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Nota:
1. Todos nós,
sem exceção, temos hábitos, manias, convicções
e modos de ser e de viver que são peculiares a cada um de nós,
e que, obviamente, estão diretamente relacionados e são inexoravelmente
proporcionais à nossa cultura. Entretanto, como baralhamos, confundimos
e misturamos coisa com loisa, coisa com poisa e loisa com poisa, e vice-versa,
porque ora navegamos no barco da
credenda, ora navegamos no barco da miranda,
temos muita dificuldade em mudar a exeqüenda (sentença que está
sendo executada, mas, que pode ser mudada, pois, o exeqüente-cumpridor
somos nós)! Dialética, que é bom, (quase) neca! Ora
credenda,
ora miranda!
Bem, vamos ao que interessa, e faça comigo a seguinte continha elementar:
imagine um prédio de apartamentos de 10 andares, com 4 apartamentos
por andar e, em média, com 3 pessoas por apartamento, o que dá
120 pessoas morando neste prédio (10 x 4 x 3). Agora, imagine que
este prédio tem 2 elevadores, e imagine, ainda, que todas as vezes
que as pessoas que moram neste prédio, quando precisam sair ou voltar,
chamem os dois elevadores ao mesmo tempo (e isto acontece, pelo menos, duas
vezes por dia). No final do mês, a conta de luz será de R$
X,00. Muito bem, se todos perceberem este desperdício, e mudarem
este hábito, mania ou modo de ser e de viver, chamando apenas um
elevador a cada vez que precisam sair de casa ou retornar, no fim do mês,
a conta de luz poderá ser de R$ X,00 – (±) 20% ou 30%,
isto é, será consideravelmente menor. Mas, por que fiz este
rápido comentário? Por que, para mudarmos a exeqüenda
(que nós próprios prolatamos para nós mesmos cumprir),
precisaremos, primeiro, nos conhecer, e não há nada mais difícil
do que isto. Encarnamos, defuntamos e reencarnamos 1 zilhão de vezes,
e não nos damos conta da maioria dos nossos hábitos, das nossas
manias, das nossas convicções e dos nossos modos de ser e
de viver. Vamos vivendo com comportamentos maquinais, executando tarefas
ou seguindo ordens, como se fôssemos destituídos de consciência,
de raciocínio, de vontade ou de espontaneidade. Ora, não somos
nem autômatos, nem robôs, nem paus-mandados, para ficarmos a
obedecer a tudo incondicionalmente, sem objeções, sem resistência
e sem protesto! Não há um ser humano que não tenha
livre-arbítrio! Talvez, um bom exercício seja chamar apenas
um elevador... Eu ando fazendo isto.
2. Talvez, neste verso,
eu tenha pizzingado
um pouquinho ao usar o pronome indefinido ninguém. Se você
preferir, poderá lê-lo como o adjetivo muito. E assim, ao invés
de Ninguém quer mudar, você lerá Muitos não querem
mudar. Mas, que esse negócio de mudançar tende para ninguém,
isto tende.
3. Nota editada da Página
da Internet Ciberdúvidas da Língua Portuguesa: Vasco Botelho
do Amaral, no seu Glossário Crítico das Dificuldades do
Idioma Português (Porto, Ed. Domingos Barreira, 1947, pp. 53-54),
registra a expressão «Boceta
de Pandora» como «uma
poética imagem [...] muito
empregada pelos literatos», simbolizando todos os males
trazidos por Pandora, e que se espalharam pela Terra. Esta expressão
tem a sua origem na Mitologia, segundo a qual Zeus enviou Pandora, a primeira
mulher, fruto do contributo de todos os deuses, sob a ordem de Zeus –
dentro de uma boceta, como presente a Epimeteu, irmão de Prometeu:
«Darei de
presente aos homens, disse Zeus, um
mal com que todos, do fundo do seu Coração, desejarão
rodear de amor a sua infelicidade.» (Jean Chevalier e
Alain Gheerbrant, Dicionário dos Símbolos, Lisboa,
Teorema, 1994). Pandora é, assim, «em
um mito hesiódico, a primeira mulher, criada por Hefesto e por Atena,
com o auxílio de todos os outros deuses, por ordem de Zeus. Cada
um deles lhe atribuiu um dom: desta forma, Pandora
recebeu a beleza,
a graça, a destreza manual, a capacidade de persuadir e outras qualidades.
Mas, Hermes colocou no seu Coração a mentira e a astúcia.
Hefesto fê-la à imagem das deusas imortais, e Zeus destinou-a
à punição da raça humana, à qual Prometeu
tinha acabado de dar o Fogo Divino. Foi esse o presente que todos os deuses
ofereceram, então, aos homens, para lhes causar a desgraça.»
(Pierre Grimal, Dicionário da Mitologia, Lisboa, Difel,
1992). Boceta de
Pandora se trata, portanto, de uma expressão simbólica,
de sentido figurado, atestada pelos dicionários, e que representa
a «origem
de todos os males.» (Grande Dicionário da Língua
Portuguesa, Porto Editora, 2010). É de referir que o nome/substantivo
boceta – «do
francês antigo boucette, diminutivo de boce ou bosse, "vasilha"
[...] – ainda que pouco usado isoladamente, faz parte do léxico
português, designando «pequena
caixa redonda ou oval para guardar objetos pessoais; caixa de rapé,
por exemplo». Não podemos deixar de assinalar que,
no Brasil, porque os brasileiros só têm sacanagem na cabeça,
este termo é considerado grosseiro ou ofensivo na maioria dos contextos,
figurando entre os chamados palavrões, por estar associado ao «órgão
sexual feminino» (Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa, 2010; Grande Dicionário da Língua Portuguesa,
ob. cit.). É, pode ser que seja um palavrão, mas, todo mundo
gosta. Demarca-se, portanto, como termo tabu, sendo substituído por
«caixa»
na expressão «Caixa
de Pandora». No entanto, não devemos nos esquecer,
também, de que o uso da expressão «Boceta
de Pandora» é revelador de marca cultural, de conhecimento
da Mitologia, assinalando o domínio de uma linguagem simbólica
que se adéqua na perfeição a situações
em que nos queiramos referir a qualquer realidade que, «debaixo
da sua aparência sedutora, é a origem de todos os males.»
(Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea,
da Academia das Ciências de Lisboa, 2001). Por tudo isto, concluí
que era mais romântico e meiguinho usar o diminutivo, e chamei o Bocetão
Pandoreano (porque a quantidade de males é sesquipedalíssima)
de Bocetinha. O
que você achou? Mimoso, não é?
O
Mimoso Bocetão
Pandoreano
Sesquipedalíssimo
Música
de fundo:
It's Nice to go Trav'ling
Compositores: Sammy Cahn & Jimmy Van Heusen
Intérprete: Frank Sinatra
Páginas
da Internet consultadas:
http://rebloggy.com/post/trippy-black-and-white-lsd-psychedelic
-skull-animated-gif-magic-mushrooms-loop-c/61841724636
http://www.gifs-paradise.com/devils/
http://alecemo.deviantart.com/art/Pandora-s-Box-299386508
https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas
/a-expressao-boceta-de-pandora/31319
http://www.migalhas.com.br/Porandubas/
35,MI204002,61044-Porandubas+n+405
http://www.observatoriopolitico.pt/wp-content/
uploads/2013/01/WP_20_CMS.pdf
http://www.studentpulse.com/articles/896/the-visual-rhetoric-of-lady
-justice-understanding-jurisprudence-through-metonymic-tokens
https://pt.wikipedia.org/wiki/Chacra
http://cashmancuneo.net/lettersongs.htm
http://www.picgifs.com/alphabets/frogs-2/
http://giphy.com/gifs/animation-robot-walk-FMqyKHUmzKGZi
http://www.gifmania.co.uk/Art-Animated-Gifs/Animated
-Architecture/Architectural-Elements/Elevators/
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