaz até de se venerar ou de se aceitar a si próprio. E ainda menos pode amar qualquer coisa fora de si, a não ser que integre essa coisa na eternidade da sua crença e do seu espírito. Quem não for capaz de começar por se ver a si mesmo como eterno, não tem amor...

 

O saber do saber, na medida em que ele mesmo é um saber, é intuição e, na medida em que é um saber do saber, é intuição de toda intuição: absoluto coligir de toda intuição possível em uma só.

 

A Filosofia nos ensina a procurarmos tudo no Eu. Apenas através do Eu sobrevém ordem e harmonia na massa morta e amorfa. Unicamente a partir do ser humano se expande a regularidade que o circunda até o limite de sua observação; e à medida que ele amplia este limite, amplia com ele a ordem e a harmonia... No Eu reside a garantia certa de que, a partir Dele, irão se expandir infinitamente a ordem e a harmonia onde agora não há.

 

Quanto mais humano alguém é, tanto mais profunda e amplamente repercute sobre os outros seres humanos. Aquele que porta o verdadeiro selo da condição humana ('Menschlichkeit'), jamais será incompreendido pela Humanidade ('Menschheit').

 

O ser humano superior impulsiona sua época com intensidade para um nível mais elevado de Humanidade.

 

Este é o ser humano. Este é cada um que possa dizer a si mesmo: eu sou humano.

 

Todos os indivíduos estão compreendidos na única e magna Unidade do Espírito Puro.

 

Verdadeira essência da Filosofia: reconduzir toda multiplicidade (que se impõe a nós na visão da vida cotidiana) à absoluta Unidade.

 

 

 

 

Significação da Filosofia: 1) existe apenas uma verdade, una e imutável, que fundamenta toda multiplicidade do real; 2) existe apenas um único sistema filosófico possível que retrata fielmente esta relação do uno e do múltiplo, tarefa primordial da Filosofia; 3) este sistema só pode ser captado plenamente pela intuição individual imediata e, portanto, cada uma de suas etapas deve ser reconstruída na visão interior e vivente de cada um. cognição racional.

 

Intuição significa consciência. É a consciência efetiva de si frente a todo pensar, a única coisa sobre a qual temos certeza: intuído vem a dizer, portanto, pura e simplesmente vindo à consciência. A explicação real do saber absoluto nada mais pode ser do que a comprovação desse saber na intuição imediata.

 

Princípios divergentes tornam-se resultados diferentes, com os quais surgem mundos inteiramente distintos e desconexos entre si.

 

A Unidade Absoluta não pode residir no ser nem na sua consciência correspondente; não pode ser posta nem na coisa nem na representação da coisa. Ao invés, ela reside no princípio da absoluta unidade e indivisibilidade, que é, igualmente, o princípio de sua disjunção. Este princípio é puro saber, saber em si mesmo, e, portanto, saber completamente sem objeto, pois de outro modo não seria um saber em si, mas requereria objetividade para o seu ser.

 

A imaginação se instala na luta entre o finito e o infinito. Todo limite colocado pelo sujeito se torna motivo de superação e afastamento da demarcação aplicada. O exercício da imaginação se dá em uma luta constante entre o que é e o que não é ainda. A oscilação entre estes dois extremos leva a mente imaginativa a uma atividade fluente entre o real e o irreal. Esta faculdade produz a realidade, uma realidade concebida e compreendida no intelecto, em sua novidade real.

 

O saber, em parte, ilumina seu ser, em parte determina seu para-si (sua luz): a absoluta identidade de ambos é a intuição intelectual ou a forma absoluta do saber, a forma pura da egoidade. O para-si só é na luz; mas é ao mesmo tempo um ser-para-si (um ser que se projeta diante da luz).

 

A Luz não é sem luzir em Si mesma.

 

O impulso mais elevado do homem é o impulso para a identidade, para a perfeita consonância consigo mesmo. O conceito de razão, do agir conforme à razão e do pensar é dado no homem, e ele quer necessariamente não só realizar esse conceito em si mesmo, mas vê-lo de igual modo realizado fora de si. Uma das suas necessidades é a de que, fora dele, existam seres racionais da sua espécie. Ele não pode produzir tais seres; mas põe o conceito dos mesmos na base de sua observação do não-eu, e espera encontrar algo que lhe corresponda.

 

Se todos os homens pudessem se tornar perfeitos, poderiam alcançar o seu objetivo supremo e último, e seriam, assim, plenamente idênticos entre si; seriam apenas um só, um único sujeito.

 

Deter-se e lamentar a corrupção dos homens sem levantar uma mão para a diminuir é efeminação. Verberar e mofar amargamente sem dizer aos homens como se devem tornar melhores é indelicadeza. Agir! Agir! É para isto que cá estamos. Desejaríamos ressentir-nos porque os outros não são perfeitos como nós, se somos apenas mais perfeitos? Não é justamente esta nossa maior perfeição – o apelo que nos é dirigido de que somos nós que temos de trabalhar para a perfeição dos outros? Alegremo-nos, pois, com o espetáculo do vasto campo que temos de trabalhar! Alegremo-nos por sentirmos em nós força e por nossa tarefa ser infinita!

 

O sábio é aquele que faz uso da sua liberdade, não possuindo seu conhecimento só para si mesmo; mas, antes, para a sociedade. O fim último de cada ser humano singular, e também de toda a sociedade, por conseguinte, também de todos os trabalhos do sábio relativamente à sociedade, é o enobrecimento moral do homem inteiro. O dever do sábio consiste em edificar sempre este fim último e em tê-lo diante dos olhos em tudo o que ele faz na sociedade.

 

Não ensinamos apenas por meio de palavras; ensinamos ainda, e muito mais profundamente, através de nosso exemplo. Todo aquele que vive na sociedade deve-lhe um bom exemplo, porque a força do exemplo brota primeiro da nossa vida na sociedade.

 

É unicamente a livre ação recíproca com a ajuda de conceitos e segundo conceitos, unicamente o fato de dispensar e o de receber conhecimentos que forma o caráter próprio da Humanidade, único pelo qual cada pessoa confirma-se indiscutivelmente em sua humanidade.

 

O princípio da divisão é o mesmo que o princípio da construção, e, portanto, também do conceito.

 

O Absoluto não é intrinsecamente inconcebível, pois isto não faz sentido. Ele é inconcebível apenas quando o conceito por si tenta alcançá-Lo, e esta inconceptibilidade é sua única qualidade. Tendo reconhecido esta inconceptibilidade como uma qualidade estranha introduzida pelo saber, permanece no Absoluto apenas a pura auto-suficiência ou a substancialidade.

 

A Unidade não pode, de forma alguma, consistir no que vemos ou concebemos, pois isto seria algo objetivo; ao contrário, Ela consiste naquilo que somos, buscamos e vivemos.

 

Aquele que chegou lá não se importa mais com a escada.

 

Eu me determino para me mover de A até B; este ato de autodeterminação é um ato que não ocorre em tempo algum. Uma experiência acontece como conseqüência deste ato de autodeterminação; a transição de A até B acontece no tempo. Este movimento de transição é condicionado pela causalidade de minha vontade. Todo membro da série temporal é considerado como condicionado pela causalidade da minha vontade.

 

Nenhum tempo – nenhum tempo antes ou depois está envolvido na minha auto-intuição como sujeito volitivo. Apenas o condicionado acontece no tempo, mas minha vontade não é condicionada por nada.

 

A educação deve ser uma arte segura e refletida, para formar uma vontade boa, constante e infalível no homem; esta é a sua primeira característica.

 

A beleza uma virtude moral.

 

Mesmo que não possa ter um conhecimento de si fora do pensamento, a coisa pensante existe e tem intuição de si mesma como o Eu, e é a coisa última.

 

Nossa vontade é livre...

 

O fim de nossa vida não é ser feliz, mas merecer a felicidade.

 

Não há absolutamente nenhum ser e nenhuma vida fora da vida imediata divina.

 

 

Deus    Liberdade    Absoluto.

 

A Unidade do Espírito Puro é, para mim, um ideal inatingível; fim último que jamais se realiza.2

 

 

 

 






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Notas:

1. Crítica da Razão Pura (1781), Crítica da Razão Prática (1788) e Crítica do Julgamento ou Crítica do Juízo (1790).

2. Já discuti este tema em outros ensaios. Se o Espírito Puro, como diz Fichte, ou a realização plena e absoluta de tudo, como penso eu, pudessem ser atingidos ou efetivados, é como se o movimento cessasse, como se não houvesse, por assim dizer, mais uma finalidade, ainda que, em termos metafísicos puros, não haja mesmo uma finalidade avistável ou concebível. O Cósmico simplesmente é o que é; o alinhamento com a Consciência Cósmica é que corre por nossa conta e risco. Seja como for, pretender alcançar uma finalidade na não-finalidade é impossível. Da mesma forma que o nada inexiste e, portanto, não pode dar origem a coisa alguma, o último degrau também não existe, e, por isto, não pode ser pisado. Mas, a absorção e a fusão, consciente e volitiva, no Todo-Sempre-Um são uma possibilidade, mas um tanto difíceis de serem concebidas. Entretanto, quem quer abrir mão de sua identidade, de sua impressão digital, da sua vontade de ter vontade? Logo, continuará a haver dúvida e dor enquanto a individualidade prevalecer sobre a Totalidade.

 

 

 

 

 

Bibliografia:

LOGOS (ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE FILOSOFIA). Vol. II. Lisboa/São Paulo: Verbo, 1990.

REALE, Giovanni e ANTISERI, Dario. História da Filosofia (do Romentismo até nossos dias). Vol III. São Paulo: Paulinas, 1991.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://wwwipldn.blogspot.com/2009/04/imaginacao
-uma-dimensao-do-humano_4495.html

http://www.hottopos.com/
harvard4/jmskant.htm

http://www.montfort.org.br/

http://logistikon.blogspot.com/2008/03
/conceito-de-educao-em-fichte.html

http://docs.google.com/gview?

http://www.controversia.unisinos.br/
index.php?a=47&e=2&s=9

http://filolegere3.blogspot.com/
2009/05/fichte-e-schelling.html

http://docs.google.com/gview?

http://edsongil.wordpress.com/
2008/09/09/introducao-a-fichte-6/

http://www.consciencia.org/
fichteroberto.shtml

http://docs.google.com/

http://urs.bira.nom.br/
autor/ursb/ed000165.htm

http://www.cobra.pages.nom.br/
fc-fichte.html

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Johann_Gottlieb_Fichte

http://pt.wikiquote.org/
wiki/Johann_Fichte

 

Fundo musical:

Agnus Dei - Missa da Coroação (Mozart)

Fonte:

http://www.lepanto.com.br/dados/classicas.htm