EUGÊNIO SALES – Pensamentos

 

 

 

Dom Eugênio de Araújo Sales

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo é uma pequena coleção de pensamentos de Dom Eugênio de Araújo Sales, Cardeal brasileiro e Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro. Dom Eugênio ficou à frente da Arquidiocese Carioca até 2001, onde se tornou referência na defesa de perseguidos políticos. Em 2008, soube-se que ele abrigou mais de 4.000 pessoas perseguidas pelos regimes militares do Cone Sul entre 1976 e 1982, especialmente argentinos.

 

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Dom Eugênio de Araújo Sales, filho do Desembargador Celso Dantas Sales e de Josefa de Araújo Sales, nasceu em Acari, Rio Grande do Norte, em 8 de outubro de1920. Estado onde viveu e cursou os hoje chamados ensinos fundamental e médio. Sentindo-se chamado ao sacerdócio, em 1936 pede ingresso no Seminário Menor de São Pedro, sendo, no ano seguinte enviado para o Seminário Maior da Prainha, em Fortaleza, Ceará, onde estudará Filosofia e Teologia, aí passando sete anos. Dom Eugênio sempre falou com carinho do Seminário da Prainha; além disso, nunca esqueceu de ter sido seminarista hóspede, já que pertencia à Diocese de Natal.

 

Ordenado sacerdote em 21 de novembro de 1943, desenvolveu várias atividades pastorais, destacando-se pelo pioneirismo na ação social, valorizando a participação dos leigos que viam nele uma liderança natural. O jovem que queria ser engenheiro agrônomo, nunca se esqueceu o campo e dos seus problemas. Fundou, em 1949, o Serviço de Assistência Rural, formando equipes que trabalhavam tanto na área social quanto formação religiosa, buscando a melhoria de integral do homem do campo, cujo progresso incluirá uma melhor compreensão de sua dignidade e dos direitos que daí derivarão. Deste trabalho pastoral, surgirão as comunidades eclesiais de base, fruto também das Escolas Radiofônicas.

 

Em 1954, Pio XII o nomeia Bispo-auxiliar de Natal, sendo ordenado aos 15 de agosto deste ano, solenidade da Assunção de Nossa Senhora, por Dom José de Medeiros Delgado. Feito bispo, sua atividade se multiplica naquilo se costuma denominar Movimento de Natal, um formidável conjunto de iniciativas, em grande parte bem sucedidas, de promoção humana em todas as suas dimensões.

 

Em 1964, é nomeado Administrador Apostólico da Arquidiocese de Salvador, deixando seu querido Rio Grande do Norte. Quatro anos depois (1968) se tornará Arcebispo-Primaz do Brasil, posição que deixará, caso raro, para assumir esta Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1971, já como Cardeal do Título Presbiteral de São Gregório VII, para o qual fora nomeado por Paulo VI, em 1969. A Dom Eugênio custava deixar Salvador, como foi difícil deixar Natal, mas, como dizia, estava sempre pronto para obedecer, e obedecer com alegria a voz do Sucessor de Pedro. Aliás, este foi um dos aspectos mais belos de sua personalidade: a fidelidade irrestrita ao Papa. O Cardeal tinha autêntica devoção ao Sumo Pontífice, e foi universalmente reconhecido por isto. Amigo pessoal de Paulo VI, de João Paulo II e de Bento XVI, sempre ouvimos de sua boca a convicção: seguir o Papa em suas mínimas orientações, pois é o melhor para a Igreja, para a diocese e para cada católico. Nesta defesa nunca temeu ser impopular.

 

Seu destemor se mostrou particularmente por ocasião da defesa dos perseguidos políticos. O Cardeal Sales, silenciosamente, como ele mesmo gostava de dizer, protegeu os presos políticos, ajudou-os materialmente e foi a sua voz junto às autoridades de então, e sempre foi ouvido pelo respeito de suas posições claras, não se comprometendo nem com os detentores do poder e nem com a luta armada. Sempre que pôde, deu asilo a perseguidos, não só a nacionais, mas, também, aos dos países vizinhos. Socorreu e protegeu pessoas cujas posições ideológicas estavam, por vezes, em nítido contraste com a fé católica; mas, para Dom Eugênio, sua ação não poderia ser diferente, impulsionado pelo cumprimento simples e objetivo da moral católica, que diferencia o pecado do pecador.

 

Muitas ações de Dom Eugênio foram consideradas fundamentais na vida da cidade do Rio de Janeiro, como foi o caso da Favela do Vidigal, cujos moradores não foram removidos graças à sua intervenção através da Pastoral das Favelas. Enfim, uma ampla e silenciosa rede de assistência aos mais pobres foi idealizada, levada a efeito e protegida por Dom Eugênio em seu longo Governo de trinta anos na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Sem hostilizar os ricos, na ação social priorizava os mais pobres, tanto na assistência imediata, quanto na promoção social, não esquecendo de, serenamente, refletir sobre as causas da pobreza, denunciando-as, despidas de ideologias, em programas de rádio e televisão, e em artigos em vários jornais que manteve enquanto a saúde lhe permitiu.

 

A vida do Sacerdote, Bispo e Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales bem pode ser sintetizada pelo lema episcopal que escolheu: Impendam et superimpendar. O texto é tirado de 2 Cor. XII, 15: Quanto a mim, de bom grado despenderei, e me despenderei todo inteiro, em vosso favor. Será que, dedicando-vos mais amor, serei, por isto, menos amado?

 

Dom Eugênio de Araújo Sales era o mais antigo cardeal da Igreja Católica. Morreu aos 91 anos, na segunda-feira passada (9 de julho de 2012), às 22h30, vítima de um infarto, enquanto dormia. Talvez não tenha sido por todos compreendido, sobretudo por quem dele tem um olhar superficial, mas não será esquecido na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro e por tantos que sempre o chamarão de pai.

 


 

 

Manifestações de Solidariedade

 

 

 

Dom Eugênio Sales foi um homem que seguiu Jesus Cristo, que soube estar presente nos momentos do Brasil, na questão dos refugiados, dos perseguidos. Ao mesmo tempo, teve sua presença junto ao Vaticano. Ele deixa marcada sua vida pela sua presença significativa na Igreja e no Brasil. Lembramos de sua atuação na Favela do Vidigal, ajudando os mais necessitados. Foi alguém que nunca deixou a fidelidade ao seu amor à Igreja e ao Santo Padre. (Dom Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio).

 

Dom Eugênio Sales zelou por nossa Cidade durante décadas. Grande homem de Deus, ele será sempre lembrado por sua sabedoria, a força de seus ensinamentos, a perspicácia com que comunicava e defendia sua fé e o exemplo de caridade nos anos mais difíceis da história brasileira. Que ele continue protegendo e abençoando o Rio e os cariocas. (Eduardo Paes, Prefeito do Rio de Janeiro).

 

Dom Eugênio Sales era amado pelo povo do Rio de Janeiro. Nas últimas décadas, a sua liderança religiosa foi a mais importante do nosso Estado. Vamos decretar três dias de luto. (Sérgio Cabral, Governador do RJ).

 

Eu conheci o cardeal há pouco tempo, já na sua velhice. Faz anos que ele estava aposentado. Ele tem uma história muito bonita na Igreja do Brasil. Foi pioneiro nas ações pastorais em Natal, no Rio Grande do Norte, nas comunidades de base, e como Arcebispo do Rio de Janeiro ele foi fundamental para a Igreja. Foi um batalhador, um colaborador muito próximo do Papa João Paulo II. Foi, de fato, um homem que marcou época. (Dom Ercílio Simon, Arcebispo de Passo Fundo, RS).

 

Recebida a triste notícia do falecimento do venerado Cardeal Eugênio de Araújo Sales, depois de uma longa vida de dedicação à Igreja no Brasil, venho exprimir meus pêsames a si, aos bispos auxiliares, ao clero, às comunidades religiosas e aos fiéis da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, que por três décadas teve nele um intrépido pastor, revelando-se autêntica testemunha do Evangelho no meio do seu povo. Dou graças ao Senhor por ter dado à Igreja tão generoso pastor que, nos seus quase setenta anos de sacerdócio e cinqüenta e oito de episcopado, procurou apontar a todos a senda da verdade na caridade e do serviço à comunidade, em permanente atenção pelos mais desfavorecidos, na fidelidade ao seu lema episcopal: 'impendam et superimpendar' (gastarei e gastar-me-ei por inteiro por vós). Enquanto elevo fervorosas preces para que Deus acolha na sua felicidade eterna este seu servo bom e fiel, envio à essa comunidade arquidiocesana, que lamenta perda dessa admirada figura, à Igreja no Brasil, que nele sempre teve um seguro ponto de referência e de fidelidade à Sé Apostólica, e a quantos tomam parte nos sufrágios animados pela esperança da ressurreição, uma confortadora bênção apostólica. (Papa Bento XVI).

 

Eu o conheci quando ainda éramos estudantes em Roma. Nessa época, o Cardeal era muito amigo de Dom Vicente Scherer, e, por isso, tive a oportunidade de conhecê-lo. Ele foi um homem que amou a Igreja Católica, e o sinal desse amor foi sua dedicação primeiramente como Bispo na Região Nordeste do País, onde iniciou vários projetos sociais, e, depois, como Arcebispo do Rio de Janeiro, onde teve uma presença muito forte junto aos meios de comunicação social. Ele sabia dialogar com a imprensa como ninguém; essa era uma grande virtude do Cardeal. (Dom Jacinto Bergmann, Arcebispo Metropolitano de Pelotas, RS).

 

Nossa gratidão a Dom Eugênio se perpetuará sempre em nosso compromisso de fidelidade ao Evangelho e alegria de sermos, como Ele o foi, apaixonados discípulos missionários de Cristo Jesus. Invisível entre nós, mas não ausente, continuará a inspirar-nos em nossas labutas e tarefas missionárias. (Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, MG).

 

A Assembléia Legislativa do Rio solidariza-se a todos os cidadãos do Estado do Rio de Janeiro neste momento de luto, pela morte de Dom Eugênio. Seu exemplo de vida, de homem devotado ao verdadeiro exercício da caridade e do amor ao próximo, não será esquecido, e continuará servindo de inspiração ao longo do tempo. Sua perda é significativa e deixa uma lacuna para nós, mas seu testemunho de vida ficará como seu grande legado para o País. (Deputado Paulo Melo, Presidente da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro).

 

Recebi com profundo pesar a notícia da morte do Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales. O Brasil perde um homem que, além de ter dedicado sua vida a levar a palavra de Deus ao seu semelhante, criou a Campanha da Fraternidade, disseminando a solidariedade por todo o Brasil. (Gilberto Kassab, Prefeito de São Paulo).

 

É como se fosse um segundo pai, um amigo, uma referência do bem. Homem digno e honesto, de caráter. Muito discreto, que não apregoava o que ele fazia, mas que fazia no silêncio. A gente percebe que quando morre Dom Eugênio é que o mundo fica não mais pobre, mas mais rico. Porque lá no céu, ele vai interceder por nós e, com certeza, outros jovens vão querer ser padres como ele. (Padre Jorge Luiz Neves da Silva – Jorjão).

 

O Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales, Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro, deixa seu nome inscrito na história da Igreja Católica pelo relevante papel que desempenhou em toda a sua vida. Em sua trajetória, a preocupação social sempre esteve associada ao trabalho eclesiástico, como bem sintetizam as Campanhas da Fraternidade, uma de suas iniciativas, que marcam a ação da Igreja em todo o Brasil. Neste momento de pesar, levo minha solidariedade ao povo do Rio de Janeiro e a todos os admiradores, familiares e amigos de D. Eugênio. (Dilma Rousseff, Presidente da República).

 

 

 

Pensamentos

 

 

 

O egoísmo dominante nos indivíduos e nos países impede uma justa distribuição dos recursos naturais. Cada um só pensa em si e em sua nação, sem atender ao bem comum. Aqui se coloca o empobrecimento do Terceiro Mundo, em benefício dos mais ricos. E, no Brasil, a concentração de riquezas é crescente. Busca-se, em vez de justiça social, a diminuição dos que deveriam igualmente participar desses dons que Deus criou para todos os seus filhos.

 

 

 

 

Em telefonema para o General Sílvio Frota, disse: — Frota, se você receber comunicação de que comunistas estão abrigados no Palácio São Joaquim, de que eu estou protegendo comunistas, saiba que é verdade. Eu sou o responsável. Ponto final, ponto final.

 

Na família, jamais deve arrefecer a responsabilidade dos pais. Mesmo que não consigam resultados, devem ser um modelo vivo. Um lar digno demonstra o quanto vale um ideal. Fiel é o homem que irradia sobre a tristeza e a pobreza na família um raio de confiança e a fortaleza do amor.

 

Mesmo nas mínimas coisas, o subjetivismo ou a prepotência são um atroz contratestemunho de si mesmo.

 

O ser humano é o único no Universo a transcender os limites estreitos de sua balizada vida. Deve servir às justas aspirações da coletividade, sem se fechar dentro de si mesmo, dos interesses imediatos.1

 

Sobre a pedofilia: — Há uma manipulação desses crimes – que foram cometidos como se a Igreja tivesse se desligado de combatê-los. Não, a Igreja sempre combateu. O Papa Bento XVI tem sido muito enérgico. É um mal que existe não só na Igreja, mas existe nas famílias também.

 

Sobre a morte: — A morte é algo inevitável. A gente sente a ausência porque a morte é sempre uma coisa que não era para ocorrer. O homem não devia morrer. Mas a morte é a passagem para uma vida definitiva.2

 

Considero-me só um pastor. Nunca passou pela minha cabeça ser progressista nem ser conservador, mas, sim, ser o que devo ser. Isto é: trabalhar, explicar o Evangelho e ter consideração pelas pessoas.

 

Democracia: Um sistema político, por mais válido que seja, como a Democracia, não pode ser padrão a ser seguido em toda matéria religiosa. Caso contrário, cairíamos no absurdo de a verdade ser resultado de uma votação. Assim, o ensinamento que tivesse mesmo um só voto a menos, de verdadeiro transformar-se-ia em erro, pelo princípio básico da maioria.

 

Prazer: O prazer não é alegria; é uma excitação momentânea e passageira que deixa a pessoa recair no vazio, na decepção e na solidão.

 

Direitos humanos para bandidos: Por mais de uma vez bandidos armados pararam meu carro quando eu subia para o Sumaré, no Rio. Quando viram que eu estava no carro, mandaram seguir. É sempre um susto. Eles conhecem o carro e procuram esconder as armas. Entendo o sofrimento deles, mas isto não justifica seus atos. Bandidos têm que ser tratados como bandidos, não como cidadãos. Bandidos têm direitos humanos. Não tem direito de ser bandido, mas não pode ser injustiçado.

 

Fé em Deus: Eu nunca tive dúvidas.3 E vivo contente.

 

Homossexualismo: Sou inteiramente contrário ao aborto e à exaltação dos homossexuais. Casamento de homem com homem é um erro. Sou contra, mas sempre digo que é importante ter paciência com as pessoas. É uma aberração da natureza. Mas não se pode jogar pedra.

 

Vergonha: Violência, morticínios, cadáveres de irmãos nossos anônimos jogados nas ruas e nas estradas, em lugares até mesmo previamente escolhidos para essa macabra destinação.

 

Imprensa: O natural desejo de saber as últimas notícias pode se transformar em ânsia doentia, levando os fracos de caráter a revelar episódios sem um prévio exame de sua autenticidade.4

 

Luta contra Ditadura Militar: Eles estavam contra a lei aqui do Brasil; pela lei do país eu não podia agir. Eles estavam infringindo a legislação, mas como bispo eu tinha o dever de abrigar os perseguidos.5

 

Sexo: Certas atitudes diante do sexo estão marcadas por dois excessos errôneos e opostos entre si: o puritanismo protecionista e a permissividade libertária. Ambos encaram o sexo de modo puramente funcional, simples fonte de prazer. Uma concepção cristã se distingue nitidamente destes dois lamentáveis extremos, e firma a posição original segundo o plano divino.

 

O verdadeiro ditador é quem possui os recursos e usa estes recursos para orientar as correntes de pensamento e os meios de comunicação social.

 

 

 

 

À medida que nossa civilização mais se configura como simples realidade material, aprofunda-se no Coração do homem a certeza de uma outra existência.

 

Correm perigo o nível intelectual, o adequado tratamento sanitário e o equilíbrio psíquico, quando são alterados por fortes impressões causadas por fatores atribuídos ao além ou à busca do misterioso.

 

O 'Código Da Vinci' não tem qualquer fundamento histórico.6

 

A dimensão eterna do Evangelho nos pressiona a não o substituir por apregoadas vantagens terrenas e ilusórias.

 

Muitas vezes, o positivismo jurídico se impõe no lugar de uma sã reflexão a partir dos princípios inalienáveis da dignidade humana e das leis inscritas na própria Natureza.

 

O relativismo quanto à verdade e aos valores, o subjetivismo elevado a critério absoluto, o clima generalizado de hedonismo, a busca desenfreada de prazer e de qualidade de vida e o desvirtuamento do amor em formas sempre mais egoístas de relacionamento são alguns exemplos de fatores que, minando a estrutura da pessoa, afetam decisivamente a família e a sociedade.

 

Aborto: Uma das maiores chagas da Humanidade de hoje.

 

No Brasil, ao lado de passos agigantados na direção do progresso, tomado como um todo, emergem notícias inquietantes que revelam a fragilidade por falta de alicerces éticos. A crise aguda foi precedida pelo anúncio de medidas que, se aprovadas, subtrairiam ao plano divino o arbítrio do homem. Dentre estas, encontramos a descriminalização do aborto, a antecipação da morte do ancião e a união de homossexuais, entre outras.

 

O terremoto a que estamos assistindo no campo da política e a má utilização do dinheiro das entidades governamentais são conseqüências da degeneração do tecido formado pelos valores morais e éticos.

 

Em nossos países se experimenta o peso da crise institucional e econômica e claros sintomas de corrupção e violência. Esta é gerada e fomentada tanto pelas injustiças como pelas ideologias, que se convertem em meio para a conquista do poder. (4ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, Puebla, 1979, apud Dom Eugênio Sales).

 

A relação entre Moral e Economia é necessária e intrínseca: atividade econômica e comportamento moral se compenetram intimamente. A dimensão moral da Economia constitui um fator de eficiência social da própria Economia. (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, apud Dom Eugênio Sales).

 

A malversação do dinheiro público destrói o próprio sentido da moral e, em conseqüência, atinge as estruturas familiares e a consciência do indivíduo.7

 

Celibato sacerdotal: Dom de Deus à sua Igreja.8

 

Crimes de pedofilia e congêneres, uma vez provados, devem ser punidos. A justiça precisa ser feita, sem tornar o bispo simplesmente juiz, pois ele também é pai espiritual da vítima e do autor do crime. A confiança na misericórdia de Deus não exclui a devida correção dos que erram. Inclui o perdão, mas supõe o cumprimento de pena e, acima de tudo, a segurança de que jamais tais crimes voltarão a ser cometidos.9

 

O instinto sexual é destinado a perpetuar a vida na Terra. Como a espécie é mais importante do que o indivíduo, é extraordinariamente forte. Mas, sob o império do prazer, termina por divinizá-lo. Em conseqüência, sacrifica-se a existência do outro ser, no aborto, no adultério e no estupro.

 

O homem, ao resistir à força cega dos impulsos, redescobre uma liberdade que o eleva como pessoa humana.

 

Deturpa a mensagem de Cristo aquele que busca se acomodar à mentalidade do mundo.

 

... O alvo a ser atingido a qualquer custo é a felicidade neste mundo. Os meios não importam... Se alguém só procura o que é terreno, ignora Deus, por que se surpreender com tantos escândalos administrativo-financeiros, violência, drogas, AIDS?

 

Devemos contemplar o Mistério da Cruz... para realizar uma conversão profunda da nossa vida: deixar-se transformar pela ação do Espírito Santo... orientar com decisão nossa existência segundo a vontade de Deus; libertar-nos do nosso egoísmo... abrindo-nos à caridade de Cristo. (Papa Bento XVI, apud Dom Eugênio Sales).

 

 

Mistério da Cruz

 

Toda criatura busca a perfeição – uma harmonia a ser construída. Esta tarefa, ao ser posta de lado por algum motivo, gera tensão e desordem. Assim, o instinto foi dado ao homem como força protetora para salvar a si mesmo e fazer sobreviver a coletividade. No primeiro caso, ele é espicaçado pela vontade de reter e de usufruir bens materiais. Então, pela falta de autocontrole e desprezo dos valores que devem alicerçar a conduta, surgem as mais variadas deformações. Quem quer possuir dificilmente se dá conta que pesa sobre o que ele acumulou uma grave 'hipoteca social'. O egoísmo ofusca-o. Ele não vê as necessidades dos irmãos. Naturalmente reage à penitência que exige uma justa distribuição. A consciência de que nada nos pertence de maneira absoluta mostra outra realidade: os que vivem em penúria, passam privações, os doentes, os sem-emprego, os acabrunhados pelo luto. Nos hospitais e nas prisões, em muitos lares, em locais de trabalho há pessoas sofredoras. Na rua, irmãos sem amigos nem compreensão, sem saber como enfrentar o dia de amanhã. Somente pelo esforço contra as tendências deformadoras alcançaremos a harmonia interior e a harmonia social.

 

Ao falar em Satanás, é importante evitar dois erros. O de absolutizar o Maligno, como se fosse uma terrível ameaça, em cada momento, a cada pessoa, mesmo reta, verdadeira, humilde e fiel. O demônio pode influenciar através das faculdades mentais e das tendências da natureza. Ele, contudo, não tem poder sobre o íntimo da pessoa – sobre sua liberdade e sobre sua consciência que pertence diretamente a Deus. Uma pessoa generosa, que procura guardar a retidão e a pureza de seu modo de agir, e mesmo a criança, que reza com amor e confiança, são mais fortes do que Satanás. De outro lado, há o erro do racionalismo, supondo não existir aquilo que não podemos ver e experimentar com nossos sentidos. Nesse caso está o Demônio. O Novo Testamento fala freqüentemente no Diabo ou Satanás e em demônios. E mostra seu lugar na História da Salvação, tanto no evento central da vida de Jesus Cristo, como na Igreja. O anjo decaído não pode ver Deus em Jesus; só pode constatar com pavor e horror que este Profeta, superior a todos os outros, é o perigo definitivo para as aspirações do inferno. Jesus é apresentado como Aquele que venceu Satanás. O Maligno derrotado consegue ainda atrapalhar e seduzir. O Novo Testamento não manifesta interesse especulativo algum em descrever dramaticamente o universo dos demônios, como o faziam certos livros apócrifos. Não existe uma demonologia. O Novo Testamento tem, entretanto, um forte interesse em demonstrar que Satanás e seus espíritos subalternos se apresentam no mundo como adversários da salvação, de Jesus e de seus fiéis.10a

 

Importa observar que os demônios não são apenas um poder anônimo, impessoal. Mas, são espíritos criados, dotados de intelecto e de vontade.10b

 

É claro que nos casos de possessão diabólica existem também elementos de doença.11

 

Devem ser erradicados dois comportamentos errôneos: o que faz do diabo um mito e aquele outro que o vê em toda parte. Esta última postura, por vezes, serve para neutralizar ou justificar a nossa responsabilidade. 'Vigiai, porque não conheceis nem o dia nem a hora'. (Mt. XXV: 13).

 

Nos últimos tempos, penetraram profundamente, na cultura dos povos, conceitos que outorgam ao subjetivo a elaboração da verdade. Cada um julga, segundo parâmetros por ele construídos, o que deve fazer ou omitir. No fundo, é a substituição de Deus pelo homem.12

 

Hoje, poderá ser proclamado certo o que ontem era errôneo.13

 

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Concordo com Dom Eugênio quando diz que o ser humano deve servir às justas aspirações da coletividade, sem se fechar dentro de si mesmo, dos interesses imediatos. Mas, não posso concordar com a afirmação de que o homem é o único no Universo a transcender os limites estreitos de sua balizada vida. Longe de mim querer ofender Dom Eugênio, mas considero generalizadamente uma pretensão absurda e uma estreiteza de espírito e de visão admitir que o homem seja o ente preferido de Deus ou a mais importante criatura existente no Kosmos. Isto, realmente, não tem o menor cabimento. Para não ir muito longe, o que dizer da Grande Loja Branca, que congrega seres de várias dimensões do Universo? E as próprias hierarquias angélicas do Cristianismo, que, segundo o escritor, poeta e político italiano Dante Alighieri (Florença, 1º de junho de 1265 – Ravena, 13 ou 14 de setembro de 1321), são assim classificadas: 1ª) Serafins; 2ª) Querubins; 3ª) Tronos; 4ª) Dominações; 5ª) Virtudes; 6ª) Potestades; 7ª) Arcanjos; 8ª) Principados; e 9ª) Anjos? Sei lá, mas acho que, mesmo considerando apenas o planeta Terra, não se pode pensar que o homem (Homo sapiens) seja o único a transcender os limites estreitos de sua balizada vida. E se houver vida [super]consciente em outros estratos terrestres desconhecidos por nós? E se existir uma civilização intraterrena mais adiantada do que a nossa? E se...? E se...? Sobre este tema vale a pena pesquisar o pensamento de Francis Bacon (Nova Atlântida), Thomas Moore (Utopia), Tommaso Campanella (A Cidade do Sol), Bulwer Lytton (A Raça Futura), James Hilton (Horizonte Perdido), Helena Petrovna Blavatsky (Ísis Sem Véu e A Doutrina Secreta), Saint-Yves d´Alveydre (Missão da Índia), Ferdinand Ossendowski (Bestas, Homens e Deuses), Alice Bailey (Um Tratado Sobre Magia Branca), René Guénon (O Rei do Mundo), W. S. Cervé (Lemúria – O Continente Perdido do Pacífico) e Raymond Bernard (A Terra Oca). Com estes exemplos, não estou endossando nada nem sugerindo nada; apenas, de certa forma, concordando com Shakespeare quando escreveu em Hamlet, Ato 1, cena 5, 159 – 167: There are more things in heaven and Earth, Horatio, than are dreamt of in your philosophy. Existem mais coisas entre o céu e a Terra, Horácio, do que pode sonhar tua filosofia. O fato é que cada um deve pesquisar e chegar às suas próprias conclusões. Tomar como base a pesquisa dos outros, tudo bem; considerá-la como a última palavra ou como coisa definitiva, jamais. Isto é submissão alienante.

 

 

Será?

 

 

2. Aqui, há dois equívocos bem-intencionados, entretanto compreensíveis, pois a visão/compreensão espiritual de Dom Eugênio é superlativamente bíblico-teológica. Então, comentarei o seguinte: primeiro, se a morte (ou transição) não ocorresse, ficaríamos em um estado de maior ou de menor ignorância para sempre, ou seja: nem lá nem cá, nem em alhures nem em algures. Talvez, nem sequer em nenhures! As cordas, da Teoria das Cordas, por exemplo – coitadas! – nem chegariam a ser barbantes. Aproveito para comentar também que o Elixir da Longa Vida não tem por objetivo manter uma encarnação para sempre. Prolonga a vida? Sim, mas não indefinidamente. Na verdade, este Licor Alquímico tem finalidades muito mais importantes e meritosas do que simplesmente prolongar a vida por simplesmente prolongar... prolongar... prolongar... Em segundo lugar, a morte não é a passagem para uma vida definitiva. Não existe vida definitiva. Nada é definitivo. Tudo é transeunte. Se a morte nesta dimensão e o nascimento em outra fossem definitivos, a coisa recairia no caso anterior: o estado de de maior ou de menor ignorância seria mantido para sempre. Tenhamos sempre em mente que o Universo tem duas características básicas: mudança e movimento. E isto vale para tudo. Não há exceção. O fato é que, infelizmente, entre outros, os dois grandes problemas da Igreja Católica e dos diversos Catolicismos foram o afastamento da Gnose Cristã – que era e é Iniciática – e, particularmente, a anatematização da Lei da Reencarnação. Os diversos Catolicismos, hoje, devido basicamente à insciência/arrogância em que se deixaram estruturar, nem ao menos podem ser considerados remedo de sua matriz (fonte ou origem) – o Cristianismo Gnóstico.

 

 

 

 

3. Eu já não posso dizer a mesma coisa. Não quanto a Deus, mas quanto às minhas incertezas, hesitações, indecisões e imprecisões, que são inúmeras. E quanto ao contentamento permanente, como alguém pode viver satisfeito, feliz e alegre, na totalidade do tempo, com tanta fome, tanta miséria, tanta injustiça, tanta doença, tanto preconceito, tanta corrupção, tanto atordoamento, tanta inflamação, tanto descalabro, tanta mentira, tanta tiranização et cetera mundo afora? Em minha vida, há momentos que choro tanto, que me desespero tanto, que chego a ter falta de ar. O que me salva é minha alegria interior, que é mais forte do que tudo. Paz ao mundo!

4. Mas isto não diminui em nada nem deve limitar o papel e a importância da imprensa.

5. Não creio mesmo que seja apenas dever de um bispo, por ser bispo, abrigar os perseguidos. Isto é raciocinar hipoteticamente. Abrigar os perseguidos é uma prestatividade fraterna que cabe a todos nós e é mesmo um dever de todos nós: bispos, não-bispos, religiosos ou ateus. Quantos arriscaram suas vidas, durante o Holocausto, para salvar vidas de judeus do extermínio pelo Nazismo! Além do conhecido empresário alemão Oskar Schindler (Svitavy, 28 de abril de 1908 – Hildesheim, 9 de outubro de 1974) que salvou 1.200 trabalhadores judeus do Holocausto, durante a II Guerra Mundial, há muitos outros Justos entre as Nações, como a escritora e resistente holandesa Cornelia Johanna Arnolda ten Boom, conhecida como Corrie ten Boom (15 de abril de 1892 – 15 de abril de 1983), que ajudou a salvar a vida de muitos judeus ao escondê-los dos nazistas, o arquiteto sueco, empresário e diplomata Raoul Wallenberg (Lidingö, 4 de agosto de 1912 – Moscou, 17 de julho de 1947), que se tornou famoso por conta de seus esforços bem-sucedidos para resgatar dezenas de milhares de judeus da Hungria ocupada pelos nazistas durante o Holocausto, o diplomata brasileiro Luíz Martins de Souza Dantas (Rio de Janeiro, 17 de fevereiro 1876 – Paris, 14 de abril de 1954), que, sob o ofício de missão diplomática brasileira, na França, concedeu vistos para o Brasil a vários judeus e outras minorias perseguidas pelos nazistas durante a II Guerra Mundial, contrariando a política do Governo de Getúlio Vargas, a poliglota brasileira Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa (Rio Negro, Paraná, 5 de dezembro de 1908 – São Paulo, 3 de março de 2011), segunda esposa do escritor João Guimarães Rosa, que ajudou muitos judeus a entrarem ilegalmente no Brasil durante o Governo de Getúlio Vargas, o diplomata japonês Chiune Sugihara (1º de janeiro de 1900 – 31 de julho de 1986), que, durante a II Guerra Mundial, auxiliou os judeus radicados na Lituânia a saírem do país, então ocupado pelas tropas nazistas, fornecendo-lhes milhares de vistos de trânsito para que pudessem viajar para o Japão, o diplomata português Aristides de Sousa Mendes (Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, 19 de julho de 1885 – Lisboa, 3 de abril de 1954), cônsul de Portugal em Bordéus no ano da invasão da França pela Alemanha Nazi, na II Guerra Mundial, que salvou dezenas de milhares de pessoas do Holocausto, e, por isto, foi cognominado de o Schindler Português, a Princesa Vitória Alice Isabel Julia Maria de Battenberg, mais conhecida como Princesa Alice de Battenberg (25 de fevereiro de 1885 – 5 de dezembro de 1969), que, em Atenas, durante a II Guerra Mundial, abrigou refugiados gregos, a Princesa Helena da Grécia e Dinamarca (Atenas, 2 de maio de 1896 – 28 de novembro de 1982), filha do Rei Constantino I da Grécia e de Sofia da Prússia, que Durante a II Guerra Mundial, já como Rainha-Mãe, dedicou-se de corpo e alma a tratar de feridos e a salvar judeus perseguidos pelo Nazismo e tantos outros. Portanto, repito: abrigar os perseguidos não é dever apenas de bispo, de religioso ou de Iniciado. Abrigar os perseguidos é dever abnegado, desprendido e generoso de todos os seres-no-mundo.

6. Não importa se o 'Código Da Vinci' – romance policial de autoria do escritor norte-americano Dan Brown (Exeter, 22 de junho de 1964) – tem ou não tem qualquer fundamento histórico. O que importa maximamente é que tanto o livro quanto o filme estimularam as pessoas a pesquisar coisas que nunca sequer haviam pensado que pudessem ter acontecido. E por quê? Porque a Igreja Católica sempre procurou esconder e suprimir tudo o que poderia ser uma ameaça ao seu poder temporal, quando isto jamais deveria estar em causa. Ninguém é dono de nada, muito menos do conhecimento.

7. Aqui, para amenizar o inamenizável, só mesmo trovando na base do Noel Rosa:

 

Por que mentes tanto assim, senador?
Basta! Ninguém güenta mais!
Por que finges tanto assim, seu doutor?
Chega! Isto já está por demais!

Ora, se é por causa de u'a graninha,
toma jeito; troca já essa rubrica!
Essa moléstia de só querer bufunfinha
não rende uma banana-nanica!


8. Como já discuti este tema em outros trabalhos, recordarei apenas o seguinte: ninguém conquistará o presumido reino dos céus por ser celibatário e/ou se considerar interditado. Precisamos compreender que não existe celibato exclusivamente físico, e, portanto, o celibato sacerdotal, do tipo católico, ainda que se considere como vocação e não como uma imposição da Igreja, é uma supertolice, pois é morbidamente detrimental para a saúde, tanto física quanto espiritual. O celibato só tem cabimento quando está ancorado em uma experiência pessoal transcendente de natureza Místico-iniciática. Qualquer coisa diferente disto é doença... que produz doença. Enfim, não esqueçamos de que os sacerdotes ortodoxos são casados.

9. Estou de acordo com Dom Eugênio. Mas, pergunto: se, em um caso de pedofilia, devidamente apurado e inequivocamente constatado, o padre pedófilo é apenas transferido para outro paroquiato, isto adianta o quê? Esta providência não transforma um pedófilo nem em um pedófobo nem em um santo. A pedofilia, considerada pela Organização Mundial de Saúde como um desvio sexual, é uma desordem mental e de personalidade do adulto. Apesar de a pedofilia ser altamente resistente contra interferência psicológica, ela, como acredita o Dr. Fred Berlin, poderia ser claramente mais bem tratada com êxito, se a comunidade médica desse mais atenção ao tema. Logo, padre pedófilo, que geralmente busca o sacerdócio para dar vazão à sua não reconhecida (por ele) patologia, precisa de tratamento psicológico e de apoio comunitário, não de acobertamento e de transferência de paróquia – sob a alegação ou sob a norma, talvez, de que a moral católica diferencia o pecador do pecado porque isto nada mais é do que uma autorização inexplícita para o padre continuar a agir como sempre agiu: pedofilizando a três por dois. Em certas patologias, como a pedofilia, o grande problema é que estão presentes e atuam forças poderosíssimas, geralmente invisíveis, que escravizam a mente até a morte. Inequivocamente, a incontrolável e desenfreada sensualidade de ontem ou de anteontem se manifesta, hoje, como as mais variadas monstruosidades e aberrações sexuais (parafilias), que só podem ser explicadas ou entendidas pela Lei da Reencarnação. Ninguém nasce pedófilo porque quer ou porque escolheu ser pedófilo. A imantação ou propensão para a pedofilia vem de longe, e, como outros desvios, normalmente, se manifesta por degeneração de uma sensualidade exacerbada, tão antiga quanto constante. A zoofilia erótica, geralmente derivada de um bloqueio afetivo de amor a um parceiro humano, é um exemplo desta incontrolável e desenfreada sensualidade de ontem ou de anteontem. Um outro tipo de distorção, entre tantas outras, é ter uma relação sexual com qualquer coisa que tenha um orifício. E, se esta qualquer coisa não tiver um orifício, é muito fácil: o incontrolado fabrica um.

10a e 10b. Aqui, novamente, lamento discordar de Dom Eugênio, pois seu entendimento sobre este tema é teológico e segue a letra da Bíblia, e o meu é Iniciático-gnóstico. Como já discuti à saciedade esta matéria, direi apenas, a título de recordação do que já escrevi, que não há demônios esvoaçantes por aí tentando aliciar pecadores impudentes e imprudentes. Nós, cada ser humano per se, sim, é que construímos uma esfera vibratória negativa e descensional, em virtude de nossas múltiplas ignorâncias e de nossos multíplices preconceitos, misturados com desejos abomináveis, paixões inadvertidas e cobiças injuriantes; isto é: somos os pais-construtores do nosso inferno pessoal e da nossa legião de demônios. Se esta legião de demônios atrai outros demônios ou os demônios dos outros, é outra coisa; mas, se não abrigássemos demônios em nosso interior, os tais outros demônios nem sequer nos veriam. E assim, levando esta bagagem maldita e podre em nossa personalidade-alma, de encarnação para encarnação, de yuga pra yuga, padecemos e morremos a cada vida, quando deveríamos ascensionar rumo à Santa LLuz e Viver na LLuz. Mas, tudo bem. Na verdade, o entendimento sobre esta matéria acaba se tornando de somenos. Importa, sim, sobremaneira, que tentemos sempre melhorar e corrigir nossos defeitos. Se nos esforçarmos, alguma ajudinha teremos, porque não estamos nem sozinhos nem desamparados.

11. Não são só as possessões diabólicas – que, na realidade, não se resumem a simples possessões; tudo o que se afasta do Harmonium Universalis é doença que mata e gera a morte. Morrer (transicionar) é uma necessidade ascensional e iluminante, útil e insubstituível; mas não tem que ser nem pela dor nem pela doença.

12. E poderá haver coisa mais salutífera e auspiciosa do que esta? Na medida em que o homem vai substituindo os deuses criados pelas superstições humanas pelo Deus de seu Coração e, inspirado pela sua intuição, elabora a sua verdade pessoal e interior, in Corde, mais se aproxima, assintoticamente, da Verdade Cósmica – una e, desde sempre, igual a Si Mesma – porque enquanto crer ou necessitar das supostas verdades alheias, particularmente e piormente das crendices religiosas, apresentadas por quem quer que seja, continuará escravo de um alheamento subserviente e humilhante.

 

 

Trajetória da Consciência

 

 

12. E poderá haver, repito, coisa mais salutífera e auspiciosa do que esta? Ou será que estamos fadados e agrilhoados a ser e a viver como éramos e a depender e a acreditar no que nossos tataravós achavam que era verdade? Ora, não estou dizendo que tudo deva ser proclamado como errôneo e que deva ou tenha que ser reformado. Mas, o não matarás, que é eterno e intransmutável, também precisa ser atualizado, porque não pode continuar a ficar restrito e adstrito apenas a seres humanos. Por exemplo: por que assassinar, maltratar e vivisseccionar os animais – nossos irmãos menores? Por que temos que continuar acreditando que manga com leite faz mal? A má reputação da mistura de manga com leite não passa de um mito, fabricado intencionalmente na época do Brasil Colonial. O leite era, então, um alimento bastante raro e caro, exclusivo dos patrões – os senhores de engenho. Como eles não queriam que essa preciosidade fosse consumida por escravos, inventaram e espalharam a lenda, que sobreviveu até hoje, afirma a nutricionista Anita Sachs, da Universidade Federal de São Paulo. Enfim, as coisas são mesmo como a história do limbo católico (que foi causado autocraticamente e – ainda bem! – descausado democraticamente) e do Eppur si muove (Contudo, ela se move) – frase polêmica que, segundo a tradição, Galileo Galilei (1564 – 1642) teria pronunciado baixinho perante os inquisidores esquizofrênicos, depois de renegar sua visão heliocêntrica do mundo. Abaixo, há uma animação pitoresca resumida, que representa a evolução do pensamento científico, que sustentava a existência de um Universo Geocêntrico (entre os pensadores que defendiam esta teoria, os mais conhecidos são Aristóteles, 384 – 322 a.C., e Claudius Ptolemæus, 78 – 161 d.C., que, na sua obra Almagesto, deu a forma final a esta teoria), para a admissibilidade da Teoria Heliocêntrica do Sistema Solar, desenvolvida pelo astrônomo e matemático polonês Nicolaus Copernicus (1473 – 1543). É claro que a animação não está totalmente correta, pois, inclusive, não está em escala, mas é quase isso, e dá uma boa idéia de como a água da insciência se transformou no vinho da sapiência (sem que ninguém tenha ficado borracho). Tanta coisa precisa mudar! Tanta coisa precisa ser atualizada! E o lucro – qualquer vantagem ou benefício (material, intelectual ou moral) que se pode tirar de alguma coisa – é uma delas. Um dia, haveremos de compreender que para que alguém lucre alguém deve perder.

 

 

Geocentrismo —› Heliocentrismo
(De Aristóteles/Ptolemæus a Copernicus/Galileo)

 

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.mathpuzzle.com/30November2008.html

http://adnuntiatum.wordpress.com/category/terra-oca/

http://muraldecristal.blogspot.com.br/
2011/10/mundo-intraterreno_19.html

http://cardealeugeniosales.blogspot.com.br/

http://www.123rf.com/photo_11557793_earth
-with-a-smiling-face-as-a-christmas-gift.html

http://www.freeprintablecoloringpages.net
/category/Weather

http://mundoestranho.abril.com.br/
materia/manga-com-leite-faz-mal

http://somostodosum.ig.com.br/
clube/artigos.asp?id=28586

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/07/veja
-repercussao-sobre-morte-de-dom-eugenio-sales.html

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/
07/morre-dom-eugenio-de-passando 7 anos-sales.html

http://tribunadonorte.com.br/noticia/arquidiocese-divulga
-texto-sobre-a-vida-e-obra-de-dom-eugenio/225378

http://pt.wikipedia.org/wiki/Bestialidade

http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedofilia#Tratamento

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/07/veja-frases
-que-marcaram-o-pensamento-de-dom-eugenio-sales.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Justos_entre_as_na%C3%A7%C3%B5es

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Princesa_Alice_de_Battenberg

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Aristides_de_Sousa_Mendes

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Chiune_Sugihara

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Aracy_de_Carvalho_Guimar%C3%A3es_Rosa

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Lu%C3%ADs_Martins_de_Sousa_Dantas

http://pt.wikipedia.org/wiki/Raoul_Wallenberg

http://pt.wikipedia.org/wiki/Corrie_ten_Boom

http://www.pr.gonet.biz/kb_read.php?num=1210

http://cardealeugeniosales.blogspot.com.br/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Anjo

http://pt.wikipedia.org/wiki/Eug%C3
%AAnio_Sales#Cita.C3.A7.C3.A3o

 

Canto gregoriano de fundo:

Ave Verum

Interpretação:

Schola Cantorum do Pontifício Col. Intern. dos Beneditinos de S. Anselmo em Roma

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.