A EXEQÜENDA
(Que Nós Próprios Prolatamos e Cumprimos)

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Não somos nem autômatos nem robôs!
Precisamos nos alforriar do Manipura.

 

 

 

 

amorei e me envolvi

1.000.000(m + n) de vezes!

Escureci, adoeci e sofri

 

 

inha, ia, retornava...

A mesma exeqüenda!1

Eu não me mancava...

Não achava a Senda!

 

 

om todos e comigo

é o que sói acontecer.

Não há um só umbigo...

Não há um único ser...

 

 

que há de mais aflitivo

do que operar mudanças?

O que há de mais adustivo

do que frustrar amanças?

 

 

inguém2 quer mudar.

Mudar dói; mudar aterrora.

E vai causando mal-estar

a Bocetinha da Pandora!3

 

 

as, acaba secando

a nossa plexo-solarização.

E vamos desarqueando!

 

 

um Novo Dia inicia,

Dia que se expectativou!

E a Santa LLuz acaricia

aquele que se Liberou!

 

 

 

 

 

 

 

 

_____

Nota:

1. Todos nós, sem exceção, temos hábitos, manias, convicções e modos de ser e de viver que são peculiares a cada um de nós, e que, obviamente, estão diretamente relacionados e são inexoravelmente proporcionais à nossa cultura. Entretanto, como baralhamos, confundimos e misturamos coisa com loisa, coisa com poisa e loisa com poisa, e vice-versa, porque ora navegamos no barco da credenda, ora navegamos no barco da miranda, temos muita dificuldade em mudar a exeqüenda (sentença que está sendo executada, mas, que pode ser mudada, pois, o exeqüente-cumpridor somos nós)! Dialética, que é bom, (quase) neca! Ora credenda, ora miranda! Bem, vamos ao que interessa, e faça comigo a seguinte continha elementar: imagine um prédio de apartamentos de 10 andares, com 4 apartamentos por andar e, em média, com 3 pessoas por apartamento, o que dá 120 pessoas morando neste prédio (10 x 4 x 3). Agora, imagine que este prédio tem 2 elevadores, e imagine, ainda, que todas as vezes que as pessoas que moram neste prédio, quando precisam sair ou voltar, chamem os dois elevadores ao mesmo tempo (e isto acontece, pelo menos, duas vezes por dia). No final do mês, a conta de luz será de R$ X,00. Muito bem, se todos perceberem este desperdício, e mudarem este hábito, mania ou modo de ser e de viver, chamando apenas um elevador a cada vez que precisam sair de casa ou retornar, no fim do mês, a conta de luz poderá ser de R$ X,00 – (±) 20% ou 30%, isto é, será consideravelmente menor. Mas, por que fiz este rápido comentário? Por que, para mudarmos a exeqüenda (que nós próprios prolatamos para nós mesmos cumprir), precisaremos, primeiro, nos conhecer, e não há nada mais difícil do que isto. Encarnamos, defuntamos e reencarnamos 1 zilhão de vezes, e não nos damos conta da maioria dos nossos hábitos, das nossas manias, das nossas convicções e dos nossos modos de ser e de viver. Vamos vivendo com comportamentos maquinais, executando tarefas ou seguindo ordens, como se fôssemos destituídos de consciência, de raciocínio, de vontade ou de espontaneidade. Ora, não somos nem autômatos, nem robôs, nem paus-mandados, para ficarmos a obedecer a tudo incondicionalmente, sem objeções, sem resistência e sem protesto! Não há um ser humano que não tenha livre-arbítrio! Talvez, um bom exercício seja chamar apenas um elevador... Eu ando fazendo isto.

 

 

 

 

2. Talvez, neste verso, eu tenha pizzingado um pouquinho ao usar o pronome indefinido ninguém. Se você preferir, poderá lê-lo como o adjetivo muito. E assim, ao invés de Ninguém quer mudar, você lerá Muitos não querem mudar. Mas, que esse negócio de mudançar tende para ninguém, isto tende.

3. Nota editada da Página da Internet Ciberdúvidas da Língua Portuguesa: Vasco Botelho do Amaral, no seu Glossário Crítico das Dificuldades do Idioma Português (Porto, Ed. Domingos Barreira, 1947, pp. 53-54), registra a expressão «Boceta de Pandora» como «uma poética imagem [...] muito empregada pelos literatos», simbolizando todos os males trazidos por Pandora, e que se espalharam pela Terra. Esta expressão tem a sua origem na Mitologia, segundo a qual Zeus enviou Pandora, a primeira mulher, fruto do contributo de todos os deuses, sob a ordem de Zeus – dentro de uma boceta, como presente a Epimeteu, irmão de Prometeu: «Darei de presente aos homens, disse Zeus, um mal com que todos, do fundo do seu Coração, desejarão rodear de amor a sua infelicidade.» (Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, Dicionário dos Símbolos, Lisboa, Teorema, 1994). Pandora é, assim, «em um mito hesiódico, a primeira mulher, criada por Hefesto e por Atena, com o auxílio de todos os outros deuses, por ordem de Zeus. Cada um deles lhe atribuiu um dom: desta forma, Pandora recebeu a beleza, a graça, a destreza manual, a capacidade de persuadir e outras qualidades. Mas, Hermes colocou no seu Coração a mentira e a astúcia. Hefesto fê-la à imagem das deusas imortais, e Zeus destinou-a à punição da raça humana, à qual Prometeu tinha acabado de dar o Fogo Divino. Foi esse o presente que todos os deuses ofereceram, então, aos homens, para lhes causar a desgraça.» (Pierre Grimal, Dicionário da Mitologia, Lisboa, Difel, 1992). Boceta de Pandora se trata, portanto, de uma expressão simbólica, de sentido figurado, atestada pelos dicionários, e que representa a «origem de todos os males.» (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora, 2010). É de referir que o nome/substantivo boceta – «do francês antigo boucette, diminutivo de boce ou bosse, "vasilha" [...] – ainda que pouco usado isoladamente, faz parte do léxico português, designando «pequena caixa redonda ou oval para guardar objetos pessoais; caixa de rapé, por exemplo». Não podemos deixar de assinalar que, no Brasil, porque os brasileiros só têm sacanagem na cabeça, este termo é considerado grosseiro ou ofensivo na maioria dos contextos, figurando entre os chamados palavrões, por estar associado ao «órgão sexual feminino» (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2010; Grande Dicionário da Língua Portuguesa, ob. cit.). É, pode ser que seja um palavrão, mas, todo mundo gosta. Demarca-se, portanto, como termo tabu, sendo substituído por «caixa» na expressão «Caixa de Pandora». No entanto, não devemos nos esquecer, também, de que o uso da expressão «Boceta de Pandora» é revelador de marca cultural, de conhecimento da Mitologia, assinalando o domínio de uma linguagem simbólica que se adéqua na perfeição a situações em que nos queiramos referir a qualquer realidade que, «debaixo da sua aparência sedutora, é a origem de todos os males.» (Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, 2001). Por tudo isto, concluí que era mais romântico e meiguinho usar o diminutivo, e chamei o Bocetão Pandoreano (porque a quantidade de males é sesquipedalíssima) de Bocetinha. O que você achou? Mimoso, não é?

 

 

O Mimoso Bocetão Pandoreano Sesquipedalíssimo

 

 

 

Música de fundo:

It's Nice to go Trav'ling
Compositores: Sammy Cahn & Jimmy Van Heusen
Intérprete: Frank Sinatra

 

Páginas da Internet consultadas:

http://rebloggy.com/post/trippy-black-and-white-lsd-psychedelic
-skull-animated-gif-magic-mushrooms-loop-c/61841724636

http://www.gifs-paradise.com/devils/

http://alecemo.deviantart.com/art/Pandora-s-Box-299386508

https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas
/a-expressao-boceta-de-pandora/31319

http://www.migalhas.com.br/Porandubas/
35,MI204002,61044-Porandubas+n+405

http://www.observatoriopolitico.pt/wp-content/
uploads/2013/01/WP_20_CMS.pdf

http://www.studentpulse.com/articles/896/the-visual-rhetoric-of-lady
-justice-understanding-jurisprudence-through-metonymic-tokens

https://pt.wikipedia.org/wiki/Chacra

http://cashmancuneo.net/lettersongs.htm

http://www.picgifs.com/alphabets/frogs-2/

http://giphy.com/gifs/animation-robot-walk-FMqyKHUmzKGZi

http://www.gifmania.co.uk/Art-Animated-Gifs/Animated
-Architecture/Architectural-Elements/Elevators/

 

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