EU-PEREGRINANTE

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Nós, seres humanos, [somos setenários, mas,] somos uma unidade [simbolicamente: 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 = 7 = 1] – e a experiência de cada vida é assimilada depois da morte, entre esta e um novo nascimento, de maneira que em cada vida terrestre possuímos, como faculdades, a soma de todas as nossas experiências das vidas anteriores peregrinadas. [In: Alegorias Astronômicas da Bíblia, de autoria de Max Heindel.]

Cada vida peregrinante na Terra [encarnação] não é mais do que um dia de permanência na escola. Quando tivermos aprendido tudo quanto há o que aprender aqui [e zerarmos o nosso karma terrestre], haverá outras evoluções superiores [ilimitadas] em que ingressaremos, [sempre por mérito]. Ante o Eu[-peregrinante] está um progresso sem-fim, de tal maneira que toda limitação é inconcebível, porque o Espírito humano é uma chispa do Ilimitado, desenvolvendo todas as suas possibilidades. [Logo, essa história de céu e de inferno para sempre é o maior papo-furado!] [Ibidem.]

 

 

 

Nós precisamos tomar vergonha na fuça,
ficar livres do
karma terrestre e avançar.

 

 

 

Já nasci e morri

e morri e renasci

tantas, tantas vezes!

Já mamei e desmamei

e desmamei e mamei

tantas, tantas vezes!

Já tive saúde e adoentei

e adoentei e tive saúde

tantas, tantas vezes!

Todavia, eu não consigo

apr(e)ender nem admitir

a Lei do Renascimento,

a Lei de Conseqüência,

a minha sétupla unicidade1

nem a Unicidade Cósmica

de todos os seres existentes.

 

 

 

 

Se eu puder, minto.

Se eu puder, engano.

Se eu puder, atraiçôo.

Se eu puder, crocodilo.

Se eu puder, jacarezeio.

Se eu puder, cloroquino.

Se eu puder, azitromicino.

Se eu puder, ivermectino.

Se eu puder, imunizo por infecção.

Se eu puder, desoxigeno.

Se eu puder, deixo-pra-lá.

Se eu puder, -newseio.

Se eu puder, conspiro.

Se eu puder, maquino.

Se eu puder, ameaço.

Se eu puder, tiranizo.

Se eu puder, amordaço.

Se eu puder, insuflo.

Se eu puder, antidemocratizo.

Se eu puder, anti-republicanizo.

Se eu puder, calo a imprensa.

Se eu puder, fecho o Supremo.

Se eu puder, fecho o Congresso.

Se eu puder, AI-5queio.

Se eu puder, reinstalo a tortura.

Se eu puder, reinauguro a censura.

Se eu puder, reimplanto o exílio.

Se eu puder, restabeleço o sumiço.

Se eu puder, reergo a Casa da Morte.2

Se eu puder, manipulo.

Se eu puder, corrompo.

Se eu puder, falsifico.

Se eu puder, roubo.

Se eu puder, defraudo.

Se eu puder, vantajo.

Se eu puder, dilapido.

Se eu puder, arruíno.

Se eu puder, estrago.

Se eu puder, escravizo.

Se eu puder, inquino.

Se eu puder, desmato.

Se eu puder, devasto.

Se eu puder, incendeio.

Se eu puder, destruo.

Se eu puder, atraso o relógio.

 

 

 

 

Por isto, continuo

nascendo e morrendo,

morrendo e renascendo,

mamando e desmamando,

desmamando e mamando,

tendo saúde e adoentando

adoentando e tendo saúde,

ordinariamente na mesma

e na mesma ordinariamente,

sem saber quem eu sou,

o porquê de eu ser assim

e de continuar a ser assim,

sem eira nem beira,

sem chá na chaleira,

sem lanterna na caverna,

sem água na cisterna,

esfomeado no deserto,

sempre dormindo, nunca desperto,

sem agasalho no inverno,

sempre férreo, nunca terno,

sem guarda-chuva na chuva,

preconceituando o tuluva,

surdo para o meu Deus Interior,

acolitando o demônio que fabriquei,

afligindo, chorando e sofrendo,

sem Amor no Coração,

sem saber o que é Paz,

desconhecendo a Beleza,

contrariando o Sumo Bem,

desrespeitando a Santa Vida,

desprezando a LLuz Eterna,

em um dia que é sempre noite,

em uma noite sempre sem-fim,

em um sem-fim sempre malsadio.

Há estupidez maior do que essa?

 

 

 

O Estúpido
(Piano piano non se va lontano!)

 

 

 

______

Notas:

1. É interessante notar que o Valor Secreto de 7, teosoficamente, se reduz a 1.

Valor Secreto de 7 = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 = 28.
28 2 + 8 = 10.
10 1 + 0 = 1. (Unicidade).

2. A Casa da Morte foi um centro clandestino de tortura e assassinatos criado pelos órgãos de repressão da ditadura militar brasileira (1964 – 1985), e funcionava numa casa na Cidade de Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro. Na Casa, diversos presos políticos capturados foram torturados e assassinados clandestinamente por militares durante a década de 70, fato que só se tornou conhecido devido às denúncias da única sobrevivente, a dirigente da organização VAR-Palmares Inês Etienne Romeu (Pouso Alegre, 18 de dezembro de 1942 – Niterói, 27 de abril de 2015), que lutava contra a ditadura militar. Ela foi cativa, estuprada e torturada por mais de três meses no local, antes de ser jogada numa rua de um subúrbio do Rio quase morta, mas, sobrevivendo para contar a história. Inês foi também a última presa política da ditadura militar libertada no Brasil. Vergonha internacional nunca mais. Desfraternidade nunca mais. Ditadura nunca mais. Tortura nunca mais. Censura nunca mais. AI-5 nunca mais. Golpe nunca mais. Truculência nunca mais. Inclemência nunca mais. Crueldade nunca mais. Anos de Chumbo nunca mais. Matança clandestina nunca mais. Basta!!!

 

 

 

 

Música de fundo:

Il Barbiere di Siviglia, Act III, Zitti, Zitti, Piano, Piano
Composição: Gioachino Antonio Rossini
Interpretação: Royal Philharmonic Orchestra

Fonte:

http://muzvoz.ru/music/zitti-zitti-piano-piano/

 

 

Rossini (29 de fevereiro de 1792 – 13 de novembro de 1868)
(Em 1865, por Étienne Carjat)

 

 

Páginas da Internet consultadas:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Gioachino_Rossini

https://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_da_Morte

https://pt.wikipedia.org/wiki/Inês_Etienne_Romeu

https://www.baamboozle.com

https://www.primogif.com/p/xThtakc1HIEmhQgBhK

https://www.barewalls.com

https://www.deviantart.com

https://gifer.com/en/gifs/baby-dance

https://gifimage.net/spinning-skull-gif-12/

https://br.pinterest.com/getulioraul/números-de-relógio/

 

Direitos autorais:

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