Ontem,
18 de outubro de 2008, recebi o seguinte e-mail da The
Order of Maat:
htp
Você
anda na rua e qualquer pessoa te diz: 'É, o Gabeira é honesto'.
Muitos que dizem não vão votar nele, mas todos são
unânimes no quesito honestidade, caráter do Gabeira. De começo,
já é tudo que a gente precisa.
O trecho
acima foi extraído de uma mensagem postada na lista "Christian
Rosenkreutz", de Alexandre David de O. Passos, na Yahoo, Inc. Como
na biografia profana de nosso dirigente Frater Velado consta que trabalhou
com Gabeira, antes da ditadura militar, no jornal "Correio de Minas"
isso chamou nossa atenção. Como sabemos que encontrar alguém
honesto desde os tempos de Diógenes para cá é catar
agulha em palheiro, enviamos aquele trecho ao FV, para que, caso pudesse
e quisesse, contasse algo a respeito do Gabeira, e dele recebemos este depoimento:
Sim,
meu primeiro emprego como jornalista profissional foi no 'Correio de Minas',
em Belo Horizonte, do qual Fernando Gabeira era o Redator-Chefe, casado
com a mulher mais bonita da capital mineira. Eu tinha então 22 anos
(hoje estou com 67). O Gabeira era muito avançado para aqueles tempos
formais, em que os jornalistas usavam terno e gravata: trajava esporte,
calçava mocassins e os tirava na Redação, trabalhando
descalço. Não berrava com ninguém (uma exceção
à regra) e era benquisto por todos. O jornal ficava na Avenida Carandaí
439 e pertencia a um sujeito chamado Cota, que acabou dilapidando tudo dando
festas de arromba para o 'high society' de Belô. Era uma réplica
do 'Correio da Manhã', com várias edições regionais
para todo o Estado de Minas e reunia a nata do jornalismo da época,
como Fernando Mitre, Flávio Márcio Salim, Celius Aulicus e
muitos outros. Quando mataram o Kennedy, o Gabeira ligou para o Cota e pediu
autorização para tirar uma edição extra, recebendo
a resposta de que poderia fazer isso e muito mais: era para rodar até
acabarem todas as bobinas de papel existentes no depósito. A rotativa
trabalhou até o papel findar e os jornaleiros levavam os exemplares
e pagavam em dinheiro vivo, que encheu vários sacos. A edição
se esgotou rapidamente e o Gabeira comunicou ao Cota, que disse: 'Faça
com o dinheiro da edição o que você quiser!'. O Gabeira
mandou que os sacos fossem levados para a Redação e distribuiu
tudo, em partes iguais, entre contínuos, burocratas, jornalistas
e gráficos. Com a parte que me coube, comprei um blusão de
couro, duas camisas francesas, um cordão de ouro, jantei quatro vezes
no restaurante Rosário e fui três vezes no Curitiba 32, que
era o melhor 'rendez-vous' de BH. Bons tempos aqueles! Anos mais tarde,
voltei a trabalhar com o Gabeira, no 'Jornal do Brasil', no Rio, onde ele
era pauteiro, e o Alberto Dines Diretor de Redação. Sem exageros,
Gabeira foi o melhor pauteiro* que o JB já teve,
pelo que pude constatar.
18 de
outubro de 6248 AFK
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*
A pauta é a orientação que os repórteres recebem
descrevendo que tipo de reportagem será feita, com quem deverão
falar, onde e como. A pauta, não necessariamente, é escrita
e nem sempre é premeditada. Um acidente de carro, por exemplo, só
vira pauta na hora em que acontece. A pauta é elaborada, nos dias
de hoje, por editores e sub-editores; no passado, existia o pauteiro. Apesar
de ser detalhada e repleta de orientações editoriais, a pauta
não é rígida: o repórter pode modificar abordagens,
sugerir outros entrevistados e até mudar completamente a natureza
da reportagem que irá produzir levando em conta os acontecimentos
factuais que presenciar depois de sair da redação em busca
da notícia. No jornalismo, chama-se de pauteiro o profissional que,
dentro de uma redação, tem a função de decidir
o que será noticiado. Cabe a ele elaborar a pauta do dia, isto é,
os assuntos que os repórteres deverão sair para apurar (investigar).
O pauteiro geralmente à redação chega mais cedo que
os demais colegas (às vezes de madrugada) e seleciona, desenvolve
e planeja as coberturas que serão atribuídas a cada repórter
ou redator. Comumente, um pauteiro recebe telefonemas, e-mails e cartas
do público dando sugestões de pauta.
Esta
explicação, que acrescentei ao e-mail recebido, foi
editada da fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pauta_(jornalismo)