EXPANDINDO A LUZ

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

 

 

Um Rápido Comentário

 

 

 

Há pessoas – principalmente aquelas vinculadas a movimentos esotéricos – que têm a mania ou o cacoete, ridículos ou viciosos, egoístas ou estupidificantes, de, sempre que podem, ocultar o que sabem, e que, mais do que poderia, deveria ser divulgado.

 

Eu sei perfeitamente bem que há certas coisas que não podem ser comentadas ou veiculadas; mas estas mesmas coisas são, de certa forma, uma minoria meio que tendente para um minimum nihilo proximum (mínimo próximo do nada). Logo, de maneira geral, a regra básica é a seguinte: se alguém perguntar, o místico tem obrigação de responder e de ensinar. Isto também está conforme o preceito universal de que somos todos um. Ora, se enquanto houver um faminto, um doente e um infeliz todos nós seremos e estaremos famintos, doentes e infelizes, igualmente, a ignorância não é só de um ou de alguns, é de todos. Tudo que afetar um ser-no-mundo afetará todos os seres-no-mundo. Estamos todos unidos por um laço invisível que mutuamente nos obriga por um compromisso de fraternidade e de compaixão, queiramos ou não queiramos, gostemos ou não gostemos.

 

Portanto, a mínima Luz que nos for confiada não pode ser trancafiada a sete chaves em um cofre que só existe em nossas ilusões empoeiradas; esta mínima Luz precisa, mais do que isto, ela tem que ser esparramada. Enfim, se quem salva uma vida salva o mundo inteiro, como ensina o Talmud, uma parte permanente desta salvação é a tarefa, se pudermos, de educar o outro, pois a Liberdade – a prima categoria – só advirá pela educação, permanente e continuada.

 

Por exemplo, só deixaremos de acreditar em milagres e congêneres quando nós mesmos formos capazes de realizar estes mesmos milagres e estes mesmos congêneres. Aí, compreenderemos que o que eventualmente realizarmos não serão milagres; os milagres realizados por nós, então, não serão nada mais nada menos do que o resultado do funcionamento, correto e consciente, de certas Leis Cósmicas que desconhecíamos e que achávamos que eram milagres feitos pelos outros. Mas, se ainda assim não formos capazes de realizar milagres, isto, por acaso, nos torna relativamente menores ou inferiores? Porventura seremos menos espiritualizados? Por hipótese seremos menos sei lá o quê do que quer que seja? O maior milagre, sim, o maior milagre que cada um de nós já realizou, no tempo que é e que não é tempo, geralmente sem saber, foi ter chegado à condição de ser humano, pois, para isto, foi necessário que cada um de nós tenha vencido galhardamente, há milhões de anos, os Ciclos Saturnal, Solar e Lunar. Hoje, peregrinamos na Terra. Depois, se merecermos, virão os Períodos de Júpiter, de Vênus e de Vulcano. Que não esqueçamos de que já fomos semelhantes a pedras, a vegetais e a animais, e de que nossa Consciência, sucessivamente, já esteve em condição semelhante a um transe profundo, já foi análoga à de um sono sem sonhos e já teve existência semelhante ao estado de um sono com sonhos. A meritória autoconsciência é ou não é um milagre construído?

 

Ora bolas! Se eu sei alguma coisa que poderá melhorar a vida do outro, porque haverei de escondê-la e de guardá-la só para mim? Isto é um egoísmo fedorentérrimo que haverá de ser duramente compensado. Ou...

 

 

 

 

 

 

 

Um Experimento Interessante

 

 

 

Sempre que posso, divulgo um experimento, sendo que a maioria deles decorre de experiências individuais ou de vivências pessoais. Nesta oportunidade, transmitirei um experimento muito interessante que está inserido na obra Princípios Rosacruzes para o Lar e os Negócios, de autoria de Harvey Spencer Lewis, 1º Imperator da Ordem Rosacruz AMORC, para este Segundo Ciclo de Atividades Iniciáticas.

 

 

 

 

Este experimento está relacionado ao fato de podermos evitar que o nosso interlocutor tenha sua atenção desviada do que estamos tentando lhe transmitir. Para impedir este desconforto-desconsolo, enquanto você estiver se dirigindo à pessoa com quem estiver conversando, fixe seu olhar na raiz do nariz do seu interlocutor, ou seja, entre suas sobrancelhas, na altura daquilo que é comumente conhecido como terceiro olho. Evite piscar e desviar o olhar do ponto fixado. Mas, se, por alguns instantes, precisar desviar seu olhar, nunca o faça para um nível inferior relativamente aos olhos do seu interlocutor; desvie seu olhar, de preferência, para o lado ou para cima, pois o ato de desviar o olhar para um ponto inferior ao terceiro olho da outra pessoa, inadvertidamente envia à ela uma mensagem de submissão de nossa parte. Também não tem o menor cabimento adotar uma expressão, por assim dizer, tolamente mística e/ou de arregalação dos olhos. Em resumo: o olhar deve ser simplesmente natural, sem qualquer tipo de afetação. Apenas mantenha-o fixado no ponto indicado. Pirotecnias místicas dão em nada.

 

Este experimento, claro, serve a outros propósitos; mas não podemos jamais nos esquecer de que somos responsáveis por tudo. Logo, tentar enviar comandos mentais ao nosso interlocutor, sejam lá do tipo que forem, poderá custar muito caro ao aprendiz de feiticeiro. Misticismo operativo não é para principiantes, para boçais, para débeis e muito menos para mal-intencionados.

 

Rapidinho, a título de exemplo, vou relatar um episódio real, do qual involuntariamente participei, aproximadamente há trinta e nove anos, que se deu com um padre (feio como um espanta-neném) afastado voluntariamente do ministério (ex-padre não existe), e que havia entrado recentemente para uma fraternidade mística. Uma certa noite, ele me disse algo mais ou menos assim:

 

Agora que aprendi certos experimentos místicos, vou aproveitar para recuperar o tempo perdido e comer todas as mulheres que não comi enquanto eu perdia meu tempo no ministério.

 

Eu me lembro muito bem que lhe disse aproximativamente algo semelhante a:

 

Meu irmão: primeiro, não há nem tempo perdido nem tempo a ser ganho; segundo, se o tempo existisse da forma como pensamos que existe, ele jamais poderia ser recuperado ou acelerado; e terceiro, usar os experimentos místicos que você está aprendendo para esta finalidade lúdico-erótica é uma asneira sesquipedal altamente comprometedora. Caso você consiga comer alguém desta maneira, o que não acredito, o preço a ser pago por esta descaída será caríssimo. É melhor pagar uma garota de programa do que fazer o que você está dizendo que irá fazer. No frigir dos ovos, sairá mais barato!

 

Este irmão ficou compenetradamente me olhando, não disse uma palavra, e nunca mais tocou neste assunto comigo. Algum tempo depois, não mais o vi, mas espero que tenha mudado de idéia.

 

Abaixo, a animação em flash resume tudo o que você não deverá fazer ao tentar levar a cabo o experimento que descrevi mais acima.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fundo musical:

Misty (Erroll Garner)

Fonte:

http://www.eadcentral.com/go/1/1/0/http://
www.familiesties.com/MidiFiles/midifilesmr.html