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Notas:
1.
No Coração.
2.
Sannyasa = Renúncia. Toda ação (e, antes,
todo pensamento) deve deixar de lado motivações pessoais hipotéticas
(o que é extremamente difícil, mas não é impossível).
Seja como for, não há acaso no Cosmo; todas as coisas têm
sua origem e subsistem como decorrência da própria natureza
do Absoluto, que pode ter diversas interpretações. Mas, deve-se
renunciar a quê? E o que é o Absoluto? Terão cabimento
o Criacionismo, o Panteísmo, a imanência, a transcendência
etc.? Estas perguntas só poderão ser respondidas em nossos
Corações. Ninguém poderá nos ensinar nada que
inconscientemente já não saibamos e que não esteja
já impresso em nossos Corações. E o que está,
desde–sempre (o que é desde–sempre?) impresso em nossos
Corações não poderá ser encontrado do lado de
fora ou em qualquer outro lugar... que não seja no próprio
Coração. Mas, o que cabe em uma moringa, sobrará em
uma taça. E como escreveu Fernando Pessoa (1888-1935): Livros
são papéis pintados com tinta. E será mesmo, por
outro lado, como disse o próprio Fernando Pessoa, que o Sol só
peca quando, em vez de criar, seca? Então, por tudo isso, que
foi menos do que uma gotinha, paciência, paciência, paciência...
3.
Repito: o que é desde–sempre? Acrescento: o que é universal?
E haverá algo que possa ser criado do nada? Haverá um deus
criador? E quem criou o deus criador? E quem criou o criador do deus criador?
E quem criou... Como justificar misticamente (e racionalmente) o conceito
teológico ainda vigente creatio ex nihilo (criação
a partir do nada) de Agostinho de Hipona (354-430), criação
plasmada como imago Dei (imagem de Deus) e apresentada na sua obra
De Natura Boni (A Natureza do Bem) para combater as concepções
emanatistas (deliberadas ou acidentais) do Neoplatonismo (que, freqüentemente,
se converte em Panteísmo, identificando as coisas criadas com um
Deus criador, que não se sabe bem de quê e como, inverossimilmente,
tudo cria à sua imagem e semelhança)? Deixando de lado o Misticismo,
racionalmente, para mim, é mais palatável o ex nihilo
nihil fit (do nada, nada se faz) do filósofo grego do período
helenístico Epicuro de Samos (341-270 a. C.), pois é mais
do que razoável que: Gigni de nihilo nihil; in nihilum nil posse
reverti. (Nada pode nascer do nada; nada pode se tornar em nada). Entretanto,
se assim não é, se existe mesmo um deus criador – amarga
fantasia! – como é cabível que esse deus criador, depois
de criar, remeta ao nada sua própria ciação? Nem agasalhado
e quentinho isso pode ter cabimento.
4.
Nirmana-kaya —› Sambhoga-kaya —›
Dharma-kaya —› ... Em suas manifestações
(dependendo do Plano, da Dimensão e do processo, isto, em princípio,
pode ser entendido como encarnação ou projeção)
e peregrinações (até a Fusão Final no Sempre-Todo-Um),
os seres-aí, por esforço + mérito, poderão,
em um primeiro momento, se tornar Nirmana-kayas. Iniciaticamente,
no tempo que é e não é tempo, o Nirmana-kaya
perde seu átomo físico permanente, e é, por assim dizer,
promovido a Sambhoga-kaya. O Sambhoga-kaya perde todos
os átomos permanentes, com exceção do Akáshico;
daí por diante, atua somente no Plano Nirvânico. O
Dharma-kaya – terceira conseqüência meritocrático-volitiva
da evolução místico-iniciática do Nirmana-kaya
em Sambhoga-kaya – perde, enfim, o átomo Akáshico,
deixa o Quíntuplo Universo e encontra sua vocação
peregrinadora mais concertada e Illuminante nos dois Planos mais
elevados, onde as Forças do Ishwara estão atuando
mais direta e plenamente do que nos Planos inferiores. Tudo isso se resume
em esforço + merecimento, em trabalho + oração e em
movimento + evolução. É o eterno girar da Roda da Eterna
Vida, entropizando + reconstruindo, compensando + educando e caotizando
+ reordenando, até que ocorra, como foi dito acima, a Fusão
Final determinativa no Sempre-Todo-Um. Mas, o passo alforriador é
a compreensão de que o procurado e festejado Reino não está
lá nem acolá; está aqui. Enquanto nos mantivermos de
joelhos, tudo será ora nevoeiro, ora sombra, ora total escuridão,
e, por exemplo e preconceituosamente, a Bhagavad Gita (A Canção
do Senhor), a obra-prima de Srila Vyasadeva, será tida como
alucinação de um visionário. O mundo da realidade é
ilusão; o que é atual nunca deixa de existir.
Mantra
de fundo:
Pancatattwa
Maha-mantra (cantado por Srila Bhaktivedanta Swami Prabhupada)
O
Pancatattwa Maha-mantra (Sri Krishna Caitanya, Prabhu Nityananda, Sri
Advaita Gadadhara Srivasadi Gaura Bhakta Vrinda) é, segundo
meu entendimento, um mantra místico glorificante das cinco verdades
relativas básicas e evolucionais, quais sejam: Mestre-Deus interior,
Energia Illuminadora no Coração do Iniciado, manifestação
cósmica de Bem e Beleza, espiritualidade consciente conquistada e
personalidade-alma em peregrinação-evolução.
Fonte:
http://www.vrindavan.org/
vrinda/mantras/mantras.htm
Observação:
Inspiração
deste poema e fonte de consulta da nota nº 4: Swami Subrahmanyananda.
Introdução ao Estudo do Gita. In: Srimad
Bhagavad Gita (Bhagavan Sri Krishna). Rio de Janeiro:
Haydée Touriño Wilmer, 2002, pp. 35-68.